segunda-feira, 29 de setembro de 2014

PEDAGOGIA DA RODA UMA FORMA DIFERENTE DE PENSAR A EDUCAÇÃO


                              Tião Rocha, que deixou de ser professor para ser educador, já mostrou que o processo de ensino-aprendizagem pode ocorrer até debaixo de um pé de manga.

     Para responder à pergunta “é possível ter boa educação sem escola?, feita por ele mesmo, certa vez, durante uma entrevista em um programa de rádio, o antropólogo e educador popular Tião Rocha  foi para a prática. Ele e 26 ouvintes que aceitaram o seu desafio trataram de juntar garotos que, sentados em roda, ao ar livre, elencaram os temas que queriam aprender . Isto ocorreu na periferia de Curvelo, no sertão de inas Gerais.
     É assim que nasce a pedagogia de roda. E com ela Rocha comprovou que o processo de aprendizagem pode acontecer até embaixo de um pé de manga, desde que tenha bons educadores e que se entenda que educação  não é uma via de mão única. Esta pedagogia está dentro do Projeto Sementinha que virou política pública em 25 municípios e cinco estados e está sendo desenvolvido em três países.
     Há 32 anos, Rocha idealizou o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPDC), que se dedica a encontrar novos caminhos para a aprendizagem.  Na semana passada, ele esteve em Londrina para participar de um congresso realizado pelo Colégio Marista e conversou com o JL.
Entrevista     Tião Rocha, antropólogo e educador popular
                          ‘O EDUCADOR É AQUELE QUE APRENDE’
JL: Como você começou a se dedicar à educação popular?
Tião Rocha: Fui professor durante boa parte da minha vida. Em determinado momento, quando era professor na Universidade Federal de Ouro Preto, tive uma coisa que os americanos chamam de insight e lá em Mina Gerais chama de clarão. Não queria mais ser professor, queria ser educador.

Qual a diferença?
O professor é aquele que ensina. O educador é aquele que aprende. E para ensinar você não precisa saber,  basta retransmitir idéias alheias. Enquanto estava no lugar da “ensinagem” não precisava acreditar no que estava falando, simplesmente cumpria um programa  reproduzindo uma idéia que nem sempre era minha. Ao mudar de lugar, você começa a ter de ouvir o outro para ver onde o outro está  e como ele percebe o mundo. Aí só faz sentido o que tenho para levar para o outro se aquilo  me faz sentido. Então. ( não se trata) do que li, mas daquilo que acredito, é vivencial.

O que é educação para você?
Educação é uma coisa que só acontece no plural. Não existe educação no singular. O eu sozinho não educa. Para educar são necessárias no mínimo duas pessoas: o eu e o outr

Você não fala aluno, mas outro. Como deve ser o olhar do educador para o outro?

Entre o eu e o outro o que existe é uma relação de troca entre pessoas diferentes. Aí é preciso desconstruir outra lógica e passar a olhar o outro como diferente e não como desigual, sem criar analogia de classificação do outro a partir de estereótipo ( ele é preto, ele não estudou, ele é feio, ele é gordo). Esse exercício é a grande aprendizagem   como educador.

Como deve ser um bom educador?
O bom educador é aquele que consegue construir uma pedagogia própria. Ele não fala entre aspas, ele fala com autoria sobre qualquer tema. Ele fala sobre o que refletiu, metabolizou, incorporou e transformou como valor. E ele consegue aprender o outro. Mas essas coisas são microscópicas, então você tem de  perceber o outro na sutileza. A aprendizagem se dá a partir da parte cheia do copo e não preenchendo a parte vazia.

Como você avalia a escola hoje?
Se parece muito com uma fábrica, com sua linha de produção: com um hospício, com seu conteúdo anacrônico; com uma cadeia, com suas grades; com um quartel, porque tem hierarquia. Ela só não se parece com um lugar de aprendizagem. Essa  escola está sendo cada vez mais questionada, porque não consegue mais dar sentido às pessoas. Mas vejo que já estão discutindo novos caminhos. Têm escolas no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas  Gerais, Piauí que se transformaram quando educadores e comunidade se assumiram. Mas ainda é um caminho longo. ( Reportagem de ERIKA PELEGRINO, erikap@jornaldelondrina.com.br publicada pelo JORNAL DE LONDRINA, domingo 28 de setembro de 2014).

sábado, 27 de setembro de 2014

AS GALINHAS DA TIA AURÉLIA


     A tia Aurélia, que era irmã de meu pai, era uma boa tia, que gostava muito de nós. Morava em u m pequeno sítio  perto de um vilarejo.  Era muito caprichosa, tinha uma bela horta, porcos e grande quantidade de galinhas. À tarde, quando ia tratar das galinhas, o terreiro ficava “coalhado” das mesmas. Mas a tia tina um problema, pois era muito econômica, para não dizer “pão-dura”.
     Certa vez, nossa família foi passar um final de semana com eles e pela manhã ela falou para minha mãe “Cunhada, um frango é pouco para nós e dois é muito, então não vou matar nenhum”. Passamos o final de semana comendo polenta e verduras.
     Em outra ocasião, fomos passar uns dias com eles. Foram nossos  pais  e meus dois irmãos. Chegando lá, nossos primos foram logo dizendo que havia um circo no vilarejo. À noite fomos ao espetáculo. Ficamos empolgados com o mágico, com o palhaço Pimpão, com as duplas de cantores sertanejos e outras atrações. O circo era modesto e humilde.
     No dia seguinte, à tarde, voltamos para ver o circo novamente, mas o espetáculo era só à noite. Então o palhaço Pimpão, que era o dono do circo, fez uma proposta para nós.  Daria dois ingressos para cada galinha que levássemos. Negócio fechado. Voltamos para o sítio e, escondido da tia, pegamos três galinhas e à noite partimos para o espetáculo. Isso se sucedeu todas as noites que ficamos lá
     O dia da partida chegou e voltamos para casa. Pouco tempo depois, recebemos uma carta furiosa da tia relatando o acontecido Faltavam mais de 20 “penosas”. Nossos primos “pagaram o pato” e nos dedaram. Fomos severamente reprimidos pelo osso pai.  Eu só voltei à casa da querida tia quando já era adulto, o que foi motivo de muitas brincadeiras. A tia, idosa, alegre, só sorria.

     Ah, sim, nos dias que fiquei lá comi frango de manhã, no almoço e no jantar. Os anos se passaram e assisti muitos grandes circos e maravilhosos espetáculos circenses, mas nenhum foi mais empolgante  do que o circo do palhaço Pimpão . E também as galinhas mais deliciosas de nossas vidas. E a gente dizia uma galinha é pouco,  mas duas vale um ingresso.  ( Extraído do espaço DEDO DE PROSA, escrito por SIDNEY GIROTTO, leitor, publicado na FOLHA RURAL do jornal  FOLHA DE LONDRINA, SÁBADO, 27 DE Setembro de 2014). 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

NÚMERO DE TRABSPLANTES CRESCE 84%


     Brasília – Entre 2003 e 2013, o número de transplantes realizados no País  cresceu 84% - saltou de 12,722 para 23.457 no período. Houve ainda um aumento no número de doadores  efetivos.  Em 2008,  foram pouco mais de 1,3 mil doadores e, neste ano, a estimativa é que chegue a 2,6 mil.
     Segundo pesquisa feita pelo Sistema Nacional de Transplante,  55,7% dos familiares concordaram com a decisão da doação de órgãos  - o dado sobre aceitação familiar passou a ser coletado no ano passado. O percentual está acima do registrado em países sul – americanos  com alto grau de transplantes , como Argentina (52,8%) e Chile (51,1%).
     A doação só acontece com a autorização familiar e este é o enfoque da campanha  nacional deste ano, com concentração entre os dias 24 e 27 de Setembro. O Ministério da Saúde apresentou, nesta quarta-feira, vídeos, folders e demais ações.  De acordo com a pasta , no primeiro trimestre de 2014 foram realizadas 6,6 mil cirurgias de  córnea  e 3,7 mil de órgãos sólidos, como coração, fígado e rim.
     Neste ano, o Ministério da Saúde lançou aplicativo que informa a família do usuário quando ele demonstra o desejo de ser doador de órgãos. Em 2012, o governo já havia feito parceria com o Facebook, permitindo que o internauta transmitisse a informação.  Agora,familiares    passam a ser notificados  da iniciativa. A adesão pode ser feita por meio da fanpage  do ministério e dará origem a  um banco informal de doadores, a ser coletado  pelo Sistema Nacional de Transplantes.
DEPOIMENTOS
     Na cerimônia, familiares de doadores e beneficiários de transplantes deram depoimentos. Entre eles estavam Arlita Andrade, viúva de Santiago Andrade, cinegrafista da Band que morreu em fevereiro em confronto  entre manifestantes e policiais  na central do Brasil.no Rio de Janeiro . ( Reportagem de FLÁVIA FOREQUE,  Folhapress, publicada pelo jornal FOLHA DE LONDRINA, quarta-feira, 25 de setembro de 2014, geral@folhadelondrina.com.br)

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ESTA SENHORA


     É realmente estranho sentir-se jovem e, ao se olhar no espelho, se deparar com uma senhora de 58 anos... Chega a ser chocante, e até meio angustiante, esta  colisão entre o que se sente e o que se vê.  Não digo que a gente não sinta os efeitos da idade, mas mesmo assim não posso evitar sentir-me impactada ao encontrar esta mulher tão mais velha do que eu me sinto...
     Talvez a minha juventude “subjetiva” venha dos meus olhos – e não só do seu brilho, mas do seu olhar, do jeito em que enxergam o mundo – talvez do fato de ter tantos planos, sonhos e  objetivos.  Talvez  por me manter  ainda  tão ativa e criativa ( apesar de que tem vezes que me custa um pouco, preciso admiti-lo). Talvez por me sentir apaixonada, empolgada, feliz com o que tenho, com o que consegui, com que sou e faço.
     Pode ser também que a juventude que sinto em mim  venha dessa vontade de ajudar. De aprender, de crescer, de procurar e vivenciar a felicidade, de curtir o tempo, os encontros, as lições. Sinto que ainda vive em mim aquela garotinha atenta e magicamente surpresa pelos milagres de cada dia, que aguarda com fé e conversa com Deus sem fórmulas nem receios.
     Apesar da  experiência , a dor e uma certa crueldade e  calculismo que o tempo possa ter me trazido,  sei que ainda conservo um alto grau de inocência e ludicidade, que tornam minha vida  otimista e aberta à aventura, à exploração, à novidade do banal e das pequenas coisas.,,
     Então, com toda essa carga interior, que sei se reflete em  minhas  atitudes, é sumamente estranho  me olhar no espelho  e ver esta senhora olhando para mim com aquela cara de surpresa. Porque meu coração diz uma outra coisa, com certeza. Em quem devo acreditar, então?
     Pois  sem importar o que sinta, o fato é que o tempo passa e é desse jeito que apareço para o mundo. Então me pergunto, olhando no  fundo dos meus olhos brilhantes no espelho no fim, quem ganhará? É claro que não se pode esquivar a morte, mas suponho que não é isso que importa  e sim como enfrentá-la...  Então, que venha gentilmente e me leve, num abraço reconfortante e cheio de promessas, com a certeza de um reencontro com aqueles  que amei.
     Será que todos os que estão ficando velhos têm este tipo de pensamentos? Tomara que sim, porque são muito reconfortantes.  ( Crônica escrita por PAZ ALDUNATE, professora, escritora e artista plástica em Santiago, Chile – publicado na Folha 2 do jornal FOLHA DE  LONDRINA, quarta-feira, 24 de Setembro de 2014)

sábado, 13 de setembro de 2014

TUDO POR UM VOTO

  
     As novas propagandas da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) à reeleição  não estão agradando  os empresários brasileiros por mostrá-los em situações conflitantes com a classe trabalhadora e com a população mais pobre. Executivos ouvidos pelo Jornal “Folha de S. Paulo” reclamaram que estão sendo vítimas de um processo de “satanização” nas propagandas do PT que tentam desconstruir A imagem de Marina Silva, candidata do PSB à Presidência.
     Um dos comerciais, que ataca a proposta de Marina de dar independência ao Banco Central, mostra banqueiros festejando  enquanto um locutor diz que a medida vai representar um risco para o emprego e os salários dos trabalhadores. Em outro vídeo, que trata da exploração do pré-sal,  homens de negócios também são retratados como “inimigos” dos investimentos em saúde e educação.
     Os empresários se queixaram ao jornal dizendo que estão sendo vítimas de um processo de “satanização” nas propagandas do PT. Infelizmente, nessa fase da campanha presidencial, a imagem honesta dos empresários é o que menos preocupa a equipe de marketing de Dilma. Afinal, está em jogo a cadeira de presidente da  república.
     Mas, assim como é injusto dizer que todo político é ladrão, também é injusto afirmar que todo empresário brasileiro segue a cartilha do capitalismo selvagem. Quem acompanha o noticiário econômico dos jornais sabe os esforços para se manter aberta uma empresa no Brasil. Empreender por aqui exige uma grande ginástica por conta das condições precárias de infraestrutura e de logística, o alto custo operacional, da pesada carga tributária, da inflação, das taxas de juros, do endividamento da população e da dificuldade para encontrar mão de obra especializada.

     Quando se fala empresarial,  não dá para separar os micros e pequenos empresários (sete milhões no Brasil e 500 mil no Paraná). Infelizmente, os marqueteiros do PT pegaram pesado. É uma pena que a corrida eleitoral justifique sujar a imagem de uma classe que gera emprego e renda. Como fica o discurso do governo federal de aproximação com os empresários, se o respeito com o parceiro é deixado de lado durante a “guerra” pelo voto?  ( Extraído  do espaço FOLHA OPINIÃO, opinião@folhadelondrina.com.br, publicado pela FOLHA DE LONDRINA, sábado, 13 de Setembro de 2014).

O FRANGO CAIPIRA CHEGOU


     Guaravera  é  logo ali. Mas a vida no sítio onde mora dona Benedita é bem diferente da cidade. Cinco vezes por semana, quando ainda está escuro, ela pega o ônibus e vem trabalhar em Londrina. O patrão ficou viúvo e ela redobrou a fidelidade que já passa de dez anos. Sem frescura para pegar no pesado,  conta  que limpa do chão ao teto e quem conhece seu serviço diz que a Dita é um verdadeiro pé de boi.  Na cozinha também se vira e o doutor que o diga. No prédio onde trabalha,  os vizinhos sentem de onde o cheirinho de coisa boa que vem do primeiro andar.
     De pele bronzeada, olhos azuis e um jeito simples de falar, cativa todo mundo. Da boca de Dita  todo mundo vira “fia”. “Oi  fia, tá  boa? “Nossa, fia, nem parece que você já é mãe”. Fia deixa que eu  ajudo  com a sacola”.  E  por aí vai o misto de simplicidade e generosidade que se  estende às de 16 ou 61 anos.
     Casada e mãe de cinco filhos, diz que trabalha tanto para dar do bom para a prole. “Eu já sofri muito e não quero isso pras minhas crianças, não, repete. Os três maiores estão bem encaminhados,  trabalham,  estudam e têm referências.
     Dita sabe  ver o número do ônibus, as horas no relógio analógico da parede, conta dinheiro, mas não aprendeu a ler, nem a escrever. Na carteira de trabalho, está escrito “não alfabetizada”, mas quem convive com ela sabe como ela é sabida.
     Mandioca, quiabo e limão, sempre que colhe,  distribui  aos vizinhos do patrão,  a quem só chama de doutor. A mandioca traz limpinha, lavada e embalada em saquinhos  prontos  para congelar. O limão colhido na noite anterior foi na base do farolete e logo avisa: “Dá pra  fazer suco, temperar salada, peixe.”
     Toda de branco, como a patroa falecida sempre exigiu, atravessa uma quadra e corre pra pegar na gôndola do mercado um saquinho de canela em pó. “O doutor gosta na banana feita no fogo. Come todo dia. Tá com 92 anos”, conta.
     No dia em que encontrou o vizinho no elevador e disse que era de Guaravera,  prometeu um frango caipira. “Mas eu chego cedinho. Quando dá  sete horas eu to aqui, então corre pra pegar o frango que não pode ficar fora da geladeira”, alertou. O porteiro anunciou a chegada do frango. O vizinho dormia e a esposa, de pantufa,  desceu. E logo se explicou a quem estava no elevador. “Vou correr atrás  de um frango caipira. Meu marido encomendou e tá  ali na portaria me esperando”, disse.
     Dita só deixou o frango e foi fazer sua correria diária. O cafezinho do doutor, o almoço, o elixir de banana com canela, as camisas  passadas com o se engomadas, panelas e janelas limpas, o chão de  parquete  espelhado  e os  os paninhos de chão branquinhos no varal. O apartamentão antigo do doutor , nas mãos da Dita, brilha feito novo. O frango caipira virou o prato principal de domingo, e com o macarrão e a maionese, banquete. A Dita, é claro, foi o assunto principal por tudo que é.  (Texto escrito por WALKIRIA VIEIRA, repórter no Nosso Dia, extraído do espaço dedo de prosa, publicado na FOLHA RURAL, FOLHA DE LONDRINA, 13 se Setembro de 2014.) 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

NOTÍCIAS DA CHÁCARA


     JABOTICABEIRAS estão florindo como nunca, os galhos estão cobertos de florada branca que elas parecem flutuar, veja a foto feita pela Dalva. E ainda há nos galhos jaboticabas  secas  da última carga! Laranjeiras novas, plantadas ano passado, também estão dando a  primeira florada, adubada com esterco e cinza, e, tardezinha, o perfume dança na brisa.
     REBROTAM os caquizeiros, os ipês, os jasmineiros e o pé de atemóia, que perdem as folhas no inverno e rebrotam com as folhinhas novas rebrilhando ao sol da manhã.   É um festim floral!
     OITI  que plantamos também rebrota , depois de ter os galhos arrancados  por sabe Deus quem, moleque brincando de destruir ou marmanjo com raiva do mundo. O oitizinho  se vinga soltando vários brotos em todo o caule, desde o chão, como se dissesse  “querem me matar mas eu quero viver”.  Dou-lhe água com  húmus de minhoca, que ele merece.
      A CASA de pintura nova. Dalva com novos óculos. A cerca do terraço reformada. Fazemos academia todo dia. O jardim flore  como  que. Tudo se renovando, graças a trabalho com alegria. Novo ano (o ano chacareiro começa com as floradas ainda em pleno inverno), novos planos, tudo caminhando com passos confiantes, tropeços certamente, mas caminhando. Sem destino nem meta, só caminhando, curtindo a  estrada.
     RODA   de fogo no ranchinho, churrasco de costelinha de porco dourando na grelha, Caetano pulando e correndo em volta da fogueira, brincando de fazer círculos no ar com tição em brasa,  como eu fazia guri. Me vejo, ele pergunta se entrou cisco no meu olho, digo que entrou  o cisco da saudade.
     BRANQUINHA  é cachorra carinhente, carente de carinho. Sento para botar as botas de borracha de lidar na chácara, ela pula no colo. Faço-lhe carinho na cabeça, no lombo, na barriga, daí ela sai em disparada pela chácara, doida de alegria. Bravo olha, nobremente  distante, mas agacho chamando, ele vem, também ganha seu carinho,  até que Branquinha ciumenta se mete entre nós. Novamente dou graças por ter duas mãos para nossos dois cachorros.
    ABACATEIRO está tão alto que não colhemos mais, mas deixamos folharada debaixo, onde os abacates caem sem se machucar. E eis suco de abacate, abacate na tigela com mel e granola, salada de abacate (sim, em pedaços com azeite, mel e ervas finas ou alecrim). E também musse de abacate. Abacatempo.
     CAETANO entrando na cozinha cedinho: - Vô, você viu que ontem brinquei na fogueira e hoje  não fiz xixi na cama? (Pedi licença a ele para botar isso aqui, ele pensou, disse ih, vô, todo mundo vai saber que fiz xixi na cama... Mas, falei, também vão saber que você virou moço, não faz isso mais. Então, ele  falou, pode botar, vô,) Galinha bota ovos no ninho, o vô bota historinhas no jornal. ( Texto do escritor DOMINGOS PELLEGRINI,  d.pellegrini@sercomtel.com.br  publicado no JORNAL DE LONDRINA, DOMINGO, 7 DE Setembro de 2014.)


domingo, 7 de setembro de 2014

CULTURA É SINTONIA FINA


     Em algumas temporadas, Londrina é iluminada por festivais. A cidade recebe artistas ao mesmo tempo em que mostra  sua arte. Foi assim em mais uma edição do Festival Internacional de Londrina  -  FILO  - que termina hoje – será  assim nos próximos dias com o Festival Literário de Londrina – LONDRIX – que começou na sexta feira e termina dia 14
     Se uma coisa referencia Londrina no mapa nacional é a Cultura. Ecos que vem de longa data, dos festivais mais antigos – como o de Música e Teatro -  aos mais recentes como o de Dança, Literatura e Cinema.  Essas  iniciativas – algumas feitas com dinheiro escasso – fazem a cidade entrar num  outro movimento: o das metrópoles que podem  contar com artistas nacionais e internacionais , conectando-se com o que há de melhor no cenário contemporâneo. Artistas, público e imprensa ligados simultaneamente  à produção cultural     não fazem parte do contexto comum  de outras cidades do porte de Londrina. Quem vive aqui tem sintonia com grandes espetáculos, conceito que não se mede pelas superproduções, mas pela qualidade artística às vezes de pequenos grupos.
     Nesta edição do FILO , havia espetáculos que podem figurar em qualquer mostra cosmopolita. A apresentação de “Black Madonna”, com a bailarina norte-americana Maureen Fleming , no Teatro Marista, arrancou elogios e críticas. Elogios dos que reconhecem sua performance como uma colagem de linguagens que extrapola a dança e chega às artes plásticas, à poesia e ao cinema, num espetáculo multimídia que propõe  desafios e reflexões. Sua  arte pode não ser compreendida  pelos que não estão prontos para o lúdico, para o teatro visual feito de imagens,  movimentos e equilíbrios  exatos. Os imediatistas, os apressados ou condicionados à dinâmica televisiva não têm paciência para absorver o que exige sentidos atentos, abertos a uma compreensão sutil do que se passa no palco. O fast food do espetáculo passa longe de uma proposta como essa.
     Também na programação, “Irmãos de Sangue” – co-produção Brasil/França, apresentada pela Compagnie Dos à  Deux  no Teatro Padre José Zanelli, em Ibiporã – foi de uma beleza arrebatadora e trouxe à memória do público a falta que faz, no momento, um teatro maior para londrina. A perda do Ouro Verde e a falta de um Teatro Municipal ficam mais evidentes quando um grupo apresenta um trabalho deste nível numa cidade vizinha que oferecia uma espaço compatível com as suas necessidades técnicas. Por aqui, fomos salvos mais uma vez pelos espaços alternativos, com lotação esgotada quase todas as noites.
     Há de ressaltar que a platéia de Ibiporã, onde se encontravam também muitos londrinenses, foi de uma delicadeza notável pelo silêncio, pelos celulares desligados, o respeito e a reverência  aos artistas que fizeram  “Irmãos de Sangue” uma das boas surpresas deste festival. Houve ali o encontro de uma platéia madura com um trabalho  de vanguarda, associação que remete à  importância da  formação do público , legado dos festivais. São estes detalhes que inserem o Norte do Parsná  no mapa cultural do País: uma platéia educada para uma arte sofisticada.

      “Antes da Chuva” foi uma ótima escolha da curadoria do FILO, o grupo que vive na cidade fluminense de Três Rios mostrou porque é considerado  uma revelação do teatro nacional. Apresentou um espetáculo em palco nu,  sem cenário  - ou mais exatamente com um “cenário” de 550 gramas,  que consistia numa caneca e um livro -, mas com excelente cenografia proporcionada por uma iluminação envolvente que marcava as ações de apenas dois atores: Bruna Portella e Luan Vieira.  No momento em que escrevo este artigo, o festival aind não  terminou e não conheço  tudo o que está por vir. Mas Londrina teve acesso a uma diversidade de linguagens que conecta o público com o que há de inovador na cena nacional e internacional. Nas temporadas dos festivais, luzes se acendem não só nos  palcos. Há uma iluminação mais importante que dica pelo conhecimento,  pela troca que a arte propicia. Que a cidade continue aberta a essas iniciativas, assim como as cabeças. Cultura é  humanidade. ( Texto  da escritora CELIA MUSILLI, celiamusilli@terra.com.br    WWW.sensiveldesafio.zip.net publicado na Folha 2 do jornal FOLHA DE LONDRINA, domingo, 7 de Setembro ee 2014).

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

JOGOS ESCOLARES; BEM – VINDOS !


     Bom dia!  Está chegando a hora! Hoje, assistiremos à solenidade oficial de abertura  dos Jogos Escolares da Juventude.
     Nesta edição, 27 delegações representando cada Estado brasileiro, o Distrito Federal e Londrina, a cidade sede, compõem um contingente de 3.970 atletas e  um cerca de 4,6 mil pessoas envolvidas. Um recorde para o evento.
     De hoje a 14 de Setembro,  esses jovens atletas entre 12 e 14 anos disputarão  medalhas em 13 modalidades distintas, entre esportes coletivos e individuais.
     O município de Londrina investiu esforços na captação deste evento, e estes esforços contaram com a participação decisiva da Fundação de Esportes de Londrina (FEL),  do  Londrina Convention Bureau, do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (CODEL) e da própria Secretaria Estadual de Esportes.
     Estamos investindo aproximadamente R$2,7 milhões na contratação de grande parte da  infraestrutura  e serviços necessários para abrigar este superevento  oficial do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
     O próprio COB também está investindo valores superiores aos  nossos, pois estamos tratando de um evento que contrata, por exemplo, cerca de 26 mil diárias de nossos hotéis em um período de apenas 10 dias, aproximadamente 60 mil refeições, além de ônibus, vans, veículos leves, infraestrutura de informática, alimentação, segurança, etc.
     Não há dúvida  de que se trata de um dos maiores eventos que Londrina já abrigou em toda a sua história e tenho a  convicção que trará  imensos benefícios à economia  do município:  são aproximadamente seis mil visitantes  consumindo durante dez dias serviços em nossa cidade.
     Entretanto, um evento dessa natureza não pode ser analisado única e exclusivamente  pela ótica econômica. Na verdade, são outros aspectos que tornam este evento tão especial.
     Os Jogos Escolares da Juventude valorizam, incentivam e promovem a prática esportiva no ambiente escolar. Desta forma, fortalecem  valores e princípios próprios do esporte, algo que nosso governo entende como absolutamente  essencial para a formação da cidadania.
    O respeito às regras, à disciplina, à lealdade durante a disputa, à solidariedade e o aprendizado do vencer e do perder são valores que dificilmente poderiam ser ensinados com a precisão como a prática esportiva possibilita. Esses valores e princípios são fundamentais para a formação do caráter dos futuros cidadãos londrinenses, que serão responsáveis pela construção de nossa sociedade,

     E nós acreditamos que nossos futuros cidadãos, com tais princípio e valores fortalecidos, serão capazes de construir um mundo mais justo, fraterno, solidário, próspero, enfim: melhor para que nossas famílias possam viver tranquilamente. É por aí! E que todos os visitantes se  sintam muito bem-vindos a Londrina!     ALEXANDRE KIREEFF – prefeito de Londrina.   ( ( Extraído do Espaço Aberto, publicado no jornal  FOLHA DE LONDRINA, quinta-feira, 4 de Setembro de 2014).

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

FISIOTERAPEUTA DERRUBA MITOS DA CORRIDA, COMEÇANDO PELO TÊNIS


     Na hora de escolher um calçado para correr, todo mundo pensa que aqueles  tênis mais caros, com tecnologia de ponta, palmilhas especiais e amortecedores são  os mais adequados. O corredor que desembolsa de  R$300 a R$600 por um calçados desses, na verdade, tem mais chances de evitar uma lesão correndo descalço. Esse é só um dos mitos que o fisioterapeuta canadense BLAISE DUOIS  derrubou, depois de analisar mais de mil artigos científicos. Ele esteve em LONDRINA a convite do INSTITUTO SALGADO  DE SAÚDE INTEGRAL para falar de tendências em prevenção de lesões da corrida, área em que é autoridade mundial.
     Quando o assunto é a prática de corrida, calçados minimalistas e pés nus são a tendência. Segundo DUBOIS, estudos mostram que essas opções diminuem o impacto e afastam o risco de lesões em calcanhares e joelhos. “A indústria fez a gente acreditar que os calçados modernos vão nos proteger e isso faz com que eles consigam vender calçados caros para as pessoas “, pondera. “Mas o calçado para a corrida deve ser o mais simples possível. Deve se aproximar ao máximo dos pés descalços”, afirma.
     Até mesmo a opção de correr de pés descalços, condenada por muitos especialistas, é completamente recomendável, segundo o canadense. “É muito bom correr descalço. É melhor para a biomecânica, ou seja, a forma como o corpo se movimenta durante a corrida, melhor para a adaptação e solidificação dos pés “. Segundo ele, correr descalço  provoca menos impacto nos pés do que os calçados com amortecedores.
     O fisioterapeuta, no entanto, faz uma ressalva para quem já está habituado a correr utilizando calçados. “Se a pessoa vai começar a correr, melhor que seja com calçado minimalista. Se já está acostumado  aos tênis modernos e não sofreu lesão, nem pretende melhorar o rendimento como corredor, é melhor não modificar os hábitos.”
     É preciso também levar em consideração o conforto dos calçados. “Não pode deixar de usar de repente um calçado moderno  para correr descalço. Se está acostumado a correr com sapatilhas ou sandálias de borracha, a transição é muito mais fácil.  
                         EFICÁCIA COMPROVADA
     O educador físico e triatleta TIAGO CONCEIÇÃO acompanha a metodologia  de DUBOIS há algum tempo e percebe, na prática, a eficácia. “Sempre funcionou. O risco de lesão é muito reduzido, melhora a biodinâmica de corrida, da postura e da prevenção a lesões”, afirma. “Ele trabalha muito com a questão da prevenção e isso se tornou tendência. As pessoas têm que buscar fisioterapia para prevenir e não para consertar um problema.”
                         Serviço Instituo Salgado de Saúde Integral  - (43) 3375-4700
Estudo        
                  CORREDORAS, ADEUS AO SUTIÃ
Outro mito que cai por terra  nos  estudos  do fisioterapeuta canadense BLAISE DUBOIS é a utilização de sutiã por mulheres que correm. Até então, a informação que se tinha era que correr sem sutiã, e até mesmo sem sutiã especial para a prática esportiva, deixaria os seios caídos. “Estudos feitos com mulheres que corriam com sutiã e outras que corriam sem mostraram que as mamas, em vez de caírem, subiram”, afirma. (JG)
                           EXAGERO É ERRO QUE LEVA A LESÃO
     Quando se fala de lesões em corredores, a principal causa, segundo BLAISE DUBOIS, é correr demais e muito rápido, sem estar preparado. “Eles exageram. É preciso ter uma boa quantificação do estresse mecânico, aumento gradual do volume e da intensidade da corrida”, afirma. “Oitenta por cento das causas de lesão é exagero no treino”, acrescenta.
     Para saber quantificar o estresse mecânico, segundo ele, o mais importante é saber escutar o próprio corpo. “Se algo começa a doer, é preciso frear. Dores durante e após o exercício, além da rigidez matinal, são indícios de que está havendo exagero”. Para evitar que isso aconteça, uma das sugestões do especialista é aumentar apenas 10%  do volume de corrida a cada semana.

     Os alongamentos  físicos são alvo de outro mito derrubado pelo canadense, que desaconselha o alongamento estático – aquele em que se mantém uma posição por cerca de 30 segundos. “O corredor deve fazer alongamentos balísticos, que usam contrações musculares para forçar a extensão do músculo em movimentos repetidos.! (JG)  Reportagem escrita por Juliana Gonçalves  jgonçalves@gazetadopoc=vo.com.br  publicada no JORNAL DE LONDRINA, segunda-feira, 1  de Setembro de 2014). 

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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