quinta-feira, 26 de junho de 2014

BLOGS, REDES SOCIAIS E O FUTURO

        Há alguns anos dei uma palestra na então Academia de Letras de Ibiporã, cujo tema abrangia a criação de blogs, aos quais chamei de “as tribunas da livre expressão “,  já que os blogs são um espaço aberto para qualquer blogueiro externar suas opiniões sobre os mais variados assuntos – inclusive política.   
     Os blogs imperavam na rede mundial, chegando a roubar o espaço de sites consagrados, pois podem ser operados com grande facilidade, desde que se domine o ABC elementar da informática.  Muitos dos blogs, especialmente aqueles que criaram leitores fiéis e interessados nos temas expostos, acabaram incorporados em  portais de jornais, revistas ou outras mídias, fazendo aumentar reciprocamente seus respectivos índices de leitura.
     De repente surgiu um novo fenômeno que passou a dividir espaços com blogueiros: são as redes sociais, abertas a qualquer pessoa, mesmo sem o domínio das ferramentas mais sofisticadas que os computadores oferecem. Nas redes sociais, pessoas de todas as idades, graus de  estudo e classes de renda interagem, emitem opiniões, compartilham textos, artigos, fotos e vídeos com extrema agilidade, pouco se importando com os erros de português nem com a qualidade das imagens. Sua interação é tamanha que a maioria  dos blogueiros, ao invés de repudiar essa nova  ferramenta, já também compartilha seus posts , procurando ainda mais aumentar sua “audiência”. A evolução dos telefones celulares, que hoje nem são mais telefones, trouxe ainda mais interação entre as pessoas, que passam o tempo digitando muito mais do  que conversando. São as chamadas amizades virtuais.  
     O mundo da internet evolui rapidamente. Se anos atrás existiam os “profetas” ou “futurólogos” escrevendo páginas e páginas com suas projeções sobre o futuro da internet, hoje poucos se atrevem a adivinhar o que vem pela frente. As lan houses que tiveram um período de apogeu e representavam um negócio altamente lucrativo foram sendo implacavelmente extintas com a chegada das configurações Wi-fi  abertas em bares, restaurantes, shoppings e até em praias e praças públicas. Quem diria?

     Se toda esta evolução tecnológica veio para somar experiências, cultura  e  ensinamentos, ainda é uma incógnita. O que se espera é que o ser humano tire o melhor proveito de cada avanço, cada nova conquista, pois a gente precisa lembrar de que para cada Batman sempre existe,  no mínimo, um Coringa.
( Extraído do Jornal de Londrina, quinta-feira, 26 de junho de 2014, do espaço ponto de vista. Texto de JULIO ERNESTO BAHR,  publicitário, escritor e blogueiro ).       

quarta-feira, 25 de junho de 2014

COPA EM TRÃNSITO

      Dentro do carro parado, vi que o tempo da moça esperando seu ônibus era agonizante, ainda mais no dia em que o Brasil ia enfrentar outra seleção na Copa do Mundo. Mas, calma! O trânsito estava caótico pra ela e pra todo mundo. O  busão  não a esqueceu, o relógio dela estava funcionando e até adiantado, seu patrão também era brasileiro e por mais que bancasse o “ pseudointelectual “  e adotasse  o discurso pronto e  vencido que torcer pela seleção é aceitar a roubalheira,  mais cedo ou mais tarde, ele iria entrar no clima do Mundial e deixar a garota sair mais cedo.  
    Aquele meio de tarde nunca ficou tão cheio de lataria velha e nova nas ruas de Londrina. A imensa fila, paralela em dois sentidos, levava a um “ mesmo destino “: uma casa com uma TV funcionando. Antes da seleção verde e amarela pisar  no gramado, a população corria aflita pelo asfalto lotado de carros e afins. Pois é,  até o Rei enfrentou congestionamento em São Paulo e ouviu o primeiro tempo no rádio. É nessa hora que a isonomia que tanto ouvimos na constituição funciona. O trânsito interrompe qualquer hierarquia social. Meu Palio 1.0  iria chegar à mesma hora que a Hilux 3.0 do meu lado. Ou seja, foi dinheiro jogado  fora, Tio Patinhas.  
     Demorou, mas tão bonita comoção social chegou numa temporada em que os ânimos dos brasileiros, estão inflamados. Não tá  fácil pra ninguém, a comida encareceu, o PIB está diminuindo, e a CPI da Petrobras e do Caso Siemens esfriadas. A situação é complicada, mas é preciso tirar um dia de folga, pelo menos nos jogos do Brasil. Toda manifestação é bem-vinda. Porém, com a casa entupida de visitas, os protestos podem ser presentes e menos barulhentos. Os gringos estão aqui, não fica  legal recebê-los com balas de borrachas e cassetetes daqueles que as usam de forma repressora. Roupa suja se lava em casa e os vizinhos  ( lê-se aqui turistas ) não precisa ouvir nossa briga com o plenário. Isso a gente resolve depois, temos nossa experiência das manifestações de Junho como carta  na manga, relaxa.

     Cheguei em casa a tempo, a Hilus também. Já a garota,  não sei, mas deve ter pegado o final do hino nacional. Ela assistiu à partida, comemorou com os amigos cada gol e depois se deu conta de que a passagem para Ibiporã subiu de novo. Com o espírito do Mundial, penso que ela irá aderir ao espírito da Copa, aplicando  indignada  um cartão vermelho ao aumento da tarifa.
 ( Crônica escrita por BRUNO NASCIMENTO, 21 anos, estudante de Ibiporã - PR,  extraída do espaço CRÕNICA , do jornal FOLHA DE LONDRINA, quarta-feira, 25 de Junho de 2014 )

quinta-feira, 19 de junho de 2014

A CAPITAL ECOLÓGICA DA COPA


       O que os turistas da Copa do Mundo podem fazer na  capital paranaense  além de assistir aos jogos do Mundial agendados na Arena da Baixada? Essa pergunta é respondida com imagens em alta definição dos principais pontos turísticos da cidade e do litoral paranaense no filme “ Curitiba – Capital Ecológica da Copa “. Produzido por três irmãos londrinenses, radicados em Bauru (SP), o média-metragem explora riquezas naturais e culturais que há anos encantam os mais variados perfis de visitantes.
     Parques, museus e praças fazem parte da lista de atrações curitibanas incluídas no filme . “ Pesquisamos cada um dos roteiros citados no filme e improvisamos no texto apresentado por meu irmão Willian Antunes, que faz o papel de turista e apresenta fatos curiosos da cidade com uma abordagem leve e bem-humorada”, conta Willian Antunes que assina a codireção  do filme . 
     Segundo ele, o maior desafio enfrentado durante as filmagens feitas em duas semanas no ano passado foram questões burocráticas para conseguir as autorizações para filmar e entrevistar os responsáveis pelos locais.
     Antunes revela que o média-metragem faz parte de um projeto maior que pretendia realizar vídeos semelhantes em todas as 12 capitais  brasileiras que são sede dos jogos da Copa do Mundo. “ Tentamos firmar parcerias com diversos canais de TV abertos e fechados  que viabilizassem os custos e se comprometessem em exibir os filmes, mas não conseguimos levantar o valor do investimento previsto que girava em torno de R$ 200 mil, relata.
     Diante da negativa, Antunes e os irmãos Willian e Bruno, que são sócios da produtora Ozório Filmes, criada pelos três, resolveram comercializar o projeto piloto sobre Curitiba nos formatos DVD e Blu-ray.    
  Apaixonado por cinema Antunes conta que com o média-metragem sobre Curitiba pretende abrir caminho para realizar  outras produções com linguagem de cinema na produtora que montou há dois anos, em Bauru.
     “ Eu e meus irmãos nascemos em Londrina, onde no ano passado produzimos um filme de 17 minutos sobre os pontos turísticos da cidade, mas atualmente moramos em Bauru. Produzimos vídeos institucionais e propagandas de TV,  mas adoramos cinema e já participamos de diversos workshops sobre produção cinematográfica. Queremos seguir esse caminho e temos trabalhado em conjunto. Eu tenho experiência na direção, o Will é formado em Letras e assina os roteiros e o Bruno é músico e assina a sonorização e a trilha sonora dos filmes que produzimos “, destaca.       

     As pessoas que tiverem interesse em conhecer o trabalho podem adquirir o filme ou assisti-lo através do site WWW.ozoniofilmes.com.br.

( Extraído da Folha 2, do jornal FOLHA DE LONDRINA,terça-feira, 17 de Junho de 2014, por MARCOS ROMAN. Reportagem Local.

sábado, 14 de junho de 2014

NOTAS DA COPA


      1 . Confesso que torci contra o Brasil na Copa de 1990. O presidente era Collor e eu era eleitor de Lula. Hoje os dois são aliados incondicionais  e eu me arrependo profundamente de ter de ter votado em Lula, de ter torcido contra a seleção e de ter sido um idiota útil.
     2 . Uma das palavras mais terríveis surgida na língua portuguesa é “ empoderar “. Trata-se de um termo inventado pessoalmente pelo coisa-ruim,  tão repugnante quanto “ estadunidense “. Se encontro uma dessas palavras sem aspas ou  ironia, abandono o texto naquele exato instante. A Copa não deve “empoderar” ninguém.
     3 . Com medo de vaias, a presidente vai à televisão e diz que gastou muito mais com saúde e educação do que com a copa. Sério? Gastou para ter ESTA saúde e ESTA educação? Deveria ter vergonha, Dilma, por favor, deixe a gente torcer pelo Brasil em paz. Já trabalham os até 31 de Maio só pra sustentar o governo.
     4 . Slogan de um partido de extrema-esquerda: “Nenhuma violência entre as torcidas, nenhuma conciliação entre as classes”. Quer dizer: derramamento de sangue em nome da revolução,  tudo bem. Esse é o partido que tentou parar São Paulo politizando a Copa. Assim como Reagan fez com os controladores de vôo americanos nos anos 1980, o governador Alckimim demitiu os baderneiros. Agiu bem. 
       5 . E aí vem o militante e diz: “absurdo”, o salário de Neymar é muito maior que o de um professor!”  Ele não compreendeu que Neymar é muito mais que uma pessoa física: é uma empresa, que gera empregos e renda para milhares e sonhos para milhões.
     6 . Por falar em sonho, deram uma olhada na exposição de David Wang sobre a Copa? Ficou muito bonita.

     7 . Ah, domingo a gente se vê na banca de jornal. Vou com o meu figurinha trocar figurinhas.

( Texto  do escritor PAULO BRIGUET, o paulobriguet@hornaldelondrina.com.br, no espaço DIA DA CRÕNICA, SEXTA-FEIRA,13 DE JUNHO DE 2014 ).          

quinta-feira, 12 de junho de 2014

BOLA PRA FRENTE, BRASIL!


            As obras já foram feitas, o dinheiro já foi gasto, a corrupção se instalou como em qualquer evento que acontece neste País. Não será apenas o desvio absurdo em 2014, se  preparem porque haverá um pouco mais em 2016 nas Olimpíadas. A seleção brasileira não tem culpa que mais da metade da população vote em políticos  desonestos que acabam com a imagem do país que eu tanto amo. Dia desses uma amiga me disse: “ O PT conseguiu acabar com duas paixões nacionais , o futebol e a Petrobrás “. E  ela tem razão, de uma forma ou de outra a imagem de ambos foi rasurada em rede mundial e em nossas crenças. No entanto, quero mais é que o Brasil vença e seja campeão, vou torcer como  sempre fiz em todas as Copas, e espero imensamente que este seja um momento de grande alegria para a minha amada “ Pátria mãe gentil “. A Copa não é culpada pela corrupção, não é culpada pela greve, não é culpada pela pobreza e falta de educação, os culpados disso tudo são os nossos representantes que há mais de 500 anos ferram com este país e, de certa forma, involuntariamente temos sido coniventes. Enganam-se aqueles que pensam que o Brasil sendo campeão  irá ajudar o PT a continuar no governo, afinal, não foram eles que construíram a”seleção “  e não serão apenas eles que apertarão o “ confirma “ em outubro.  
 BOLA  PRA  FRENTE,  BRASIL!      (extraído da FOLHA DE LONFRINA, quinta-feira, 12 de Junho de 2014, da seção OPINIÃO DO LEITOR.  Carta enviada por RAFAELA BONEZZI JUNQUEIRA  SCICCHITANO ( secretária executiva – Londrina )

VAI COMEÇAR A COPA

     É inegável que pelos próximos 30 dias os “ olhos “ do mundo estarão voltados para o Brasil. Começa hoje a Copa do Mundo de Futebol, um dos esportes mais populares do planeta. Se o evento não deixará um “legado “ , como foi  inicialmente divulgado, com grandes obras de infraestrutura e  mobilidade urbana, esta é uma chance para os  brasileiros “ venderem “ o País, o que atrairá futuramente um maior número de turistas e, quem sabe, investidores.   
     Somente neste período são esperados cerca de 600 mil visitantes estrangeiros, incluindo profissionais diretamente envolvidos com a Copa. Além disso, atrairá também a cobertura jornalística da imprensa mundial, que terá com o pano de fundo vários cenários do País. Milhões de pessoas terão a oportunidade de conhecer mais sobre o Brasil e modo de vida da população. Outro ponto importante é que um evento dessa magnitude é um importante desafio a ser superado e não se restringe apenas ao serviço público, mas para prestadores de serviço de modo geral tanto  de cidades-sedes como de locais turísticos. 
     Importante ressaltar a importância da  Copa  transcorrer  com tranqüilidade. Em que pese sua realização tenha desencadeado uma série de protestos populares ano passado, o que de certa forma foi positiva para o País porque contribuiu para “ amadurecer “  a população, definitivamente este mês não é o momento. O brasileiro tem que reafirmar ao mundo sua hospitalidade, cordialidade e simpatia ao receber estrangeiros.
     Também é importante lembrar que depois das manifestações populares, os protestos tomaram outro rumo. Antes sem lideranças formais, atualmente todos os eventos têm sido protagonizados por sindicatos,  modificando totalmente a essência anterior. Fundamentalmente que todos pensem nisso, principalmente em um ano eleitoral, e saibam enxergar oportunismos de grevistas ou movimentos interessados apenas em holofotes.
( Extraído da seção OPINIÃO , opinião@folhadelondrina.com.br, quinta-feira, 12 de Junho de 2014 ).
 


      

quarta-feira, 11 de junho de 2014

RODA PIÃO

     Estes tempos em que vivemos é fácil notar a forte presença da tecnologia no cotidiano das pessoas, inclusive na infância. Diariamente, vemos crianças e adolescentes divertindo-se com recursos eletrônicos, celulares, internet e games. Isso é muito interessante, mas há muitas coisas boas que ficaram para trás e não deveriam ser esquecidas. 
     Há poucos dias, conversava com meus irmãos sobre nossas brincadeiras de criança: esconde-esconde, bolinhas de gude, futebol de botão, corda, bilboquê, pega-pega, bate figurinha, bola queimada, cabo de guerra, quente e frio, polícia e ladrão, pernas de pau, soltar pipa. Ouvindo isso, minhas irmãs entraram na conversa e lembraram-se  de como se divertiam: cabra-cega, estátua, passa-anel, faz de contas, cantigas de roda, bambolê, mal me quer bem-me-quer, telefone sem fio, lenço atrás, elástico, brincar de casinha e, claro, as bonecas. Essa divisão entre brincadeiras de meninos e meninas era algo natural, mas as crianças precisavam exercitar sua criatividade para poder brincar.
     Morávamos numa pequenina cidade do interior e naquela época não havia distinção entre área urbana e zona rural, era tudo igual, os costumes, o modo de viver. A diferença entre a cidade e a roça era a lida no campo, porque, na roça as crianças também trabalhavam.
     Eu, assim como meus irmãos e amigos, tive uma infância maravilhosa: após os afazeres da escola, nossa diversão era tomar banho no rio, passear de canoa, caçar passarinhos, jogar futebol no campinho de terra, beber água fresquinha na mina, andar nos carrinhos de rolimã, pegar frutas direto do pé, pescar lambaris no riacho, caçar rãs no brejo, andar de bicicleta, colher pinhão.
No final da tarde, quando a fome apertava, chegando em   casa eu ia direto para a cozinha:  sabia  que minha mãe já tinha feito uma fornada de pão ou um gostoso bolo de fubá, enquanto  o leite e o café ainda quentinhos no fogão à lenha.

     Hoje muita gente mora em apartamentos e a maioria das crianças fica trancada em casa enquanto os pais estão trabalhando. Andar de bicicleta e brincar na rua ficou difícil porque a cidade não tem locais adequados para isso, tornou-se inseguro  e o trânsito é perigoso. Mas, felizmente, ainda existem crianças que, talvez pela condição econômica, estão mais longe do asfalto e do concreto, podendo ainda pisar a grama, subir em árvores, se sujar de terra ou brincar como antigamente.          

( Texto escrito pelo leitor Gerson Antonio Mellati, extraído da coluna DEDO DE PROSA,  do suplemento Folha Rural, FOLHA DE LONDRINA, sábado,7 de junho de 2014 ).

COMPRO OURO

                          Na esquina da Catedral, perto da Caixa Econômica, a senhora me entrega um panfleto no qual se lê: “ Compro ouro “. O problema é que não tenho ouro para vender: todos os meus bens estão comigo e não podem ser convertidos em moeda sonante.  
Tenho  ouro, sim. Mas é um ouro que não posso carregar, nem depositar num banco. Vejo-o quando atravesso a rua e vou à igreja na missa do meio-dia, celebrada pelo monsenhor Bernardo. De repente, abro a porta de casa e o encontro ali, a me esperar com  os nomes de Rosângela e Pedro. Na  hora do almoço,  a minha amiga Teresinha me pergunta se eu quero alguma coisa. Digo que não, obrigado. Preciso terminar uma crônica. Sobre quê? Sobre ouro.
             Sou um estranho minerador. Descubro ouro enquanto caminho pelas ruas de Londrina nos dias frios de outono. É  um ouro que não se encontra no chão , mas no alto. Nas primeiras manhãs da semana, olhei para céu da cidade e tive a certeza de que ele foi pintado pessoalmente por Deus. Fiz 14 fotos do céu de Londrina com meu celular: um amigo mais atento, e generoso, disse que era um “ soneto azul “. Como se sabe, o soneto tem 14 versos, mas eu nunca serei capaz de escrever com a luz.   
          Dou-me conta de que esse azul não custa nada, nem entra no PIB, nem aumenta nossa renda per capita. Mas devolve troco: até a placa de PARE, assim, maiúscula, parece mais vermelha e mais bonita, quase tão bonita quanto uma tela de Changali, de Montrian, de Hopper.
 Nem sempre a vida nos dá as costas. Com Edith Stein, a filósofa atéia que virou santa, aprendi que acreditar em Deus é ser mendigo  e milionário ao mesmo tempo. Temos tudo, não possuímos nada. Tudo  que podemos acumular é a riqueza dos pobres de espírito: este céu, este chão, estas palavras. Não é o caso de evitar os bens materiais ou as honrarias, mas  de colocá-los nos seus  devidos lugares. Ter como se não tivesse. Ser como se não fosse. De volta à esquina,  não vejo mais a senhora que me deu o panfleto. Olhando para a Catedral lembro-me da igreja queimada que vi há 14 anos , em Minas Gerais. Lamento,  minha amiga, mas não posso comprar nem vender esse ouro. Seu nome é vida eterna.
        
( Texto escrito pelo escritor PAULO BRIGUET,   briguet@jornaldelondrina.com.br, coluna DIA DE CRÕNICA, sexta-feira, 6 de Junho de 2014 ).  

segunda-feira, 9 de junho de 2014

O PODER DAS MÃOS

          Carlos Drummond de Andrade afirmava que “ fácil  é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida “.
     As mãos expressam muito. Através de seus toques, de suas palmas, de seus gestos podem transmitir:  energia, carinhos, promessas, afagos, consolo, amor... ou  não.
     Delicadas ou grosseiras, dizem muito do que desejamos ou queremos dizer e, às vezes, dizem o que não queremos também,  prestando-se a milhares de coisas.
     Seja em gestos religiosos, seja para exercícios de cura, seja para o trabalho profissional ou mesmo para aqueles cotidianos e  corriqueiros atos domésticos, elas encontram-se sempre permeando as ações do humano, quer retratando o que dita o cérebro ou o que manda o coração.
     Jesus, com amor, as utilizava para curar assim como fazem algumas pessoas hoje em dia com a imposição delas.
     Algumas das benesses das mãos são descritas por Moacyr Franco na bem escrita letra de sua música Balada das mãos.


     De modo que, as mãos servem para curar e abençoar, apesar de que o reverso disso também seja utilizado por muitos de nós. Nesse caso vale relembrar o poema de Billy Blanco, autor  da música Canto Chorado, que apregoava em sua letra “ O que dá pra rir, dá pra chorar”, acrescentando que tudo é uma “  questão  só de peso e medida, problema de hora e de lugar “ o que serve para todas as coisas da vida e, portanto, para as tarefas realizadas pelas mãos. Só depende de quem comanda as ordens, se é a razão ou o coração, a justiça ou a injustiça,  o amor ou a falta dele, a humanidade ou a desumanidade...    

 ( CRÕNICA  escrita por MARINA I. BEATRIZ POLONIO – ESCRITORA DE Cambé, publicada na FOLHA DE LONDRINA, dia 4 de junho de 2014 ). 

terça-feira, 3 de junho de 2014

RAZISMO

O racismo é tão irmão do razismo que devia ser escrito assim, razismo.
     Na Pensão Alto Paraná, que minha mãe tocava na década de 50, menino eu via aqueles peões negros, fortes que só, rindo com fileiras de dentes tão brancos, gastando na cidade o dinheiro que tinham ganhado derrubando mata, e ficava zanzando em volta deles, ouvindo suas histórias, e isso marcaria para sempre minha literatura.
     Minha mãe fazia sabão no quintal da pensão, com sebo, mamona e soda, em meio tambor sobre tijolos e uma fogueirinha que eles iam avivando com ripas e paus, acocorados em roda, contando causos, entre silêncios atentos e estrondosas gargalhadas.
     No salão de barbeiro de meu pai, em frente à pensão, misturavam-se no piso os tufos de cabelos de todas as raças.
     Mas eram os negros que derrubavam as matas para plantar café, trabalho tão duro que exigia muita força e destreza. Quando algum me passava a mão na cabeça, eu sentia os calos.
     Meu pai era um pai para eles, diziam, decerto porque os tratava como tratava a todos, com o respeito que toda gente merece, e todos os chamavam de Seo Domingos com o maior respeito. Davam dinheiro para ele guardar no cofre, temerosos de, depois de umas canas, deixar tudo nas mãos das mulheres e malandros.
     Uma noite um bateu em nossa casa alta da noite, tão bêbado e barulhento que até eu acordei, querendo que meu pai lhe desse o dinheiro que ele mesmo tinha falado para não dar de jeito nenhum. Meu pai deu a metade.
     No dia seguinte, o peão estava sem um tostão, foi envergonhado falar com meu pai para pagar a pensão na próxima vez. Meu pai mostrou então o dinheiro que tinha guardado, e o peão ficou tão agradecido que passou dias falando:
     - Esse homem é um santo!
     Mas ainda não faço milagres, dizia meu pai, só faço o que é certo.
     Certo é que a raça negra é a mais antiga, conforme apontavam todas as pesquisas antropológicas, baseada em fósseis, idiomas e ruínas arqueológicas. Mas os razistas diziam que não era possível  raças tão diferentes, como as chinesas e os nórdicos, descenderem de um só tronco negro africano.
     Agora, com o desenvolvimento do DNA nos genomas, é certo que até os chineses e  o mais branco dos dinamarqueses descendem de negros africanos. As provas são cientificamente irrefutáveis.
     Então, quando Daniel Alves comeu aquela banana, o sujeito que atrás dele, na arquibancada, fazia gestos imitando macaco, estava imitando seu  próprio ancestral.

     E também tenho um sonho, Martin Luther King, que em todas as escolas ensinem as crianças  que todas  as raças descendem da negra, e são assim tão diferentes porque, se fôssemos todos iguais, o mundo seria muito chato e talvez nem existissem bananas.    

( Texto do escritor DOMINGOS PELLEGRINI    d.pellegrini@sercomtel.com.br    publicado no Jornal de Londrina, domingo 1 de junho de 2014  ).

Comente!

Comente!

.

.

.

.

Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
--------
Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

Postagens populares