segunda-feira, 30 de julho de 2018

QUE NOME DAREI ?


   Há algum tempo várias inquietações pairam dentro de mim. Não consegui ainda respostas.       Mudanças comportamentais e um novo ser mais ponderado, talvez como resposta às minhas indagações, são por mim constatados. 
   Sabemos que com o passar dos anos é natural a pessoa assumir sua própria identidade, ter seu próprio “ponto de vista” e “convicções”, ficando sedimentado toda educação recebida e valores até então tidos e aceitos como  verdadeiros e “imutáveis”.
   Dizem que “somos o que comemos”, o "produto do  meio em que vivemos”. Bem, foi o que chegou até minha formação.
   Na atualidade, fazendo uma retrospectiva de minhas observações, muitas destas afirmações  se confirmam e,  outras tantas tão diferentes, e para melhor, geralmente, que fico sem saber o que está acontecendo e o que virá e em quê ou quem se transformará o jovem – ou a pessoa – da atual geração. 
   Percebo que este “desabafo” está mutilado, incompleto mesmo, mas deixarei para esclarecer melhor num próximo, para não cansar o leitor visitante. 
   Obrigado pela visita. Voltem sempre que for possível, e agradeço o feedback e críticas que nos enriquece e nos impulsiona. Caso contrário seria  como um humorista contar suas “piadas” e a ficar a plateia silenciosa.
    Teria o humorista condições de continuar seu show?
    Obrigado. 

domingo, 29 de julho de 2018

MEIA VOLTA, VOLTA E MEIA


   Quando me descobri avó, senti vontade de resgatar músicas aprendidas na infância, repassadas para meus alunos e filhas, como um legado de carinho que herdei da mãe, da avó e do tempo. Fomos relembrando as letras, “lembra aquela?”, num exercício gostoso e recordações ainda mais gostosas. Num estalo surgiram “Ciranda,Cirandinha”, “Caranguejo não é peixe”, “Meu galinho”, “Atirei o pau no gato”musiquinhas de sapatinhos, de cachorrinhos, de gatinhos...”O Samba Lêlê”, “O cravo e a rosa”, “A borboleta”.
   Com essas, outras lembranças foram aparecendo: as brincadeiras. Abrindo um arquivo na memória, eis que descubro um baú cheinho de brincadeiras com cores, sons, imagens, ritmo e muita emoção: aqueles momentos únicos que a gente vive e carrega pela vida inteira como um valioso tesouro!
   Diferente dos tempos atuais o cotidiano de nossa infância estava recheado de movimentos, de espontaneidade. Era simples assim: a gente abria a porta para a vida e estava na rua. Com tantas crianças na vizinhança, sempre havia alguém para conversar e brincar. “Quem chegar por último é mulher do sapo...” “Lá em cima do piano tem um copo de veneno...” “Você gosta de amora? Vou contar pro seu pai que você namora!!!””Hoje é domingo, pé de cachimbo...”Ou a gente chegava e batia no ombro do outro para provocar a brincadeira: feda, agacha-agacha, pique, esconde-esconde...”, 1,2,3, quem escondeu, escondeu, quem não escondeu, lá vou eu... Então saíamos correndo, nos escondíamos, éramos pegos, éramos salvos, não tínhamos parada!
   “Vamos brincar de roda? Ah, não, vamos brincar de melancia” – e já ia dando um croc na cabeça para dizer se estava madura. Ou de fita – e ia girando o amigo e gritando “quantos metros” 1,2,3”, e, de tanto girar, ficávamos tontinhos. De uma brincadeira ia logo para outra ”Passa anel” ou “Somos Três Marinheiros da Europa. Que vieram fazer? Trabalhar! Como gente ou como burro? Claro, como gente! Então trabalha pra gente ver”. Começavam as mímicas e a gente ia adivinhando e trocando de lado. 
   Bastava uma parede e uma bola para começar o “Ordem, sem lugar, sem rir, sem falar, um pé, ao outro, uma mão, a outra, bate palmas, pirueta, trás com frente, mão cruz, queda feita... Sem rir agora...”, e a gente começava a rir e tinha que passar a bola. “Vamos brincar de lenção atrás?” E a roda ficava grande, todos sentados, quem recebesse o lenço levantava e saía correndo para pegar quem jogou e, se pegasse, esse ficava chorando no meio da roda tentando roubar do mais distraído. 
   Éramos tão animados que o dia ficava pequeno demais para tantas travessuras. As noites de lua eram muito bem-vindas, pois podíamos brincar na rua até mais tarde. Nos dias de chuva ficávamos olhando pela janela, enfastiados, mas quando a chuva parava, corríamos para brincar nas poças d’água. Tinha ainda o “Feijão Queimado”, “Balança Caixão”, “Céu, Inferno”, contação de histórias e piadas bobinhas, de adivinhações tipo “o que é, o que é?” E quem errasse tinha que pagar castigo que não eram aceitos e sempre acabava em briga.
   Mas as preferidas sempre foram as brincadeiras de roda. Crianças iam chegando de todos os lados e a roda aumentando; até os meninos brincavam... “Ciranda, Cirandinha”, “Você gosta de mim, Maria?” “Terezinha de Jesus”, “Mariquinha na roda”, “Penedo vai, Penedo vem”, tu és das outras e nossa também. Nessa brincadeira íamos formando duas rodas em intersecção, numa coreografia tão perfeita, uma canção bonita, suave, ritmada...
   Fechando os olhos e sintonizando o coração num tempo distante, ainda consigo ouvir aquelas canções, aquelas alegres vozes infantis, o vai e vem das grandes rodas, embalando os sonhos de uma geração privada de quase tudo, mas cheia de ternura, criatividade, tendo à disposição uma grande rua no meio das casas sem muros e, principalmente, aquela imensa alegria de viver... (FONTE: Crônica escrita por ESTELA MARIA FREDERICO FERREIRA, leitora da FOLHA, caderno FOLHA RURAL, página 2, coluna DEDO DE PROSA, 28 e 29 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sábado, 28 de julho de 2018

NOTÍCIAS QUE CAEM DO CÉU


   Passei a semana com o olho pregado no céu ou nas notícias que vêm dele. Em Marte, que para os cientistas sempre foi o caminho das pedras ou do deserto, finalmente encontraram um lago subterrâneo, com água em estado líquido, o que aumenta bastante as chances de vida no planeta. O reservatório foi encontrado no Polo Sul de Marte, trata-se de um lago com 20 km de diâmetro. 
   Marte sempre mexeu com a imaginação dos terráqueos, muitos filmes de ficção científica têm o planeta como referência de vida extraterrena. Seus habitantes sempre foram “vistos” como seres esverdeados com anteninhas na cabeça e olhar penetrante, como se estivesse permanentemente assustados. Agora, fica mais fácil imaginar outro tipo de ser vivo em Marte. Não calculo algo próximo dos humanos da Terra, mas num lago de 20 km de diâmetro, não duvido de alguma espécie aquática que se pareça com peixes, avermelhados como as nuvens que cercam o planeta que ganhou fama por sua secura. 
   Sem água, reafirmam os cientistas italianos que descobriram o lago, nenhuma forma de vida é possível. Não à toa, dizem que nós mesmos viemos do mar, fonte de toda a vida na Terra. Assim, com imaginação de ficcionista, não custa pensar que daqui a um século poderemos disputar campeonatos aquáticos com marcianos, um tipo de Olimpíada intergaláctica. Nada é impossível. 
   A outra notícia que veio do céu foi a eclipse lunar da última sexta-feira (27), considerado o mais importante do século. Durante a semana, grupos de astronomia já se preparavam para ver o fenômeno que teria início às 16h30. Mas, no Brasil, lá pelas 18 horas – com a noite chegando mais cedo no período de inverno – seria possível acompanhar, até mesmo a olho nu, o eclipse que teria como característica a cor avermelhada que deu origem ao nome dramático “lua de sangue”. Isso nada mais é que a incidência dos raios solares nos gases da atmosfera terrestre, uma vez que a Terra ficou posicionada exatamente entre a Lua e o Sol durante o fenômeno. 
   Os eclipses sempre deslumbraram ou aterrorizaram a humanidade. Durante a semana, astrólogos anunciavam “Lua em Aquário, conjunta com Marte retrógado e Sol em Leão. Todos os astros envolvidos em quadratura com Urano, pressagiando reviravoltas inesperadas, com as relações virando de ponta cabeça”. Vocês sentiram algum baque por aí? 
   Candidatei-me a uma vaga na fila dos telescópios que apontariam para o céu, às 18 horas, na Praça Nishinomyia, em Londrina. Até o momento de publicar essa coluna não sabia o que veria, mas posso contar depois. Espero que seja um espetáculo poético, sempre estive mais interessada na poesia das coisas. 
   Embora os cronistas sejam especialistas em registrar cenas urbanas, volto com facilidade meus olhos para os céus, sempre à procura de fatos astronômicos. Aprendi com meu pai que “há mais mistérios entre o céu e a Terra do que pode supor nossa vã filosofia”. Seu Antônio nunca deixou de procurar satélites ou mesmo discos voadores, e não perdia um lance de corrida espacial nos anos d 1960. Cresci procurando com ele os sinais que vêm do céu. Sempre dediquei-me mais ao infinito do que ao imediato, e não me arrependo. (FONTE: Crônica escrita por CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com, caderno Folha 2, página 2, coluna CÉLIA MUSILLI, 28 e 29 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 23 de julho de 2018

AQUI DA MINHA VARANDA


   Desse espaço de minha casa tenho uma visão privilegiada. De dia, a perspectiva é de um horizonte longínquo, quase infinito, em que o cenário se apresenta azulado e meio esfumaçado, quase que uma miragem em que a cerração distorce formas. 
   Desse modo, a movimentação que vejo é pouca, ficando visível apenas o ondulado dos campos e as plantações coesas que se apresentam nos mais diversos tons da cor verde em formas diferenciadas. 
   Porém, à noite, a amplidão dessa mesma área se transforma sendo possível visualizar muitos mais sinais de vida. 
   Dentro do negrume noturno observo, à minha direita, a presença do Distrito de Warta (nome adotado por ser de um rio da Polônia). Na mesma direção geográfica, mas à minha esquerda, percebo a presença do município de Bela Vista do Paraíso (união do povoado Bela Vista com a localidade Paraíso).
   O manto noturno ressalta, por contraste, a vida que acontece nesses espaços e em seu contorno. Assim é que, apesar do negrume, é possível eu distinguir carros que delineiam as serpenteantes estradas. O movimento se forma por conta das luzinhas amarelas que “correm” tal qual fosse um colar de contas amarelas em movimento. 
   E mostram mais. 
   Vislumbro ali a existência das duas mãos da rodovia porque à direita desse colar algumas luzes vermelhas seguem indo, enquanto que à minha esquerda, às vezes, uma outra luzinha amarela sai do percurso do “rosário” e foge para a direita ou para a esquerda, o que significa que pegaram estrada para sítios, fazendas, etc. 
   O contrário de algumas outras luzinhas se incorporam ao colar, também ocorre. 
   Dentro do véu de escuridão, avisto noa núcleos que deduzo serem as duas localidades, muitas luzes amarelas, estáticas, em linhas retas e paralelas e outras, ainda, dispersas, parecendo indicar o aglomerado do grosso central da população do distrito e da cidade. 
   Em alguns lugares, um pouco afastados desse panorama, em tempo de plantio ou de safra, vejo luzinhas amarelas que traçam um ziguezagueado incessante de lavra, o que indica serem máquinas agrícolas a trabalharem o solo ou a coletarem os frutos do trabalho dos agricultores, bem ao contrário daquilo que o dia me possibilita ver. 
   Tudo aquilo que vislumbro de dia o de noite me leva a ficar muito tempo observando da varanda, coisa que me deleita e faço muitas e muitas vezes, porque sempre há coisas novas dignas de serem notadas nesse incessante processo vital. (FONTE: Crônica escrita por MRINA I. B.POLONIO, leitora da FOLHA, página 2, caderno FOLHA RURAL, coluna DEDO DE PROSA, 21 e 22 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). 

domingo, 22 de julho de 2018

A REVOLTA DAS FRUTAS


      Se abacaxi falasse gritaria: 
   - Parem de me bater! Me derrubam na colheita, me jogam em carreta, despejam em armazém, lançam em caminhão, no mercado me tombam, no supermercado levo mais alguns tombos e assim acabo todo batido!
   A banana balbuciaria: 
   - Pois eu te invejo, diz que apanhou mas nem se vê, enquanto eu...
   A maçã murmuraria:
   - Eu tenho a sorte de viajar em caixote, mas sempre jogada e despejada de qualquer jeito, também acabo manchada de pancadas. Gente me pega, olha, joga de volta, mais uma pancadinha...
   - Sei disso melhor que ninguém, apartearia a pera – Pois sou colhida bem verde por ser tão frágil ,de casca fina, onde depois vão aparecendo as pancadas conforme vou murchando...
   - Em mim também – bradaria o abacate – tanto me batem!
   - E em mim então? – emendaria o mamão.
   Todos daí olhariam para a melancia que enfim falaria:
   - Por que olham para mim? Sou a maior mas também nada posso contra a pancadaria! E, se tenho esta casca grossa que me protege, acho que, se levar tombo, será um só e me esborracho!
   Então cochicharia aliviado o limão:
   - Que bom ser pequeno e azedo...
   - Mas que paranoia! – bradaria a atemoia –       Quem se conforma vive conforme ou luta por melhora! Por que não mudamos essa história? Sem frutas, as pessoas viveriam doentes, sabiam?
   As frutas em coro responderiam saber disso muito bem mas, suspiraria a cereja, fazer o quê? 
   - Lutar – gritaria a atemoia – Frutas do mundo, uni-vos! Basta de pancadarias! Abaixo o transporte bruto! Viagens com embalagem! Manuseio com amor! Respeito para as frutonas, carinho para as frutinhas!
    O figo então falaria então fidagalmente:
   - Minhas queridas frutas, vocês sabem que fui a fruta de imperadores e nobres, tão saborosa quanto delicada, com vasta experiência de vida e, portanto, também com avançada visão. E sei que revoltas levam a nada, tudo só se resolve com educação. É preciso fazer os humanos entenderem que, tratando mal as frutas, diminuem a renda dos produtores, o lucro dos mercadores e os empregos dos trabalhadores, aumentando apenas o lixo. Portanto...
   - Menos falação e mais ação – reagiria a manga – A atemoia tem razão, se ficarmos falando do que precisamos, estaremos apenas imitando os humanos. Precisamos fa-zer!
   - Mas – suspiraria novamente a cereja – Não temos mãos, nem ao menos pés, embora chamem as caramboleiras de pés de carambola. Nada podemos fazer senão continuar nossa missão de vida que, sabem todos, será sementear ou ser comidas. 
   - Ou virar lixo – lamentaria a ameixa – Mas meu sonho é virar sorvete ou geleia...
   - Ora, não delre – se revoltaria a uva – Eu viro suco e vinho e...
   - Che-ga! – comandaria a laranja – Vocês estão parecendo gente, tão cheias de ego, quanto de sementes! Vejam ali o cronista a anotar, quem sabe possa ser nosso porta-voz!
   Todas as frutas então olhariam esperançosamente para o cronista, até o caqui pedir: - Fale por nós! – e as frutas repetiriam: fale por nós, e enfim todas as frutas se juntariam em coro: fale por nós, fale por nós...
    O cronista prometeria fazer o que pode, uma crônica, e as frutas se calariam, algumas até meio murchando, a esperança michando, o maracujá enrugado a resmungar: 
   - Pouco me importo! Em mim podem bater, seco como sou...
   Mas a romã ainda sussurraria corando: 
- Ah, eu não desisto de ser tratada com amor... Já viram que romã ao contrário é amor? Então...
- Não se vanglorie – fala a jaca – Já ouvir falar de rejeição?
   - E eu então – começa a jaboticaba, mas o cronista avisa que toda crônica acaba (Crônica escrita por DOMINGOS PELÇEGRINI, dpellegrini@sercomtel.com.br caderno Folha 2, página 3, coluna AOS DOMINGOS PELLEGRINI, 21 e 22 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sábado, 21 de julho de 2018

OS RITUAIS DAS TORCIDAS


   Além de acender velas, torcedores têm atitudes inusitadas 

   Depois do Brasil perder a Copa, resta relaxar vendo uma espécie de videocassetadas que aconteceram durante os jogos. Aqui mesmo no Paraná, logo depois do jogador chileno Aléxis desperdiçar um pênalti no jogo contra o Brasil, Rafael Gambarim deu um tapa tão forte na TV que quebrou o aparelho. Um vídeo do momento do soco, feito por um primo, viralizou na internet e fez tanto sucesso que Rafael foi recompensado, ganhando de um rede varejista três aparelhos de TV e um projetor. 
   Quem acha a atitude exagerada precisa saber que há coisas piores, como a atitude do argentino que jogou a TV pela janela, após a eliminação da seleção de seu país nas oitavas de final. O aparelho espatifou-se entre os carros – há vídeos no YouTupe mostrando a cena – e tudo que se ouve é um engraçadinho, que passava pelo local, gritando “olé” .
   As emoções catárticas são coisa antiga entre os torcedores, há quem acenda velas, faça macumba ou chore copiosamente em caso de vitória ou derrota. Eu mesma tenho um sobrinho, torcedor do Corinthias, que é um homem feito, mas que chora feito criança durante boa parte dos campeonatos. O motivo da alegria ou da tristeza é sempre o time do coração, ao qual devota atenção equivalente ou até maior do que a dedicada às namoradas. Brinco com ele dizendo que vai morrer corintiano e solteirão. 
   A mania vem de longe, tive um tio italianíssimo cuja paixão era o Palmeiras. Aos domingos, quando almoçávamos em sua casa, suas tardes era em frente à TV para ver os jogos. Na sala espaçosa – de um assoalho brilhante, graças aos cuidados da tia Maria – ele literalmente driblava e dava passes aos jogadores de seu time. Quanto mais a partida esquentava, mais jogava o meu tio, cujos olhos azuis acendiam feito faróis na hora do gol. São inesquecíveis as cenas em que ele se levantava do sofá e começava a driblar os jogadores invisíveis, tendo aos pés uma bola que só ele enxergava. 
   Quantos gols ele ajudou a fazer não sei, mas suas jogadas eram de mestre e devem ter ajudado o Palmeiras, se não pela presença em campo, pela enorme fé de empurrar o time apesar da distância considerável entre o Norte do Paraná e os estádios de São Paulo. 
   Ainda criança, tive também um vizinho que acompanhava os jogos pelo rádio. Nelsinho cujo quintal era separado do nosso por uma cerca de balaústres, narrava o jogo junto e tão alto que Galvão Bueno deve ter se inspirado nele para estrear na gritaria. O time local, de Cornélio Procópio, era o Comercial pelo qual Nelsinho torcia tanto quanto pelo Santos. 
   Entre corintianos, palmeirenses, santistas e torcedores do Tubarão aprendi o que sei da cultura do futebol, sempre observando mais os comportamentos do que sabendo do esporte que, para mim, ainda tem mistérios como identificar, afinal, quando um jogador comete a falta. 
   Só sei que acontecem de fato quando são empurrados, pisados ou se contorcem como gatos que comeram pimenta ou engoliram um Sonrizal. Ainda assim fico em dúvida, porque dizem que os gatos são muito mais sinceros que os craques quando rolam pelo chão. (FONTE; Crônica escrita pela jornalista e escritora CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com página 2, caderno FOLHA 2, coluna CÉLIA MUSSI, 21 e 22 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

terça-feira, 10 de julho de 2018

JUDICIÁRIO EM CRISE


   No último domingo (8), uma verdadeira guerra de nervos tomou conta do judiciário brasileiro. Enquanto o país ainda digeria o sufoco de ser eliminado na Copa do Mundo e o drama dos meninos presos numa caverna na Tailândia merecia plantões jornalísticos, uma disputa de poderes incendiava os ânimos com a notícia de que o desembargador Rogério Fabreto do Tribuna Regional Federal (TRF-4), havia expedido uma liminar para soltar o ex-presidente Lula. 
   Num plantão diferente dos jornalistas, Favreto criou a manchete inesperada do dia e, com a intenção firme de liberar Lula, assinou a liminar 30 minutos depois de assumir sua função no TRF-4. Atendia assim a um pedido de um habeas corpus apresentado na sexta-feira (6) por três deputados do PT. Há indicações de um planejamento de ações para que se aproveitasse o plantão de Favreto, mas o juiz Sérgio Moro, em férias, emitiu um despacho para impedira soltura de Lula e encaminhou sua manifestação para João Pedro Gebran Neto, relator do caso do tríplex do Guarujá, que resultou na condenação do ex-presidente na 8ª turma do TRF-4.
   A velocidade como que as notícias se sucederam – num jogo de “solta” ou “deixa preso” – dava a impressão de que o judiciário disputava uma espécie de videogame sobrepondo decisões que, até à noite de domingo, fizeram os brasileiros esquecerem momentaneamente os outros dramas para se concentrar numa ópera político-judiciária, cujo desfecho ninguém adivinhava. Após a manifestação de Moro houve ainda novos pedidos de soltura definidos por Favreto. O “game over” só se deu quando entrou em cena o presidente do TRF-4 Thompson Flores, que manteve a prisão do ex-presidente. 
   Ao fim, a situação mostrou com clareza uma crise de insegurança no judiciário que se reflete em outras instâncias da vida nacional. Especialistas falam mesmo numa crise de autoridade que não se restringe aos tribunais regionais, mas começa no próprio STF, onde ministros expõem claramente suas discordâncias. 
   A disputa de poderes evidenciou-se no decorrer da Operação Lava Jato, o que era de se esperar tendo em vista tantos interesses em jogo e um judiciário cujas escolhas se dão, há décadas, pelos próprios partidos políticos a partir de indicações chanceladas pela presidência da República. 
   Se não houver uma profunda reforma política e judiciária, as eleições de 2018 apenas irão consagrar métodos e exercícios de poder que impactam e prejudicam a vida nacional. Esses jogos de preferências, onde deveria germinar a imparcialidade e a análise dos fatos, transformam a ação dos três poderes num campo de conveniências, deixando a nação, insegura em relação a um dos princípios mais caros à democracia e ao Estado de Direito: o da justiça para todos, baseado na Constituição e aviltado em sucessivos processos onde se ouvem ruídos e mais de uma voz de comando. 
   O “solta e prende” de domingo foi o ápice desse processo, deixando claro as disputas que abrem feridas no tecido nacional, que depende de sensatez cada vez mais escassa nos processos que mostram divergências e feridas em campos vitais da nação assentados sobre os Três Poderes. (FONTE: OPINIÃO, página 2, FOLHA OPINIÃO, terça-feira, 10 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 9 de julho de 2018

CAMPEÕES NA EDUCAÇÃO, UM TÍTULO QUE TEMOS DE CONQUISTAR


   O fato de a seleção do Japão ter sido a primeira na história da Copa do Mundo a se classificar às oitavas de final pelo critério de disciplina é congruente com a atitude de seus torcedores, já observadas há quatro anos no Brasil, de levar saquinhos às arenas russas para recolher os resíduos de alimentos e bebidas que consomem durante os jogos. O ponto de congruência entre o fair play dos atletas e a cidadania do seu público encontra-se na educação. Embora considerado muito rígido por algumas correntes de pensamento, o sistema escolar japonês é bastante eficiente. A taxa de alfabetização e de frequência para o ensino fundamental, compulsório, é de praticamente 100%. Embora não seja obrigatório, o ensino médio tem mais de 96% de matrículas em todo o país, chegando a quase 100% em algumas cidades. A evasão escolar é de apenas 2%. Em contraste com esses dados, ainda temos no Brasil mais de 12 milhões de analfabetos e, segundo o último relatório”The Olhos nas Metas”, do movimento Todos pela Educação (TPE). 3,6 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos estão fora da escola em nosso país. O déficit também é grande na faixa etária entre quatro e cinco anos: um milhão. Além da qualidade pedagógica, há algo importante no sistema educacional japonês: o estímulo à cidadania e práticas na vida, com a valorização dos conceitos de higiene, pontualidade, cooperação, trabalho em grupo e preocupação com a comunidade. Os alunos desenvolvem tarefas que promovem a responsabilidade, o respeito pelo próximo e os mais velhos e o bem-estar dos grupos nos quais convivem. Há uma divisão de tarefas e os estudantes assumem funções cotidianas, como a preparação do lanche escolar e limpeza das salas de aula. A atividade escolar reflete-se no dia a dia da sociedade: todos os cidadãos, independentemente de suas profissões, fazem a limpeza das calçadas, estacionamentos e áreas adjacentes ao seu local de moradia e trabalho. É o mesmo padrão de comportamento ao qual assistimos nos estádios da Copa do Mundo e que também garantiu a histórica classificação da seleção japonesa no mundial da Rússia. Nós, brasileiros, somos pentacampeões na mais importante competição esportiva do Planeta. Agora, precisamos começar, também, a ganhar títulos nos campos da educação, civismo e conhecimento, para almejarmos um futuro melhor. (FONTE: Texto escrito por RUBENS F. PASSOS. Economista e diretor do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, segunda-feira, 9 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

A CORAGEM DOS PIONEIROS


A menina Elvira nasceu no ano de 1926 em Rubião Junior, distrito de Botucatu-SP. Era a caçula dos onze filhos. Passou a infância entre cafezais e pés de frutas, brincando e trabalhando, carregando a chaleira enorme, pesada, cheia de café com leite e o cesto carregado com polenta assada na chapa e pão com manteiga, tudo feita em casa, pela mãe, dona Rachel, para matar a fome do pai e dos irmãos que passavam o dia trabalhando na roça. A menina contava sempre com a ajuda dos primos por ser muito pequena. 
   Na década de 1930, o seu pai, sr. Giacomo Piccinin, veio conhecer o Norte do Paraná e na volta a Botucatu para provar que a terra era muito boa levou para sua esposa, dona Rachel, uma flor crista-de-galo bem grande que nascia em abundância na mata da região. 
   Comprou da Cia. de Terras Norte do Paraná vários alqueires situados na Gleba do Jacutinga, atrás da atual fábrica Cacique de Café Solúvel. Primeiro veio o pai com os filhos mais velhos, construíram um rancho e iniciaram o cultivo de café, algodão, frutas, legumes e a criação de galinhas e porcos. Depois vieram a mãe com os filhos mais novos. 
Corajosamente deixaram tudo para trás: uma família grande de tios e primos; uma casa boa de alvenaria com água encanada e bem mobiliada. O porquinho de estimação, Chiquinho, foi morto às escondidas para as crianças não sofrerem e veio para Londrina em forma de carne frita guardada dentro da lata, na sua própria banha. 
   A viagem de trem, com toda a tralha, foi até Jataizinho, onde atravessaram o rio Tibagi de balsa e depois prosseguiram a viagem no caminhão do sr. Encrenca, apelido ganho por ser muito encrenqueiro. A viagem demorou 15 horas de Botucatu a Londrina. 
   Foram morar no rancho de palmito que tinha frestas tão largas por onde se via a mata, os macacos, os passarinhos, o céu cheio de estrelas e dormiram por um bom tempo, tendo como cama os montes de algodão. 
   Hoje, aos 91 anos, a pioneira continua cultivando flores, jabuticaba, acerola, manga, araçá, alecrim e capim-cidreira no alto do edifício onde mora, no centro da querida Londrina, e às seis horas da tarde seus olhos brilham e ela sorri feliz quando as andorinhas fazem revoadas entre os prédios. (FONTE: Texto escrito por SONIA MARIA FARIA PEREIRA, leitora da FOLHA, página 2, coluna DEDO DE PROSA, caderno FOLHA RURAL, 7 e 8 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

domingo, 8 de julho de 2018

PELO OLHAR DE UM VELHO


   Se eu fosse tratar poeticamente a velhice começaria pelos olhos. O olhar dos velhos sempre me paralisa, como se trouxesse o passado sem perspectiva do futuro. É como se o tempo parasse. 
   Outro dia vi um velho japonês numa galeria, senti uma dor respeitosa ao vê-lo absorto na porta da lanchonete como se procurasse um endereço invisível. A postura era de extrema fragilidade, trazia um papel dobrado olhava para ele sem encontrar referência, nenhuma conexão. 
   O olhar daquele velho me doeu, mas a minha dor era um bom sinal, apesar de tudo ainda não caí na indiferença. Até por isso, vejo velhos e jovens nas ruas e seus comportamentos. Dói quando vejo uma mulher, nos seus 80 anos, carregando uma sacola de compras, sem um filho, um neto, sem alguém que possa lhe tirar o peso das mãos e da vida. Dói quando vejo a extrema dificuldade de um idoso ao atravessar as ruas, sem ter a confiança absoluta de que o semáforo não vai abrir de repente. Dói quando vejo velhos que já não se movem, sentados em cadeiras de rodas no Calçadão, amparados por um cuidador que pacientemente movimenta as rodas como se girasse o passado e o futuro. 
   A dor, na verdade, enternece. Dá vontade de acolher a fragilidade e transformá-la na alegria de saber como é a vida dessas pessoas. Os velhos têm histórias incríveis, passados de dança de salão e de quermesse, de famílias reunidas para mais um aniversário, mais um Natal vencendo o tempo implacável que não para e vai engolindo as pequenas e grandes aventuras. 
   Gosto também de ver fotografias e observar no velho de hoje o jovem que escalou montanhas, dirigiu sem carteira de motorista, ralou o milho para fazer a comida das festas, colheu café como quem colhe a alvorada de sonhos e passarinhos no quintal que o tempo engole. Velhice para mim, além da dor, é um pomar de jabuticabeiras, as folhas derrubadas no outono, um espelho antigo, uma cadeira de balanço, uma cristaleira que guarda copos que ninguém usa, um garfo torto que venceu as décadas indo à boca daquele dono desdentado que ainda assim abre um sorriso. 
   Velhice para mim são os netos perfilados na fotografia com o avô, um bilhete esquecido num livro, a caderneta de contas a pagar, o livro de receitas, os óculos guardados no baú empoeirado do dono que já se foi. Velhice para mim é um relógio de parede, um chinelo desgastado, um cão que ainda procura o dono, a casa caiada, o muro despencando sem que ninguém mais lhe ponha um arrimo. 
   Velhice é ainda um abraço com cheiro de lavanda, um batom ressecado, um cartão-postal de Poços de Caldas, a torre das igrejas, o livro de missa, o rosário dependurado na cabeceira da cama. 
   Velhice é uma lembrança terna que me paralisa, que me assombra a cada vez que encontro um olhar perdido que escoa como um rio que ninguém sabe para onde vai, um Lete de memórias consumidas, um barqueiro fazendo a transição entre a vida e a morte. Velhice, sobretudo, é um olhar que me chama a atenção nas portas de uma galeria, sem saber se segue à direita ou à esquerda, sem poder conferir os números num papelzinho dobrado para servir de referência a algum porto seguro da realidade. 
   Velhice é um marco que me incomoda e me faz cair em abstrações que me mostram que ainda não sou indiferente às coisas do mundo, à passagem da vida que se desenrola no meu olhar atento, sabendo que no fundo também cairei num vazio que embaça a vista. Até lá, leio e escrevo poemas para dedicá-los aos velhos. E, evocando a sabedoria, por fim me lembro de Cecília Meireles que traz a síntese da emoção diante da fragilidade; “Já não se morre de velhice/nem de acidente nem de doença/ mas, Senhor, só de indiferença.” (FONTE: Texto escrito por Célia Musilli, publicado na edição do dia 2 de setembro de 2017 – A jornalista Célia Musilli está de férias, caderno FOLHA 2, página 2, 7 e 8 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quinta-feira, 5 de julho de 2018

QUEREMOS MUDAR DE ÁREA. E AGORA?



   Quem não passou a adolescência ouvindo a palavra “vestibular”, talvez ainda esteja imune às várias armadilhas que o tempo revela. Se a carreira é uma delas esse texto é para você. Afinal, o que considerar ao mudar de carreira? O dilema de muitos é que, aos 17 anos, nos deparamos com algumas decisões que nem mesmo aos 27 estamos tão certos sobre qual caminho tomar. De qualquer maneira, somos ensinados a fazer “o que gostamos”. Mas se você foi ensinado a escolher o que te agrada desde o início, você pode se perguntar: “como vim parar aqui”?
   Faço parte da geração Y, um grupo orientado pela satisfação profissional, talvez acima da busca pela própria estabilidade. Quando ingressamos no mercado de trabalho, nosso perfil profissional surpreendeu as gerações anteriores e fomos celebrados pela nossa versatilidade. Conectividade e senso de autonomia. 
   Hoje, minha visão sobre o nosso perfil é menos romântica quanto ao mercado que construímos. Tivemos – e ainda temos – um oceano de escolhas, de cursos, de carreiras, de trabalhos informais como freelancers e até de materiais gratuitos na web capazes de nos ensinar a executar qualquer habilidade que venhamos a precisar, mas isso tem consequências. 
   Esse mundo de possibilidades nos torna constantemente insatisfeitos e instáveis quanto ao nosso curso profissional e pessoal. Mudamos de ideia o tempo todo, porque nos foi intitulado o direito de fazê-lo sempre que conveniente. E isso nos privou de uma linha norteadora que agregaria a construção, ao invés da dispersão na qual tantas pessoas da minha geração se encontram em tantos aspectos da vida. 
   Podemos e devemos explorar as possibilidades de trabalho, mas temos de fazer essas experiências serem construtivas, e não ferramentas de procrastinação. Estamos deixando de construir carreiras sólidas e adquirir real consistência para as nossas vidas? Pelo contrário. Permanece o valor do trabalho com propósito, de buscar aquela carreira que realmente dialoga com nossos valores e habilidades que são só nossas. Vamos construir nossa linha norteadora a partir disso, mesmo que isso signifique buscar uma nova área de atuação.
   Além do mais, a maneira como a civilização moderna está organizada faz com que estejamos trabalhando o tempo todo. Sem  falar no cenário econômico brasileiro, que, para todos os efeitos, criou uma verdadeira cultura de desapego de empresas, equipes e modelos de trabalho. Então, por que não estamos trabalhando naquilo em que realmente acreditamos? Vamos nos apropriar desse universo dessas informações, dessa cultura colaborativa, das nossas experiências anteriores (mesmo que em uma área distante da desejada) e construir, com autonomia, foco e objetividade, a vida que desejamos. Não porque estamos procurado algo mais legal para fazer, mas porque queremos dar à nossa força de trabalho, acima de tudo, um verdadeiro significado. (FONTE: Texto escrito por MARIANA GRECA, publicitária e coordenadora da frente de Formação Complementar do Centro Europeu, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quinta-feira, 5 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). * Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opinião@folhadelondrina.com.br).

terça-feira, 3 de julho de 2018

PREFÁCIO DO LIVRO "NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS " - AUGUSTO CURY



   Os sonhos são como vento: você os sente, mas não sabe de onde eles vieram nem para onde eles vão. Eles inspiram o poeta, animam o escritor, arrebatam o estudante, abrem a inteligência do cientista, dão ousadia ao líder. Eles nascem como flores nos terrenos da inteligência e crescem nos vales secretos da mente humana, um lugar que poucos exploram e compreendem. 
   Há dois tipos de sonhos.
   Primeiro, os sonhos produzidos quando mergulhamos no sono. Segundo, os sonhos que produzimos quando estamos acordados, vivendo as batalhas da existência, sentindo a vida que pulsa em nosso dia a dia. 
   Os sonhos gerados no sono têm grande importância para o desenvolvimento da inteligência. Quando adormecemos, o “eu”, que representa nossa vontade consciente, deixa de atuar logicamente, e, ao mesmo tempo, alguns fenômenos inconscientes começam a ler a memória e produzir ideias, imagens mentais, fantasias e personagens. Há uma explosão criativa nos sonhos noturnos, uma releitura do passado. 
   Esses sonhos são como complexos filmes arquitetados sem um diretor, sem uma condução lógica. Resgatam as informações do passado recente ou remoto, dando novas formas, cores e sabores às experiências vividas. 
Os sonhos noturnos não são inofensivos, pois se registram na memória e podem tanto expandir o aprendizado e enriquecer a personalidade quanto alimentar a insegurança e a ansiedade. Entretanto, não é sobre eles que vou discorrer neste livro. 
   Vou falar sobre os sonhos diurnos. O sonho que produzimos quando choramos, brincamos, cantamos, falamos, silenciamos. O sonho que borbulha quando nasce um filho, quando conquistamos um amigo, ganhamos aplausos, recebemos vaias. O sonho que brota quando beijamos quem amamos. 
   Assim como os noturnos, os sonhos diurnos não são produzidos apenas pela motivação lógica e consciente do “eu”, mas também por fenômenos inconscientes que geram uma usina de emoções e uma fonte de pensamentos. 
   Moisés , Momé, Buda, Confúcio, Sócrates, Platão, Max Weber, Marx, Kant, Thomas Edison, Machado de Assis, Sun Tzu, Khalil Gibran, Hegel, Maquiavel, Agostinho e muitos outros foram grandes sonhadores. 
   Esses homens mudaram a história porque tiveram grandes projetos. Tiveram grandes projetos porque viveram grandes sonhos. Seus sonhos aliviaram suas dores, trouxeram esperanças nas perdas e renovaram suas forças nas derrotas. 

              A criança e o Sábio 

   Um dia uma criança chegou diante de um sonhador e perguntou-lhe: “Que tamanho tem o universo?” Acariciando a cabeça da criança, ele olhou para o infinito e respondeu: “O universo tem o tamanho do seu mundo”.
   Perturbada, ela novamente indagou: “Que tamanho tem o meu mundo?” O pensador respondeu: “ Tem o tamanho dos seus sonhos.”
A juventude está perdendo a capacidade de sonhar. 
   Os jovens têm muitos desejos, mas poucos sonhos. Desejos não resistem às dificuldades; sonhos são projetos de vida, sobrevivem ao caos. 
   Os sonhos trazem saúde para a emoção, equipam o frágil para ser autor da sua história, renovam as forças do ansioso, animam os deprimidos, transformam os inseguros em seres humanos de raro valor. Os sonhos fazem os tímidos terem golpes de ousadia e os derrotados serem construtores de oportunidades. 
   Este livro foi escrito para todos os que precisam sonhar. Ele fala sobre a ciência dos sonhos, a mente dos sonhadores, a personalidade dos que nunca desistiram dos seus sonhos. 
   Acima de tudo, este livro ensina a pensar. Uma mente saudável deveria ser uma usina de sonhos. Pois os sonhos oxigenam a inteligência e irrigam a vida de prazer e sentido. (FONTE; Páginas 7, 8 e 9 do livro pocket NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS, autor Augusto Cury, Sextante Editora).


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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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