quarta-feira, 31 de agosto de 2016

POR QUE A ARBITRAGEM


   Antes de qualquer afirmação, a arbitragem, é um método eficiente de solução de conflitos sem o auxílio do Poder Judiciário e que está, cada vez mais, sendo empregada em nosso país. Por quê?
   1) É um eficiente meio de resolução privada de conflitos e mais rápido; 2) oferece um tratamento confidencial ao conflito, resguardando segredos comerciais e industriais, o que não ocorre num processo submetido ao judiciário. 3) sistema já adotado em diversos países, em muitos dos nossos estados e as grandes empresas já aderiram ao processo; 4) os árbitros são escolhidos pelas partes, podendo ser qualquer pessoa capaz e de confiança; 5) julgam o conflito que lhe foi submetido, tendo o seu laudo ou decisão, força judicial; 6) estão sujeitos á responsabilidade civil e criminal; 7) é o juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recursos ou homologação pelo Poder Judiciário;8) a sentença arbitral produz entre as partes e seus sucessores os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e sendo condenatória constitui título executivo; 9) pode também ser utilizada nos contratos com a administração pública, dentre outras vantagens aliviando a sobrecarga do Poder Judiciário. A arbitragem está regida pela Lei 9,307/96 alterada pela Lei 13.129/2015.
   O novo Código do Processo Civil, em seu artigo 3º formalizou a arbitragem como jurisdição do Direito brasileiro, ou seja, permitindo-a na forma da lei. Outra novidade é a carta arbitral, que é um instrumento de cooperação entre a jurisdição arbitral e a jurisdição estatal para primordialmente conferir efetividade às decisões proferidas pela jurisdição arbitral. Tudo que possa ser estabelecido em um contrato pode ser solucionado pela arbitragem, mesmo que em um contrato não possua a cláusula contratual é possível utilizar a arbitragem, basta os pares declararem em cartório sua intenção na presença de testemunhas. 
   O que falta para uma maior adesão, tantos aos microempresários , acionistas de sociedades anônimas e demais pessoas físicas é, além de conhecerem todos os benefícios da lei, inserir a convenção da arbitragem nos contratos ou estatuto social da empresa, ou seja, submetendo-se a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante cláusula compromissária e o compromisso arbitral. Serão sempre respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade e das partes, da imparcialidade dos árbitros e de seu livre convencimento. Os árbitros ainda são obrigados a revelar antes da aceitação da função, qualquer fato que denote dúvida, justificada quanto à imparcialidade e independência, pois respondem por qualquer crime que cometerem. As questões em conflito colocadas ao árbitro são solucionadas, geralmente, em até 60 dias dependendo do caso, enquanto no Judiciário teriam que esperar a distribuição e análise do processo, intimações, defesas, audiências, perícia, custas judiciais, publicações, honorários, recursos, protelações, etc. Em específico aos empresários, a arbitragem é extremamente vantajosa pois na maioria dos casos quem perde não é um dos envolvidos ou administradores e sim as próprias empresas pela demora e custo na solução do litígio. Outra grande vantagem que menciono é que os árbitros são conhecidos dos litigantes, são profissionais ou especialistas naquilo que fazem. É bem mais rápida do que uma perícia no Judiciário. (SADI CHAIBEN, professor de pós-graduação da Universidade Estadual de Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quarta-feira, 31 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

ALERTA PARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL


   Cresce de forma expressiva no Brasil a população com 60 anos ou mais. De 19,6 milhões em 2010, o número de idosos deve saltar para 41,5 milhões em 2030, conforme as previsões do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2050, serão 66,4 milhões. O envelhecimento populacional ficará mais evidente em 2030, quando a terceira idade deve superar em 2,2 milhões a quantidade de crianças e adolescentes no País. Esse fenômeno ocorre quando há um aumento da expectativa de vida e a queda de fecundidade. Até 1940, a expectativa de vida estava em torno de 41 anos no Brasil, sendo a expectativa média de 36 anos para a população do Nordeste e de 49 anos para quem vivia no Sul do País. Já em 2014, a idade média da população saltou para 75 anos e a diferença entre as regiões caiu de 13 para cinco anos. Antigamente, as divergências entre as regiões do Brasil eram muito fortes e a pobreza nas cidades nordestinas puxava a qualidade de vida para baixo e, em consequência disso, também reduzia a expectativa de vida. Há ainda desigualdades, mas os avanços na área social ajudaram a elevar a média de vida do brasileiro. Em Londrina, 12% da população já passou dos 60 anos. O índice equivale a mais de 70 mil idosos. Viver mais é importante, principalmente quando há qualidade de vida. Por isso, o envelhecimento da população implica em um maior planejamento e investimento na área da saúde. O fenômeno é mundial e o desafio é repensar um modelo de sociedade que atenda a população idosa nas questões sociais, culturais e também econômicas. É preciso agir rápido principalmente no aperfeiçoamento da Previdência Social que, no caso do Brasil, precisa de uma reforma urgente. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, quarta-feira. 31 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

terça-feira, 30 de agosto de 2016

O GÊNERO DOS SUBSTANTIVOS


   Substantivos são aquelas palavras que dão nome às coisas, reais ou imaginárias. Já tratamos, em uma coluna anterior, de sua classificação (concretos ou abstratos, simples ou compostos, etc.). Hoje, vamos abordar uma de suas flexões: a de gênero, que diz respeito a masculino e feminino.
   Inicialmente, é importante notar que esse conceito não tem nada a ver com sexo masculino ou feminino, assunto tratado pela biologia e que tem a ver, basicamente, com a forma como os seres vivos se reproduzem. Com relação às palavras de nossa língua, só podemos falar sobre gênero masculino e feminino. 
   Em Português, os substantivos masculinos são aqueles que podem vir precedidos dos artigos O, OS, UM ou UNS (o menino, os professores, um problema, uns amigos), enquanto que os femininos admitem os artigos A, AS, UMA ou UMAS (a casa, as senhoras, uma flor, umas revistas). Seres inanimados, como objetos e sentimentos, por exemplo, têm o nome pertencente a um único gênero, sem variação. Já os termos que se referem a seres vivos costumam apresentar a variação, que pode acontecer de duas maneiras principais: 
   SUBSTANTIVOS BIFORMES
   São aqueles que possuem duas formas para indicar o gênero, uma masculina e outra feminina. Essa flexão pode ocorrer através de pequenas modificações na palavra, como a mudança de O para A (menino e menina) ou o acréscimo de uma letra (professor e professora). Em outros casos, a modificação pode ser um pouco maior (príncipe e princesa), ou até resultar em palavras completamente diferentes (homem e mulher). 
   Perceba que não há uma “fórmula mágica” , ou seja, não há uma única regra para que se faça essa variação. E mesmo as regras existentes apresentam, geralmente, uma série de exceções. Na dúvida, é sempre bom recorrer a um dicionário para sanar as dúvidas. 
   SUBSTANTIVOS UNIFORMES
  Apresentam uma única forma para o masculino e para o feminino. Podem ser divididos em três tipos básicos: 
Os epicenos nomeiam principalmente animais e plantas, sendo acompanhados das palavras “macho” e “fêmea”, a fim de diferenciar o sexos desses seres. Note que o gênero do substantivo não muda, apenas o sexo é especificado, como em “o tubarão macho” e “o tubarão fêmea”, ou “a baleia macho” e “a baleia fêmea”.
   Já o comum de dois gêneros têm seu gênero especificado através de determinantes como artigos (o dentista, a dentista), pronomes (aquele estudante, aquela estudante) ou adjetivos (simpático, cliente, simpática cliente). Na ausência desses determinantes, é impossível determinar se nos referimos a um homem ou a uma mulher.
   Finalmente, os substantivos sobrecomuns são aqueles que possuem um único gênero, independentemente de se referirem a uma pessoa do sexo masculino ou feminino (a criança, a testemunha, o indivíduo). Nesse caso só o contexto poderá determinar a quem se refere o termo. 
   Vale a pena notar que há alguns substantivos que podem se comportar como biformes ou uniformes. Um exemplo disso é o polêmico feminino de “presidente”, do qual já tratamos aqui mais de uma vez. Embora seja mais comum que o termo seja tratado como comum de dois ( o presidente e a presidente), todos os dicionários e vocabulários admitem a forma terminada em A (presidenta), também correta. Nesse caso, a opção por uma ou outra forma é exclusiva do falante.
   Ficou com algumas dúvida? É só mandar por e-mail. 
Até a próxima terça¹
(FLAVIANO LOPES – PROFESSOR DE PORTUGUÊS E ESPANHOL. 
* Encaminhe as suas dúvidas e sugestões para bemdito14@gmail.com página 5, caderno FOLHA 2, coluna BEM DITO, terça-feira, 30 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

IMPEACHMENT CHEGA À FASE FINAL




   As atenções se voltaram ontem para Brasília. No quarto dia da maratona do julgamento do impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff foi ao Senado para se defender. Dilma fez um discurso previsível e respondeu aos questionamentos dos senadores durante todo o dia e parte da noite. Há quem diga que o discurso da presidente afastada vai entrar ara a história e alguns criticaram o pronunciamento dizendo que ele não trouxe nada de novo. Há poucas chances de Dilma reverter o cenário pró-impeachment. O episódio final do processo começa hoje, com a votação que decidirá se a petista voltará ao cargo de presidente da República ou se será afastada definitivamente. O julgamento no senado acontece oito meses depois do início da tramitação do processo na Câmara Federal. A previsão é que até a madrugada de amanhã o Brasil conheça o desfecho de mais esse capítulo na política nacional. Há pouco mais de 20 anos, o ex-presidente Fernando Collor (hoje senador) renunciou quando também sofria um processo de impeachment. Em seu pronunciamento, ontem, Dilma manteve o mesmo discurso desde a época em que foi afastada, no dia 12 de maio. Ela lembrou o sofrimento no período militar, reafirmou que o processo de impeachment é um “golpe de Estado”, acusou o presidente em exercício Câmara Eduardo Cunha é chantagista. Como era esperado, o dia de ontem no Senado e fora dele foi muito tenso. Se em Brasília senadores aliados e contrários a Dilma se revezavam por mais de 10 horas em interrogar a petista, em São Paulo, uma manifestação pró-Dilma acabou em quebra-quebra. O momento político é delicado, mas é importante manter a calma. A menos que aconteça uma reviravolta, Dilma será afastada definitivamente do cargo nas próximas horas. É preciso maturidade para aceitar o resultado, pois o País precisa de estabilidade para colocar em prática as reformas e mudanças que garantam a retomada do crescimento. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, terça-feira, 30 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

DOENÇA DO CIGARRO SERÁ 3ª MAIOR CAUSA DE MORTE EM 2020


   Silenciosa e incurável, DPOC provoca diminuição progressiva da capacidade respiratória; estima-se que em Londrina 30 mil pessoas tenham a doença. 

   As restrições às publicidades e aos locais de uso do cigarro até conseguiram reduzir o número de fumantes no País, segundo o Ministério da Saúde (MS). A quantidade de pessoas doentes por causa do cigarro, no entanto, continua crescendo. Isso porque algumas doenças surgem mesmo depois que o fumante abandona o vício, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que, segundo estimativas de pesquisadores, em 2020, será a terceira maior causa de morte no mundo, atrás apenas das doenças cardiovasculares e neurológicas. 
   Segundo dados do MS, a DPOC mata cerca de 100 pessoas por dia no Brasil. “A DPOC provoca uma diminuição progressiva da capacidade respiratória causada de duas formas: pela obstrução dos alvéolos pulmonares, no caso de enfisema, e dos brônquios, no caso de bronquite. Normalmente, ocorrem os dois tipos ao mesmo tempo”, explica o pneumologista e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Alcindo Cerci Nero.
   Um levantamento feito pelo especialista mostra que, na última década, a doença foi a quinta maior causa de internamento no Sistema Único de Saúde (SUS), entre os maiores de 40 anos, com cerca de 200 mil hospitalizações por ano. Apesar de pouco conhecida pela população, a DPOC acomete aproximadamente 11 milhões de brasileiros, das quais, estima-se, 70% permanecem não diagnosticadas. Segundo Nero, com base nos dados de prevalência, é possível estimar, só em Londrina, 30 mil pessoas tenham a doença. 
   A ocorrência da DPOC na população tem aumentado, segundo o pneumologista, por ser esta uma doença crônica, que evolui silenciosamente e não tem cura. “Mesmo depois que a pessoa deixa de fumar, ela pode ter o problema. Depende de quanto ela fumou e por quanto tempo”, explica. O especialista afirma que, apesar de não ser a única causa, o tabagismo é o principal responsável pela doença. “A DPOC depende sempre de um agente externo: poluição, fumaça do fogão à lenha, da queima de biomassa. Mas quase sempre é o cigarro”, afirma. 
   O tratamento da DPOC consegue estabilizar o quadro do paciente, evitando o agravamento e prolongando o tempo de vida. Por isso, é importante que o diagnóstico seja feita no início da doença. Os sintomas iniciais são tosse, falta de ar, chiado no peito e cansaço, desconfortos que a maior parte dos fumantes costuma ignorar. “Sintomas mais específicos, como insuficiência respiratória, só vão surgir no estado avançado da doença”, conta Neto.
   SOFRIMENTO
   O aposentado Artur de Oliveira passou 60 dos seus 76 anos fumando. “Eram dois maços por dia e, dependendo do dia, não era suficiente”., conta. Apesar de receber alertas ao longo de toda a vida, ele nunca se preocupou com a possibilidade de uma morte precoce por conta do cigarro. “Não tinha medo de morrer. O que começou a me preocupar foi o sofrimento que o cigarro causa.” E o sofrimento dele começou há 20 anos, quando a respiração ficou muito comprometida por causa da DPOC. “Há três anos, quando eu ainda fumava, já estava dependendo de oxigênio em alguns momentos. Não conseguia andar da minha casa até a ambulância do Samu, parada na rua.”
   Foi quando ele teve que parar com o cigarro para não morrer. Oliveira iniciou o tratamento com medicamentos que o ajudaram a ter um pouco mais de qualidade de vida. Ainda assim, o fôlego é insuficiente até para as atividades mais rotineiras. “De uns dois anos para cá, minha mulher me ajudava a tomar banho, mas ela se foi. Agora, que sou sozinho, quando está frio, tem dias que eu não tomo banho, porque falta ar”, conta o aposentado. 
   DETERMINAÇÃO 
   A jornalista Telma Elorza fumou durante 31 anos, dos 18 aos 49 anos de idade, e só teve motivação suficiente para parar quando viu um grande amigo perder uma das pernas por causa de uma tuberculose, que teve como uma das causas o cigarro. “Soube que haviam grupos de apoio nos postos de saúde e um programa de quatro sessões semanais. Passe por avaliação médica e psicológica, participei das sessões e, a partir da terceira, recebi gratuitamente adesivos e bupropiana”, conta. 
   Hoje, há três anos sem fumar, “Telma garante que, apesar de conviver com muitos fumantes, nunca teve recaídas. “Já tive cigarro nas mãos e não fumei. Raramente, bate uma vontade, mas passa.” Para ela, é a determinação do fumante que vai definir se o vício vai ser superado ou não. “Se a pessoa não quiser parar de verdade, não tem tratamento que dê jeito. Eu decidi que ia parar e parei.”
   90% DE EX-FUMANTES TÊM RECAÍDAS
   Quem quer deixar o cigarro, encontra diferentes opções de tratamento, inclusive pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas pouca gente consegue a remissão definitiva. Por isso, o conselho dos médicos é não dar o primeiro passo. “Os programas de tratamento de tabagismo até tem um bom índice de sucesso imediato, mas ao longo do tempo só 10% dos ex-fumantes conseguem manter. Na maioria dos casos, eles sofrem recaídas, às vezes anos depois”, afirma o cardiologista Ricardo José Rodrigues.
   Os muitos prejuízos causados pelo cigarro todo fumante já conhece. O equívoco de quase todos eles ainda está em achar que vai ser capaz de parar de fumar quando achar necessário. “O grande problema está na adolescência, que é quando a maioria começa a fumar. Depois que começa é muito difícil parar”, garante o especialista.
   Os tratamentos mais comuns para o tabagismo, segundo Rodrigues, incluem três diferentes recursos: a vareniclina, a reposição de nicotina e o antidepressivo bupropiona.”A vareniclina é um medicamento oral que, para o cérebro, imita a nicotina. A pessoa tem um estímulo como o da nicotina, mas não tão intenso e sem levar a dependência física”, explica o cardiologista. 
   A terapia de reposição de nicotina mais comum é feita através de adesivos de nicotina, mas também já existem no mercado chicletes, pastilhas e sprays nasal de nicotina. “Este método lança no organismo, a quantidade de nicotina que ele está acostumado a receber através do cigarro, mas vai diminuindo gradualmente”, conta. 
   A bupropiona passou a ser utilizada no tratamento de fumantes depois que se notou que, como efeito colateral, ele amenizava os sintomas de abstinência do tabaco. “Ele aumenta a concentração de serotonina, noradrenalina e dopamina, diminuindo a ansiedade e a angústia e simulando a sensação de prazer da nicotina”, esclarece o especialista. 
   Segundo ele, a escolha do tratamento do tabagismo deve ser individualizada, de acordo com o grau de subordinação ao cigarro de cada paciente. “Quando a dependência é muito forte, é necessária a terapia tríplice que combina vareniclina, adesivo e bupropiona. Pode ser preciso até um acompanhamento psicológico ou psiquiátrico”, afirma. (J.G.) (JULIANA GONÇALVES - ESPECIAL PARA A FOLHA), página 10, FOLHA SAÚDE, segunda-feira, 29 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

NOVA CIRURGIA CORRIGE O ESTRABISMO COM MÍNIMAS INCISÕES B

Crianças são as mais beneficiadas com a rápida recuperação e menores cicatrizes
   Intervenção corretiva é ofertada no Hospital de Olhos do Paraná, em Curitiba, pelo SUS
   Uma nova técnica de cirurgia de correção do estrabismo, minimamente invasiva, ofertada em poucos centros do País, entra na rotina do Hospital de Olhos do Paraná, inclusive pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de não haver restrição quanto a idade dos pacientes os de faixa etárias inferiores são os mais beneficiados com a rápida recuperação e menores cicatrizes. É empregada ainda, para casos de reoperação e, em pacientes com alterações de músculos oblíquos. A procura por ajuda médica, no entanto, precisa ser precoce, para impedir a evolução da doença. 
   A médica oftalmologista pediátrica Luísa Moreira Hopker, que introduziu o novo procedimento na rotina do Hospital de Olhos, explica que, “o grande diferencial” da nova técnica, denominada de “incisão fórnice” reside no tamanho da incisão, que é muito menor se comparada à tradicional. Além disso, o corte pequeno permanece encoberto pela pálpebra, tornando mais confortável o pós-operatório e propiciando maior segurança. 
   Otávio, bebê de pouco mais de um ano, foi operado pela nova técnica no Hospital de Olhos do Paraná recentemente. Sua mãe, Juliana Godo, disse que não imaginava que o problema do filho seria corrigido tão rapidamente. Especialmente porque, antes da operação, chegou a ser informada de que ele só poderia passar pela técnica de alinhamento dos olhos quando completasse cinco anos. 
   “Eu não queria que o meu filho fosse, mais tarde, chamado pelos colegas de vesgo”, afirmou a mãe. Por isto, pesquisou por novas soluções, até saber da nova técnica. Levou Otávio para primeira consulta no Hospital de Olhos do Paraná no mês de julho e, em poucos dias, foi agendada a cirurgia, que demorou 45 minutos. A recuperação se deu em dez dias. A criança não tem inchaço nos olhos, não tem pontos externos e o seu tratamento é feito à base de medicação simples com colírios. 
   Juliana lamenta, no entanto, que ainda haja um número pequeno de pessoas com acesso a tais avanços da medicina. O principal motivo, em sua opinião, é a desinformação, que pode resultar em sério impacto negativo ao futuro de uma pessoa estrábica, tanto do ponto de vista funcional, quanto psicológico. 
Crianças estrábicas são vítimas de preconceito na escola, sofrem bullying e são motivo de piada. Por simplesmente terem desvio ocular, adultos chegam a ser taxados de menos capazes. Consequentemente, têm maior dificuldade de relacionamento e, inclusive, para obter emprego, o que os torna com baixa autoestima. 
   O número de portadores de estrabismo no Brasil, segundo dados do IBGE, gira em torno de 2% a 4% das crianças na primeira infância. Estudos realizados na Suécia comprovam que pessoas estrábicas têm menos chances de conseguirem um emprego, comparativamente àquelas que não são estrábicas. (REPORTAGEM LOCAL, FOLHA SAÚDE, segunda-feira, 29 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

REPUTAÇÃO EM TEMPOS DE MÍDIAS SOCIAIS


   Manter-se conectado faz parte do trabalho de quase todo mundo, hoje. Mas isso eleva o risco de se fazer besteira à décima potência.
   Uma recente pesquisa feita pela consultoria Ralf & Betzger com três mil gerentes brasileiros mostrou que 70% deles já cometeram algum erro na hora de enviar e-mails. E com a massificação dos smartphones, isso ampliou muito. 
   “Comportamento Digital” é um novo e forte quesito considerado na formação e desenvolvimento de colaboradores e líderes, vez que equívocos virtuais afetam frontalmente a imagem profissional e, consequentemente, a da empresa também. Mais do que se imagina. 
   Eu concordo que as redes sociais podem ser usadas para gerar negócios. Mas aquele pessoal de venda que está sentado, olhando para a telinha do celular e digitando coisas aleatórias, dificilmente fará negócio. E isso vale para todas as outras áreas. Fofocas, passatempos e piadas só desperdiçam oportunidades. E é espantoso o despreparo das pessoas em relação ao uso das ferramentas de comunicação e interatividade. Parece que ninguém se preocupa. 
   Será bom saber e levar em conta que todos os processos internos de promoção funcional e de admissão avaliam o perfil no Facebook e a expressão em grupos de WhatsApp do candidato. Isto revela “n” pontos negativos e positivos invisíveis às entrevistas tradicionais e influenciam intensamente tanto sua pontuação quando a decisão final. Já é uma constante em quase todos os processos de que tenho participado nos últimos três ou quatro anos. 
   Assim, é salutar evitar exposição demasiada em ambientes virtuais. Quanto mais, maior o risco de deslizes. Reduzir a informalidade é prudente. 
   Diminua a zero qualquer nível de sentimento de liberdade que possa lançar dúvida sobre a sua integridade e os seus reais valores pessoais. Tudo o que se faz na internet é público. Então sorria! Você está sendo observado o tempo todo. (Crônica de ABRAHAM SHAPIRO, coach de líderes em Londrina, caderno FOLHA EMPREGOS & CONCURSOS, segunda-feira, 29 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

ÁLCOOL ENTRE OS JOVENS


   Os adolescentes brasileiros começam cada vez mais cedo a consumir bebidas alcoólicas e drogas ilícitas. É o que mostra uma pesquisa divulgada na última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e realizada em 2015 com alunos do 9º ano do ensino fundamental de todo o País. Responderam ao questionário 102.301 estudantes de um universo de 2.630 milhões de alunos desta série. A maioria dos adolescentes pesquisados tinha entre 13 e 15 anos. 
   Mais da metade dos entrevistados (55%) relatou já ter tomado ao menos uma dose de bebida alcoólica, proporção superior aos 50,3% registrados em 2012. Houve redução dos jovens que informaram ter consumido bebidas alcoólicas nos 30 dias anteriores à pesquisa. Em 2012, 26,1% disseram ter bebido recentemente, porcentual que caiu para 23,8% em 2015. Esse dado é importante porque o uso nos últimos 30 dias indica hábito ou vício. 
   O dado mais preocupante foi o que mostrou que, tanto em 2012 como em 2015, um em cada cinco jovens teve pelo menos um episódio de embriaguez. Estados da região Sul estão entre os que registraram maior índice de consumo de álcool nos 30 dias anteriores à pesquisa. Quanto às drogas ilícitas, uma pequena proporção de 0,5% revelou ter consumido crack nos 30 dias anteriores à pesquisa. No universo total de alunos do 9º ano, seriam 13 mil usuários da droga, mesmo que eventuais. 
   Nove por centos dos entrevistados revelaram ter experimentado alguma droga ilícita em 2015, proporção maior que dos 7,3% de 2012. Por outro lado, houve pequena redução entre os jovens que já fumaram cigarro. A proporção dos que experimentaram pelo menos uma vez caiu de 19,6% em 2012 para 18,4% em 2015. 
   Os resultados dessa pesquisa são um alerta para os pais e educadores porque tantos os hábitos saudáveis quanto os não saudáveis têm a tendência de serem adquiridos e reforçados na adolescência. No momento de pensar em campanhas de conscientização sobre os riscos do alto consumo de bebidas alcoólicas, autoridades de saúde devem levar em consideração também o publico adolescente e seus familiares. (FOLA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br segunda-feira, 29 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

TODOS PRECISAMOS DE TREINAMENTO


   Para superar os desafios do nosso tempo, tanto dirigentes quanto colaboradores precisam aprender a manusear novas armas
   Quando a crise atingiu em cheio o Brasil, qual foi a primeira medida adotada pelas empresas? Começaram a cortar custos, certo? E dentro as despesas do topo da lista estavam aquelas vinculadas ao treinamento de pessoal, afinal boa parte das companhias ainda enxerga capacitação como “perfumaria”.
   O problema é que, se no passado muitas pessoas chegavam e se mantinham bem treinadas nas empresas durante algum tempo – mesmo aprendendo pouco -, hoje a realidade é bem diferente. Como as coisas têm evoluído rápido, qualquer profissional que fez uma pós-graduação dez anos atrás e não estudou mais de lá para cá, certamente aplica práticas defasadas. 
   E essa realidade atinge tanto quem é experiente e dirige uma grande corporação, quanto quem iniciou um carreira agora ou já está há algum tempo trabalhando, mas sem ocupar posições de destaque na estrutura organizacional.
   Sempre é bom lembrar que a empresa tem o “tamanho do dono”. Se você não se desenvolve, a companhia também não cresce o quanto poderia, já que o progresso depende das decisões de alta complexidade que, sem preparo suficiente, você não será capaz de tomar com acerto. Não crescendo, você sepulta o futuro do negócio ou, ao menos, obstrui o alcance de resultados que poderiam ser muito melhores. 
   Contudo, o treinamento de gestão que um dirigente precisa fazer é bem diferente daquele que qualifica seus colaboradores para cumprirem uma rotina de trabalho. Às vezes, uma visita técnica àquela empresa que tem algo a lhe ensinar é suficiente para que você passe a ver com nitidez coisas que não conseguia enxergar de jeito nenhum. 
   Boas palestras e cursos de curta duração também ajudam bastante. Você participou de quantos eventos ao longo deste ano? Qual foi a última vez em que esteve num importante congresso da área? Tem comparecido aos encontros promovidos pela sua associação de classe? Quem dedica para si menos de 100 horas anuais em treinamentos diversos precisa acender uma luz amarela. 
   Ao mesmo tempo, também é imprescindível investir na capacitação da equipe. Ninguém consegue liderar uma empresa sozinho e a maior parte do sucesso dela depende sim das pessoas-chave que trabalham ao seu lado. Aquela mesma história: se os colaboradores não avançam...
    Muitos gestores justificam o pequeno budget de treinamento para o time dizendo que, no passado, investiram nas pessoas e elas não se desenvolveram ou porque temem que, depois de qualificadas, deixem a empresa. 
   Creio que vale a pena fazer dois comentários. Primeiro, uma coisa é treinar seus colaboradores e outra bem diferente é vê-los performar acima da média, já que uma série de fatores pode influenciar os resultados. Por exemplo, será eu você combinou com eles o tipo de desempenho esperado após a capacitação e proveu os recursos necessários? Chegou a perguntar como poderia apoiá-los? Teve um pouco de paciência para ver os avanços? Quando há mudança comportamental envolvida no processo, as pessoas em treinamento precisam de clareza, suporte e tempo para fazer a transição de carreira. 
   Bom, e quanto ao fato de você capacitar os funcionários e alguns abandonarem o barco? Eu costumo responder esta questão com outra pergunta: e se não treiná-los e eles permanecerem? A única certeza que terá é de que possui gente medíocre trabalhando ao seu lado, o que é um problema muito maior. O que você prefere: capacitar as pessoas e correr o risco de perdê-las depois ou ter a certeza de contar com profissionais que pararam no tempo?
   Um colaborador treinado e talentoso pode   querer deixar a empresa por vários motivos, como falta de perspectiva de futuro, clima organizacional ruim, remuneração pouco atrativa e, especialmente, dificuldades de relacionamento com seu líder direto. 
   O fato é que para enfrentar as guerras dos novos tempos, tanto dirigentes, quanto colaboradores precisam aprender a manusear novas armas. Hoje em dia tem muita gente guerreando com tecnologia de última geração e soldados treinados enquanto outros estão entrando nas mesmas batalhas usando facões ou arco e flecha. Está na cara quem é que vai vencer, não é verdade? (WELLINGTON MOREIRA, palestrante e consultor empresarial, página 2, caderno FOLHA ECONOMIA & NEGÓCIOS, sábado, 27 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

domingo, 28 de agosto de 2016

SENHORA DO BOSQUE


   Em Londrina, a peroba hoje é uma espécie de totem gigante que conta a história dos séculos entre o céu e a terra
   Muitas já viraram viga, estaca, assoalho, porta, veneziana, uma casa inteira. Não fosse a Senhora Peroba Rosa, os habitantes de Londrina, sobretudo dos anos 40 e 50, teriam vivido em palhoças feitas de materiais muito mais vulneráveis neste fabuloso pedaço de Mata Atlântica. Mas as perobas estavam aqui, intactas, firme e fortes, madeira da melhor qualidade que serviu a casas que duraram décadas e durariam mais se não fosse o seu desmanche para dar lugar a edifícios que roubam uma parte da memória afetiva da cidade.
   Com a vinda dos imigrantes estrangeiros, a madeira virou outro tipo de ouro nas mãos de caprichosos marceneiros japoneses e alemães, por exemplo. Ainda existem em Londrina casas de madeira que têm nas varandas verdadeiras “rendas” de madeira esculpida no seu acabamento e treliças que filtram a luz e dão privacidade. 
   Quando passeio pela cidade, exercitando meu lado flaneur que consiste em andar ao sabor do vento e das ideias – quase sempre paro diante do que sobrou dessas casas e fico imaginando as mãos as mãos hábeis que projetaram amor nos locais que habitaram. Porque esculpir a madeira é um modo de amá-la. 
   Uma pena que não tenha sobrado muito dessas casas nem dessas árvores. A colonização implicou numa devastação das matas e as perobas foram sacrificadas. Em Londrina, a peroba hoje é uma espécie de totem, um totem que tem raízes entranhadas no fundo da Terra e se liga ao céu guardando a história dos séculos desde que era semente até se transformarem num monumento vivo.
   Tenho a felicidade de morar em frente ao Bosque no 6º andar de um edifício, das janelas vejo o exemplo mais imponente da Senhora Peroba Rosa que sobrou no centro da cidade. Naquele tamanho é um exemplar único. Eu a reverencio todos os dias, seu design me inspira a olhar sempre para o alto. Às vezes saio do prédio e vou visitar a Senhora. Olho para cima e vejo o tronco subir aos céus com seus nódulos e nervuras. Só de olhar percebo que estou diante de uma espécie potente percorrida por insetos e pássaros. As árvores são vias da vida, mas nem todos se sensibilizam com isso.
   Dizem os especialistas que as perobas precisam de vegetação por perto, outras árvores. São do tipo que sucumbem à solidão, por isso tenho mapeado a vizinhança desse gigante que passa pela minha janela e a ultrapassa. Tento compreender qual o seu grau de solidão para tomar providências, não sou indiferente aos vizinhos, interajo com eles mesmo quando são vegetais. 
   Creio que a Senhora Peroba Rosa do bosque atinja hoje a altura do oitavo andar dos prédios. No último temporal as árvores foram sacudidas por ventos fortes mas ela não se vergava, apenas na sua copa os galhos balançavam como se fossem cabeleira. No mais, ela permanecia íntegra, imóvel, segura como quem tem pés bem plantados.
   Às vezes imagino que espécie de filme ou sonho se passa nas suas raízes. Ainda não inventaram equipamentos para que a gente percorra o mundo por baixo, mas civilizações míticas cultivavam a ideia de que existem habitantes abaixo do solo. Ouvi muito dessas histórias em estados como o Amazonas e o Mato Grosso, as lendas indígenas talvez sejam responsáveis por esses contos fabulosos. A eles soma-se relatos de garimpeiros e outros homens que trabalham abaixo da superfície, encaro-os como literatura e sei que são partes do respeito profundo que alguns povos têm não só pelo que se passa em cima, mas pelo que se passa embaixo, , sabem que tudo é mundo em suas redondezas. 
   Apesar de nunca ter feito uma viagem intra terrestre, o que vejo me faz pensar nos livros de Júlio Verne. Como um inseto ou andorinha identifico as vias da vida, num trânsito silencioso que me leva a outros mundos, enquanto os automóveis buzinam como as pessoas indiferentes. (Crônica da jornalista e escritora CÉLIA MUSILLI celia.musilli@gmail.com página 4, caderno FOLHA 2, coluna CÉLIA MUSILLI, domingo, 28 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

EDUCAÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA


   O Paraná melhorou de posição no ranking que acompanha o uso de arma de fogo como meio para resolução de conflitos e o número de mortes que esse recurso causa. O Estado saiu do 14º lugar para o 18º. Mas ainda não é motivo de comemoração porque, proporcionalmente, passou a perder mais vidas entre 2000 e 2014, exibindo a marca de 19,2 pessoas mortas a cada 100 mil habitantes, contra 13,6 mortos que eram contabilizados em 2000. Ou seja, mais assassinatos ocorreram no Paraná, que caiu quatro posições no ranking porque os outros estados tiveram um aumento maior nos homicídios com armas de fogo. Todos esses dados fazem parte do Mapa da Violência 2016, fruto de um estudo do professor, sociólogo e coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), Julio Jacobo Waiselfisz. O professor realiza um cruzamento de informações obtidas de indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Ministério da Saúde para mostrar a evolução da violência em estados e municípios brasileiros. Em números absolutos, dentro do recorte de 2004 a 2014, os chamados Homicídios por arma de Fogo (HAF) no Paraná aumentaram de 1.912 para 2.073 (alta de 8,4%). Enquanto no Brasil, esse crescimento foi de 34.187para 42.291 (alta de 23,7%). O País passou de uma proporção de 20,7 homicídios por arma de fogo a cada 100 mil habitantes, em 2000, para 21,2 mortes em 2014. No Mapa da Violência, chamou atenção a mudança dos primeiros colocados no ranking. A liderança passou agora a ser ocupada por estados do Nordeste. O Rio de Janeiro, que liderava o ranking em 2000, desceu para o 15º lugar. São Paulo foi do 6º para o 26º e Mato Grosso foi de 7º para 23º. Ceará subiu de 19º para 2º lugar, enquanto o Rio Grande do Norte deixou o 18º lugar para ocupar a 4º colocação. Alagoas, o primeiro colocado em 2004, ocupava a 9ª posição em 2000. O perfil das vítimas: homem, jovem e negro. E uma constatação importante levantada por Waiselfisz é que quando menor a escolaridade do cidadão, maior é a probabilidade dele ser morto a tiros. Não há segredo. No enfrentamento à violência, a educação é muito mais eficaz que a repressão. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, domingo, 28 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

EXEMPLOS PARA ADMIRAR

Maria da Conceição e Valdener Cavalcanti transformaram o esaço em frente de casa em um jardim
  Moradores de Londrina colocam a mão na massa e revitalizam praças nas zonas leste e oeste
   O prazer da aposentada Maria da Conceição dos Santos é levantar todos os dias e admirar a beleza da Praça Germino Noechelli, que fica em frente à sua casa. Também pudera. Não é qualquer um que tem o prazer de ter todos os dias diante de seus olhos um pedaço do paraíso, como ela mesmo gosta de definir. E nada mais justo esse direito a quem dedica tempo e trabalho diariamente para deixar mais agradável um espaço que é de todos. 
   Tudo começou há nove anos quando ela e o marido, o também aposentador Valdener Cavalcanti, se mudaram para a Rua Leonardo Gomes de Castro, no Jardim Santa Alice (zona leste de Londrina). “Nessa época era tudo mato, também havia poucas casas. Era ruim acordar todos os dias e ver aquele cenário feio em frente da minha casa. E como sempre gostei muito de plantas, resolvi começar a cuidar”, recorda-se
   Sem contar com o apoio de algum órgão público, eles tornaram o local um verdadeiro ponto turístico. São inúmeros tipos de plantas. Tem araucária, cerejeira, pé de limão, ipês, lírios e até um pequeno exemplar da árvore que deu nome ao país, o pau-brasil. Até grama eles plantaram. Tudo cercado por caminhos de pingos de ouro. Mas os xodós de dona Conceição são as roseiras. “Elas são lindas, uma mais bonita que a outra”, exclama. 
   As três ruelas estreitas de pedregulhos e decoradas com pedras brancas nas margens são um charme à parte em meio às plantações. E cada uma delas ganhou um nome: rua dos Netos, Cavalcanti e Conceição. “É como se fosse a extensão da minha casa. Adoro levantar cedo, ver as roseiras, aparecem tantas borboletas, às vezes estou aguando as plantas e vêm beija-flores. E quando é época de flora da cerejeira, isso aqui fica tudo branquinho, lindo”, lembra Conceição.
   A recompensa de tanta dedicação é ver pessoas admirando e parando no local para tirarem fotos. “Isso nos deixa bastante felizes, porque não é um espaço meu e do meu marido, isso aqui é de todos. Se todo mundo ajudar a cuidar, vamos ter um lugar bonito para todos”, destaca. 
   A dedicação do casal tem o reconhecimento e a admiração dos vizinhos. “É uma atitude que se todo mundo tivesse, a cidade ficaria mais linda. O problema é que tem um ou dois para fazer e 50 para destruir”, observa o aposentado João Senra. “Ajuda a valorizar o bairro, que fica mais bonito”, elogia outro vizinho, Aldo João de Giuli.
   FORÇA-TAREFA      
Comunidade do jardim Leonor dá exemplo de preocupação com o meio ambiente
   Distante dali uns 10 quilômetros, na Rua Seringueira, no Jardim Leonor (zona oeste), outro bom exemplo de quem se preocupa com o meio ambiente. Só que este mais por necessidade que por beleza. Cansados de verem tanto lixo enfeiando o fundo de vale próximo de suas residências, os moradores Luis Fernando Ferreira e Josielma Borges Cassemiro, resolveram colocar as mãos na massa. “Tinha muito entulho, restos de móveis, animais mortos, até a carcaça de um carro velho. A gente pedia para a Prefeitura vir fazer a limpeza, mas eles demoravam seis meses. Aí sentei com mais alguns vizinhos e resolvemos fazer”, conta Ferreira. 
   O primeiro passo foi organizar uma força-tarefa para conseguir, junto aos moradores, os materiais necessários para começar a revitalização. “Um deu tinta, uma borracharia cedeu os pneus, e bastante gente tem colaborado com dinheiro. É tudo a comunidade que está bancando”, reforça o morador. 
   Segundo eles, ainda há muita coisa a fazer, mas o que já foi executado deu outra cara ao fundo de vale que antes mais parecia um lixão a céu aberto. O caminho que antes era usado para muito depositarem lixo ganhou um cerca de bambu. Os pneus foram usados para cercar o gramado e as árvores que foram plantadas. As mesas, bancos e até as lixeiras foram feitos de materiais reaproveitados. Tudo ideia da Josielma. “Resolvi ajudar depois que minha mãe pegou dengue, e se ficasse daquele jeito, muita gente ainda ia ter. Vi muita coisa na internet e deu certo de fazer”, descreve. 
   A intenção deles é adaptar o local para as muitas crianças que moram na região terem onde brincar. “Se a Prefeitura pudesse instalar ou alguém quisesse doar, seria muito legal uma área de lazer para as crianças”, pede Ferreira. “O meu sonho é ver isso aqui ainda mais bonito, com a criançada brincando, um lugar onde o pessoal pode se reunir à noite, tocar uma música. É um sonho que a gente está realizando, e só do pessoal falar que está bonito já estamos muito felizes”, revela Josielma. 
   Quem mora por ali e acompanha o trabalho dos dois guerreiros agradece. “Melhorou muito, ficou uma praça bonita para a comunidade utilizar e valorizou a rua”, diz a comerciante Natália Rodrigues dos Santos, que mora em frente ao local revitalizado há 40 anos. “Agora cabe a todos cuidar, para valorizar o que foi feito”, completa outro morador, João Gazola, residente na rua há 30 anos. ( RAFAEL SOUZA – Reportagem Local, página 3, caderno FOLHA CIDADES, sábado, 27 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sábado, 27 de agosto de 2016

PELOS DE ROEDORES EM ALIMENTOS


   A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu no mês de Julho a venda de um lote de extrato de tomate devido à presença de pelos de roedores (ratos, ratazanas e camundongos acima do limite máximo permitido. Já tivemos outras marcas penalizadas com o mesmo problema. 
   O que causa mais espanto nessas notícias é o fato de que a Anvisa permite uma certa quantidade de pelos de roedores e fragmentos de insetos em alimentos. 
   Até 2014, a tolerância era zero para esse tipo de contaminação, porém, a partir da resolução RDC 14/2014, foram estabelecidos limites para essa falta de higiene na indústria. 
   Veja alguns exemplos do que é permitido por lei:
   - Produtos de tomate: 10 fragmentos de pelos em 100 g do produto. 
   - Farinha de trigo: 75 fragmentos em 50 g.
   - Café torrado e moído: 60 fragmentos em 25 g
   - Chá de boldo: 70 fragmentos em 25 g 
   - Geleias de frutas: 25 fragmentos em 100 g
   Quem quiser ver o documento na íntegra, basta acessar o link do Diário Oficial : 
   De acordo com o conselheiro e ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de janeiro (cremer) dr. Sidnei Ferreira a legislação sanitária não deveria tolerar nenhum resquício de insetos ou pelos de roedores, pois não poderia haver tolerância com a falta de higiene na manipulação e fabricação dos alimentos. Os roedores são potenciais transmissores de doenças e a Organização Mundial de Saúde (OMS) já catalogou mais de 200 doenças transmissíveis por roedores. Já o coordenador do Procon Assembleia , de Belo Horizonte, critica a mudança na legislação. Diz que essa resolução não deveria existir e que um consumidor que encontrar algo dentro do produto que não faz parte de sua composição, tem todo o direito de pleitear uma indenização, pois a empresa tem que prezar pela qualidade do produto, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. (CÉLIO PEZZA, colunista e escritor em São Paulo, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, sábado, 27 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO


   Você já pensou em procurar um psicólogo? Refutou a ideia rapidamente, pensando... o que alguém estranho a sua vida e seus problemas poderá fazer por você? Afinal, por que procurar um psicólogo? Pesquisas na área da atuação do psicólogo sugerem que os estudantes brasileiros têm buscado o curso de Psicologia por motivos pessoais (autoconhecimento), humanísticos (ajudar pessoas) e os voltados para a profissão de fato. E os que buscaram esta profissão, tendo em vista os dois primeiros motivos, não a exerceram posteriormente. 
   Tradicionalmente, os psicólogos têm atuado nas áreas clínicas, organizacional, escolar e de docência. Todavia, é possível verificar, nas últimas décadas, que a área de atuação desse profissional expandiu-se também para os âmbitos da política pública, jurídica e comunitária. 
   Como já dizia um saudoso e inesquecível professor da UEL, docente engajado com a profissão e com a qualidade da formação do aluno de psicologia, “a psicologia é a profissão do futuro”. Há 20 anos, ele já evocação a reflexão acerca das possibilidades de atuação do psicólogo, ressaltando que suas ações vão além da prática clínica. 
   A atuação do profissional de psicologia está conectada às demandas sociais, políticas e econômicas, contribuindo na qualidade de vida do ser humano, na sua percepção sobre si mesmo e sobre os eventos que vivencia, na sua própria autonomia, na sua capacidade de ser e agir sobre o mundo, modificando-o e sendo modificado por ele. 
   As atividades profissionais do psicólogo estão disponíveis àqueles em que algum momento da sua trajetória, pessoal ou profissional, estejam deixando de ter qualidade de vida. Dessa forma, se você objetiva conhecer a si mesmo, ampliar suas habilidades as relações interpessoais ou profissionais, rever o rumo da carreira, aprender a conhecer e respeitar seus limites, o psicólogo é alguém que você deverá consultar. Certamente, a Psicologia terá muito a fazer por você! (LUCIANA ZANELLA GUSMÃO, psicóloga analista do comportamento em Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, sábado, 27 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

DOADORA "VERDE"


   Sinto-me imensamente feliz por ser doadora de árvores. Isso está em meu gene ambientalista.
   Para esse fatos contribuem meus amiguinhos, os passarinhos, que, sobrevoando o espaço de minha residência, bombardeiam-no com dejetos repletos de sementes dos frutos que comeram. 
   Eu os abençoo sempre por isso, porque os presentes que me trazem em seus pequenos cocozinhos são preciosos e de todos os tipos: brassaias, cerejeiras, laranjeira, astrapeias/dombeias, pitangueiras, uvaias, ameixeiras, pé-de-galinha, espinheira santa, fruta do conde e até limoeiro, imaginem. 
   Insetozinhos também contribuem com essa minha mania ambiental porque polinizam as flores que me fornecem sementes. As sementes eu planto e doo. É um círculo prazeroso para mim. Adoro observar o espaço em torno de minha casa e encontrar novas plantinhas para doar.
   Por que as doo? Porque se não fizesse isso eu teria que cortar e eliminar as novas árvores que encontro nascidas em meu quintal. Como isso não faço porque dói-me o coração, então eu espero que elas cresçam um pouco, transplanto-as em um vaso e fico procurando, entre todos aqueles que conheço, alguém que as deseje. Assim é que não dispenso nenhuma das mudinhas que me foram doadas pelas avezinhas benditas. 
   Sou privilegiada por essas ações. Explico: vez ou outra sou surpreendida por um amigo ou amiga que vem me dar conta de que a árvore que eu doei está dando frutos e que, por isso, se lembra sempre de mim. Não é uma maravilha? Alguns deles até me trazem frutos das árvores que um dia foram doadas. 
   Mesmo que assim não fosse, eu ainda teria a certeza plena de que estou contribuindo para o futuro do planeta e, também, para que as futuras crianças possam ter alguma fruta para comer. Trata-se de uma herança verde que deixo aos descendentes daqueles que aceitam minhas doações.
   O que me deixa muito feliz é o fato de saber que alguém, que não conhecerei, futuramente estará aproveitando-se, de alguma forma, daquilo que lhe deixei como herança neste mundo. 
E assim me sinto, como não se sentirão as aves e insetozinhos que no espaço de minha casa encontram terreno fértil para descansar e fazerem suas necessidadezinhas fisiológicas? Pense nisso. (MARINA POLONIO, leitora da FOLHA, página 2, coluna DEDO VERDE, FOLHA RURAL, sábado, 27 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

DIFICULDADES PARA EXPORTAÇÃO


   Cento e oitenta países compram algum tipo de alimento do Brasil e, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), um em cada quatro itens do agronegócio em circulação no mundo era brasileiro em 2010. Até 2030, a expectativa é alcançar o índice de um em cada três. Mas para que isso aconteça são necessários mudanças. Afinal, o País é um dos líderes no mundo em produção e exportação de produtos agropecuários, mas enfrenta muitas barreiras tarifárias para entrar em grandes mercados mundiais, principalmente, para alimentos já processados. Reportagem da Folha Rural , hoje, traz dados do informativo especial de agosto da Confederação da Agricultura do Brasil (CNA), revelando que as taxas de importação no Japão chegam a variar de zero para insumos a 469,7% para misturas e pastas de milho para preparação de produtos de padaria , no caso mais extremo. Essa diferença dificulta a venda para o exterior de nossos produtos industrializados do agronegócio. Analistas ouvidos pela FOLHA observam que para avançar nesse quesito, o Brasil precisa resolver problemas como a menor tributação para exportação de produtos primários do que para os industrializados. Também é necessário conquistar um maior número de acordos internacionais de comércio e discutir a falta de políticas que favoreçam a abertura de mercados ou que exijam percentual mínimo de compra de itens beneficiados. A Lei 87/1996, que ficou conhecida como Lei Kandir, também é alvo de críticas, pois desonera a exportação de produtos primários enquanto outros países, como a Argentina e a China, têm taxa de exportação mais alta para produto básico do que para industrializado. Para alcançar o objetivo de colocar mais alimentos brasileiros nas mesas estrangeiras, é preciso que o governo tenha como foco a eficiência e a redução da burocracia.(FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, sábado, 27 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

FOLHA APRESENTA NOVO PROJETO EDITORIAL


"Conforme as empresas de comunicação vão aperfeiçoando suas plataformas digitais, as publicações impressas também vão sofrendo mudanças, se adaptando aos novos tempos", afirma o superintendente do Grupo FOLHA, José Nicolás Mejia 
   Edições do final de semana serão unificadas e vão ganhar o caderno FOLHAmais
   O jeito de se comunicar mudou. No mundo inteiro, os órgãos de imprensa passam por um processo de renovação para atender a um público cada vez mais exigente e conectado. A FOLHA apresenta hoje a seus leitores e parceiros um novo projeto editorial, que vem sendo desenvolvido há mais de seis meses.
   “Temos visitados jornais no País e no exterior para troca de experiências. Conforme as empresas de comunicação vão aperfeiçoando suas plataformas digitais, as publicações impressas também vão sofrendo mudanças, se adaptando aos novos tempos”, afirma o superintendente do Grupo FOLHA, José Nicolás Mejia. 
   Uma das principais novidades é a unificação das edições de sábados e domingos. “A essa edição unificada nós temos o nome de =FOLHAFDS. Ela nasce com um novo caderno, o FOLHAmais”, conta. O superintendente explica que o suplemento terá um conteúdo “menos perecível” e mais aprofundado. “Pode ser lido no final de semana e nos dias seguintes, sem que perca a atualidade”, alega.
   No FOLHAmais serão acomodados os conteúdos de moda e decoração da Folha da Sexta, que será descontinuada. “Estamos apostando num caderno colorido, com visual leve e atraente, layout moderno, e com linguagem criativa, ajudando a atrair os leitores mais jovens”, declara. Mejia ressalta que as unificações das edições do fim de semana é uma tendência em todo o País. Na Região Sul, os principais jornais já tomaram essa iniciativa. 
   A chefe de Redação, Adriana de Cunto, diz que a internet obriga os veículos impressos a se reinventarem. “Temos o desafio de ser inovadores na forma e no conteúdo, mas mantendo o jeito aprofundado que caracteriza os jornais”, afirma. Ela conta que a FOLHA irá reforçar a cobertura dos conteúdos factuais do final de semana por meio do site e das mídias sociais. “Acreditamos que s mudanças trarão um produto com ainda maior qualidade e vão agregar mais valor para nossos leitores”, ressalta. 
   A primeira edição unificada será publicada dia 3 de setembro e começa a circular no sábado de manhã. No próximo domingo, a FOLHA publica detalhes do novo projeto editorial. (NELSON BORTOLIN – Reportagem Local, página 6, FOLHA GERAL, quinta-feira, 25 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

TECNOLOGIA A SERVIÇO DO ESPORTE

"Eu jogo como zagueiro e me inspiro no David Luiz", disse o garoto Benjamim Ribeiro, que tem características de velocidade, resistência aeróbica e forç
   Análise das impressões digitais permite identificar futuros atletas e definir treinamentos, o que pode fazer diferença no rendimento de amadores e profissionais
   Conhecer as potencialidades físicas do corpo humano e minimizar suas fragilidades são essenciais para a formação de atletas de alto rendimento, que podem brilhar até nos Jogos Olímpicos. Para quem busca apenas saúde e bem estar, escolher a melhor alternativa é fundamental para obter resultados satisfatórios. Encontrar o melhor caminho pode ser facilitado através de um método inovador que revela capacidades biofísicas a partir das impressões digitais. 
   Único no mundo, o Leitor Dermatoglífico captura as impressões digitais, faz a leitura das combinações matemáticas e fornece informações científicas sobre características de força, velocidade, coordenação motora, potência e resistência. Tudo isso em apenas três minutos. Em relação ao método tradicional, que usava lupa e papel, o Leitor é quatro vezes mais preciso e dez vezes mais rápido. O laudo permite prescrição correta de exercícios físicos para se atingir o objetivo. 
   Desenvolvido na Rússia na década de 1970, o método chegou ao Brasil no início dos anos 2000 e foi informatizado a partir de 2008, em um projeto de pós-doutorado, pelo professor doutor em Ciências da Saúde da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoese), Rudy José Nodari Junior, e pelo engenheiro de software, Alexandre Heberle. O método está disponível em Londrina e já é utilizado por algumas academias. 
   O processo, construído pela Salus Dermatoglifia, utiliza um scanner óptico de rolamento ( o mesmo usado para confecção de passaportes, que coleta as impressões digitais, interpreta as imagens e constrói um perfil dermatoglífico. 
   “A impressão digital é a combinação de fatores genéticos e o ambiente gestacional, no qual o feito foi desenvolvido. Através dessa marca genética é possível identificar as potencialidades físicas de cada um. Ter este laudo em mãos torna-se uma ferramenta importante para auxiliar os profissionais físicos na elaboração de treinamentos”, frisou Heberle. 
   O engenheiro explica que a análise se faz em cima dos três elementos que compõem todas as impressões digitais humanas: arco, presilhas, que podem ser radial ou ulnar, e verticilo. O número de arcos vai determinar uma predominância da força, enquanto presilhas a velocidade e o verticilo a coordenação motora. A continuidade e formato das linhas também determinam as características. “A resistência é medida através do número de linhas entre o núcleo e o delta da impressão digital. Quanto mais linhas, mais resistência. Como exemplo, o Guga (Gustavo Kuerten) tem 190 linhas”, revelou.
   Heberle citou ainda que pesquisas apontaram que a maioria dos atletas de ponta possuem presilhas radiais na sua impressão digital e que o número máximo encontrado até hoje foi de três presilhas. “Um levantamento em 120 atletas de futsal de diversos países mostrou que mais de 90% deles possuem presilhas radiais. Pessoas com estas características vão atingir a excelência mais rápido e com menor esforço”, apontou.
   O método tem sido disseminado em vários países e ganhado destaque em publicações renomadas da área esportiva e de saúde. Atletas como Kaká e Falcão também foram submetido ao processo, que recentemente foi exposto na Isokinetic, uma feira da Fifa, realizada em Londres. 
   Desenvolvemos também trabalhos com a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), o time de futsal de Jaraguá do Sul (SC) e a seleção brasileira feminina sub-17”, ressalto Alexandre Heberle. O Leitor Dermatoglífico começa a ser utilizado também para pessoas na área da saúde.
   DESCOBERTA DE NOVOS TALENTO
O sonho de ser jogador de futebol profissional pode se tornar uma realidade para Benjamim Ribeiro, 10 anos. Pelo menos no que depender das suas características biofísicas encontradas nas suas impressões digitais. “Ele tem como pontos positivos a velocidade, a boa resistência aeróbica e a força, sem necessariamente ganhar tanta massa muscular. Ele tem também uma presilha radial”, afirmou Alexandre Heberle engenheiro de software e que participou do processo de informação do Leitor Dermatoglífico. 
   “Eu jogo como zagueiro e me inspiro no David Luiz”, apontou o menino, que pratica futebol e tênis. Já o irmão mais novo, Frederico, sete anos, tem a coordenação motora como um dos pontos fortes. “A coordenação é você conseguir fazer o mesmo movimento, várias vezes e com mais eficiência. Talvez o mais indicado para ele seja modalidades que exijam trabalhos repetitivos”, ressaltou Heberle. “A Dermatoglifia nunca é excludente e tem como meta apresentar novos esportes e possibilidades para direcionar o bem estar e a promoção da saúde”.
   A mãe dos garotos, a advogada Elizângela Ribeiro, 39, se entusiasmou com a possibilidade de antever as características físicas do filho, como forma de planejar o desenvolvimento esportivo das crianças. Elizângela também passou pelos testes, que mostraram que ela tem características que garantem uma boa resistência aeróbica, velocidade e força. Por outro lado, a coordenação precisa ser trabalhada. “Acho que estou no caminho certo então. Faço atividades funcionais e corrida de dez, doze quilômetros. Chego no fim do treino e não me sinto acabada”, revelou. (L.F.C.) (LUCIOFLÁVIO CRUZ – Reportagem Local, página 8, FOLHA ESPORTE, quarta-feira, 24 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

QUALIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO


   As pesquisas mostram e, na prática, colaboradores e empregadores comprovam: a qualidade no ambiente de trabalho é fator decisivo para a produtividade e o sucesso organizacional. Todos ganham com um local saudável e seguro, mas nem sempre o assunto é levado com a seriedade que merece pelas empresas. Nesta semana, a reportagem da editoria Empregos & Concursos da Folha de Londrina mostrou uma ferramenta – desenvolvida por alunos dos cursos de Engenharia da Computação e Sistema de Informação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – que tem o objetivo de avaliar a qualidade do ambiente de trabalho. Apresentado em competição nacional, o projeto nasceu como uma solução para as empresas que entendem que o ambiente afeta diretamente o rendimento dos trabalhadores. Segundo os inventores, o avaliador é capaz de monitorar diferentes componentes de um ambiente. A solução é viabilizada por meio de um hardware que monitora os índices apontados, via internet, por sensores instalados no local, permitindo avaliações constantes e também o armazenamento das informações. Se a invenção pode cumprir o seu papel num futuro próximo, nos dias de hoje faz-se necessários discutir formas de aumentar o grau de satisfação das pessoas nas empresas, por meio de ações e programas específicos que contribua para o desenvolvimento pessoal e profissional. Pesquisas recentes apontam que quase metade dos trabalhadores do Brasil não se desliga totalmente de suas funções profissionais nas horas de folga e que um em cada cinco profissionais já sofreu alguma doença ou acidente decorrente do excesso de trabalho. É preciso atentar-se também para a saúde mental. Em muitos casos, as pressões por resultados acabam gerando transtornos psicológicos, que já são a terceira maior causa dos afastamentos trabalhistas no Brasil. Diante desse cenário, além dos quesitos previstos em lei e que envolvem condições de saúde e segurança, as empresas devem se preocupar com o aproveitamento das habilidades individuais, promoção dos relacionamentos interpessoais, focando também no aspecto humano dos seus colaboradores. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, sexta-feira. 26 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).  

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

MAIS ATENÇÃO AOS JOVENS NEGROS


   Costumamos dizer que os jovens são o futuro do País. Mas se queremos realmente chegar lá, precisamos investir neles, pois é no presente que temos a oportunidade de fazer florescer todo o seu potencial de transformação, criatividade e dinamismo rumo a uma concepção de mundo mais igualitária. Neste momento em que acabamos de realizar a Olimpíada no Brasil, temos a grata satisfação de constatar que – por meio do esporte – muitos negros conseguiram romper a barreira da invisibilidade, da falta de perspectiva e do preconceito. Mas os Pelés, os Joões do Paulo, as Daines dos Santos e as Rafaelas Silva ainda são poucos. Temos capacidade para muito mais. Não podemos nos contentar com o êxito de alguns poucos negros que, infelizmente, ainda representam uma exceção , uma “cota” em nosso país. Não podemos nos resignar à naturalização da desigualdade. O mundo registra a maior população de jovens de toda a história, 1,8 bilhão de pessoas. No Brasil, são mais de 50 milhões de jovens que carregam dentro de si o poder das mudanças para a construção de um País melhor. Por isso, temos a grande responsabilidade, neste momento, de oferecer aos nossos jovens instrumentos que os capacitem a exercer todas as suas habilidades e competências, desviando-os dos caminhos da miséria, do analfabetismo, da violência, das drogas e da morte prematura e assegurando-lhes caminhos seguros de crescimento, formação e ascensão social e profissional. Com essa perspectiva de futuro em nossas mãos, não é aceitável que na história recente do nosso país cerca de 30 mil jovens sejam assassinados por ano e, destes, 77% sejam negros; não é aceitável que cerca de 20% dos jovens não estudem nem trabalhem e, destes, 63% sejam negros e/ou mulheres. Esses índices expõem a dura desigualdade que ainda experimentamos em todos os aspectos da vida social. Temos mecanismos para mudar isso, seja pela educação, pela formação profissional, seja no esporte. Que as vitórias dos nossos atletas negros sirvam de exemplo para a juventude preta, pobre, da periferia e para toda a juventude brasileira, mas que seu sucesso não seja para esconder a infinita desigualdade que ainda precisamos superar. (LUISLINDA VALOIS, secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Justiça e Cidadania, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quinta-feira, 25 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

DE AMORES E AMARGURAS


   São poucas as canções ou poesias da mulher dedicadas ao homem, mas abundam as do homem à sua amada. Seria o homem mais sentimental, mais sofrido, mais sensível, mais vulnerável à paixão ou mais submisso diante dela? Ou seria a mulher mais reprimida e cautelosa ao manifestar seus sentimentos? Mistério tão indecifrado ou indecifrável quanto decifrar a própria mulher. Ela expressa arte e beleza nos seus movimentos, na graça de existir e por outras tantas formas, mas rara foi aquela que dedicou uma ode ao homem. É ele que derrama lágrimas por ela nos seus cantares cheios de amor sincero, de paixão ou de amargura, e às vezes com desabafos de rancor. Uma paixão do homem para com a sua amada nunca se extingue. Ele a carrega pelo restante dos seus dias, e se perde a quem idolatra custa a reequilibrar-se e sai então em busca de compensar esse vazio dentro dele. Geralmente com outra mulher que tenha semelhanças com a anterior. O varão cultua em seu inconsciente uma grande paixão no vislumbre de uma mulher, mesmo que ainda não a tenha conhecido, e se borboleteia experimentando sabores aqui e ali como a abelha que beija flor em flor, não é porque seja volúvel mas porque está em busca daquela paixão que adormece em seu eu profundo. E quando a encontra, a ela se entrega inteiro. Uma mulher também se apaixona, mas em caso de perda tem a virtude de recuperar-se em pouco tempo. Certamente a grande mãe cósmica deu-lhe a faculdade da resiliência, que é o dom de retemperar-se e colocar-se em pé, altiva e soberana. O homem mantém a falsa postura de forte, mas tem a consciência de sua fragilidade diante da mulher. Em sua fraqueza, ele manifesta um poder que demonstra ter mas que se anula facilmente diante de um gesto astucioso dela. E a astúcia é um elemento poderoso e infalível que essa privilegiada criatura da alquimia divina traz em seu código genético. Se o homem não a vence, fica às vezes agressivo. A mulher tem a seu favor uma lei de proteção, o homem não tem para si a mesma consideração legal na relação com ela. Disfarça-se de machão, pelo privilégio de sua musculatura viril, mas é o elo fraco da corrente. Ele sabe disso e vive uma farsa de poder; ela sabe disso e vive uma ardilosa farsa de fragilidade e submissão. E assim ambos convivem, em harmoniosos “tapas e beijos”, sem poder desvincular-se do sentimento que une essas duas metades fisicamente distintas e que, por suprema sabedoria, foram dessa forma criada. (WALMOR MACCARINI – jornalista em Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quinta-feira, 25 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

ESPAÇO PARA A BICICLETA


   O Corpo de Bombeiros do Paraná registrou mais de 2,5 mil acidentes envolvendo ciclistas em todo o Paraná no período entre janeiro e junho deste ano. O número é menor do que no mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 2.754 ocorrências. As quedas sofridas pelos ciclistas aparecem em maior número na estatística dos bombeiros do que os acidentes envolvendo carros e bicicletas. Mas se por um lado o número de acidentes com bikes diminuiu no Paraná, a gravidade aumentou pois o número de mortes envolvendo esse tipo de veículo subiu de 18 para 20. O incentivo ao uso da bicicleta é uma tendência mundial. Ela vem ganhando espaço no dia a dia das grandes cidades não apenas como uma opção de lazer. A bike é vista cada vez mais como um importante meio de transporte diário. No Brasil, a frota é composta por 70 milhões de bicicletas, sendo que a produção anual nacional não para: As fábricas colocam nas ruas todos os anos 3,5 milhões de unidades. Os dados são da Abraciclo, a associação que representa os fabricantes brasileiros – o Brasil é o quarto maior fabricante. A mobilidade é uma questão prioritária nos grandes centros urbanos e pauta para os candidatos a prefeitos nas cidades de médio e grande porte. Não é só a dificuldade de ir e vir. O tema envolve discussões sobre qualidade de vida, questões ambientais e segurança no trânsito porque é preciso quebrar as barreiras culturais do histórico privilégio que os carros tiveram durante décadas e décadas nas ruas so Brasil. A notícia da queda do número de acidentes é positiva, mas a convivência entre ciclistas e motoristas precisa melhorar. A bicicleta é uma alternativa de transporte limpo, saudável, barato. Mas para ser um veículo viável nas ruas brasileiras é preciso apoio e políticas públicas de incentivo.(FOLHA OPINIÃO, opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, quinta-feira, 25 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

1MEOA DÚZIA DE GATOS PINGADOS": EXEMPLO DE CIDADANIA


   Democracia possui três principais aspectos, de acordo com Phillip Pettit, todos identicamente importantes para que o povo realmente possua poder sobre o governo: primeiro, o governo deve possuir mínima aceitação do público no domínio político; segundo, qualquer privilégio discriminatório deve ser reputado antidemocrático; e, terceiro, o povo deve possuir meios de definir o modo como o governo opera. Este terceiro aspecto representa o zênite da democracia: o “controle pelo povo”. 
   O “controle pelo povo” possui diferentes significações: a noção de que a população possui influência sobre o governo; a ideia de que as pessoas direcionam intencionalmente o governo; e, por fim, a noção de que as pessoas possuem poder intermediário. Para que algumas dessas noções se manifeste, são necessários mecanismos de institucionalização daquele “controle”, a direta realização do “poder pelo povo”, ou, principalmente, a atuação legislativa proativa, judiciosa e atenta ao interesse público.
   Na prática pública brasileira, porém, não se identificam poderosas e reais manifestações do “controle pelo povo”: isto é, não se identificam manifestações que imponham “modos de operar” ao governo. Não se pode esconder que o povo brasileiro vivencia um cansaço, uma desilusão, em relação aos nossos representantes políticos. Em verdade, pode-se dizer que o Poder Legislativo experimenta uma crise, uma falência ou, até mesmo, uma agonia institucional. Não custa lembrar, ainda, que o Estado Democrático, para seu regular funcionamento, depende da higidez parlamentar, pois o Poder Legislativo, como um dos Poderes republicanos, oferece o melhor atalho para viabilizar a democracia moderna, dadas as pluralidades e amplas dimensões sociais. Embora não sejam ideias idênticas, é inegável que os destinos do Poder Legislativo e da democracia estão entrelaçados. 
   Munícipes paranaenses, ao longo dos últimos meses, demonstraram vontade para alterar o desestimulante cenário de “miséria moral” e carência de representatividade, por meios diretos não institucionalizados. Moradores das cidades de Bandeirantes, Cambará, Ibaiti, Jacarezinho e Santo Antônio da Platina dão exemplo de como a pressão popular pode constranger e limitar determinadas ações parlamentares. Movimentos sociais tencionam introduzir a opinião popular a opinião popular nas deliberações públicas. Nas manifestações paranaenses, os cidadãos explicitam suas insatisfações com os desmandos da classe política e revelação a necessidade de criação de novos arranjos institucionais que insiram o poder popular – outrora, inerte, adormecido - - no “jogo político”. E mais: inspiram brasileiros a se tornarem ativos cidadãos.
   Em virtude dos últimos acontecimentos, toma-se como exemplo os protestos ocorridos na cidade de Jacarezinho. Meses atrás, um grupo de cidadãos protestava na Câmara de Vereadores, em razão de serem contrários a um projeto de lei que previa o aumento do número de vereadores. Na ocasião, os munícipes foram chacoteados por um dos vereadores que, segundo a mídia local, teria dito ao presidente da Câmara que, “meia dúzia de gatos pingados não coloca pressão em ninguém”. O fato acirrou o ânimo dos populares, servindo de estopim para que se formasse um movimento de maior envergadura – agora intitulado – “Todo poder emana do povo – Jacarezinho em ação”.
   Há pouco tempo, o presidente da Câmara se opondo ao pleito dos munícipes, deixou o plenário da Câmara, sob fortes vaias, tendo de se socorrer inclusive de apoio policial, uma vez que não quis por em pauta a votação de um projeto de redução dos subsídios da próxima legislatura. Clamava-se, na oportunidade, por um substancial decote da remuneração dos vereadores, isto é, protestava-se por redução remuneratória de R$ 6.200,00 para R$ 788,00.
   É nítido que o rompimento da inércia político-popular denota que o povo, independentemente de convite, quer participar ativamente da arena política. Não mais admite ser governado mediante decisões tomadas por Parlamentares, surdos e cegos aos anseios e valores socais. (ANTONIO SEPULVEDA, FABRÍCIO FARONI E IGOR DELAZARI, pesquisadores do Laboratório de Estudos Teóricos e Analíticos sobre o Comportamento das Instituições (Letaci/PPGD/UFRJ) no Rio de janeiro, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quarta-feira, 24 de agosto de 2016. Publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

VACINAÇÃO EM BAIXA



   A baixa procura dos paranaenses pela vacina da dengue está surpreendendo negativamente. A campanha de vacinação iniciada em 13 de agosto só levou para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) 8% da população do Estado que se enquadrava nos requisitos para receber as doses gratuitas. A Secretaria de Estado da Saúde comprou 500 mil vacinas para serem aplicadas nessa primeira etapa do programa. A distribuição acontece em 30 municípios que tiveram situação de epidemia da dengue. Em duas localidades, Paranaguá (Litoral) e Assaí (Norte) as doses estão disponíveis para pessoas com idade entre nove e 44 anos. Nos demais 28 municípios, a vacina é oferecida para jovens e adultos com idades entre 15 e 27 anos. O Paraná foi o primeiro Estado brasileiro a oferecer gratuitamente as doses com o objetivo de tentar diminuir o impacto da doença porque reduz a circulação viral. Segundo estudos epidemiológicos da empresa fabricante, em cinco anos a vacinação em massa poderia reduzir em até 74% o número de casos de dengue nas cidades beneficiadas com a campanha. A estimativa é que diminuiria ainda 80% o número de hospitalizações e em 93% o número de casos graves da dengue. Se o índice da procura pela imunização é baixo em nível estadual, nas UBS de Londrina o número cai ainda mais. Somente 5% das 120 mil pessoas contempladas procuraram os posto para tomarem a primeira dose. A explicação para o baixo interesse pode estar na idade do público alvo. Trata-se de uma faixa etária jovem, saudável, que procura o médico em momentos de emergência. Ou seja, um público difícil de atingir. O Paraná fechou o ano epidemiológico, em 2 de agosto, com 56.351 casos de dengue e 61 mortes em decorrência da doença. Sensibilizar o jovem deve ser preocupação dos pais e das autoridades de saúde, que precisam aumentar a divulgação sobre a campanha e ir onde esse público está, seja na escola, nas praças ou nos shoppings. Já a população precisa fazer a parte dela, acabando com os criadouros do mosquito transmissor e buscando informações sobre a campanha de vacinação que termina em 3 de setembro. (FOLHA OPINIÃO opinio@folhadelondrina.com.br página 2, quarta-feira, 24 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA)

terça-feira, 23 de agosto de 2016

TER OU HAVER?


   Na nossa língua falada no dia a dia, é comum o uso do verbo “ter” no sentido de existir, em frases como “tem um problema neste texto” ou “Tem alguma pessoa na sala”. Mas, será que esse uso é correto?
   Em primeiro lugar, é bom perceber que poderíamos dizer essas frases com pelos menos dois outros verbos: “haver” (Há um problema neste texto) e “existir! (Existe um problema neste texto). No primeiro caso, o verbo ‘haver” é um verbo impessoal, ou seja, sem sujeito. Por isso, não apresenta variação, sendo sempre conjugado apenas na terceira pessoa do singular, independentemente do complemento: “Há dois problemas”. Isso se aplica a qualquer outro tempo verbal (“Havia muitos problemas”, (“Haverá duas reuniões”). Já o verbo existir possui sujeito sim, é quem ou o que existe. Portanto, a concordância é obrigatória: “Existem alguns problemas”.
   Mas voltemos ao verbo “ter”: ele pode ser usado, sem problemas, para indicar posse. (“Eu tenho um dicionário”) ou obrigação (“ Nós temos que preparar uma apresentação”). Em ambos casos, o uso está de acordo com a norma culta e a concordância com o sujeito costuma ser bastante fácil.
   Já como sinônimo de existir, temos um problema, já que as gramáticas e dicionários não registram esse uso, ou seja, estaria inadequado à norma culta do português. Entretanto, a língua falada adotou esse uso há muito tempo. Em 1928, Carlos Drummond de Andrade recebeu críticas de linguistas ao publicar o poema “No meio do caminho”, onde “tinha uma pedra” (não “havia uma pedra” (não “havia” nem “existia”, mostrando que já se falava assim naquela época.
   Então, por que a gramática não aceita? É que esse processo, de passar da fala à regra, costuma ser bastante lento. Normalmente, para que uma palavra surgida na língua falada passe a fazer parte dos dicionários, são necessários vários anos, ou até mesmo décadas. Isso também vale para quando uma palavra já existente adquire um novo significado, como no caso do verbo “ter”. 
   Podemos dizer que esse processo está em pleno andamento, já que há muitos professores de português que não veem problema em dizer que “não tem problema nesse uso do verbo”. Mas, também há os mais tradicionais , que lembram que “não há essa opção nos dicionários”.
   Portanto, a resposta é ter bom senso e estar atento a cada situação. Na fala cotidiana, pode continuar dizendo que “tem”, “há” ou “existe” alguma coisa, como preferir, pois isso não será considerado um grande problema. Vale notar que é um uso já generalizado em situações informais ou semiformais, sendo muito comum na literatura, em telenovelas, transmissões esportivas, etc. 
   Por outro lado, em situações mais formais como no ambiente profissional ou acadêmico, ou que exijam especificamente a norma culta, como redações de vestibulares e concursos, é preferível deixar o “ter” de lado e optar pelo “haver” ou “existir”, para evitar problemas. 
Se ainda restou alguma dúvida, mande um e-mail. 
   Até a próxima terça! (FLAVIANO LOPES – DE PORTUGUÊS E ESPANHOL. *Encaminhe as suas dúvidas e sugestões para bemdito14@gamail.com página 5, caderno FOLHA 2, coluna BEM DITO, terça-feira, 23 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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