quinta-feira, 31 de julho de 2014

CORRUPÇÃO: NOTÍCIA BOA OU RUIM?


   Na frente de uma banca de jornal um homem para, observa, e diz: só tem notícia ruim! E qual era a manchete principal? “Polícia Federal desbarata mais uma quadrilha que sugava os cofres públicos”. Não raro, políticos no exercício do poder também costumam reprovar noticiário desse porte, sob a alegação de que a imprensa não acentua os fatos positivos. Ora, saber que a corrupção envolve vários órgãos públicos é notícia ruim. É decepcionante. Desencanta a população. Mas cada vez que nossos órgãos de fiscalização  e repressão descobrem e desbaratam os sugadores dos cofres público é notícia boa. É positivo.
     Pior é saber que a corrupção existe e não é descoberta por inércia ou, mais grave, sequer é investigada por eventual subserviência ideológica da autoridade. Isso vale, evidentemente, não só contra os crimes contra a administração pública. Vale para todas as frentes. Descobrir e desmontar uma quadrilha de traficantes  é notícia boa. Saber que há pessoas corroídas pelas drogas e outras tantas que morrem por ações oriundas da ética perversa desse submundo é notícia ruim.
     Ter ciência genérica que alguns agentes públicos, políticos ou não, renegam os valores morais e usam seu cargo como balcão para negócios espúrios é notícia ruim. Descobrir seus vilões e desmascará-los é notícia boa.
     A reflexão positiva que emana do contexto noticiado é que os órgãos encarregados da fiscalização e repressão estão agindo de forma republicana. É sempre um alento que nos anima e nos fortalece na incessante luta por uma sociedade melhor e mais justa. Concomitantemente,  a veiculação dessas notícias sinaliza no  sentido de que a imprensa está cumprindo razoavelmente sua função social, qual seja a de ser instrumento de o aperfeiçoamento humano através da informação. Por óbvio, não há que se referendar  notícias infundadas, falaciosas, distantes da verdade e despidas de interesse público
     A  imprensa, sobretudo a imprensa investigativa, deve seguir o ideário máximo que norteia sua atuação , qual seja o da liberdade de expressão, mas com responsabilidade ética. Assim, aliando-se aos órgãos de fiscalização e de repressão, mas com responsabilidade ética.  Assim, aliando-se aos órgãos de fiscalização e de repressão, o resultado será altamente  benéfico para o aprimoramento civilizatório.
     Com espírito crítico, exercendo na maior amplitude possível a cidadania voluntariosa, ativa, haveremos todos de aplaudir as atuações republicanas das polícias Federal, Estadual, do Ministério Público, do Judiciário e dos demais órgãos de controle. Se as instituições encarregadas da fiscalização e repressão deixarem de atuar de forma imparcial, transparente e a imprensa submeter-se a interesses sectários, manipulando ou omitindo=se nas informações de interesse público, instalar-se-á na sociedade um sentimento de desconfiança, de descrédito, e de conseqüência propiciará terreno fértil para a instabilidade social.

Escrita por ANTÕNIO WINKERT SOUSA. Publicado no JORNAL DE LONDRINA, domingo, 27 de Julho de 2014.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

DO CÉU AO INFERNO EM 90 MINUTOS


     Na tarde de 7 de Julho de 2014, com muita tristeza e humilhação vi a seleção brasileira de futebol ser goleada por sete a um pela seleção alemã, naquele que seria o melhor mundial de todos os tempos. Um pouco mais atento, após o impacto do acontecido, pensei em nossos jogadores que passaram de heróis a vilões em espaço de tempo de uma partida de futebol (90 minutos).
     Comecei então a refletir e a investigar o porquê do acontecido. Descobri que a Alemanha quando foi  o país sede do Mundial em 2002 e perdeu a final para o Brasil por dois a zero, decidiu investir no futebol. Para isso a federação germânica instituiu futebol nas escolas, com crianças de 5 a 8 anos, incentivando a participação da torcida (pais e amigos). Criou um programa de “busca aos talentos” onde educadores pré-selecionam os adolescentes com mais aptidão. Dos 8 aos 15 anos esses pré-selecionados passam a frequentar um dos 366  centros de apoio a formação  disseminados pelo país, sob a supervisão de 1.300 técnicos de futebol formados. Há 30 veículos circulando periodicamente entre os centros, com “olheiros”  que selecionam os jovens (dos 15 aos 18 anos) para campeonatos sub-20, para os centros de excelência em preparação tática, técnica e disciplina. Após os 18 anos vão sendo profissionalizados.
     A coroação desse projeto é que hoje o futebol arrasta naquele país a média de 40 mil espectadores por partida nos campeonatos nacionais (mais público no mundo, somente o futebol americano no EUA. A copa européia de futebol foi decidida entre dois times alemães, o Borussia Dortmund e o Bayern München.
     Pior do que o resultado da seleção brasileira no gramado foi expor ao mundo a queda de um viaduto em Belo Horizonte (MG), mostrando que nossos engenheiros são mal formados ( incapazes de projetar uma ponte) ou que nossos construtores se utilizam de material mais barato, inadequado e desviaram  verbal para interesse próprio. É saber que a população alemã é de 87 milhões de habitantes e conta com 102 prêmios Nobel. No Brasil somos 200 milhões de habitantes sem nenhum agraciado  com esta premiação.
     Eu não me compadeço daquelas crianças chorando no estádio(que na certa pagaram mais de um salário mínimo para ver o jogo e por isso sei que podem desfrutar de escolas e hospitais particulares), mas sim daquelas crianças que n ao têm ao menos banco para se sentar nas escolas. Brasileirinhos sem saúde e sem recursos para obtê-la.  Sentimento  tenho pelos professores (heróis verdadeiros) que sem condições e sem formação adequada fazem o que podem, mesmo sabendo que não haverá chances para seus alunos emergentes de um ensino tão precário em um mundo tão competitivo como o atual.
     Não se faz um país grande manipulando resultados de balança comercial, da inflação e das pesquisas. “Não pergunte o que a nação pode fazer por você e sim o que você pode fazer pela nação”. (John F. Kennedy)

Escrito por LUIZ CARLOS BAZZO, médico geriatra, publicado pelo JORNAL DE LONDRINA, sexta-feira, 25 de Julho de 2014

domingo, 27 de julho de 2014

VEM PARA O PPP


     Voltamos em instantes depois do horário gratuito eleitoral, fala o apresentador do telejornal, e ela então lembra de contar ao marido:  - Ah, amor, entrei no PPP.
     O marido cochilava, grunhe, “tudo bem”, aí aparece na telinha o presidente do PPP e ela bate palminhas: - O Pipo, olha o Pipo!
     O marido acorda, esfrega os olhos: como é que ela conhece esse sujeito? Ela fala sem desviar os olhos da tevê: - Ora, amor, acabei de contar: entrei no PPP e o Pipo é o presidente!
     O marido chacoalha a cabeça, será possível?
     - Você entrou num partido político sem me avisar?
     - Ué – ela continua olhando para o Pipo – Você entra em time de futebol, torcida organizada, bolão, excursão de pesca, tudo sem me avisar!
     Mas um partido político, ele se coça, um partido político é... é...
     - É um partido político, ué – diz ela distante – onde a gente discute como melhorar o país! E o Pipo tem idéias ótimas!
     Ele fica olhando o engravatado Pipo encerrar seu  discurso dizendo “vem para o PPP”, aí pergunta que diabo é PPP.
     - Partido Popular Progressista, claro.
     - Mas porque você foi escolher esse partido?¹
     - Pelo nome,  tão simpático, né, popular e progressista! E o número é uma graça, 789, a mais alta  sequência  numérica antes do zero, conforme o Pipo!
     - Pipo é o nome dele?
     - Não, o nome não lembro, Pipo é o apelido, mas todas nós chamamos ele de Pipo!
     - Todas nós ?!
     - É, a ala feminina do partido. Fui eleita secretária, aliás onde é que deixei o livro de atas?
     Ela começa a procurar pelas gavetas, ele fica olhando abobalhado a tevê, até pular de susto:
     - É você ali, você!
     Ela fala na telinha, também encerrando com o convite “vem para o PPP”, e ele desaba atordoado na poltrona, enquanto ela dá pulinhos de alegria.
     - Fui pro ar, fui pro ar! Ah, que glória! Disseram que ia gravar meu discursinho só pra arquivar e...Ah, é coisa do Pipo! O Pipo é demais!
    Ele pergunta o que é que esse Pipo faz da vida,  mas antes dela responder toca  o telefone,  ela atende e volta a pular.
     - Pipo! Acabei de ver, ah, ficou lindo!
     - Ele vê, como num pesadelo, sua mulher com lágrimas nos olhos ouvindo ao telefone o tal Pipo, até que ela desliga e comunica aos móveis: - O Pipo diz que eu tenho muito futuro na política!
    Então ele resolve crescer diante dela:  - Pois eu pro-i-bo  você de fazer política!
     Ela lhe lança um olhar de solene desprezo.  –Bem que o Pipo avisou, os “maridos de vocês não vão gostar, mas a nação é maior que a família “ Se você não gostar, meu querido, fica com a casa, eu com a carreira política!
     Ele fica boquiaberto tanto tempo que ela tem dó: - “Ah, não fica assim.. .Não tenha medo de ser feliz. Vem pro PPP você também.     ) Publicado no JORNAL DE LONDRINA, domingo, 27 de julho de 2014. Texto de DOMINGOS PELLEGRINI    d.pellegrini@sercomtel.com.br

sábado, 12 de julho de 2014

O FEIJÃO E O SONHO


1, Pedro disse que o Brasil perdeu porque os brasileiros não comeram feijão e ficaram fraquinhos. Ele tem apenas 4 anos e não se abalou muito com a derrota para a Alemanha. Só chorou uma vez – e desconfio que  era por fome.  Logo comeu pizza e tudo ficou bem.
2. Alguns diriam que Pedro ainda é pequeno para ter a dimensão da derrota. Mas, no fundo, a razão está com ele. Futebol não passa de uma diversão. É um sonho coletivo que o País  compartilha de vez em quando. Minha preocupação maior agora é o feijão, não o sonho.
3. Contudo, o que dizer às crianças um pouco maiores que o Pedro, às quais foi prometido um hexacampeão e acabou sendo entregue um Íbis? Vários amigos meus tiveram dificuldades em consolar os filhos, que choravam amargamente com as goleadas  de terça-feira.  A esses órfãos da seleção, resta dizer – nós erramos.
4.  Eu pensei que nada superaria as dores de 1950 e 1982. Mas desta vez foi pior. Naqueles dias, o Brasil perdeu lutando até o fim; agora veio a humilhação. Tivemos um adversário incontestavelmente mais forte, além de magnânimo e civilizado. A Alemanha pode até perder a Copa, mas ganhou o respeito do mundo ao mostrar uma combinação de ética e eficiência  a anos –luz da nossa realidade.
5. O pior dessas derrotas – Maracanã, Sarriá, Mineirão – é que elas  ficam para sempre; não há revanche possível, porque os cenários nunca poderão ser reproduzidos nas mesmas  circunstâncias.
6. Humilhação, humildade, húmus e homem são palavras com a mesma origem. O gosto da terra simboliza a condição humana.
7. Aquele 5 de Julho de 1982 foi o dia em que mais chorei na vida. Na tragédia do Sarriá, meus pais e avós estavam ali para me consolar. Agora, quando a Alemanha fez o quinto gol, confesso, quase chorei. Mas parece que seu Briguet,  ex -  juiz de futebol, estava ali para dizer: “ é só um jogo,  filho ”. Paulo, Aracy, Seu Briguet e  Vó Maria foram embora. Meu dever agora é consolar, não ser consolado.    ( Texto do escritor PAULO BRIGUET, briguet@jornaldelondrina no espaço DIA DA CRÕNICA, sexta-feira 11 de julho de 2014 )

quinta-feira, 3 de julho de 2014

IGUALDADE, LIBERDADE E FRATERNIDADE


     O conhecimento que possui sobre a Revolução Francesa salvou a vida de um professor de História, semana passada, em São Paulo. Confundido com um homem que acabara de assaltar um bar, André Luiz Ribeiro, 27 anos, foi acorrentado e espancado por uma multidão. O dono do estabelecimento é apontado como um dos agressores. A violência só parou quando uma equipe do Corpo de Bombeiros que passava pelo local interferiu e um dos bombeiros pediu que a vítima comprovasse que era professor falando sobre a Revolução Francesa. Machucado e humilhado, Ribeiro deu uma aula, no meio da rua, sobre o movimento que explodiu no final do século 18, na época em que a França era governada por uma monarquia absolutista.  
     O professor de uma escola pública paulista falou para os seus carrascos e para os bombeiros sobre o cenário de insatisfação que tomou conta do país governado pelo rei Luís 16, lembrou que a Corte era abastecida com privilégios e festas enquanto parte da população passava fome. Explicou, ainda, os ideais iluministas de igualdade, liberdade e fraternidade. Ideais que não foram considerados no momento em que o rapaz acabou detido e ficou preso por dois dias, mesmo sem provas de participação no assalto. A única  acusação veio do dono do bar, que o teria reconhecido.
   Ribeiro contou que os agressores não quiseram ouvi-lo e ignoraram os pedidos de socorro. Casos como esse, infelizmente, começam a se multiplicar no Brasil, com relatos de pessoas tentando fazer justiça com as próprias mãos e, na maioria das vezes, isso acaba muito mal. Basta lembrar o  caso da dona de casa do litoral paulista que foi confundida com uma seqüestradora  de crianças e acabou morta por uma multidão ensandecida.  

       Essas ocorrências demonstram a falta de confiança da população para com os aparelhos do Estado  responsáveis pela segurança pública. Mas nada justifica uma volta à barbárie. Independentemente se comprovado o envolvimento do professor com o assalto, os agressores têm que responder à  Justiça por tentativa de homicídio. A humanidade evoluiu e não aceita mais julgamentos do tipo “dente por dente, olho por olho”. Quanto aos bombeiros, embora eles tenham evitado um linchamento, será difícil convencer de que não foi deboche o pedido para  que o professor ferido desse uma aula sobre a Revolução Francesa.    ( Extraído do jornal FOLHA DE LONDRINA, COM PUBLICAÇÃO NO ESPAÇO OPINIÃO, opinião@folhadelondrina.com.br, quinta-feira, 3 de julho de 2014 ).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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