domingo, 30 de abril de 2017

MIL DIAS DECISIVOS

   Pediatra e noeonatologista detalha importância de cuidados adequados ao bebê na gestação e nos dois primeiros anos de vida, assunto que será tema da Semana de Conscientização no Paraná

   A segunda semana do mês de maio no Paraná passará a ser dedicada à conscientização sobre os primeiros mil dias do bebê. Esse mês, o governador Beto Richa aprovou a Lei 18.985, que institui a Semana de Conscientização do Programa 1.000 Dias para as mães paranaenses. A lei foi proposta pela deputada Claudia Pereira (PSC) e a sugestão é que, durante essa semana, o Poder Executivo realize ações de conscientização relacionadas ao tema, por meio de audiências públicas, seminários, palestras, simpósios, convênios, acordos e outras iniciativas com o apoio de entidades. 
   Os primeiros mil dias compreendem o período da gestação e dos primeiros dois anos do bebê. Segundo Gislayne Nieto, chefe da UTI Neonatal do Hospital Santa Brígida, professora de Medicina nas Faculdades Pequeno Príncipe e mestranda em Educação nas Ciências da Saúde, fatores como nutrição e estresse afetam o desenvolvimento da criança desde que ela está no útero. Os efeitos da falta de cuidado ao bebê nesse intervalo pode até mesmo chegar à vida adulta e às futuras gerações do indivíduo na forma de doenças crônicas como hipertensão arterial e diabetes tipo 2. 
   Em janeiro desse ano, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou uma campanha - =PrimeirosMomentosImportam – para aumentar a conscidentização sobre a importância dos primeiros mil dias de vida de uma criança. Segundo a entidade, nesse período, as células cerebrais podem fazer até mil novas conexões a cada segundo, que contribuem para as funções motoras e para o aprendizado e estabelecem os alicerces para um indivíduo saudável e feliz. A falta de cuidado ao bebê nesse intervalo – que inclui nutrientes adequados , estímulo, amor e proteção contra o estresse e a violência – podem prejudicar o desenvolvimento dessas conexões. 
   A revista médica The Lancet estima que 250 milhões de crianças em países em desenvolvimento correm o risco de não se desenvolverem devido à pobreza e a atrasos em seu crescimento. Em entrevista à FOLHA, Gislayne Nieto falou sobre a importância dos primeiros mil dias de vida do bebê, os fatores que influenciam o seu desenvolvimento nesse intervalo e as medidas que se fazem necessárias para a formação de crianças e adultos mais saudáveis e felizes desde o útero. 

   Qual a importância dos primeiros mil dias para o bebê?
   Os primeiros mil dias compreendem o período desde a gestação, os nove meses da gestação e os dois primeiros anos completos da criança. Se somar tudo, vão dar mil dias. Esse período é muito importante porque estudos comprovam que já intraútero há transformações que podem afetar tanto a criança quanto o adulto que ela vai se tornar. Então, com o acompanhamento desde o intraútero e depois o acompanhamento do bebê até os três primeiros anos, a gente vai ter condições de ter um melhor desenvolvimento do indivíduo como um todo.

   Que fatores contribuem para a formação da criança e do adulto nesse período?
   Fatores que começam já no intraútero como a nutrição, o estresse intrauterino, o estresse materno, problemas que possam afetar essa gestação. Porque isso vem de estudos já desde a época de 1990. Os bebê que sofriam intraútero poderiam ter problemas de doença crônica posterior. Então, (os cuidados) começam no intraútero, com a prevenção desse estresse, e vão até o período de depois do nascimento, com o estímulo ao neurodesenvolvimento adequado dessa criança. Após os dois anos, deve ser feito o acompanhamento da criança tanto no seu desenvolvimento, crescimento, quanto em seu neurodesenvolvimento – tudo que seja feito na parte educativa pelos pais que possa transformar essa criança com uma criança com muito mais neurônios, muito mais experiências e muito mais feliz. 

   A saúde da mãe também influencia?
   Também influencia. É preciso saber que bebês podem ter restrição de crescimento por vários fatores, às vezes o uso de drogas, o tabagismo, que vão afetar o desenvolvimento intrauterino. A mãe tem que ser orientada para haver o desenvolvimento posterior adequado dessa criança. Porque já a partir do intraútero a criança é modificada. Alterações não de gene, mas alterações que podem depois causar doenças nos adultos e nas posteriores gerações dessa criança. 

   Quais as consequências do tratamento inadequado de um bebê nesses primeiros mil dias?
   Se a criança não receber estímulos adequados, sofrer período de estresse, período de não cuidado, ela pode se tornar uma criança com desenvolvimento intelectual prejudicado. Crianças que passaram por abusos ou traumas podem se tornar adultos abusivos. 

   Quais as doenças que podem aparecer na fase adulta?
   Síndrome metabólica, aumento de taxa de colesterol, hipertensão arterial, diabetes tipo 2. Todas essas são doenças crônicas que são evitáveis desde o intraútero.

   E como o Brasil é dado o tratamento ao bebê nesse período?
   Eu acho a parte governamental, que está fazendo uma conscientização a respeito da importância dos mil dias, muito favorável. O Brasil já tem várias campanhas nesse sentido, estamos fazendo o alerta tanto no sentido governamental quanto à população para conhecimento dessa importância, também na saúde para a gente tentar disponibilizar cada vez mais centros especializados de atendimento à criança desde o intraútero até ela completar pelo menos dois anos. 

   De quem, enfim, é o papel de cuidar da criança nesse período?
   Acho que vai ser um conjunto, porque a parte governamental vai ser importante para dar apoio à equipe multidisciplinar de saúde para orientar a mãe, e ela ter condições de saber a melhor maneira de cuidar e estimular a criança para termos cada vez indivíduos mais saudáveis. Os pais, cuidadores, familiares e até os educadores também têm papel muito importante no desenvolvimento e estímulo neurológico dessas crianças. 

   Que medidas se fazem necessárias?
   A gente tem que ter apoio da parte governamental no sentido de treinamento da equipe multidisciplinar da saúde para ofertar o atendimento adequado tanto da gestante quanto da criança. Acompanhamento pré-natal da gestante, atendimento de puericultura – o atendimento básico da criança desde o nascer pelo especialista, que a gente preconiza que seja o pediatra – com olhar também de neurodesenvolvimento , de desenvolvimento integral da criança. O olhar da puericultura para promover a saúde e não só o olhar que às vezes é dado só pela pediatria, em que só se cuida da doença. A gente tem que retomar o cuidado da puericultura, de tratar o bebê para ter saúde. 

   O que nos outros países é feito a respeito disso?
   Cada vez mais nos países desenvolvidos profissionais de saúde e familiares estão sendo envolvidos no cuidado da criaça. Porque se você cuidar bem do indivíduo já dentro do útero e cuidar das crianças nesses dois primeiros anos de vida, vai ter menos doença, maior atenção na escola, menos criminalidade, mais pessoas sem problemas emocionais. Isso é muito bom tanto do ponto de vista econômico quanto para o desenvolvimento do país. (MIE FRANCINE CHIBA – Reportagem Local, página 3, FOLHA ENTREVISTA, DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA, 29 e 30 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

TEMPOS BRUTOS

   O romantismo morre um pouco mais com a perda de Jerry Adriani e viceja o ‘sertanejo bruto’



   Morreu, no último domingo, um dos ídolos românticos da Jovem Guarda. Jerry Adriani era daquele tipo que “as mães queriam para genro”. Bonito, comportado, cantava bem e tinha voz para gravar hits piegas que, no momento, todos gostam, como “Doce doce Amor” . A música evoca outra qualidade do cantor: a generosidade, para quem não sabe foi ele quem descobriu Raul Seixas, que compôs a canção, em Salvador: Antítese dos bem comportados, o roqueiro tinha uma banda chamada As Panteras quando Jerry Adriani, convidado para tocar na capital baiana, observou que Raulzito levava jeito para o sucesso e tentou convencer o chefão de uma gravadora a lançar um disco dele. A tentativa frustrou-se, mesmo assim Raul Seixas passou a ser produtor dos discos de Adriani, numa parceria que durou mais de cinco anos e acabou revelando o roqueiro ao Brasil. 
   Antes de encarnar o romântico da Jovem Guarda, Jerry Adriani gravou músicas italianas. No seu primeiro disco “Italianíssimo” (CBS/1964) soltava a voz em canções como “abbronzatíssima” ou “Um Baccio Piccolíssimo”, porque no tempo da inocência tudo era mesmo discreto, pequenininho, então bastava um beijinho.
   Todo essa conversa é para dizer que o tempo da inocência se esvai um pouco mais com a morte de Jerry Adriani. Dos anos 60/70 temos as letras românticas de canções tão ingênuas que até vovó ouvia na sala, embora estranhasse o sacolejo do iê-iê-iê. No máximo, se mandava “tudo para o inferno”, mas as canções de Jerry Adriani e outros ídolos, com Wanderley Cardoso, estavam ali para recolocar o sofá no lugar. Das gravadas por Adriani, temos doçuras faladas ou cantadas nos ouvidos das moças: “Doce, doce amor/Onde tens andado/Diga por favor/Doce, doce amor”, composta por Raul Seixas. Ou então “Gioconda”, de Hyldson: “Gio, Gioconda/Bem que eu tentei/ Esquecer de você/ Mas fracassei”. 
   Todas músicas de amor e abandono, mas sem o viés que amplifica a malícia. No lugar do erotismo forçado havia a afetividade de quem curtia andar de mãos dadas: “Oh querida relembre/ Os momentos tão felizes/ Que juntinhos passamos Sob a luz do luar,” versão de uma balada de Chuck Howard (“Don’t Let Them Move”).
    Agora comparem isso com a sofrência do sertanejo universitário ou, pior, do “sertanejo bruto” que faria vovó pular atrás do sofá e tapar os ouvidos enquanto o neto “não desligasse essa porcaria”, com toda razão. 
    Não foi só Jerry Adriani que morreu, ganhou atestado de óbito o romantismo da distante Jovem Guarda que foi somando camadas de MPB até desembocar num gosto duvidoso. 
   Pensem por exemplo em letras de músicas gravadas por João Carreiro e Capataz : “Tudo que aparece na TV minha muié qué fazê” (Bruto, Rústico e Sistemático); Bruno e Barreto: “...todo fim de tarde minha galera me aciona/ 
   Era pra tomar uma, mas de novo deu em zona “Farra, Pinga e Foguete ) ou Antony e Daniel: “A química que rolou entre a gente/
   Você tocou minha boca e o meu corpo ficou muito quente” (Eu Te Amo Pinga).
   Da sofrência à malícia apenas um passo e, às vezes, um escorregão feio como na música “Como é que o Bruto Faz”, da dupla Davi e Fernando: “Eu vou tirar a marra dessa potranca/ Eu vou mostrar pra ela que aqui sou eu quem manda”. Fico pensando o que se passa na cabeça das mulheres que cantam e dançam um hit desses, com bracinhos pra cima, jogando o corpo nos shows dos rodeios até virar a potranca que o macho não sabe se monta ou laça. De olhos nos olhos ninguém mais fala e acho que mora aí a indiferença, de que todos se queixam, provocada pelos tempos brutos. (Crônica da jornalista e escritora CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com página 2, coluna CÉLIA MUSILLI, caderno FOLHA 2, 29 e 30 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

MUDANÇANDO E CARINHENTE

   Dalva me convocou para ir com ela ao cabeleireiro e, entretido com revistas, só fui perceber porque quando perguntou o que achei, fiquei mudo: ela cortou curtinho, quase careca, explicando moleca: 
- Cansei de pintar, vou assumir os cabelos brancos. 
   Desconfio que o novo visual também é vital: ela está passando por mudanças profissionais, já passou da metade da meia idade, começando a encarar os cabelos brancos como conquista. Minha mulher está mudançando. 
   Mudançar é ousar nova dança, arriscar ser criança, riscar do caderno a desesperança, reformar-se sem medo, investindo em ações ditadas pelo coração. 
   Mudançar é transformar a alma, aventurar com confiança, formar novas alianças, trabalhar novas esperanças, e isto não são apenas rimas, é o que ela está fazendo na vida real mesmo, os cabelos brancos serão apenas a bandeira de suas mudanças. 
   Pois quando giramos o disco de Newton todas as cores não viram uma só? A cor branca! 
   Quando esquecemos algo de repente, dizemos “deu branco”, não? É o branco que apaga as crenças anteriores, os preconceitos, as resistências, os remorsos e rancores, deixando a alma pronta para mudançar . Mandela mudançou, saindo de décadas de prisão e, em vez de comandar uma guerra civil, pregando perdão e mudanças. 
   Voltando ao cabeleireiro, primeiro fiquei atarantado, olhando incrédulo porque acostumado a ver uma Dalva e deparar com outra de repente. Depois passei a mão em sua cabeça raspadinha, me arrepiando, daí ela sorriu: 
   - Calma, eles não vão ficar assim. Vão todos crescer e embranquecer...
   Agradeci a Deus, por me dar uma mulher que perde belos cabelos, ganha cabelos brancos e continua com bom humor. 
   Então a porta se abriu e apareceu um sorriso, uma voz a perguntar se alguém ali queria comprar queijadinhas. E vimos que mudançar também é persistir em vez de desistir, como estão fazendo tantos desempregados, fazendo bico com alegria, vendendo queijadinha hoje para pagar a farinha comprada ontem, criando caminhos para continuar na trilha do bem, sem se render, continuando honestos apesar de pobres, bons de coração e nobres de espírito. 
   A gente anda cansado de tantas notícias de corrupção, mas não, são notícias de mudanças, o Brasil está cortando velhos costumes para deixar brotar nova alma. Estamos mu-dan-çan-do!

   NOTÍCIAS DA CHÁCARA

   CARINHENTE


   Relembro todo dia o haicai da foto, graças à Branquinha. Ela é uma carinhete, carente de carinho, o tempo todo procurando afago. Aceita negativas, e então me deixa trabalhar, mas diante da escrivaninha. Onde vou, vai junto, pronta para receber carinho, olhar amoroso, rabo abanandinho. Quando Leta, nossa última cachorra antes dela, foi-se de repente, senti não ter sido mais carinhoso. Mas o tempo só volta na forma de arrependimento... e resolvi que arrependimento não terei com Branquinha. 
   Toda manhã ela me saúda pulando alto, alegre como só, deixado bem claro que está m-u-i-t-o feliz de me ver. Então agacho e lhe faço carinho. Na cabeça, no pescoço, no lombo, na barriga, carinho completo. Daí ela corre louca de alegria, rodopia, saltitante de felicidade. Depois de nosso minuto de brancarinho, lavo as mãos na primeira de muitas vezes ao dia, e é só o que custa dar o que tanto quer quem me quer tanto. (Crônica do jornalista e escritor DOMINGOS PELLEGRINI, d.pellegrini@sercomtel.com.br página 3, coluna AOS DOMINGOS PELLEGRINI, caderno FOLHA 2, 29 e 30 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sábado, 29 de abril de 2017

O VERDADEIRO VIZINHO SOLIDÁRIO


   Ao contemplar em várias vizinhanças a plaquinha indicando: “Vizinho Solidário”, me fez recordar de alguns tempos atrás, onde a sinceridade e a solidariedade se faziam presentes, mesmo que não soubéssemos o tal significado. Vou relatar um pequeno acontecido em minha vida. Geralmente cada morador daquela colônia tinha em seu fundo de terreno a criação de alguns porcos, dos quais tirava sua gordura como prioridade e a carne para mistura nas refeições nos dias seguintes. Quanto maior e mais gordo o animal maior a fartura. 
   No dia em que era marcado para matar o animal, era uma festa pura, a nossa ansiedade de meninos para chegar esse dia era muito grande, a noite parecia infinita, acordávamos várias vezes e ainda era noite. No dia anterior, meu pai comunicavam os vizinhos que viriam ajudar a destrinchar o porco, os homens se preparavam para matar, para cortar os pedaços. As facas eram afiadas várias vezes, os temperos eram cuidadosamente preparados, desde a salsinha, cebolinha, pimenta e sal. O tacho era limpo, e as panelas também ficavam todas prontas para receber a carne.
   Quando os galos começavam a cantar, meu pai se levantava e minha mãe mais que depressa se colocava em pé, colocando fogo no fogão a lenha, preparando o café, pois o dia prometia ser agitado. O fogo já era aceso em um fogão improvisado no lado de fora da casa, o tacho enorme recebia água para ser aquecida ao ponto de tirar o pelo do animal. Aos poucos, assim como o raiar do dia, os convidados iram aparecendo, cada um com seu instrumento de trabalho. As crianças já todas empolgadas para cumprir ordens , tipo, menino faz isso, faz aquilo, pega isso, pega aquilo e daí por diante, e todos realizavam as ordens com muito prazer. As mulheres e moças se concentravam na cozinha, entre um papo e outro e muitas risadas, os homens e rapazes se aglomeravam ao redor do fogo, aguardando a hora para destrinchar o porco. O mais interessante é que quando um vizinho ouviam os gritos do porco , já comentavam> opa! temos carne hoje.
   A reunião era muito badalada, tinha aqueles que vinham para ajudar, outros pra conversar, contar histórias, dedilhar uma viola e até os que frequentavam para beber uma cachacinha. Porém, todos eram bem-vindos. Quando o porco era destrinchado, todos tinham o direito de já ir assando pedaços de carne e comendo – o que hoje seria o famoso “espetinho”. Uns usavam varetas de bambu, outros na chapa do fogão a lenha mesmo. 
   O que eu mais gostava de ouvir era quando me mãe me chamava e me entregava uma pequena vasilha com um pedaço de carne para distribuir pela vizinhança, ia saltitando pelo pequeno trilho entre as moitas de de capim cidreira, os quais demarcavam a divisa dos terrenos, entre os enormes pés de eucaliptos, ventoso e sombreado. Como recompensa sempre retornava com algo na vasilha, farinha de milho ou de mandioca, cebola de cabeça ou cabeça de alho. 
   Havia uma parte muito interessante, reunia-se um grupo de pessoas, e claro, as crianças que não podiam faltar, caminhávamos até o ribeirão de água corrente mais próximo, para lavar as tripas (intestinos). As mais finas usava-se para confeccionar as linguiças e as mais grossas, de diâmetro maior, para fabricar o famoso chouriço.
   O tacho tinha um trabalho extenso, primeiro esquentava a água, depois fritava o toucinho para fabricar o torresmo e a banha, e em seguida era usado para realizar a fabricação do sabão caseiro. Assim passávamos um dia inteiro envolvidos com aquele acontecido e, o mais importante é que toda a vizinhança e amigos participavam ativamente. Que solidariedade incomparável. (ALGIMIRO SANT’ANA, leitor da FOLHA, página 2, coluna DEDO DE PROSA, caderno FOLHA RURAL, sábado e domingo, 29 e 30 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). 

O DESEMPREGO AINDA AVANÇA


   Às vésperas do Dia do Trabalhador, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pesquisas mostrando que o desemprego ainda avança no Brasil e atingiu o maior número de pessoas desocupadas da série histórica iniciada em 2012. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego alcançou o patamar recorde de 13,75% no primeiro trimestre deste ano. São 14,2 milhões de desempregados. Desde o primeiro trimestre de 2014, o Brasil já perdeu 3 milhões de postos de trabalho com carteira assinada, segundo dados do Pnad Contínua. Como consequência, o total de trabalhadores com carteira de trabalho assinada no setor privado encolheu a 33.406 milhões de pessoas, o patamar mais baixo desde o início da pesquisa. Apenas no primeiro trimestre do ano, 599 mil vagas formais foram extintas, em relação ao último trimestre de 2016. Na comparação com um ano antes, 1.225 milhão de empregos formais foram eliminados, o equivalente a a 70% de todos os postos de trabalho fechados em todo o País no período. Os dados revelados por esta última pesquisa não refletem os sinais de recuperação da atividade econômica. O que já era esperado, pois grande parte das projeções dos economistas colocava que o número de desempregados ainda subisse neste primeiro semestre de 2017. É importante lembrar que o mercado de trabalho é sempre o último a retomar o crescimento. Com um cenário ainda de incertezas, muitos empresário estão esperando para poder investir. O IBGE de divulgar a taxa por Estado na segunda quinzena de maio e a expectativa é que o Paraná apresente um desempenho melhor do que o Brasil. No último trimestre de 2016, a taxa de desemprego no Estado estava em 8,1%, abaixo da média nacional, que fechou em 12%. É muito impactante o fato o fato do País ter chegado ao nível mais baixo da carteira de trabalho. Se não tomar as medidas urgentes, as reformas necessárias para fazer a economia brasileira voltar a crescer, o governo pode ver os números continuarem negativos por mais tempo, condição insuportável para muitas famílias que gostaria de ter o que comemorar nesta segunda-feira , 1º de Maio. (OPINIÃO, página 2, 29 e 30 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sexta-feira, 28 de abril de 2017

A ALEMANHA ALÉM DO EISBEIN


Apfelstrudel : torta ideal para sobremesa ou café da tarde é servida com sorvete ou chantili
                                                         

   Comidas típicas podem ser saborosas na Maifest que começa neste sábado , em Rolândia, confira algumas receitas
   Dentre os vários povos com maior influência na cultura do norte do Paraná estão os alemães. Um exemplo dessa atuação é Rolândia, cidade que teve grande imigração germânica, onde não falta comida e bebida típica. E quando se fala em comida alemã, logo vem à cabeça o famoso eisbein, joelho de porco. Porém, a culinária desse povo vai muito além. São diversos pratos, incluindo doces, que fazem parte desse universo gastronômico que ainda inclui as cervejas. 
    Quem quiser ter uma amostra desses quitutes, poderá conferir algumas opções na Maifest, evento que acontece entre os dias 29 de abril e 1º de maio nos pavilhões da Oktoberfest em Rolândia. Nestes três dias, haverá uma variedade de pratos doces e salgados, cervejas artesanais, além de muita música, feira de artesanato e apresentação de Grupos Folclóricos Alemães locais e worshop de cerveja artesanal. 
   De acordo com Karin Kronnenberg, proprietária da Oma’s Caffe Haus, que vai estar na festa com seus produtos, existem 40 tipos de maçãs na Alemanha e, pela abundância, a fruta é utilizada em muitos cereais. Uma delas é o famoso apfelstrudel, uma espécie de torta de maçã folhada recheada com maçã, um dos campeões de pedido quando o quesito é sobremesa ou café da tarde. De massa bem fininha e amanteigada, é servida com uma bola de sorvete ou chantili de nata. 
    Para quem gosta de doces não muito doces, portanto, é uma opção na medida, já que quase não leva açúcar em sua receita. Além da maçã, o recheio possui uvas passas e amêndoas laminadas. Depois de assada, canela e açúcar são polvilhados por cima para dar um toque. Cada pedaço tem cerca de 150 a 200 gramas. 

PÃO DE LÓ
       
O bretzel é salgado, ao contrário do pretzel, e pode ser servido com molhos variados e acompanhado de chopp


   Já quem vê um bretzel e um pretzel pode achar que trata-se da mesma coisa. O formato de nó é igual, mas o sabor é bem diferente: um é salgado e o outro é doce. O primeiro, na verdade, é tradicionalmente alemão e o segundo uma adaptação norte-americana. “O bretzel é uma massa de pão mais consistente que leva um toque de sal grosso ou gergelim. Pode ser consumido puro, ou com manteiga temperada ou creme de queijo”.
   Na Alemanha, segundo ela, é encontrado em qualquer carrinho de rua e muito comum das pessoas comerem enquanto andam. “É algo rápido e prático.” Já no Brasil, costuma-se consumir mais em bares e restaurantes como um aperitivo junto com uma cerveja. Por isso, é acompanhado com molhos a base de queijo. “No café, nossa versão do creme é a base de queijo camembert , cream chesse e páprica. 

   APFESTRUDEL

MASSA 
180g de farinha de trigo; 3g de sal; 30ml de óleo; 1 ovo; 120ml de água morna; 100ml de manteiga derretida para pincelar na massa; 100g de farinha de rosca para polvllhar na massa. 
    MODO DE PREPARO
   
Misture o sal, o óleo e o ovo.  Acrescente a farinha na batedeira com o batedor de massa e comece a misturar. Acrescente uma quantidade de água necessária para fazer uma massa macia e com liga. Bata até a massa ficar elástica  e macia. Coloque a massa em uma tigela , pincele a parte de cima com óleo, cubra e deixe descansar por 30 minutos. Estique a massa com as mãos esfarinhadas sobre um pano coberta de farinha, até que ela fique bem fina  (o pano é indispensável para poder enrolar depois de colocar o recheio sobre a massa - (esticar a massa mais ou menos 65 x 60cm). Quando estiver bem esticada, pincele a superfície com manteiga derretida e polvilhe com a farinha de rosca. Acrescente o recheio desejado e termine conforme necessário para cada receita em particular. 
   RECHEIO DE MAÇÃS
   
Ingredientes
   120g de amêndoas laminadas;  1 kg de maçãs fatiadas;  120g uvas passas;  1 colher de chá de canela em pó;  150g de açúcar refinado;  maneiga derretida conforme o necessário 

   MODO DE PREPARO 
   Polvilhe as amêndoas sobre a farinha de rosca e a manteiga que cobrem a massa de strudel. Misture as maçãs, a canela, a raspas de limão e o açúcar espalhe sobre toda a superfície da massa esticada. Enrole o strudel, com a ajuda de uma toalha e feche as pontas. Coloque em uma forma untada e asse em forno a 175 graus. Por cerca de 30 a 50 minutos, até a massa estar corada Sirva acompanhado de chantili ou sorvete.
  SERVIÇO
    MAIFEST
    Quando:  
29/04  (das 18 às 0 h),  dia 30/04 (das 10 às 0h) e 01/05 (das 8 às 18h)
      Quanto:  R$ 15 (antecipado)  e  R$ 20 (no local)*
        ONDE: Pavilhões da Oktoberfest
        * Convite promocionais para a Maifest podem ser adquiridos antecipadamente em pontos de Londrina, Rolândia, Arapongas, Maringá e Presidente Prudente e dá direito a um copo de chopp pilsen de 300 ml. (MARIAN TREIGUEIROS – Reportagem Local, página 3, COZINHA & SABOR, caderno FOLHA 2, sexta-feira, 28 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

ARROZ CARRETEIRO


   A grande carreta com suas enormes rodas de madeira vem cortando os Campos Gerais. Vem pesada, lenta, chiando e chacoalhando espalhando seu canto solitário desde as coxilhas gaúchas, passando pelos campos catarinenses, atravessando o planalto paranaense até os centros consumidores do Brasil central. 
   Nesta toada vem o carreteiro, conversando com os bois que com muita força e paciência deslocam a pesada carga de charque. As paradas são distantes. A marcha começa pouco antes do sol nascente e atravessa o dia, sob sol ou chuva , calor ou frio, numa dura labuta diária. 
   A fome aperta. Ainda com um resto de luz do sol a carreta para. O fogo é aceso e sobre ele ajeita-se a panela de ferro. Alguns passos até a lata grossa e bem fechada. Dali retira-se um pouco de banha que vai para a panela e começa a derreter, da trança de alho dois dentes retirados e picados que agora douram junto com a cebola emanando um bouquet que se mistura ao anoitecer. Então a carne escaldada e picada faz companhia para os demais ingredientes juntamente com o arroz. Um pouco de água e é só aguardar. 
   Sentado ao pé de frondosa árvore, avistando campos sem fim, um anoitecer onde o céu em brasas um pouco das vezes à lua. Nas mãos o prato esmaltado abastecido pela refeição quente e saborosa que vem a boca em grandes colheradas , saciando, confortando e nutrindo. História, tradição e muito sabor. Arroz de Carreteiro. Veja mais usando o aplicativo capaz de ler QR Code posicionando o código abaixo,
OU ACESSE O LINK . 

ARROZ A CARRETEIRO

   Ingredientes
   500g de carne seca; 500g de arroz agulhinha; 1 cebola grande picada; 2 dentes de alho picados; 2 folhas de louro; 2 colheres de sopa de banha de porco; Salsinha e cebolinha picadinhas; Limão rosa; Pimenta do reino e pimenta rosa amassadas

   Modo de preparo 
   Cozinha a carne em panela de pressão com um litro de água por dez minutos. Escorra bem, coloque novamente m ais um litro de água e cozinhe em pressão novamente por mais 10 minutos. Retire e corte a carne em pedaços pequenos e reserve a água. Em uma panela, derreta a banha e doure o alho. Acrescente a carne, a cebola e as pimentas amassadas e refogue até dourar tudo levemente. Junte o arroz e adicione o suco de meio limão rosa. Coloque a água do cozimento da carne e aguarde ferver. Assim que ferver abaixe o fogo e aguarde secar. Desligue o fogo e mantenha fechado por 7 a 8 minutos. Adicione o cheiro verde e sirva em seguida. (Coluna
LEMBRANÇAS COM ÁGUA NA BOCA - CHEF TAICO, página 3, caderno FOLHA 2, sexta-feira, 28 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

PASSOU PELO PRIMEIRO TESTE

    Foi dada a largada para que o Congresso acabe com o foro privilegiado de mais de 30 mil autoridades do Legislativo, Executivo e Judiciário. Isso significa que eles não poderão mais ser investigados e julgados por tribunais diferentes daqueles que analisam os processos dos demais cidadãos. Na última quarta-feira, por unanimidade, o Senado aprovou a matéria, em primeiro turno, decidindo pelo fim do foro privilegiado por prerrogativa de função para crimes comuns. Por ser uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a discussão vai a segundo turno no próprio Senado, antes de seguir para a Câmara dos Deputados. Há muito esse direito é alvo de debate, mas o descontentamento da população com o privilégio começou a crescer a partir do desenrolar da Lava Jato, três anos atrás. A aprovação da PEC na quarta-feira só foi possível após um acordo entre as principais lideranças da base aliada e da oposição, quando foi acatada emenda que mantém o foro privilegiado para presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF). O Supremo, que é a mais alta corte brasileira, continuará julgando os processos criminais que envolvem essas autoridades. O principal problema do foro privilegiado é que no Brasil, devido a lentidão da Justiça, ele acaba por adiar a punição aos políticos envolvidos. E, com isso, em grande parte dos casos os crimes acabam prescrevendo. E o político acaba se livrando da cadeia. O Senado deu uma resposta aos clamores da população, que exige uma sociedade mais justa. Espera-se, agora, que a Câmara dos Deputados siga pelo mesmo caminho. (OPINIÃO, página 2, sexta-feira, 28 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).   

quinta-feira, 27 de abril de 2017

LIVROS PARA LER LIVROS PARA PEGAR LIVROS PARA CHEIRAR

Crianças gostam de sentir o livro fisicamente: pegar e cheirar, por exemplo, além de serem atraídas por imagens coloridas

   Edições caprichadas e temáticas atuais tornam o livro infantil mais atraente; em 2016 ouve aumento de 28% nas vendas em relação ao ano anterior

   O Dia Nacional do Livro Infantil, celebrado em 18 de abril, foi comemorado com otimismo no Brasil este ano. Enquanto o mercado geral de livros registrou uma queda de 9,7%, Dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) mostram que houve um crescimento de 28% nas vendas do gênero infantil no ano passado em comparação com 2015. Os dados tratam dos livros vendidos no varejo, em livrarias, e foram levantados a partir da Agência Brasil. 
   Na avaliação da empresária londrinense Denise Gentil, proprietária da Loja Ciranda, a abordagem de temática atuais e diversificadas e o investimento em edições ricas em ilustrações tem ajudado a despertar o interesse das crianças pela literatura. “Ao contrário dos leitores adolescentes que têm migrado para a leitura no formato digital, um ambiente já comum para eles, as crianças ainda são estimuladas pelos atrativos da edição impressa. Elas ainda precisam de contato físico, gostam de explorar a textura das páginas e apreciar o colorido das imagens. E as editoras têm investido cada vez mais em publicações muito ricas neste sentido, algumas exploram até o olfato, com cheiros característicos”, argumenta. 
   Denise também destaca como outro atrativo para o público infantil as temáticas focadas em publicações mais recentes. “Muitos escritores têm acompanhado discussões da sociedade muito atuais, como a questão da luta feminina, presente em livros que são fenômenos de venda e que estão substituindo a imagem idealizada das princesas de antigamente. É o caso do livro Princesas, Bruxas e Uma Sardinha na Brasa (escrito por Helena Gomes e Geni Souza e lançado pela editora Biruta) ou de livros que narram a história de mulheres reais e fortes, como Frida Caldo, Clarice Lispector e Violeta Parra. Tem ainda livros recentes que abordam de forma muito leve temas considerados complexos para as crianças, como angústia e doenças que podem atingir pessoas da família, entre elas o Alzheimer, o Mal de Parkinson e outras”, salienta. 
   A livreira enfatiza ainda que os pais têm um papel fundamental no processo de estímulo à leitura dos filhos: “A gente tem percebido que até mesmo casais que não têm o hábito de ler estão incentivando os filhos a lerem desde pequenos”, ressalta Denise, que visando estimular as vendas oferece atividades como oficinas, contação de histórias e troca de livros entre crianças. 

LEITURA A PARTIR DA FAMÍLIA 
O estímulo da família à leitura é fundamental, além das crianças e jovens terem contato com os livros em bibliotecas, feiras e eventos

   A pedagoga Camila Fernandes Ferreira também reforça a importância da família neste processo. “A escola e os pais devem desenvolver um papel compartilhado neste sentido. Enquanto no ambiente escolar as crianças têm o estímulo ligado à aprendizagem, a leitura na companhia dos pais está mais ligada ao prazer, que é o primeiro passo para que se tome o gosto pela literatura”, salienta. 
    A pedagoga enfatiza que o hábito da leitura pode trazer inúmeros benefícios para as crianças desde os primeiros anos de vida. “A leitura ajuda na ampliação do vocabulário, no desenvolvimento fonológico, no despertar da curiosidade, na percepção de que existem outros grupos sociais além do que a criança está inserida. Outro ponto fundamental é o processo inicial de concentração. Ao ficar interessada em saber como será o final da história, a criança passa a desenvolver uma concentração que muitas vezes ainda não faz parte de seu universo, mas que passará a ser usada em outras tarefas que vão além da leitura”, enfatiza. 
   Um estudo da Universidade de Nova York, em colabora com IDados e o Instituto Alfa e Beto, divulgado no ano passado, mostrou um aumento de 14% no vocabulário e 27% na memória de trabalho de crianças cujos pais leem para elas pelo menos dois livros por semana. O estudo revelou ainda que a leitura frequente para as crianças leva à maior estimulação fonológica, o que é importante para a alfabetização, à maior estimulação cognitiva e a um aumento de 25% de crianças sem problemas de comportamento. 

    TECNOLOGIAS COMPLEMENTARES
Denise Gentil, livreira: "Muitos escritores têm acompanhado discussões atuais, como luta feminina, presente em livros que são fenômenos de vendas e que estão substituindo a imagem idealizada das princesas de antigamente

   Criada em 2014, a Leiturinha é o maior clube de assinatura de livros infantis do Brasil, promovendo o habito da leitura compartilhada para mais de 40 mil famílias, distribuídas em mais de 3.900 cidades brasileiras. Segundo o CEO (sigla inglesa de Chief Executive Officer, que significa diretor executivo) da empresa, os livros físicos e os digitais se complementam. “Os livros físicos continuam presentes nos hábito dos leitores, sem dúvida. O que as novas tecnologias refletem nos novos hábito do mundo contemporâneo é uma extensão do físico. Enquanto o livro físico proporciona experiências sensoriais que os e-books não oferecem, as ferramentas digitais permitem que você leia a qualquer hora, em qualquer lugar e leve uma biblioteca inteira na sua tela”, pontua. 
   Já o superintendente da Editora Melhoramentos, Breno Lerner, salienta que apesar de ter havido um aumento no índice de vendas de livros infantis, aconteceu uma queda no número de lançamentos do segmento “Dada a crise econômica, os lançamentos diminuíram mas, por outro lado, foram mais bem cuidados seja no que tange sua temática, seja na qualidade gráfica. Um setor que tem crescido bastante na área infantil é o de livros interativos, uma clara resposta do mercado editorial a enorme interatividade proporcionada pelos produtos eletrônicos e a internet. Livros com recursos adicionais pedagógicos, que incentivam a leitura através de interatividade tem agradado bastante as crianças na fase de primeiras leituras”, ressalta. 
   Diretora executiva do Instituto Pró-Livro e coordenadora da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, Zoara Faila, dá algumas dicas para pais e educadores ajudarem a estimular o gosto das crianças para a leitura. “Leia pra e com as crianças, criando momentos de troca e estimulando a imaginação. Se não tiver livros em casa, visite livrarias e leve as crianças às bibliotecas e feiras de livros.
   Dê livros de presente, deixe os alunos escolherem o livro na biblioteca, mas também ajudem na escolha indicando livros que possam ser do seu interesse”, conclui. (M.R.) (MARCOS ROMAN, Reportagem Local, caderno FOLHA 2, FOLHA CIDADANIA, terça-feira, 25 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

'SEMPRE GOSTEI DE BRINCAR COM A IMAGINAÇÃO'


 
Alexandre Domingues: "No teatro, coloco no palco as mais diferentes peripécias que encontro em minha cabeça"   
  
   Formado em Letras Anglo-Portuguesas e respectivas literaturas pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Alexandre Domingues nasceu em Londrina, mas cresceu em Jataizinho. Sempre foi muito criativo e gostava de se envolver em apresentações e festivais de teatro e dança. Aos 10 anos, participou pela primeira vez de um grupo de teatro e o primeiro personagem foi um figurante sem falar – um marinheiro fantasma – que aparece no final de “Pluft, o fantasminha”, de Maria Claro Machado. Aos 17 anos, já estava dirigindo um grupo. É autor da peça ”Alice faz. Alice paga”, baseada nas obras de Lewis Carroll. Essa peça é a inspiração para a nova produção da Cia. Curió Curioso, companhia de teatro infanto-juvenil da qual é integrante, com estreia prevista para o segundo semestre de 2017.

   O que você mais gostava de fazer na escola quando criança?
   Dançar quadrilha. Minha mãe remendava a calça e a camisa, fazia o bigodinho no meu rosto e era só alegria. 

   Qual a melhor lembrança desse período de escola?
   São tantas. Lembro do carinho maternal das professoras e das brincadeiras com os amigos. 

   Havia alguma matéria que gostava mais? E qual era a que gostava menos?
   Inglês e Educação Artística eram as preferidas. Não tinha uma matéria que gostasse menos na infância. Mais tarde passei a não gostar de Física. 

   O que você gostava de comer na hora do recreio?
   Naquela época a gente podia comer de tudo na escola. Eu adorava comer pastel e tomar tubaína no saquinho.

   Você já ficou de castigo ou levou bronca do professor alguma vez? Como foi?
   Castigo não, mas brocas... Foram muita! Eu sempre fui muito comunicativo e, por isso, gostava de conversar além do permitido. Não adiantava trocar meus amigos e eu de lugar. A gente sempre dava um jeitinho. Trocar bilhetinhos durante as aulas era um de nossos recursos. Tenho alguns guardados até hoje!

   Suas notas eram boas? Qual a disciplina que dia melhor?
   Minha mãe nunca exigia nota máxima. Eu exigia de mim mesmo para dar orgulho à ela. Português e Inglês se destacavam no boletim. 
Já gostava de teatro quando criança?
   Quando lia alguma história, ficava imaginando aqueles personagens em cena. Sempre gostei de teatro, das artes e de brincar com a imaginação. 

   Quando criança imaginava que teria essa profissão?
   Sempre soube que estaria envolvido com artes e educação. No teatro, coloco no palco as mais diferentes peripécias que encontro em minha cabeça. Como professor, estimulo, incentivo e faço com que meus alunos acreditem em seus sonhos e consigam realiza-los. (DANIELI SOUZA – Reportagem Local, página 4, NO MEU TEMPO DE ESCOLA, caderno FOLHA 2, terça-feira, 25 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

DE VOLTA AO PONTO DE ORIGEM

 
   O Posto da Torre, local de origem da distribuição de propinas a políticos investigados pela histórica Operação Lava Jato, voltou a ser alvo da operação da Polícia Federal, a Perfídia. Nesta quarta (26), o doleiro Carlos Charter, dono do estabelecimento, localizado em Brasília, foi conduzido coercitivamente para depoimento à polícia. Carter teve a condenação mantida pela Justiça Federal, em 2015, a cinco anos e seis meses em regime inicial fechado em uma ação de que tratava de crimes de tráfico de drogas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Atualmente, cumpre a pena em regime aberto. No Posto da Torre funciona também uma lavanderia e uma casa de câmbio. Por conta desses empreendimentos, que a maior operação que investiga a corrupção no Brasil ganhou o nome de Lava Jato. A empresa e as contas, em nome do doleiro, foram usadas para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, segundo os investigadores. À época, foi descoberto também que Charter integrava o grupo de doleiros que faziam parte de esquemas de corrupção de políticos e agentes públicos até hoje investigado e alvo de denúncias da Justiça. A Operação Perfídia – que está na segunda fase – investiga uma suposta organização criminosa envolvida com lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal com ramificações em pelo menos cinco países. Na primeira fase da operação, em dezembro do ano passado, foi descoberta a movimentação de cifras bilionárias. Segundo as investigações, uma empresa de offshore controlada pela organização no exterior, pode ter realizado, em uma única transação bancária, movimentações que excedem US$ 5 bilhões. Os documentos apreendidos estão em sigilo. Mas é interessante que no momento em que o Ministério discute a lei do abuso da autoridade e o fim do foro privilegiado, o estabelecimento comercial que detonou a Lava Jato volte à cena principal. As revelações da Lava Jato e o número de operações que se desdobraram a partir delas mostram como é importante superar os esquemas de corrupção sistêmica que fazem o País adoecer. (OPINIÃO, página 2, quinta-feira, 27 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).  

quarta-feira, 26 de abril de 2017

PRODUÇÃO NACIONAL DO AZEITE DE OLIVA TERÁ NORMA TÉCNICA



   Comissão do Ministério da Agricultura está reunindo informações para publicar documento para a produção de oliveiras no Paraná

 BRASÍLIA - A organização da cadeia produtiva do azeite é uma das prioridades deste ano do Ministério da Agricultura. Pecuária e Abastecimento (Mapa). Para tanto, a Comissão Permanente da Olivicultura Brasileira do Mapa, recentemente criada, está reunindo informações para publicar Norma Técnica Específica (NTE) do setor, estabelecendo normas de produção que trarão benefícios aos agricultores. A atividade vem crescendo especialmente no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e em São Paulo, que cultivam uma área de 5 mil hectares de oliveira e geram cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos. 
   A região Sul e Sudeste são as mais propícias ao cultivo por causa das temperaturas mais baixas em altitudes acima de 5 mil metros acima do nível do mar. O Brasil também processa a azeitona, contando com seis indústrias que atuam em 74 municípios. A produção do azeite de oliva, em 2017, é estimada em 60 mil litros, o dobro dos 30 mil litros de 2016,quando o setor foi prejudicado pelo excesso de chuvas nas regiões produtivas. 
   “Ainda não temos um padrão nacional de mudas de oliveira que a qualidade ou um sistema sólido de produção”, diz o chefe da Divisão de Políticas, Produção e Desenvolvimento Agropecuário da Superintendência Federal da Agricultura do Rio Grande do Sul (SFA-RS), Ricardo Furtado. Falta também, segundo ele, regulamento de agroquímicos menos agressivos ao meio ambiente ao serem usados no cultivo sem que cause maiores impactos. Mas a Norma Técnica Específica estabelecerá essas regras. 
   A comissão visa fortalecer a olivicultura brasileira nos aspectos sociais, ambientais e tecnológicos, o que deverá ter reflexos na economia, com a valorização do produto e a geração de emprego e de renda. No mês passado, os integrantes da comissão, se reuniram, por ocasião da aberta da Colheita da Oliveira, em São Sepé/RS, a fim de tratar das ações a serem desenvolvidas para apoiar o setor. 
   De acordo com o coordenador da Secretaria de Mobilidade Social do Produtor Rural e Cooperativismo (SMC), Luís Pacheco, o encontro serviu para debater o zoneamento edafoclimático da olivicultura – estudo da potencialidade do clima e solo de uma região para o cultivo de determinada cultura -, os padrões de mudas, os requisitos fitossanitários , o registro de agrotóxicos e as ações de capacitação e de assistência técnica. “Por causa da sua sustentabilidade, o cultivo da oliveira pode ser incluído como mais uma alternativa no Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC)”, assinala Pacheco. 
   Outro aspecto importante, acrescenta o coordenador da secretaria , é a oliva é uma cultura permanente que pode ser explorada em pequenas propriedades, o que contribui para a adoção de boas práticas agrícolas, um conjunto de normas, princípios e recomendações técnicas aplicadas na produção, no processamento e no transporte que visam proteger o meio ambiente e promover o bem-estar dos trabalhadores e dos consumidores. Quando o produtor de pequeno, médio ou grande porte adota boas práticas bem como mecanismos de rastreabilidade, se torna apto a receber a certificação de produção integrada, o que agrega valor a sua produção, e ainda o selo de qualidade ‘PI Brasil’ do Mapa. 
   Introduzida no Brasil no século 19, a oliveira (nome científico Olea Europea L) é nativa do Oriente Médio tem seu fruto a azeitona, usada sobretudo na alimentação humana). Do fruto são consumidos a popa macia que reveste o caroço, e o azeite, óleo produzido a partir do esmagamento da polpa. Cada oliveira leva cerca de quatro anos para atingir o ponto considerado ideal para a colheita da azeitona e produz de 2 a 3 litros por safra 
   Rica em minerais como o fósforo, cálcio, potássio e ferro, a azeitona também contém a vitamina E, vitamina antioxidante que age contra doenças cardíacas, tem ação anti-ínflamatória e auxilia no aumento do colesterol bom, por exemplo. No Brasil são mais comuns as azeitonas verdes e pretas, de tamanhos variados, comercializadas em conserva, sem caroço e a granel. 
   O azeite de oliva, derivado da azeitona, e seus benefícios nutricionais são recomendados por seus fatores que inibem o risco de doenças cardiovasculares e no processo digestivo. Os tipos extra virgem, puro ou refinado são aplicados nas diversas formas na alimentação e no preparo de receitas de alimentos. (REPORTAGEM LOCAL, página 3, caderno FOLHA RURAL, sábado e domingo 22 e 23 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

GRANDE PERDA PARA A CENA CULTURAL

Lilian Almeida: musicista tinha reconhecimento de toda comunidade cultural de Londrina pelo trabalho à frente do Festival Internacional de Música, além de outras atividades

   Morte de Lilian Almeida, diretora executiva do Festival Internacional de Música de Londrina, deixa um vazio na cultura

   A cultura londrinense está de luto após a perda de uma de suas maiores representantes. A musicista Lilian Almeida Farinha faleceu na madrugada de terça-feira (25), aos 74 anos, vítima de câncer. Seu corpo foi cremado na tarde de ontem. Ela ocupava o cargo de Diretora executiva do Festival Internacional de Música de Londrina (FIML) desde 1996, além de ter atuado como professora de piano e coordenadora de festivais em Cascavel (PR) e na Paraíba. Também atuou no júri de concurso de música em vários estados, além de integrar os conselhos de cultura municipal e estadual. 
   Produtores culturais e amigos lamentaram a morte da musicista. “É uma perda irreparável. Lilian era muito respeitada como profissional, extremamente comprometida e admirada por todos que trabalhavam com ela. Além da grande profissional, ela foi uma pessoa sempre amável, muito simpática e muito próxima dos amigos”, destacou Luiz Bertipaglia, diretor artístico do do Festival Internacional de Teatro de Londrina (Filo). “Fica um vazio muito grande. Convivi com Lilian desde o início dos anos 1970 e eu mantinha u9ma amizade muito intensa com toda a família dela. A Lilian sempre foi extremamente sensível e muito generosa com as pessoas. Seu trabalho à frente do Festival Internacional de Música de Londrina foi extremamente importante e fundamental para o sucesso do evento”, ressaltou a musicista e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Janete El Haouli.
   Lilian Almeida Farinha iniciou suas atividades no FIML como coordenadora no período de 1990 a 1994. Em parceria com o irmão Marco Antonio de Almeida (diretor artístico do festival) passou a responder desde 2006 pela diretoria executiva do evento que movimenta cerca de 20 mil pessoas entre alunos, professores e público a cada edição. “Posso afirmar com certeza que a continuidade do festival nos últimos dez anos aconteceu graças ao empenho da Lilian. Embora não gostasse de brilhar na mídia, ela desempenhava uma função burocrática com a qual nenhum artista gostava de se envolver. Tudo que acontecia no festival passava por ela que, com ou sem dinheiro, se empenhava para que tudo fosse executado com excelência. Muita gente nem tem ideia da complexidade deste trabalho, que se inicia meses antes e que exige uma dedicação da direção executiva 24 horas por dia durante as duas semanas que o evento acontece”, salientou a musicista e diretora doo Grupo Intermezzo, Hylea Ferraz.
   Filha de pioneiros, Lilian era filha do primeiro delegado de Polícia de Londrina, Carlos Almeida. Ela deixa três filhos e três netos. (MARCOS ROMAN – Reportagem Local, páginas 2 e 3, caderno FOLHA 2, quarta-feira, 26 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

JOVENS FORA DAS UNIVERSIDADES


   A maioria dos jovens brasileiros que respondeu a uma pesquisa sobre ensino superior disse que está fora da graduação por falta de dinheiro. O estudo foi realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e pontou que, do total de estudantes ouvidos em quatro capitais do País, 70% não foram além do ensino médio porque não teriam condições de pagar as mensalidades de uma instituição particular. Um total de 1.200 pessoas (entre pais, alunos do ensino médio e egressos) foram ouvidas na cidade de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre. As respostas dos entrevistados deixam claro que eles consideram importante o ensino superior, mas a dificuldade em conseguir uma vaga nas instituições públicas é o grande empecilho. De acordo com dados do último Censo da Educação Superior divulgado pelo Ministério da Educação, dos oito milhões de estudantes matriculados em 2015 nos cursos de graduação, 6 milhões estavam em universidades particulares. Apenas 1,9 milhão frequentava as instituições públicas. É fato que na última década aumentou o acesso de estudantes brasileiros das classes médias e baixa ao ensino superior. Aumentaram as vagas em faculdades e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma chave para várias universidades. O ensino médio e a graduação estão mais valorizados entre as famílias brasileiras, consequência, certamente, do processo de ascensão social. Mas essas conquistas estão ameaçadas frente à crise econômica que atingiu o País, nos últimos anos. Sem recursos, as instituições públicas de ensino superior colocaram o pé no freio quanto à questão de aumento de vagas. Do outro lado, estudantes em dificuldades financeiras deixam os estudos porque não conseguem pagar as mensalidades. O ensino técnico aparece como uma solução importante para os jovens que desejam se profissionalizar mais rapidamente. Mas em um mundo em constante transformação, a educação continuada é a moda que vai impulsionar a inovação e a produção de conhecimento. Um país que busca diminuir as desigualdades sociais deve pensar em criar condições de acesso para quem deseja ter uma educação superior. E uma dessas condições é a criação de políticas públicas que deem oportunidades a todos os cidadãos. (OPINIÃO, página 2, quarta-feira, 26 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA)

terça-feira, 25 de abril de 2017

UM POLVO COM MUITO AMOR


   Projeto em Londrina ajuda bebês prematuros a se sentirem protegidos na companhia de bonecos de crochê 
   Frágeis e delicados, bebês prematuras necessitam de cuidados intensivos para que o desenvolvimento que não se completou na barriga da mãe possa prosseguir sem sequelas à formação física e neurológica da criança. Para isso, o período da incubadora é fundamental, pois garante as condições ideais de temperatura e oxigenação. Surgido há quatro anos na Dinamarca, O Projeto Octo ajuda os recém-nascidos internados nas UTIs neonatais a se sentirem protegidos e seguros na companhia de polvos feitos em crochê. Em 2017, a iniciativa começou a espalhar seus tentáculos por várias cidades do Brasil e, em Londrina, o projeto “Um Polvo de Amor” beneficia bebês internados na UTI neonatal do Hospital Evangélico desde o início de abril. 
   A responsável pela disseminação da ideia em Londrina é Fernanda Rodrigues, que descobriu o projeto dinamarquês quando pesquisava na internet sobre a técnica japonesa amigurumi, utilizada na confecção de pequenos bonecos em tricô ou crochê. “Vi o vídeo de uma matéria feita no Hospital Universitário de Ponta Grossa (Campos Gerais), me encantei pelo projeto e comecei a fazer o polvo. Minha intenção era começar pelos hospitais públicos, mas acabei conseguindo no Hospital Evangélico. A enfermeira-chefe já tinha visto o projeto e no dia 3 de abril entreguei os sete primeiros polvinhos que fiz para os bebês na incubadora”, contou Fernanda. 
   Ainda não há comprovação científica dos benefícios que o boneco proporciona aos recém-nascidos, mas médicos e enfermeiros já observaram que os polvinhos ajudam no processo cognitivo, acalmam, ajudam a normalizar a respiração e os batimentos cardíacos, além de evitar os bebês arranquem fios de monitores e tubos de alimentação. A explicação é que os tentáculos de crochê se assemelham ao formato e textura do cordão umbilical, devolvendo aos bebês a sensação que tinham no útero materno.
   Segundo o diretor técnico do Hospital Evangélico, Ivan Pozzi, o intuito é oferecer qualidade no atendimento aos pequenos pacientes. “A ideia do polvo é de acolhimento. Com aquele contato com a criança, ele transmite uma sensação de segurança e de limitação de espaço, até de maneira diferente dos ‘ninhos’ que fazemos e que tentam representar os limites do útero”, destacou. 
   Crianças prematuras, abaixo de 37 semanas, e que estejam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), são as contempladas pelo projeto, independente do grau de prematuridade. Os polvos são escolhidos para cada uma a partir do tamanho do próprio bebê, buscando ser o mais compatível possível. Já os tentáculos não podem ultrapassar 22 centímetros esticados. 
   Os bonecos nascem de um simples novelo de linha e são confeccionados pelas mãos habilidosas de voluntários, sendo distribuídos entre os bebês nas incubadoras posteriormente. Antes, porém, eles passam por um processo rigoroso de esterilização. Após irem para as incubadoras, eles são lavados, no mínimo uma vez por semana. “Esse polvo é individualizado para cada criança, em um processo que oferece uma grande esterilização, e vai ser deste bebê até ele sair do hospital, quando poderá levar para casa”, explicou Pozzi. 

   SEM SUBSTITUIÇÃO 
   Com uma média de 50 bebês por mês passando pelas unidades neonatais, já existe uma demanda por mais polvos. “Começamos por esta faixa porque os polvos são feitos de forma voluntária e nossa demanda é grande. Pensamos nos prematuros também para ver como seria a receptividade da equipe e dos bebês, mas queremos estender para as crianças maiores”, contou a enfermeira chefe da UTI e UCT neonatal e pediatria, Ariane Thaise Alves Monteiro. 
   Uma das responsáveis por levar o projeto ao Evangélico, Ariane comemora os resultados. “Houve uma mudança instantânea no comportamento dos bebês. Eles já se envolvem e isso estabiliza a frequência respiratória e cardíaca. Com os que estão na UTI já foi observado que saem mais rápido do respirador e do tubo e conseguem alta com maior agilidade”, pontuou. “Mas isso não substitui a presença dos pais e o aleitamento materno. Isto é para somar no cuidados”, alertou a enfermeira. 
   Além do “Um Polvo de Amor”, outros projetos são devolvidos ao hospital com a finalidade de incentivar uma recuperação mais humanizadas dos prematuros. Entre eles estão a redeteraía e a hidroterapia. 

   SEGURANÇA E APOIO ÀS FAMÍLIAS
   Ter um filho prematuro é um susto para a mãe e para toda a família. Porém, bastam alguns pequenos contatos para ver que o bebê, frágil à primeira vista, também demonstra a força de quem luta pela vida e o quanto isto serve de combustível para os familiares. “Estar no hospital está sendo uma terapia para mim. É onde estou aprendendo tudo”, resumiu Débora Rogério de Souza Alves, mãe de Heloísa Vitória de Souza Zeponi, que nasceu no Hospital Evangélico no dia 21 de março, aos de sete meses e meio, com 41 centímetros e 1,5 quilo. 
   Débora teve uma gravidez de risco e só descobriu que o parto seria realizado antes do previsto quando tomava medicamentos de rotina no hospital. O nome da filha, que estava definido antes do nascimento, já era um presságio das vitórias que ela iria conquistar ainda recém-nascida. 
   Passando quase 12 horas ao lado da filha, ela ressaltou o quanto está sendo importante a presença do polvo junto de Heloísa. “Na hora que ela recebeu o polvo eu percebi a calma dela. Esses dias ela ficou sem, porque foi retirado para lavar, e ficou super agitada. É muito bom saber que existem projetos para ajudar, porque após o nascimento é tudo novo e queremos o melhor para os nossos filhos”.
  De licença-maternidade do trabalho, Débora precisa dividir o tempo entre a visita no hospital, afazeres da casa e compromissos particulares. Porém, segundo ela, sempre que deixa o hospital sai tranquila. “Saio do hospital sabendo que está tudo certo, que tem o polvinho para acalmá-la. A competência das enfermeiras, que fazem tudo com amor, também me deixa mais tranquila”, relatou. 
   Há cerca de três semanas na Unidade de Cuidados Intensivos (ICI), Heloísa poderá ir para o quarto daqui a alguns dias, deixando a mãe ainda mais ansiosa. “A ansiedade está muito grande e que não vejo a hora de poder vê-la em casa junto comigo.(PM). 

   VOLUNTÁRIAS PODEM AJUDAR NA CONFECÇÃO 
Parte dos bonecos é produzida em um ateliê em Londrin

   Para ajudar na divulgação do Projeto e conseguir atrair mais voluntários, Fernanda Rodrigues (responsável pela disseminação da ideia em Londrina), criou a página Um Polvo de Amor – Londrina no Facebook. Na página, além de informações sobre o projeto, há orientações para quem quer participar, como a receita do boneco de crochê, pontos de entrega de doações de novelos e bonecos, especificação do material que deve ser usado na confecção dos polvos e orientação de higiene, já que os bonecos serão utilizados dentro de um ambiente estéril.
   “É uma sensação única, uma gratidão muito grande que não tem dinheiro no mundo que pague. Me encontrei nesse projeto para ajudar alguém tão indefeso”, disse Fernanda; 
   Parte dos bonecos é produzido no ateliê e loja de materiais para artesanato Arte e Cor. “A gente tem bastante gente aqui que gosta de ajudar e é solidário. Fico feliz de ajudar e é muito gratificante o resultado desse projeto”, comentou Iria Nonaka, proprietária da loja, que também funciona como ponto de entrega e doações.
   “A gente pede para vir ajudar quem já tem noção de crochê, mas se não tiver noção, mas tiver muita vontade, a gente ensina, disse Sueli Beggiato, que é pedagoga, artista plástica e artesã e também é responsável por orientar os voluntários na execução dos polvos. 
   Crocheteira desde criança a artesã Maria do Carmo Rosa é uma das voluntárias no projeto e diz que se sente realizada. “Além de gostar de fazer crochê, a gente faz uma boa ação. Deve ser muito emocionante ver os bebês com os polvos que a gente faz”, afirmou. “É um projeto abençoado. A pessoa que criou isso foi iluminada, é uma coisa de Deus”, comentou Iran Menegasse, que estava concentrada na confecção de seu primeiro polvo. “É o primeiro de muitos”, garante. (S.S.).
   HU É PIONEIRO EM AÇÕES HUMANIZADAS
Projetos trazem benefícios e fazem com que os bebês tenham um maior desenvolvimento
   Pioneiro em ações humanizadas voltadas aos prematuros em Londrina, o Hospital Universitário (HU) desenvolve atualmente oito projetos – método canguru, hidroterapia, ofurô, musicoterapia, redeterapia, cuidado centrado na família, terapia ocupacional e o horário do soninho. Todos possuem o objetivo de estimular a recuperação dos bebês e a boa estadia deles enquanto estão no ambiente hospitalar, acalmando-os. 
   “Todos esses projetos trabalham benefícios e fazem com que os bebês tenham um maior desenvolvimento e crescimento. Quando usamos estas estratégias neuropsíquicas percebemos, com notoriedade, que a criança fica muito mais equilibradas nas reações corporais e também nas psíquicas”, ressaltou a enfermeira-chefe e coordenadora da UTI e UCI neonatal do HU, Valéria Costa Evangélica da Silva. 
   Todos os prematuros, cerca de 20 atualmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e no Centro de Terapia Intensiva (CTI), participam dos projetos desenvolvidos no hospital em alguma etapa desde o nascimento. As ações também são usadas para ajudar na aproximação dos pais com os bebês, sendo uma forma de terapia para os familiares, que se integram na evolução dos filhos. “O método canguru, por exemplo, que faz com que a mãe, o pai e até mesmo o irmão tenham um grande contato pele a pele com o bebê, tem feito com que casos de infecções diminuíssem”, contou. “Já a musicoterapia acalma até os funcionários”, completou. 
   Há 25 anos trabalhando no setor neonatal do hospital, Valéria relembra o progresso no tratamento de crianças prematuras, muito graças aos projetos. “Hoje a criança sai com uma maior qualidade de vida do que antigamente. Com a junção da tecnologia com as ações humanizadas que desenvolvemos, a evolução das crianças é maior, por mais prematuras que elas nasçam.”
   Em fase de estudos, o Polvinho também está na pauta da HU para ser implementado, precisando passar antes pelos testes de higienização e aprovação da diretoria. Enquanto isso, as mãe, que participam da terapia ocupacional uma vez por semana já estão produzindo os bonecos, como uma forma de aproximar família e bebê. (P.M.) (SIMONI SARIS e PEDRO MARCONI, caderno FOLHA CIDADES, terça-feira, 25 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

OS RISCOS DA LEI DE ABUSO DA AUTORIDADE


   O projeto apresentado pelo senador Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, que tipifica crimes por abuso de poder, deverá ser levado à votação na reunião da comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), nesta próxima quarta (26). Nesta reunião será votado o substitutivo do senador Roberto Requião, também peemedebista, à proposta original. É a quarta versão do parecer do congressista paranaense que será levada à CCJ  e estabelece 30 tipos penais. A proposta e os substitutivos detonaram uma disputa entre parlamentares e integrantes do Ministério Público e do Judiciário. Se passar pela comissão e avançar no Congresso, o juiz que decretar prisão preventiva ou outra medida de privação de liberdade em desconformidade com a lei poderá ser punido. A proposta trata de crimes de abusos cometidos por agentes públicos, passando pelo Ministério Público e poderes Judiciário e Legislativo. As administrações federal, estadual e municipal também não vão escapar. O projeto é bastante criticado porque embora Renan, Requião e outros congressistas favoráveis neguem, a proposta tira a independência de juízes e procuradores. É certo que operações como a Lava Jato serão prejudicadas. Renan Calheiros, o autor da proposta, é alvo de nada menos que 11 inquéritos no Supremo Tribunal Federal. Frise-se ainda que dos 54 membros que compõem a CCJ, 20 são investigados na Lava Jato. No total, 28 dos 81 senadores serão alvos de inquéritos em decorrência da operação. Qualquer lei que vier a dificultar o trabalho das autoridades beneficiaria Renan e tantos outros deputados, senadores, governadores e outros políticos que figuram na relação de pedidos de abertura de inquéritos que chegaram ao Supremo. A lei sobre o abuso de autoridade deve ser discutida e até mesmo revisada. Mas o momento é totalmente impróprio diante das revelações da Lava Jato, que parecem não ter fim. (OPINIÃO, página 2, terça-feira, 25 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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