segunda-feira, 17 de abril de 2017

O BÊ-A-BÁ DA SAÚDE EMOCIONAL

Escola pública da Lapa (PR) implantou programa de saúde emocional em turmas do 2º aos 5º ano: os alunos descobriram que podiam se expressar

   Pais e professores devem incentivar as crianças a lidarem com os sentimentos desde cedo. Entidade oferece diversos programas de capacitação 
   Raiva, medo, alegria, ansiedade, ciúmes, inveja. Sentimentos normais e comuns a todos nós, mas muitas vezes reprimidos. Aprendemos desde pequenos que não devemos ter medo, que sentir ciúmes, inveja ou raiva é muito feio e que só os sentimentos bons são aceitáveis. Mas no dia-a-dia, porém, eles aprecem e, ao não sabermos lidar com eles, os resultados podem ser desastrosos. Ensinar as crianças a lidar com seus sentimentos, reconhecendo que eles existem e sabendo expressá-los são alguns dos objetivos da Associação pela Saúde Emocional das Crianças (Asec).
   Fundada em 2004, a entidade oferece diversos programas para capacitar pais e professores a transmitir esses ensinamentos aos pequenos. Tania Paris, fundadora da Asec, explica que há a saúde física, promovida pelas vacinas, aleitamento materno e a alimentação, e a saúde emocional. Os programas oferecidos pela Asec – Amigos do Zippy, Amigos do Maçã e Passaporte são promotores da saúde mental ou emocional. 
   “As crianças aprender a lidar com as condições difíceis da vida. Ao estudar o que precisam para lidar com as dificuldades, cria-se habilidades para lidar com os momentos ruins. Os adultos de nossa geração não foram educados para lidar com as emoções, alguns acabam até deseducando as crianças, por exemplo quando dizem ‘não sinta raiva’ ou ‘ não sinta medo’. Os pais desconhecem que não podemos não sentir algo. E como as crianças acreditam nos pais, passam a mascarar seus sentimentos. O bê-a-bá da saúde emocional é reconhecer e lidar com o sentimento. Devemos dizer que a raiva é uma reação natural do nosso ser quando perdemos algo. Ao mascarar sentimentos, nos afastamos de nós. Aí quando acontece algo muito ruim não sabemos lidar com isso. Se a criança diz que tem medo, devemos acolher essa criança”, recomenda. 
   Tania reforça que ao aprender a lidar com suas emoções, as crianças se tornam mais eficazes. Ao invés de fazer birra, ela identifica o sentimento, se comunica com os pais e evita conflito. Outra vantagem é reduzir o sofrimento, pois ao fazer birra vai se indispor com os pais. “A criança que faz birra não tem necessidade de se comunicar. Se ela tiver essa habilidade, ao se indispor com um colega ela vai se expressar e não sair batendo. Futuramente, isso vai formar adultos mais assertivos, mais produtivos e mais felizes, ressalta. 
   Segunda a especialista, entre os resultados percebidos no ambiente escolar, estão crianças mais solidárias, com redução de comportamento agressivo, aumento da autoestima por ganho de autonomia, prazer em ir para a escola, que por sua vez se torna um ambiente emocionalmente seguro. 
   Tania aponta que os pais podem trabalhar esses conceitos em casa, embora a escola seja um ambiente onde há mais diversidade, enquanto no ambiente familiar todos têm os mesmo valores. Os pais devem acolher os sentimentos e mostrar como algo natural, dizendo que também sentem aquilo. E ampliar a necessidade de lidar com aquilo, perguntando para a criança como ela reagiria, não dizendo como deve ser feito. 
   Se a criança sente raiva e acha que pode melhorar isso jogando videogame, é o jeito dela, não o dos pais para resolver a situação. “Os pais não devem dar respostas, apenas fazer as perguntas. A criança é um ser diferente, deve descobrir as respostas e promover suas descobertas. Quando descobrem, é algo delas. Dar respostas prontas não educa. (´´ERIKA GONÇALVES – Reportagem Local).

   AJUDA DE PERSONAGENS 

   O Programa Amigos do Zippy ensina habilidades emocionais que não têm uma idade para serem aprendidas, e as habilidades sociais que podem ser desenvolvidas a partir do desenvolvimento da empatia, de se colocar no lugar do outro. As atividades são desenvolvidas no início do Ensino Fundamental, por volta dos 6 anos de idade.
   “O programa trabalha com a história do Zippy e um grupo de crianças. Elas vão tendo dificuldades em nível crescente, os alunos vão se identificando com as situações e primeiramente dizem o que o personagem faria no lugar deles. Tem atividades lúdicas para pôr em prática o que aprendem. Por exemplo, usam dramatização, desenhos, jogos, são diversas atividades”, explica Tania Paris, fundadora da Asec.
   Já o programa Amigos do Maçã trabalha com sentimentos mais complexos, ou seja, aqueles que trazem outros sentimentos consigo, como o ciúmes, a frustração e a ansiedade. E o Projeto Passaporte, que trabalha com adolescentes a partir de 11 anos. “São atividades mais físicas. A adolescência é um momento muito bom para a educação emocional porque ajuda a evitar as crises desta fase. Nunca é demais desenvolver essas habilidades.”(E.G.).

   “VIRAM QUE PODIAM FALAR SEM SEREM CRITICADOS”

   Na Escola Municipal Emília Magalhães Ferreira do Amaral, na Lapa (PR), o programa Amigos do Zippy, da Asec, oi implantado nas salas de 2º aos 5º ano, atingindo 1.087 crianças. A professora Maria de Fátima Ferreira Martins conta que a ideia inicial era trabalhar com as primeiras séries, mas frente ao sucesso o trabalho foi estendido. 
   “Observamos uma melhora significativa nos alunos. Quando perceberam que podiam falar, começaram a se expressar. Tivemos alguns casos bastante significativos. Em um deles, duas irmãs sofriam com a separação dos pais, de formas diferente. Enquanto uma delas chorava na sala de aula, outra era hiperativa e até agressiva. Elas mudaram muito, viram que podiam falar sem ser criticadas. Até os pais se surpreenderam com a mudança do comportamento. Em outro caso a menina era retraída, sofria agressões por ser negra, gorda. Através do programa os colegas perceberam como ela se sentia, viram que eles eram iguais dentro de suas diferenças. A mãe percebeu que ela ficou mais feliz, mais sorridente, se acha mais bonita e aceitou seu cabelo”, descreve. 
   Outra mudança percebida foi que os alunos passaram a acolher não somente os colegas, mas também professores e direção escolar. “Eles perceberam que nós também temos problemas, que a nossa casa é como a de todo mundo. E até os pais estão diferentes, passaram a ver os alunos de outra maneira”, conta a professora. (E.G.). (ÉRIKA GONÇALVES – REPORTAGEM LOCAL, página 3, caderno FOLHA MAIS, 15 e 16 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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