segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

PAÍS ESTÁ MAIS PERIGOSO PARA JORNALISTAS


   BRASÍLIA - Com 116 registros de violações à liberdade de imprensa em 2015, o Brasil figura entre os países mais perigosos do mundo para se exercer a atividade jornalística. O levantamento é da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), que aponta que no último ano foram confirmadas oito mortes de jornalistas relacionadas com suas atividades profissionais. Além disso, foram registradas 64 agressões. Para chegar ao número de 116 violações registradas no ano passado, a Abert considera ameaças, intimidações, vandalismos e ataques contra jornalistas. Os números mostram crescimento no número de mortes. Em 2013, form mortos cinco jornalistas. Em 2014, foram sete. 
   Em uma comparação internacional, ser jornalista no Brasil, aponta a associação, só não é mais arriscado do que na Síria, no Iraque, no México e na França – que foi alvo de dois ataques terroristas no ano passado. No primeiro ataque, em janeiro do ano passado, oito profissionais do humorístico Charlie Hebdo, foram mortos. 
   O ano de 2015 foi cruel para a atividade jornalística, diz Daniel Slaviero, presidente da Albert. “O profissional de imprensa se transformou em alvo. Está havendo uma inversão de valores.” A maioria das mortes aconteceu no Nordeste, com seis casos. As outras duas foram registradas no Sudeste e no Centro-Oeste. Em todos os casos, foram jornalistas homens que investigavam irregularidades de políticos, segundo Slaviero. “É necessário que haja investigação e punição exemplar nesses casos”, diz. 
   Apesar do crescimento no número de mortes, o Brasil ganhou 12 posições no ranking da ONG internacional Repórteres Sem Fronteiras. O país passou da posição de 111 para 99, em uma lista de 180 nações. “É no mínimo embaraçoso estar comparado com países em estado de guerra!, afirma Slaviero. ( MACHADO DA COSTA – FOLHAPRESS, página 6, FOLHA GERAL, segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

A MÚSICA NÃO PODE PARAR


   Projeto Criança Feliz, que há sete anos contribui para a formação musical de crianças e jovens, depende de ajuda financeira para não fechar as portas

   O nome já diz: Criança Feliz. Idealizado pelo empresário Gelson Batista Alcântara, o projeto social que atende crianças e adolescentes na zona leste de Londrina vem desde 2009 batalhando para proporcionar alegria e oportunidades através da música. Entretanto, todo esse trabalho pode estar com os dias contados. Isso porque é preciso pagar as contas fixas do espaço, assim como a manutenção dos instrumentos e os professores de música para que os alunos tenham um ensino de qualidade e de compromisso, sem pagar nada. 
   Os custos chegam a R$ 4 mil ao mês. “Não contamos mais com um patrocínio que nos ajudava com a maior parte do valor e, por isso, hoje, temos R$ 600”, lamenta Alcântara, que se reuniu com pais de alunos ontem pela manhã, para tentar buscar soluções para o projeto. “Nunca pedimos nada, mas chegou a hora de termos botar as ideias para erguer recursos. Ou nos juntamos ou paramos”, diz. 
   O eletricista automotivo Joel Rodrigues Gonçalves sugeriu que cada família colabore com uma quantia mensal. “A gente tem que investir no que a criança gosta”, comenta o pai do aluno Thiago, de 10 anos. Porém, nem todos os pais podem ajudar com uma grande quantia em dinheiro e, portanto, outras ideias também foram surgindo. Gislaine Lopes dos Santos é mãe de Ana Beatriz, que está no projeto há seis anos. Ela acredita que um mutirão para produzir pães e salgadinhos pode ser uma saída. “A Bia aprende muito a cada dia, não só a tocar violino, mas a ter disciplina e responsabilidade. É nossa tarefa também ajudar nesse trabalho”, afirma. 
   Alcântara também aposta na colaboração dos pais na divulgação do projeto e busca por novos patrocinadores. “Se 40 empresários ajudarem com R$ 100, já é o suficiente!, ressalta. Enquanto a ajuda não vem, um bazar montado no espaço do projeto tem sido uma fonte de renda. “Aceitamos doações de móveis, objetos, artesanatos e roupas, para vendermos aqui”, completa. 

   SERVIÇO

Doações podem ser feitas na sede do projeto, na Rua Macieira, 210. INFORMAÇÕES: (43) 9980-0472

MAIS DE 370 ‘CRIANÇAS FELIZES’
   O envolvimento com a música e trabalhos voluntários traçou um novo caminho na vida de Gelson Batista de Alcântara, que em 2012 abriu mão da propriedade de uma empresa para se dedicar exclusivamente ao projeto. Iniciado em 2009, o trabalho era realizado em uma escola no Jardim Monte Cristo (zona leste). Com a venda de sua residência, Alcântara comprou um imóvel no bairro, onde na frente funciona o bazar e o projeto. 
   Em uma sala pequena, cerca de 70 crianças são atendidas hoje, em diferentes horários, com aulas de violino, viola, violoncelo, clarinete, flauta e coral. Todas participam do projeto através da Orquestra Monte Cristo, Coral Encantar e até uma oficina de jornalismo. “ Todo mês elas se apresentam em escolas, espaços culturais e igrejas. “
   Com tantos anos de dedicação, mais de 37 crianças e adolescentes já passaram pelo Criança Feliz. “O objetivo é transformar. É dar oportunidade Alcântara. 
                        "Não sabia tocar nada. Hoje, isso é tudo para mim", declara Vinícius Souza, que toca violoncelo

   Oportunidade que os irmãos Vinícius e Viviane Rebequi de Souza abraçaram com paixão. Aos 17 anos, Vinícius toca violoncelo, instrumento que deu lugar às tardes em que jogava vídeo-game. “Vim pela curiosidade. Não sabia tocar nada. Hoje, isso é tudo para mim”, declara ele, que pretende prestar vestibular para a música. “Meu sonho é seguir essa profissão. Trabalhar com música é menos estressante. Ela consegue conduzir sentimentos em todas as pessoas, sem nenhuma exceção!, justifica. 
   E Viviane sabe bem disso. Ela conta que, ao tocar, encontra um momento único. “É algo que estou fazendo para mim. Se não fosse esse projeto acho que nunca teria tocado em um violino”, conta. 
   Instruídos pelo professor André Luiz de Matos, os alunos sonham em fazer da música uma profissão. Apesar da idade, Ana Júlia Venâncio Roberto, de 10 anos, conta que, além das aulas ensaia em casa. “Meu sonho é ser violinista profissional, daquelas que tocam em uma orquestra bem grande, sabe? (M.O.) ( MICAELA ORIKASA- Reportagem Local, página 5, FOLHA GERAL, segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

TODA NUDEZ SERÁ REVELADA


   1 – Nos últimos dias, circularam pelas redes sociais e sites de notícias as fotos de um grupo de 30 estudantes que dançaram nus no Centro de Ciências Humanas da UEL. A performance fazia parte de um trabalho de conclusão de curso. Alguns se escandalizaram; não eu. Muitos universitários brasileiros na área de humanas, trocaram a busca do conhecimento pela busca de outra coisa que não pretendo nomear aqui. Os caras terão de se esforçar um pouco mais até que eu diga: “Oh que obsceno!” Uma linha dos meus queridos Henry Miller e Nelson Rodrigues é mais chocante que a dança dos pelados da UEL.
   2 – Mais chocante e mais bonita. Outro escritor nada puritano, Milan Kundera, já dedicou algumas páginas ao ridículo da anatomia humana exposta em campos de nudismo – lugares em que geralmente não se encontra nenhuma beleza. Fotografias de plantas ornamentais conseguem ser mais eróticas que os discípulos de Luz Del Fuego. A única moça bonita que tirava roupa em público, Sara Winter, abandonou a militância feminista, converteu-se e passou a lutar contra o aborto e a ideologia de gênero. 
   3- Um amigo, o antropólogo Flávio Gordon, tem um nome para essa geração que só pensa no direito de ficar sem roupas ou usar shortinho: é a geração do “Quero, logo existo”. Para essa turma, Johann Sebastian Bach e Valeska Popozuda se equivalem. É uma geração mimada e vazia. Uma geração que odeia a beleza da verdade e a verdade da beleza. 
   4 – A verdadeira obscenidade não está na dança dos peladões. Imoral mesmo é o que o PT – tão amado em certos círculos universitários – fez e continua fazendo ao país. Obsceno é o sorriso da mulher de João Santana: “Não vou baixar a cabeça, não!” Obscena é a permanência no poder de uma senhora que mentiu à nação e destruiu a economia do povo para se reeleger. Obsceno é um homem público fugir da Justiça como um batedor de carteiras.
   5 – No mesmo dia em que a imagem dos peladões viralizou na internet, meu amigo e brilhante repórter Marcelo Rocha revelava ao Brasil inteiro o “tráfico de acarajés” numa das empreiteiras amigas do PT. Um dos funcionários da empreiteira enviou a seguinte mensagem: “Meu tio, vou estar amanhã e depois em São Paulo. Será que dá para eu trazer uns 50 acarajés dos 500 que eu tenho com você? Ou posso comprar aqui mesmo, no Rio? Tem alguma baiana de confiança aqui?
   6 – Os acarajés da era PT são infinitamente mais pornográficos do que os desnudos do campus. O que nos escandaliza mesmo, em profundidade, é o esquema de corrupção e propagação de mentiras montado não apenas no Brasil, mas em outros países governado pela esquerda, como Venezuela, Cuba, Peru, Angola e outros. Imoral é a verdade nua e crua do Foro de São Paulo. 
   7 – Com a Lava Jato e o povo nas ruas, toda nudez será revelada. Exceto a nudez dos peladões da UEL – essa é tão ridícula que deve ser ignorada e esquecida para sempre. Vão carpir uma data! ( Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br, página 5, FOLHA GERAL, espaço AVENIDA PARANÁ – por PAULO BRIGUET, segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

UNIÃO DO BEM


   Os maus governantes, que robustecem no Brasil atual império de desmandos e corrupção, estão gerando uma corrente de união nacional, estribada na indignação popular e que se avoluma a cada revelação de um novo escândalo no âmbito dos poderes. Porque a situação reinante já gerou elevado grau de efervescência e poderá levar à combustão. Corrompidos, no mínimo por aceitar substanciais ganhos e favorecimentos; e corrompidos (muitos deles) por favorecer as negociatas, eles caíram no descrédito da população, com algumas poucas exceções.
   O aspecto salutar daí decorrente é a unificação da união pública, contrária a tantos abusos. É previsível que em dado momento pode ocorrer o fenômeno conhecido como “estouro da boiada”, que é quando, por um susto abrupto, um animal da tropa dispara e os demais o seguem. Aí não há nada que os detenha. Diante do que ocorre no Brasil, só um levante do povo porá fim a isso, ou no mínimo desencadeará o processo.
   Se as coisas se agravarem, não se descarta uma intervenção das Forças Armadas – o que não significa tomada de poder mas uma medida de salvaguarda das instituições, porque esta é sua função profissional – ou não haveria razão de existirem. Sim, seria um ato de exceção, a exemplo de 1964, para restabelecer a ordem pública, destronar os agentes corrompidos e reformular leis e sistemas inadequados. Uma autêntica revolução de ideias e posturas. Na verdade já vivemos um regime de exceção, porque não existe outro nome para tanto abuso de poder.
   Quando os militares intervieram em 64 foi porque as esquerdas já ofereciam sério risco à segurança nacional, tal qual o momento presente, porque hoje os parafusos da República estão frouxos. Quem viveu aqueles momentos do passado sabe o que ocorria. Foi quando, depois do célebre comício da Avenida Presidente Vargas de 13 de Março daquele ano, no Rio, o presidente João Goulart (do PTB) anunciava medidas extremas de desapropriação e confisco de terras e outros bens particulares, no estilo soviético – e então o povo acordou e passaram a realizar-se as marchas da Família, com Deus e pela Liberdade.  Eram os brasileiros de pé e à ordem, e as Forças Armadas seguiram-lhes os passos. Para uns, foi golpe, para outros um contragolpe. O mais está registrado na história, sem ignorar que também houve excessos.
   Hoje, a corrente do mal viceja no âmago do Congresso e demais parlamentos, no Executivo (conforme autorizados depoimentos) também em segmentos da alta corte do Judiciário. São poderes que deveriam estar acima de qualquer suspeita. ( WALMOR MACCARINI, jornalista em Londrina, página 2, ESPAÇO ABERTO, segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

SILÊNCIO, UM MÊS DEPOIS


   Um mês e nenhuma resposta. Doze pessoas mortas em apenas uma noite em Londrina, Arapongas e Ibiporã e até agora nenhuma informação consistente sobre o caso. Para a sociedade que espera uma resposta, difícil não imaginar que os ataques não tenham nenhuma relação entre eles. Afinal quem eram essas pessoas e que tipo de ligação elas teriam? Por que eram alvos em potenciais? O ataque a um policial militar desencadeou as ações que ocorreram na sequência? Foi uma reação policial ou ordens de facções criminosas?
   As autoridades têm que responder a essas perguntas. O silêncio não pode perdurar por mais tempo. Há doze dias a Secretaria de Segurança Pública, em entrevista coletiva à imprensa, se limitou a afirmar que o caso ainda estava sob investigação e que nenhuma informação seria divulgada para não atrapalhar o trabalho da polícia. Na época, o secretário Wagner Mesquita disse que o objetivo principal eram colher provas que não sejam questionadas pela Justiça. É claro que a sociedade deseja uma investigação séria e contundente a respeito dos fatos, mas é preciso apresentar uma resposta.
   É muito estranho para quem acompanha o caso que até agora ninguém tenha sido preso. Também impossível imaginar que ainda não há conclusões. Por enquanto, a única resposta do Estado foi a implantação temporária de uma força-tarefa com cerca de 80 policiais.
   Portanto, a sociedade tem que ser mais atuante e cobrar uma resposta mais efetiva das autoridades. Os autores da chacina têm que ser apresentados e punidos. A confiança da população no Estado é baseada principalmente na transparência de suas ações, É preciso concordar qe nesse caso especificamente falta clareza e coerência. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

domingo, 28 de fevereiro de 2016

ATRÁS DOS SONHOS

   A despeito das dificuldades pelas quais passa o Brasil, há quem esteja indo em busca de realizar projetos pessoais

   Depois de um ano bastante difícil em termos políticos e econômicos, em que os brasileiros sofreram com recessão e desemprego, 2016 começou de forma diferente para algumas pessoas. Acalentando sonhos pessoais ou profissionais, elas puseram mãos à obra e resolveram transformar esses sonhos em realidade. 
   Após três anos de planejamento, finalmente o sonho de viajar pelo Brasil do jornalista Pedro Cruciol vai sair do papel. Em companhia do biólogo Pedro Garcia ele pretende percorrer 30 mil quilômetros, de Norte a Sul, de Leste a Oeste do País, passando por todos os estados. 
   “Vamos visitar diferentes propriedades rurais, conhecer quem produz, como produz, como vivem, o que pensam essas pessoas. Já viajei para muitos países fazendo mochilão, mas tinha me dado conta que não conhecia o meu país. O Bruno tinha esse mesmo desejo, somos amigos de longa data e há três anos vínhamos conversando sobre como fazer isso. Quando o projeto de doutorado dele foi aprovado, decidimos que era hora de colocar em prática nosso projeto “, explica. 
   Com vasta experiência em jornalismo rural, Cruciol pretende documentar em foto e vídeo a realidade agropecuária das principais regiões produtoras, enquanto Garcia irá coletar amostras de um determinado grupo de insetos nos biomas brasileiros, para sua pesquisa no doutorado. Neste momento, em que planeja o roteiro do projeto, o jornalista optou por pedir demissão da empresa em que trabalhava. 
   “O desafio é sincronizar nosso roteiro com o calendário agrícola. Também temos que conciliar a viagem com nossas vidas particulares. A minha família, minha namorada estão aqui, a esposa do Bruno em Manaus, onde ele trabalha. Iremos fazer pausas nas viagens para rever nossos familiares. Não conseguiria planejar tudo isso apenas nos momentos de folga, por isso optei sair do emprego”, justifica. 
   Aliado ao planejamento financeiro de vários anos, os amigos optaram por equipar uma caminhonete com camas e cozinha de forma a reduzir os gastos, já que não terão patrocínio. Cruciol aponta que apesar de ousado, o projeto não custará tão caro quanto as pessoas imaginam e destaca que é preciso apenas dar o primeiro passo para realizar algo. 
   “Quando pedi demissão imaginei que as pessoas iriam me criticar, mas muitos vieram me parabenizar. Acho que todo mundo tem um sonho, mas muitos não têm coragem de realizar. A rotina vai tomando conta do seu dia e as pessoas esquecem da satisfação pessoal, os sonhos vão ficando de lado. É claro que o fato de eu não ter filhos, uma responsabilidade financeira maior facilitou as coisas. Por isso decidi que o momento era agora.”
   Os amigos pretendem sair em viagem ainda neste primeiro semestre e calculam que precisarão de quatro a seis meses para cumprir todo o roteiro. Na volta, Cruciol irá avaliar o material para decidir a melhor forma de publicação. “Pode ser um exposição de fotos, um livro ou um documentário. Não sabemos o que vamos encontrar e as coisas podem mudar no meio do caminho. (ERIKA GONÇALVES- Reportagem Local- Foto: Marcos Zanutto.


UM ATELIÊ PARA CHAMAR DE SEU


   O sonho de Flávia Oliveira Santana sempre foi trabalhar com maquiagem. Quem a vê em seu ateliê recém-inaugurado, formando outros maquiadores, não imagina que ela só foi ter contato com um batom aos 15 anos. “Minha família é evangélica e minha mãe dizia que era pecado. Hoje ela me apoia, mas no início foi difícil. Eu pintava telas e nas minhas pinturas já maquiava as pessoas. Também usava lápis aquarela nos meus desenhos e muitas vezes usei esse lápis no rosto, porque queria estar maquiada. Dava o maior trabalho para tirar”, diz rindo. 
   Quando chegou o momento de fazer o vestibular, ela diz que sua vontade era cursar uma faculdade de maquiagem, que na época só existia fora do Brasil. Flávia então prestou vestibular para Serviço Social, curso no qual se formou, mas nunca atuou na área. Porém, foi durante a faculdade que ela começou a investir em seu sonho. 
   “Eu estudava com o meu marido, na época ainda éramos namorados. Ele sempre me deu bastante força para seguir meu sonho. Uma das coisas que ele me ajudava era que meu pai me dava dinheiro para tirar xerox. Eu usava esse dinheiro para comprar maquiagem e estudava com o xerox que meu marido tinha feito”, conta. 
   Flávia conta que fez seu primeiro curso de maquiagem em 2010, por sugestão do marido. Depois disso, não parou mais. Foram diversos cursos de especialização e Flávia começou a atender a domicílio. “Aos poucos as pessoas foram reconhecendo meu trabalho e montei um espaço na minha casa. Mas queria ter algo próprio, acho que isso traz mais credibilidade e por isso resolvi investir nesse sonho, mesmo com tudo que tem acontecido no País. Depois de alguns meses de planejamento, no início de fevereiro montei meu estúdio, em parceria com uma amiga, que vende produtos para maquiagem, destaca. 
   No novo espaço, Flávia dá cursos de maquiagem e atende clientes. Lá também são gravados os vídeos para seu canal no YouTube, onde ela ensina maquiagem. O próximo projeto é colocar seu site e blog no ar. “É a oportunidade de ensinar quem não pode pagar por um curso. A internet também é uma forma de ajudar a expandir os negócios”, aponta. O próximo sonho? Cursar a faculdade de maquiagem, já que o curso é ofertado no Brasil agora. “Quero investir em qualificação profissional e abrir uma escola de maquiagem.” ( E.G.)

O HOPPY QUE VIROU NEGÓCIOS


   Apreciador de cerveja, há cerca de dois anos o empresário Amadeu Bressan começou a fazer cursos sobre a bebida e a produzir suas próprias receitas em casa. O resultado da experiência era compartilhado com os amigos, que satisfeitos começaram a questionar se ele não iria vender as cervejas. “De tanto falar comecei a considerar a possibilidade de transformar o hobby em negócios. No ano passado resolvi encarar e colocar o produto no mercado”, explica. 
   Em sociedade com o irmão, o também empresário Oscar Bressan, Amadeu procurou por, uma cervejaria especializada em atender cervejeiros ciganos, como são chamados os cervejeiros que produzem em pequenas quantidades, sem fidelidade com uma empresa só. “ Encontramos uma no interior de São Paulo. O processo todo, de procurar  uma empresa com o equipamento homologado até registrar a receita e começar a produzir, levou cerca de seis meses”, afirma o empresário. 
   A primeira edição já está pronta e será lançada oficialmente no mês de março. De início foram produzidos 4 mil litros da bebida, nas versões India Pale Ale e Larger Puro Malte. Dependendo da aceitação do público, outros tipos podem surgir. 
   “Desde que comecei a entender de cerveja e vi a valorização da cerveja artesanal, comecei a pensar em vender. As pessoas hoje estão interessadas em beber menos e melhor, apreciando cervejas mais elaboradas. Por isso fizemos algo menor, não montamos uma empresa grande. Vamos produzir dois tipos agora mas podemos fazer outros sabores, talvez edições limitadas”, vislumbra. (E.G)- Foto Celso Pacheco ( FONTE: FOLHA DA SEXTA, COMPORTAMENTO, páginas 18, 19, 20 e 21, ÉRIKA GONÇALVES – Reportagem Local, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

TECNOLOGIA SOCIAL E MOBILIZAÇÃO NO COMBATE AO AEDES AEGYPTI


   Em tempos de mobilização contra o mosquito, o Brasil e o mundo investem em novas tecnologias para detectar rapidamente e tratar a dengue, chikungunya, zika-vírus e febre amarela. 
   A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), agência nuclear da ONU, anunciou que irá disponibilizar tecnologia nuclear especializada para detecção antecipada de contágios do zika vírus. Equipamentos especializados serão entregues em países da América Latina e no Caribe. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) passa a utilizar, a partir desta semana, um teste desenvolvido para detectar a presença do vírus da zika no sangue, em um prazo de cinco horas, quando o habitual é que o resultado saia em até uma semana. Já a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) criou o kit NAT Discriminatório para dengue, zika e chikingunya, que permite mais agilidade para os testes na rede de laboratórios do Ministério da Saúde.
   Órgãos e empresas públicas de todo o País, junto com o governo federal, fortaleceram as inspeções nos ambientes internos e externos dos prédios. O Banco do Brasil, por exemplo, reviu os contratos de limpeza e jardinagem para que seja incluída cláusula específica relativa aos cuidados preventivos contra o mosquito e já realizou vistorias em 5.848 dependências. Além disso, o BB ativou sua rede de voluntários, composta por mais de 25 mil pessoas, entre funcionários da ativa e aposentados do banco.
   Temos ainda uma importante alternativa neste momento de esforço, que são as tecnologias sociais, que compreendem produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados à demandas de diversas áreas, alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, meio ambiente, dentre outras, inclusive sobre questões de saúde, como no combate ao Aedes aegypti. No Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil, são 850 soluções disponíveis para todos esses temas. 
   Uma dessas iniciativas é o projeto Dengoso - Utilização de Peixes no Controle de Larvas de Mosquitos, que consistem em reduzir a proliferação do mosquito. Um peixe conhecido como barrigudinho se alimenta das larvas e sobrevive em locais com pouca oxigenação. Trata-se de uma solução que alia saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. A metodologia foi desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Piauí, testada e aplicada em diversos municípios. 
   A solução busca o controle permanente das larvas de mosquitos em pontos estratégicos por meio da visita dos agentes de endemias aos reservatórios a serem tratados. Após verificar o volume total da água desses locais, são feitas estimativas para povoação dos peixes, em substituição ao uso do larvicida. 
   A eficiência no controle das larvas dos insetos nos locais povoados e com adaptação dos peixes é de 100%. Como resultado, observa-se a redução da proliferação do Aedes aegypti em lagoas de tratamento, piscinas abandonadas, águas acumuladas por chuvas ou outros meios. A vigilância e combate aos focos do mosquito devem ser contínuos por meio do engajamento de cidadãos, poder público e sociedade civil. Somente com o esforço conjunto, soluções efetivas e reaplicáveis será  possível vencermos este desafio, e contribuir para o desenvolvimento social do País. ( JOSÉ CAETANO MINCHILLO, presidente da Fundação Banco do Brasil, página 2, ESPAÇO ABERTO, domingo, 28 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO


   Vários indicadores apontam para a má qualidade do ensino brasileiro. Dificuldades da compreensão da leitura, deficiências graves para a execução de operações simples de matemática e falhas no aprendizado do conteúdo de ciências são notícias recorrentes na imprensa nacional. Comparativamente a outros países, estudantes brasileiros apresentam desempenho bem inferior ao de outros jovens. E, mesmo assim, parece não haver qualquer movimentação bem planejada e estruturada para tentar reverter esse quadro.
   Reportagem de hoje analisa a deficiência dos jovens com relação ao aprendizado da matemática. Estudo divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aposta que 67,1% dos alunos com 15 e 16 anos estão abaixo do nível 2 em matemática com baixa performance na disciplina. Segundo avaliação, essas deficiências comprometem o exercício básico da cidadania, como conseguir realizar satisfatoriamente pequenos desafios diários, como comparar preços em supermercados, decidir entre abastecer o carro com álcool ou gasolina ou escolher o melhor caminho para se chegar a um destino.
   Com um nível educacional tão baixo, dificilmente o País conseguirá um quadro de desenvolvimento econômico satisfatório. Pessoas que não conseguem executar bem essas operações também não serão trabalhadores produtivos e não terão condições de tomar boas decisões com relação ao seu futuro. Portanto a sociedade precisa se mobilizar para exigir boas condições de ensino. Nos últimos anos foram conquistados importantes avanços sociais, principalmente com relação à frequência nas escolas. Agora, é preciso reverter esse número em qualidade. 
   Além de frequentar os bancos escolares, crianças, adolescentes e jovens precisam aprender o conteúdo. É preciso investir na formação de docentes, oferecer uma boa estrutura para despertar o interesse pelo estudo. Além disso, a família precisa ser envolvida na escola. Pais conscientes, corpo docente capacitado e sociedade vigilante juntos podem promover importantes melhorias na educação. É praticamente um dos únicos caminhos que podem promover mudanças significativas no País. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina,com.br, página 2, domingo, 28 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

SEM 'MEA CULPA'

 

   Artigo de Fernanda Torres causa polêmica e a atriz pede desculpas depois de ser cobrada nas redes sociais

   O escritor e filósofo italiano Umberto Eco – que faleceu no último dia 20 - certa vez deu uma declaração polêmica, afirmou que a internet dá direito à palavra a uma “legião de imbecis” que antes falavam apenas “em bar sem prejudicar a coletividade”. À primeira vista. Eco foi radical, mas não deixa de ter razão. As redes sociais transformaram-se não só num veículo democrático de expressão, mas num espelho de comportamentos que também refletem a agressividade, a censura e o achincalhamento como processos de uma cultura autoritária. 
   O alvo mais recente deste tipo de agressão foi a atriz Fernanda Torres que mantém uma coluna na Folha de S. Paulo. Fernanda ousou tratar o feminismo por uma ótica muito pessoal, reconheceu que a mulher apanha, ganha menos que o homem, tem jornada dupla de trabalho e precisa ter mais direitos, mais espaço e até mais horas de sono. Na contrapartida, confessou que o machismo não a incomoda tanto, que não acredita num mundo neutro, sem diferenças, “sem xoxota, sem peito, sem pau, sem bigode”, disse que isso não teria graça. Para arrematar, disse que não acredita que as diferenças entre homens e mulheres sejam apenas culturais, mas também biológicas, criticando por fim “a vitimização do discurso feminista”. Com esses argumentos, Fernanda acendeu a fogueira. Várias representantes do feminismo rebateram sua opinião nas redes sociais. Até aí tudo bem. O inaceitável foi ver mais uma vez erguerem-se vozes que não pouparam xingamentos, levantando uma onda de coerção e censura que tem sido constante. Diante da pressão, a colunista acabou escrevendo outro artigo, intitulado “Mea culpa”, como convém a um pedido de desculpas.
   O artigo de Fernanda na Folha é de opinião. Sem entrar no mérito do conteúdo, mas da liberdade de expressão, digo que se eu fosse ela não teria me desculpado. Não acredito que as pessoas controladoras se contentam com desculpas, elas apenas têm uma espécie de gozo com isso, uma satisfação em mostrar quem tem razão. A cobrança para que eu pense com a cabeça dos outros – e não com minha própria cabeça – sempre me parecerá autoritária. Todos nós temos o direito de responder a um articulista, mas não de passar a persegui-lo nas redes com comentários toscos e xingamentos pesados. Por mais controverso que pareça, acho que um artigo de opinião não demanda “desculpas”, não tenho porque me desculpar pelo meu pensamento , pela minha visão ou pelo lugar que ocupo no mundo. Se o lugar de Fernanda parece mais confortável que o da maioria das mulheres, ela pode ser criticada por não abrir seu campo de visão, mas ninguém tem o direito de fazer cobranças grosseiras como se ela fosse obrigada a pensar em uníssono com os que se consideram minoria.
   Esse comportamento das turbas precisa ter limites. Discordar é uma coisa, achincalhar ou exigir resposta por coerção coletiva é outra. Isso gera autoritarismo. Estamos criando uma cultura de ignorantes participativos. Tem gente que surfa nessa onda para levar vantagens, trata-se de um comportamento político distorcido. A turba é um espelho da cultura contaminada, a revoada significa somar para ter razão e sobrepujar aquilo que enfraquece com uma ação coletiva. Por mais que levante polêmicas, Luiz Felipe Pondé nunca pediu desculpas pelo que escreveu, tampouco Millor Fernandes que satirizava e criava com o mesmo talento. Não vejo por que Fernanda Torres teria que ceder à micro censura. Não existe pensamento obrigatório, os universos, segmentos e gêneros podem comportar diferenças. Se não as ações passam a ser autoritárias e o maior risco é este. Precisamos evitar o autoritarismo até mesmo para proteger as minorias e a menor parte de uma maioria é o indivíduo. ( celia.musilli@gmail.com página 4, espaço CÉLIA MUSILLI, caderno FOLHA 2, domingo, 28 de fevereiro de Fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sábado, 27 de fevereiro de 2016

FOLHA VERÃO TERÁ AÇÕES EDUCATIVAS


   A edição de hoje do projeto 2º Folha Verão , do Grupo Folha, em parceria com a Unimed, Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), terá doação de mudas de árvores e exames de saúde, além de atividades para as crianças, educação ambiental e de trânsito e distribuição de brindes. As atividades ocorrem no Lago Igapó 2, das 9h às 12h.
   A Sema distribuirá mudas para arborização de calçadas e folhetos informativos sobre como fazer o plantio e os cuidados com as plantas. “Temos opções de mudas para áreas com fiação elétrica, que são árvores menores, e também para áreas sem fiação”, disse Alexsandra Siqueira, gerente de Áreas Verdes da Sema. A secretaria também participa do projeto com a Biblioteca Móvel Ambiental, voltada às crianças. 
   A Unimed estará com uma equipe de enfermagem fazendo a aferição de pressão arterial, exames de glicemia, que verifica os níveis de glicose no sangue, e tirando dúvidas sobre saúde. Também serão distribuídos 300 squeezes.
   Quem passar pela estrutura montada pelo 2º Folha Verão também vai ganhar picolés da Sávio, sucos Prats e água. Em caso de chuva forte, o evento será transferido para outra data. A programação da Folha Verão começou em janeiro e segue com atividades até 29 de março. 

   SERVIÇO



   Próximas edições 
   Quando – Em março: dias 3, 4, 11, 12, 19, 20, 24, 26, 28 e 29
   Onde – Lago Igapó 2
   Horários: das 16h30 às 19h, nos dias de semana; e das 9 às 12h nos fins de semana. ( ALINE MACHADO PARODI – Reportagem Local, página 3, caderno Folha Cidades. sábado, 27 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

PÃO DE CASA


   Há poucos dias, fazendo compras no supermercado, me deparei com os diversos tipos de pães colocados à disposição dos clientes: pão de milho, e centeio, quinoa, castanha, aveia, linhaça, pão com sete grãos, doze grãos. Fiquei parado em frente à gôndola, olhando aquela variedade de pães, pensando na minha infância na pequena cidade do interior e, imediatamente, vieram à memória as lembranças daquele tempo. 
   Distraído, não percebi que estava interrompendo a passagem das pessoas. Mas, como esquecer as viagens do sítio até a cidade levando a carroça abarrotada de milho? E o moinho do tio Ercílio, na beira de um ribeirão, onde a cada semana eu ia buscar a farinha de trigo, milho e quirela? São recordações que me enchem de saudades. Tenho saudade de correr descalço contra a correnteza da chuva, escorregar sentado pelo barro dos barrancos, andar nos carrinhos de rolimã, comer frutas no pé. 
   Mas uma das lembranças mais agradáveis que tenho é a do pão feito em casa. Lembro sentir de longe, na volta da escola, o cheiro de pão quente feito pela minha mãe no forno de barro, que ficava no fundo do quintal ao lado do pé de guabiroba. Para a fornada semanal ela cumpria um verdadeiro ritual, seguindo o conhecimento passado de geração a geração. Para a feitura do pão era usado fermento natural, obtido através da fermentação de batatas. Já a massa era sovada à mão e ficava guardada numa bacia até o dia seguinte, envolvida num cobertor para facilitar o crescimento; depois era passada no cilindro, cortada em pedaços iguais e colocadas nas formas de lata para esperar o segundo crescimento. 
   Enquanto isso, o forno já estava sendo preparado. Era varrido com vassoura de guanxuma e se colocava para queimar a lenha que havíamos apanhado no mato. Após a queima da lenha e o aquecimento do forno, as brasas eram retiradas, deixando-se uma parte de reserva para garantir o calor, caso necessário. O teste do grau de calor era feito com uma palha de milho colocada dentro do forno quente: se a palha pegasse fogo, deveria se esperar um pouco, pois a temperatura não estava adequada. Com uma pá de madeira as formas eram empurradas para dentro do forno e, enquanto os pães eram assados, minha mãe se envolvia com outros serviços da casa. Em menos de uma hora a fornada estava pronta; as crianças paravam suas brincadeiras e corriam para perto do forno, ansiosas para comer pão quentinho. Além da fornada de 10 a 12 pães, ela fazia pãezinhos especiais para cada um dos filhos, enfeitando-os como se fossem bichinhos. Enquanto nos distraía com isso, aproveitava para guardar os pães na tulha, pois a família era grande e, ainda, no dia a dia sempre aparecia algum amigo para comer generosas fatias cobertas com banha e açúcar. 
   Hoje, com 80 anos, de vez em quando nos brinda com um pão caseiro, crocante por fora e macio por dentro, qualidades que as padarias modernas não conseguem reproduzir. Mais delicioso ainda é ouvir meus amigos de infância quando se referem ela, pois a primeira coisa que dizem é: como era gostoso comer aquele pão quentinho que sua mãe fazia. ( GERSON ANTONIO MELATTI, leitor da FOLHA, página 2, espaço DEDO DE PROSA, FOLHA RURAL, sábado, 27 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

A ESCOLA ABERTA


   Casos de violências nas escolas são comuns no Brasil e em muitos outros países. É uma realidade para professores e alunos de diferentes idades, tanto da rede pública quanto particular. Entre as situações mais comuns, estão agressão e ameaças de alunos para professores e de estudantes contra estudantes. E não são apenas agressões físicas. A violência moral – bullying – é igualmente preocupante. Constantes também são as depredações aos prédios e furto ou destruição de equipamentos.
   Especialistas apontam várias causas. E todas bastante complexas. Drogas, exclusão social, problemas familiares, de relacionamento, falta de segurança no bairro, entre muitos outros fatores. Muitos estudiosos colocam que a violência que chega à escola reflete a sociedade.
   Se as causas são complexas, as soluções também não são simples. Mas uma experiência tem dado certo em muitos países, incluindo o Brasil. Trata-se do envolvimento das crianças e jovens em projetos fora da sala de aula, indo além do ensino tradicional. Um exemplo é a abertura das instituições nos finais de semana, quando estudantes e seus familiares, além dos professores, podem experimentar a escola de um modo diferente, mais lúdica, fortalecendo vínculos de responsabilidade, de amizade e de respeito.
   Um exemplo é a Escola Municipal Zumbi dos Palmares, o antigo Caic do Jardim União da Vitória, na zona sul de Londrina. Embora os muros ainda guardem marcas de vandalismo, a realidade é outra desde que a direção da instituição decidiu também acolher os alunos aos sábados. Se antes eles invadiam a instituição para usar a quadra de esporte, agora as crianças podem entrar pelo portão principal e participar de atividades esportivas e artísticas. Com acompanhamento de professores e familiares. 
   Segundo a direção, os resultados já são percebidos em sala de aula, com estudantes mais disciplinados e focados no estudo. A participação dos pais é um ingrediente essencial para o sucesso escolar dos filhos. Trata-se de um suporte emocional e afetivo que marcará positivamente a trajetória educacional das crianças e jovens. É preciso incentivar este tipo de solução, de baixo custo e de ótimos resultados. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br sábado, 27 de fevereiro de 2016, página 2, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

COMPOTAS DA VOVÓ




   Mesmo quem não é muito fã das frutas in natura costuma se deliciar om os doces em calda. Confira receitas para adoçar seu final de semana 

   DOCE DE JABUTICABA EM CALDAS

   INGREDIENTES

   1 kg de jabuticaba madura / 1 kg de açúcar cristal / 1 litro de água

   MODO DE PREPARO - 1º dia
   Lave bem as jabuticabas e, cuidadosamente, retire apenas os caroços. E uma panela, coloque as jabuticabas e cobre com água. Leve ao fogo e deixe ferver por 30 minutos. Após esfriar, escorra as jabuticabas e lave-as 6 vezes retirar o gosto adstringente. 
   Coloque-as novamente em uma panela com água e ferva por mais 30 minutos. Deixe as frutas esfriares e lave-as por mais 3 vezes. Reserve-as para o dia seguinte. 

   2º dia

   Coloque 1 litro de água e 1 kg de açúcar em uma panela e leve ao fogo até ferver. Quando o açúcar estiver fervendo, acrescente as jabuticabas e deixe por 15 minutos. Desligue o fogo e deixe esfriar, Depois de esfriar, leve ao fogo novamente até que a calda obtenha o ponto de fio (quando ao colocar a calda entre os dedos polegar e indicador e afastá-los, se formará um fio). Então o doce estará pronto. 

   COCADA BRANCA DE COLHER

   INGREDIENTES

   3 cocos secos (médios) ralados / 400g de açúcar cristal / 4 cravos

   MODO DE PREPARO 
   Faça uma calda rala com 200ml de água, o cravo, a canela e o açúcar. Deixe a calda ferver, sem mexer. Quando a calda começar a engrossar, acrescente o coco ralado. Mexa sempre até que a calda chegue ao ponto de caramelo (mole). Deixe esfriar um pouco e coloque em um recipiente (tigela). Esta cocada é para se comer de colher, por isso é também conhecida como “cocada de colher”.


   DOCE DE ABACAXI EM CALDA

   INGREDIENTES

   1 kg de abacaxi / 600g de açúcar refinado / 2 litros de água / 3 cravos / 2 pedaços de canela em pau 

   MODO DE PREPARO

   Descasque e corte o abacaxi em cubos, não utilize o miolo do abacaxi. Numa panela grande, coloque todos os ingredientes e leve ao fogo médio. Mexa sempre para não grudar no fundo da panela. O doce estará pronto quando a calda estiver no ponto de fio. O ponto de fio se caracteriza quando a calda escorre da colher de modo contínuo formando assim, um fio. 

   DOCE DE GOIABA EM CALDA 


   INGREDIENTES

   3 kg de goiaba do tipo vermelha / 1 kg de açúcar cristal / 7 cravos Água

   MODO DE PREPARO
   Lave, descasque e corte as goiabas ao meio, retirando as sementes. Em uma panela grande, coloque todos os ingredientes, cubra com água e leve ao fogo alto. Mexa de vez em quando para não grudar no fundo da panela. Depois que começar a ferver, você deverá mexer com mais frequência. O doce estará pronto quando começar a soltar do fundo da panela. ( Fotos: Divulgação – FONTE: Campanha Doce Equilíbrio, páginas 22 e 23, Á MESA, FOLHA DA SEXTA, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

PLANOS TÊM QUE COBRIR TESTE DE DENGUE E CHIKUNGUNYA


  

   Determinação é da Agência Nacional de Saúde Suplementar; consumidor deve denunciar e evitar pagar o valor que está sendo cobrado

   BRASÍLIA – Há cerca de um mês , a arquiteta Débora Félix de 33 anos, estava em Goiânia, a passeio, quando o filho Gabriel, de 1 ano, febre alta e dores no corpo. A família, que mora em Brasília, decidiu levar a criança ao hospital. No pronto-socorro da capital goiana, a pediatra solicitou o teste rápido para dengue. A surpresa veio quando o pedido foi levado ao laboratório mais próximo: uma conta no valor de R$ 250. 
   “Fui informada de que meu plano não sóbria o exame. Como a gente tinha que fazer de qualquer jeito, acabamos pagando. Pagamos o valor à vista, passando o cartão de débito. Meu filho estava bem ruim. Nem pensei em ligar para questionar nada. Só queria fazer logo o teste e descobrir o que ele tinha”, contou. Já em Brasília e com o resultado negativo em mãos, Débora descobriu que o filho teve rubéola e que o plano deveria sim ter coberto o teste rápido. “Numa próxima vez, reclamo e não pago.”
   A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reforçou que a cobertura do teste rápido para dengue é obrigatória, assim como a do teste rápido para chikingunya. Desde o ano 2000, os planos de saúde são obrigados a cobrir também a sorologia para dengue (pesquisa de anticorpos) e exames complementares que auxiliem o diagnóstico , como hemograma, contagem de plaquetas, dosagem de albumina sérica e transaminases. “Caso o consumidor tenha dúvida sobre a cobertura do seu plano ou que tenha algum procedimento do rol negado, deve entrar em contato com os canais de atendimento: Disque ANS (08007019656); portal da ANS (www.ans.gov.br); ou pessoalmente , em um dos 12 núcleos existentes no País. Se a operadora persistir, está sujeita a multa de R$ 80 mil”, informa a agência reguladora, por meio de nota. 
   Em entrevista à Agência Brasil, a coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci, explicou que cobranças indevidas como a que foi feita à arquiteta não são raras no País, mas que o beneficiário precisa fazer valer seu direito. “O teste rápido para dengue é de cobertura obrigatória. Demorou dois anos para que ele fosse incorporado, e as empresas que estão negando cobertura precisam ser denunciadas.”
   A orientação é para que o consumidor denuncie e, preferencialmente, evite pagar o valor que está sendo cobrado. Quem passar por esse tipo de situação pode acessar o site da Proteste (www.proteste.org.br) ou telefonar para o (0800-201-3906. Há também aplicativos para registro de reclamações e denúncias. “Isso tudo é importante para que se monitore cada caso e para que essas empresas sejam punidas”, destaca a coordenadora. 

    NOVAS INCLUSÕES


   A ANS disse que está acompanhando as diretrizes do Ministério da Saúde para prevenção e combate ai vírus zika e que vai adotar todas as medidas necessárias para o enfrentamento da epidemia – inclusive no que diz respeito à revisão do rol de procedimentos para uma possível nova inclusão. “Esse processo é realizado a cada dois anos e atende a critérios baseados na literatura científica mundial. Todavia, destacamos que a existência de dados epidemiológicos é um dos critérios utilizados para a incorporação tecnológica.” ( PAULA LABOISSIÉRE – AGÊNCIA BRASIL, página 2, caderno FOLHA CIDADES, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A SOCIEDADE DA CONFIANÇA


 
   A confiança é o coração da vida em sociedade. Isso vale para a economia, para a cultura e para todas as relações humanas. Quando você chama um táxi, a prestação do serviço só ocorre por uma dupla relação de confiança: você acredita que ele vai leva-lo até o endereço desejado, e ele acredita que ao final da corrida, você vai pagar pelo serviço. Numa ida ao restaurante, acontece a mesma coisa: você acredita que terá uma refeição e o dono do restaurante acredita que você vai pagar a conta. Se você leva seu filho à escola, é porque acredita que ali ele receberá uma educação decente. Se você está lendo este jornal agora, é porque espera encontrar aqui alguma informação confiável. Sem a confiança a vida humana sobre a Terra se tornaria um inferno e estaria condenada à extinção. 
   Na sociedade brasileira, o governo tem um peso gigantesco e abusivo nas relações econômicas, sociais e até pessoais. No fim das contas, é a sociedade que trabalha para o governo, e não o contrário. Quando o grupo político responsável por comandar o Estado perde a confiança da sociedade, a vida se torna um inferno. 
   É precisamente isso que está acontecendo com o Brasil nos últimos tempos. Não se acredita mais em uma só palavra do que diz a chefe do Executivo (isso quando se compreende o que ela diz ou as panelas permitem escutá-la). A classe política - esteja na situação ou em cima do muro, porque a oposição quase inexiste – sabe muito bem que Dilma não reúne mais condições de ocupar o cargo, se é que algum dia as reuniu. 
   O Brasil foi seprocado de novo, desta vez pela agência Moody’s. O rebaixamento da economia brasileira não é algo que vai afetar apenas os grandes investidores; é uma decisão que terá reflexos na nossa vida cotidiana. A cada minuto que o PT permaneça no poder, o País vai ficando mais pobre e mais fraco – e com fama de mentiroso. O pior rebaixamento é o moral. 

   O QUE PODEMOS FAZER NESTA SITUAÇÃO?


   Podemos agir em dois sentidos. Primeiro, batendo panelas e saindo às ruas para exigir a saída do PT. Mas protestar não basta. Temos que reforçar os laços entre nossa gente. Temos que olhar para o nosso vizinho, para o nosso colega, para o nosso companheiro de labor – e ver nele um aliado. Se os políticos do Planalto não resolvem nada, é preciso que os cidadãos da planície se unam para criar uma sociedade da confiança, exatamente como fizeram os pioneiros de Londrina e do Norte do Paraná, numa época em que o mundo vivia uma de suas maiores crises. Com verdade e eficiência, eles construíram um sonho. 
   Chega de andar em círculos. A exemplo dos homens e mulheres que edificaram nossa cidade, vindos de diversas partes do Brasil e do mundo, é preciso confiar em nós mesmos e olhar para o mundo em 360 graus. Isso tem nome: fé. “Porque onde está o teu tesouro, lá também está o teu coração.” ( Coluna AVENIDA PARANÁ – por PAULO BRIGUET, página 3, caderno FOLHA CIDADES. Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

SAÚDE LIBERA R$ 300 MI EM RPELENTES PARA GESTANTES


   Grávidas atendidas pelo Bolsa Família vão receber repelentes para proteção contra o mosquito Aedes aegypti; governo espera diminuir casos de microcefalia

   BRASÍLIA – o Ministro da Saúde, Marcelo Castro, anunciou ontem no Senado, a transferência ao Ministério do Desenvolvimento Social de R$ 300 milhões para a compra de repelentes, que serão distribuídos para gestantes atendidas pelo Bolsa Família . A estratégia tem como objetivo, reduzir o risco de casos de zika entre grávidas e, consequentemente, de nascimento de bebês com microcefalia. Embora não haja uma informação categórica de organismos internacionais de saúde, para o governo brasileiro está certa a relação entre o aumento de casos da má-formação com a transmissão vertical do vírus. 
   O anúncio foi feito durante uma sessão realizada no Plenário do Senado Federal para discutir a microcefalia e o zika no país. Castro se referiu ao momento pelo qual o País passa como um dos mais difíceis da saúde pública brasileira e mundial. “Não é à toa que a última vez que o Brasil havia declarado emergência pública foi em 1917, com a gripe espanhola”, disse o ministro. 
   Castro voltou a afirmar que a tarefa de se combater o mosquito não cabe apenas ao governo federal. “O mosquito não tem filiação partidária. A responsabilidade é de todos brasileiros e de toda a humanidade”, completou. Ele ressaltou a necessidade do trabalho do poder municipal, da sociedade civil e chegou a sugerir que pessoas “inspecionem seus vizinhos” em busca de focos do mosquito Aedes aegypti. 
   Mais uma vez, o Ministro descartou a incapacidade da incorporação da vacina contra a dengue produzida pela Sanofi Pasteur na rede pública de saúde. Ele observou que o imunizante que já recebeu aval da Anvisa para a comercialização no Brasil, é caro, tem de ser aplicado em três doses e, sobretudo, não é indicado para um público alvo considerado como essencial pelo governo: crianças e idosos. “Na vacina da dengue, as crianças abaixo de 10 anos e os mais idosos são prioridade. E essa vacina não presta para isso”, completou. 

   AMAMENTAÇÃO

   As mulheres contaminadas pelo vírus zika podem seguir amamentando seus bebês, já que nada prova que existe um risco de transmissão, declarou ondem a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Segundo as provas existentes, os benefícios da lactância materna para o bebê e a mãe superam qualquer risco de transmissão do zika vírus através do leite materno”, conclui a OMS em suas recomendações dirigidas às autoridades dos países afetados pela epidemia. 
A OMS recordou que o vírus foi detectado no leite materno de duas mães contaminadas. “ Mas não há atualmente nenhuma prova de transmissão do zika aos bebês, através da amamentação materna”, enfatizou. ( DAS AGÊNCIAS, página 8, FOLHA GERAL, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

O VÍRUS ZIKA E OS PLANOS DE SAÚDE



   A crise imposta ao Brasil pelo mosquito Aedes aegypti trouxe anteontem ao País a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (MS), Margaret Chan, mesmo dia em que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) convocava uma reunião extraordinária para discutir a mais recente ameaça que vem do mosquito, o vírus zika. 
   Para o encontro no Rio de Janeiro, foram convocados os integrantes do Comitê Permanente de Regulação da Atenção à Saúde (Cosaúde) para discutir as medidas de controle e enfrentamento do vírus zika e as ocorrências de microcefalia a ele relacionadas. Participaram da reunião 15 instituições, entre representantes de operadoras de planos de saúde, prestadores de serviços e órgãos de defesa do consumidor. 
   Um dos pontos mais importantes foi a criação de um grupo técnico específico para estudar a incorporação de exames para detecção do zika no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde. Detalhes nesse sentido já serão discutidos na próxima reunião do comitê, marcada para o início de março. Entre a visita de Margaret Chan e a reunião da ANS, desnecessário dizer que o último evento interfere mais na vida do brasileiro, já que o rol de procedimentos diz quais exames e tratamentos os planos de saúde devem pagar.
   O Aedes é agente transmissor da dengue, chikungunya e zika. Em se tratando do vírus zika, o Ministério da Saúde divulgou número que justificam a preocupação. O Brasil tem 583 notificações confirmadas para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita, dos quais 67 casos confirmados por critério laboratorial específico para o vírus zika. 
   As notificações ocorreram em 235 municípios, localizados nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Rondônia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de janeiro e Rio Grande do Sul. O teste-rápido para identificar a dengue faz parte do rol da ANS desde 2000 – o teste para chikungunya foi incluído recentemente. 
   Agora, diante da epidemia causada pelo zika, é urgente o debate sobre a inclusão de novos procedimentos na lista de coberturas dos planos de saúde. Normalmente, a lista é atualizada a cada dois anos, mas esses novos danos epidemiológicos devem justificar uma nova edição. Assim como informar os usuários sobre seus direitos junto às operadoras. Em se tratando do Aedes , a informação é a melhor forma de combate-lo. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, sexta-feira. 26 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

CONVERSANDO COM VOCÊ


   Interrompi a digitação de uma crônica para este meu blog, ao encontrar numa das revistas “Izunome”, nº 65, Maio de 2013, páginas 6, 7, 8 e 9, uma palestra, na seção Culto Mensal de Agradecimento, no dia 1º de maio - Dia do Trabalho. Serviu para sanar um problema que há tempo luto para não mais deixar acontecer, mas, involuntariamente, quando alguém vinha desabafar ou me pedir uma orientação, a interrupção se fazia presente e eu percebia a insatisfação na pessoa. E em mim, também, ficava algo estranho. Suponho que o mesmo possa acontecer com mais alguém. Resolvi transcrever o que mais me tocou, da palestra proferida pelo Revmo. Tetsuo Watanabe, aos messiânicos, no Solo Sagrado de Guarapiranga 1º de maio de 2013.

   “Logo que cheguei ao Brasil, ouvi muitos relatórios, e uma experiência me chamou muito a minha atenção. 
   Há um missionário que, ao participar da oficina da horta caseira, começou a plantar alface em casa. Ele sempre brincava com as crianças do prédio. Um dia, a esposa dele sugeriu que compartilhasse os pés de alface que plantara, com as crianças. Esse senhor foi, então, ao apartamento de dois irmãozinhos, mas eles tinham saído par passear com a mãe. Só o pai estava em casa. 
   Nesse momento, entregou os pés de alface e começou a explicar a respeito da horta caseira. O vizinho logo sentiu afinidade com o missionário e o convidou para entrar. Em seguida, começou a contar os problemas por que estava passando: saúde e desemprego. Então o missionário ofereceu-lhe Johrei e, a partir daí passou a visitar o vizinho diariamente, que, depois começou a frequentar o Johrei Center. Em pouco tempo os problemas de saúde foram se solucionando, e ele conseguiu o emprego que vinha procurando há muito tempo. (...)
   Ano passado, no mês de outubro, falei no Japão sobre a simpatia (...) E hoje, gostaria de acrescentar um ponto muito importante dentro do quesito simpatia. 
   Uma pessoa simpática é também um bom ouvinte. Todo mundo quando encontra alguém que o escuta e compreende seu sentimento, sente-se bem, não é? Sem perceber, procuramos nos relacionar com esse tipo de pessoa, pois naturalmente temos vontade de abrir nosso coração. Ao contrário, se aparece alguém que quer nos obrigar a concordar com o que ela pensa... quer nos convencer de qualquer forma, o coração parece ficar travado. (...) Outro dia, me apresentaram m poema muito interessante , de um autor desconhecido, que gostaria de ler para os senhores...

Quando te peço para me escutar, 
Tu logo começas a me aconselhar...
Mas não é isso que estou a desejar.

Quando te peço para me escutar,
Tu logo queres saber o motivo
da minha conversa.
Me desculpe, mas isso faz-me 
sentir muito mal.

Quando te peço para me escutar,
Tu logo pensas:
“preciso resolver esse problema...”
Pode parecer contraditório, mas
não é isso que estou te pedindo.

As pessoas oram a Deus,
porque Ele nada fala...
Deus apenas escuta,
não fica dando conselhos.
Por isso, por favor, apenas
me escuta em silêncio.

Se tu queres falar comigo,
espere alguns instantes,
até eu terminar de te falar.
Se assim o fizer, certamente,
meus ouvidos, irei te emprestar

   O que acharam?
   Isso explica porque Deus criou o homem dois ouvidos e apenas uma boca. Ou seja, Tem que ouvir mais e falar menos. E esse poema mostra claramente isso... (,,,) 

   Certo dia ele me pediu uma orientação:
   - Reverendo, muitos membros não praticam o que eu digo. Por que será? O que devo fazer?
   - Acho que é porque muitos membros pensam que você não está entendendo o problema deles.
   Ele ficou surpreso com a minha resposta e perguntou:
   - É mesmo? Mas por que o senhor acha que eu não entendo eles?
   - Porque quando conversa comigo, você sempre interrompe minha fala dizendo: “Já entendi! Já sei! Entendi muito bem o que o senhor quer falar”. Por isso, não consigo sequer terminar de discorrer sobre o que queria transmitir a você. Já que é assim comigo, certamente com outras pessoas não deve ser diferente. Antes de se tornar ministro, você um grande jogador de futebol. Por isso, tem ótimos reflexos, os quais acabaram se tornando o seu ponto fraco na comunicação com toda essa agilidade, quando você ouve alguma coisa, logo quer responder na hora. Sei que você diz a coisa certa, mas, na visão dos membros, como você interrompe a conversa deles, muitos devem pensar: “Puxa, o ministro não entendeu o meu sentimento...” Eu sei que você tem um grande amor, mas não está conseguindo transmiti-lo às pessoas. Por isso, procure ouvir com o coração, para ouvir a voz do coração das pessoas... Assim vai abrir confiança para que elas consigam abrir-se com você. 
   Mal eu acabei de falar isso, o Chiquinho logo me interrompeu e disse: “Já entendi! Agora entendi, reverendo!
   - Você está fazendo outra vez! Acho que ainda não entendeu! Depois de escutar tudo o que as pessoas querem dizer, não se apresse... dê um tempo... mastigue bem o que ouviu e, antes de falar alguma coisa, engula a saliva. Agindo assim, os membros passarão a sentir que você compreendeu o coração deles. 
   Ao escutar essas palavras, desta vez, ele ficou quieto, respirou fundo e engoliu a saliva para dizer: “Muito obrigado, reverendo! Agora caiu a ficha. Entendi. Vou praticar isso!”. (...) 

   Eu mesmo, dias atrás, vivi isso dentro de minha casa. Meu neto de três anos estava desenhando enquanto eu estava lendo jornal. Então, ele veio até ao meu lado e me mostrou o desenho, dizendo:
   - Olhe, vovô, o que eu fiz...
   Olhei para o papel e logo fui dizendo:
   - Puxa! Ficou muito bonita essa banana madura... bem amarelinha... parece bem gostosa, cheia de pintinha... Ele abaixou a cabeça e com ar de tristeza, foi embora sem falar nada. Eu pensei: “Ué... eu elogiei o desenho dele... por que ele ficou assim?
   Logo depois fiquei sabendo que ele foi correndo contar para a mãe dele:
   - Mamãe, eu não vou mais mostrar meus desenhos para o vovô... eu desenhei um navio amarelo e ele chamou de banana madura...”
   Então refleti: “Puxa vida, pensando bem, olhei o desenho, interpretei e logo dei minha opinião, sem ao menos ter a certeza do que estava falando... Eu não escutei o menino até o fim...”Demorei um tempão para reconquistar meu netinho...
   Creio que muitos conflitos familiares, são criados pelo fato que não conseguimos ouvir atentamente os filhos, netos e, principalmente, a esposa ou o marido. Realmente, é importante ouvir até o fim, porque toda pessoa que está sofrendo ou está triste, sente que ninguém compreende o sofrimento dela. Por essa razão, temos que lhes dar muita atenção. 
   Eu digo: quem ouve só de ouvido, ouve o que o outro fala coma boca. Mas quem ouve com a alma, consegue ouvir a voz da outra alma. Este é o verdadeiro ouvinte!
   Então, vamos nos tornar verdadeiros ouvintes?
   - Muito obrigado! Boa missão a todos!. ( FONTE: REVISTA IZUNOME, Nº 65, MAIO/2013).

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A ESPERANÇA DAS PANELAS



   1 – Todo movimento histórico tem os seus símbolos, que nascem de maneira espontânea no coração das pessoas. A cruz talvez seja o mais perfeito exemplo: um instrumento de tortura e morte convertido em sinal de esperança para a humanidade. O mesmo símbolo às vezes é utilizado para o bem e para o mal: a estrela pode ser a do Natal e a do PT; o martelo pode ser o do meu avô (que guardo até hoje) e do comunismo (que rejeitei para sempre); o hino pode ser o Nacional ou o Internacional. 

   2 – Daqui a alguns anos, quando pensarmos no atual momento histórico do Brasil, um dos símbolos mais importantes será a panela. Todos nós temos panelas em casa. Pobre ou ricos, homens ou mulheres, crentes ou descrentes, jovens ou velhos, otimistas ou pessimistas, altos ou baixos, feios ou bonitos, famosos ou anônimos – qualquer ser humano tem uma panela para chamar de sua. 

   3 – O ser humano nasce, cresce e vive entre panelas. Elas nos acompanham do começo ao fim. Uma de minhas memórias mais remotas é brincar de bater panelas na cozinha, no apartamento da Alameda Barão de Limeira, em São Paulo, em plena ditadura militar. Desde que o homem é homem, a panela ajuda na sobrevivência da espécie. Abençoada seja a nossa panela de cada dia, símbolo do alimento, do trabalho, da esperança. 

 4 – Ela estava ali, ao alcance da mão, no armário da cozinha. Foi escolhida pelas pessoas para representar a insatisfação e a revolta contra o governo petista. Bater panelas é o protesto inicial: não custa nada, faz barulho, vira notícia e a gente nem precisa sair de casa. 

5 – Um querido amigo, professor de história que não é de esquerda, publicou no Facebook uma foto das filhinhas gêmeas batendo panela durante a fala de Lula na TV. “Um dia elas vã me agradecer por ter participado de um momento histórico”, escreveu ele. Muitos amigos e conhecidos de Londrina, entre eles meus sete leitores, publicaram vídeos sobre o panelaço, doravante a trilha sonora indispensável para os programas políticos do PT. Aqui em casa nós também batemos panelas com mito gosto, e com mais força ainda na hora em que Lula falou. Foi um protesto nacional: até o JN deu. E Londrina, mais uma vez, fez bonito. 

6 – No Brasil do PT, toda panela virou panela de pressão. Com as panelas pressionamos a Dilma o Lula, o Rui Falcão, o Supremo, o Cunha, o Beto Richa. Com as panelas pressionamos os que estão soltos para ser presos e os que estão presos para não ser soltos. Com as panelas pressionamos a oposição para sir de cima do muro. Com as panelas pressionamos as panelinhas dos omissos. Com as panelas preparamos o dia 13 de março e a nova Independência do Brasil.

7 – Então, não fique aí parado, oitavo leitor. Pá nela! ( Coluna AVENIDA PARANÁ – por PAULO BRIGUET, página 3, caderno FOLHA CIDADES, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

AINDA OS TROTES VIOLENTOS


   A aplicação de trotes em calouros que entraram na universidade é uma prática antiga, que perdura ao longo das gerações. O que começou com o intuito de integrar os estudantes universitários, infelizmente evoluiu para atos de humilhação e violência física. É triste que em 2016, depois da conquista de vários direitos civis e de grupos minoritários na sociedade brasileira, a imprensa ainda tenha que noticiar casos de violência física ocorridos em trotes a calouros universitários. 
   A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar suspeita de trote violento envolvendo um aluno do primeiro ano do curso de Agronomia de uma universidade particular. O estudante tem apenas 17 anos e segundo relatos da mãe à reportagem da FOLHA, teria entrado em coma alcoólico depois de ter sido obrigado a ingerir cachaça. Ele também teria sido espancado. Segundo o delegado que apura o caso, os responsáveis podem ser indiciados pelo crime de tortura. Segundo a mãe, o rapaz estaria traumatizado e não quer mais frequentar a universidade. 
   É fato que nos últimos anos as universidades  têm concentrado esforços na tentativa de banir trotes violentos. Já foram registrados avanços, mas também é preciso lembrar que ações violentas ou humilhantes ainda ocorrem e, o pior, dentro das dependências das instituições. Nem todos os casos chegam a conhecimento público. É importante que a sociedade volte a discutir mais intensamente o assunto. Somente por ações de educação e conscientização é que essa prática poderá ser extinta. 
   Além disso, é importante que as autoridades e a instituições punam exemplarmente os alunos que praticarem atos violentos. Em um primeiro momento, somente esse tipo de ação pode coibir a violência. As instituições devem ficar vigilantes para impedir qualquer movimento de alunos veteranos contra calouros e, para isso, é importante a presença de líderes que promovam ações conjuntas e de integração. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br quinta-feira. 25 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Comente!

Comente!

.

.

.

.

Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
--------
Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

Postagens populares