quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

PETS CONQUISTAM ESPAÇOS EXCLUSIVOS NOS CONDOMÍNIOS

No empreendimento o pet place foi planejado ao lado do bosque preservado para que os bichinhos mantenham contado com a natureza e tenham mais liberdade para aproveitar o momento de passeio

   Áreas planejadas para o bem-estar dos bichos de estimação são a nova tendência no mercado imobiliário do País 
   Quem nunca deu um like ou sorriu sozinho com aquela foto fofa de um cachorro ou do gatinho nas redes sociais? Milhares de imagens são compartilhadas pelas pessoas dos seus pets em situações inusitadas na rotina familiar. Mas nada disso é à toa. As redes sociais refletem uma tendência mundial – e o Brasil tem uma das maiores populações de bichos de estimação no mundo. Por isso os bichanos saíram das áreas externas, ganharam o interior das casas e apartamentos e a posição de membros da família. 
   Por isso, e pensando no bem-estar dos pets, cada vez mais os condomínios verticais são planejados com áreas exclusivas para eles deitarem e rolarem - literalmente. Antenada com as mudanças no comportamento do seu público, a Thá desenvolveu o Duet Mercês, com um pet place planejado ao lado do bosque preservado para que os bichinhos mantenham o contato com a natureza e tenham mais liberdade para aproveitar. “Queríamos algo que fosse um verdadeiro espaço de relaxamento e diversão para todos. Por isso optamos por criar uma ampla área ao lado do bosque preservado. Pensamos em criar oportunidades de momentos especiais de convívio em família e os pets já fazem parte dela”, explica Marcelo Thá, diretor de incorporação da construtora. 
   Os espaços exclusivos, segundo do diretor, também são pensados na convivência em comunidade. “É natural que crianças e adultos tenham receio do contato com os pets e isso pode gerar algum tipo de conflito. Ao espaços exclusivos contribuem também para a melhoria da convivência nos condomínios.”
   Outro fator importante citado por ele é a questão da segurança. “Com um espaço planejado para o bem-estar do pet dentro do condomínio, o morador pode passear com ele sem deixar a segurança do edifício. Para quem tem filhos é a oportunidade de fortalecer a convivência entre as crianças e os pequenos animais”, completa. 
                                  VIDA EM FAMÍLIA
   Para compreender a importância dos animais nas vidas das pessoas, o SPS (Serviço de Proteção ao Crédito) e a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) realizaram uma pesquisa com internautas para entender o relacionamento entre os tutores e esses pets. Entre os números divulgados, um em especial chamou a atenção: 61% dos tutores que moram nas capitais consideram seus pets como membro da família). 
   A pesquisa aponta ainda que os responsáveis pelos bichos de estimação não veem seus animais como uma fonte de gastos ou como mais uma responsabilidade no cotidiano: apenas 8% dos entrevistados associam seus bichos de estimação a gastos financeiros e somente 2% acreditam que os pets são sinônimos de problemas ou dores de cabeça. 
   O Brasil conta com uma das maiores populações de animais de estimação – que vão bem além de cães e gatos. A última pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indica que há cerca de 132 milhões de animais de estimação no País, sendo mais dd 52 milhões de cães, 38 milhões de aves, 22 milhões de felinos e 18 milhões de peixes. 
                                    NO COTIDIANO DOS HUMANOS
   A pesquisa do SPC e da CNDL aponta também que 62% dos entrevistados sentem falta de espaços que permitam a permanência dos pets juntos aos humanos. Mas a tendência é que outros espaços também integrem os animais no cotidiano. Restaurantes, shops e lojas em vários cantos do País já permitem a circulação e permanência dos bichanos. Mas o tutor que pretende sair de casa para um passeio com o seu pet nesses espaços precisa adotar alguns cuidados, como levar água, saquinho “cata-caca”, guia, coleira e, em casos exigidos por lei, focinheira.(FONTE: REPORTAGEM LOCAL, Caderno CLASSIFICADOS FOLHA Imobiliária e Serviços, 0800-4007011 www.folhaclassificados.com.br, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, 23 e 24 de fevereiro de 2019).

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

"A ARTE NUNCA SAI DE VOCÊ'

Frutuoso :  "O importante é viver pela arte e não viver dela"

Frutuoso, um artista norte-paranaense e autodidata muito conhecido em décadas passadas, continua a produzir obras com estilo marcante 
   “Frutuoso”. Quem viveu em Londrina nas décadas de 1980 e 1990 conhece ou já ouviu falar desse nome na área cultural. Hoje, aos 81 anos, José Maria Frutuoso (sobrenome de família, artista plástico e visual , continua a se reinventar na arte, ainda que seu trabalho não seja exposto ao público com tanta frequência. “A arte nunca sai de você”, conta ele, em recente vista da FOLHA em sua residência, onde ele mantém seu ateliê mais com mais de 1.5 mil desenhos e 100 telas de uma vida. Lá, é possível ver sua evolução e conhecer um pouco do perfil e estilo, que perpassa pelo que ele considera expressionista, mas também carrega muitas características do primitivismo, ainda que, assim, não o defina. Independentemente de rótulos, o que impressiona é saber de sua história de vida que começa com a trajetória autodidata ao convívio com artistas. 
   Ainda na infância, Frutuoso começou a esboçar os primeiros traços com a famosa caneta Bic. “Na escola, gostava de desenhar no caderno. Também deixava desenhos na lousa entre uma aula e outra”, lembra. O talento chamava a atenção dos colegas e professor, no entanto, não recebeu ensino formal de arte, o estímulo vinha da vontade pessoal em encontrar uma linguagem própria e criar imagens. “Tudo o que eu fazia – e ainda faço – era muito intuitivo. Observava as paisagens, as pessoas e colocava do meu jeito no papel. Nunca fui de copiar, uso a essência do que vejo como referência”. Não demorou muito e conheceu o artista local Agenor Evangelista, com quem realizou diversas parcerias, e que, tão logo, e apresentou ao gravurista Paulo Menten, que tornou-se nada menos, que seu conselheiro e amigo. Um marco decisivo na vida do autodidata. 
   Na  época, era um jovem cheio de expectativas, porém, sem conhecimento acadêmico. Paulo Menten já era o renomado artista visual que havia escolhido Londrina para morar e trabalhar. “Auxiliava quando os alunos iam até o ateliê e, em troca, ele me deixava ficar lá criando desenhos e pintando algumas telas enquanto ele criava. Era uma oportunidade de observar a forma de ele produzir, como manuseava os materiais e ter contato com um universo que eu não conhecia. Apesar de ser um mestre respeitado da gravura, era muito acessível e gostava de contar histórias,” Entre um trabalho e outro, Mentem dava orientações de livros – de sua imensa biblioteca pessoal – para que Frutuoso aprimorasse seus talentos. “Uma vez ele olhou meu trabalho e disse “Você já tem seu estilo e linguagem, isso é o que mais importa. Se você for estudar com alguém, vão tirar sua identidade e moldá-lo.” Mentem chegou a comparar seu traços com os de artista como Jacques Villon, Leger e Clovis Graciano, com os quais Frutuoso nunca tinha tido contato. 

                                LINGUAGEM PRÓPRIA 

   E lá se foram mais de dez anos de convivência quase diária. Com essa direção do professor da vida, inclusive, o jovem artista passou a eleger alguns temas e tipos de traços que destacassem a plasticidade de sua expressão. Entre eles, a figura humana, em especial a feminina, a paisagem rural, os pássaros, um de cada vez ou todos ao mesmo tempo. “Mas nunca fixei uma temática; minha inspiração é a vida”, resume. Nesta época, como havia desenvolvido sua própria técnica de utilização de materiais, como a tinta acrílica para tecido e, posteriormente, a tinta nanquim, manteve-se nesta linha, Porém, sempre com estilo próprio de cortes fortes e contrastantes. “No começo, eu usava os recursos que tinha em mãos, até mesmo por desconhecer materiais específicos para desenho e tela. Já com o Paulo, tive aproximação com outros materiais e solventes. Até me arrisquei a fazer algumas gravuras, mas não era meu forte”, conta o artista. 
    Ali, era, definitivamente, o começo de uma trajetória em ascensão que lhe rendeu muita produção, trabalhos comerciais e publicitários. Mas teve muito mais. O encontro com sua própria essência e o contato com artistas da época fez, justamente, que Frutuoso tivesse prestígio e participasse de diversas galerias, salões e exposições em Londrina e fora da cidade. “Havia muitos espaços alternativos e eventos que fomentavam a produção por aqui. Ao mesmo tempo, um pensamento cultural que valorizava as artes desenvolvidas.” Apesar da grande dedicação às telas e desenhos, mesmo em tempos áureos, nunca deixou de exercer uma profissão paralela. “Infelizmente, a arte não é vista como trabalho por muitas pessoas e isso dificulta viver dela. Mas, hoje, o que importa para mim é a vontade de continuar a produzir, independentemente dela ser exposta ou adquirida por alguém. O importante é viver pela arte e não viver dela”, diz ele, que, atualmente trabalha numa marcenaria e como segurança de um estabelecimento comercial. Mesmo antes, dividia o tempo com atividades como office-boy, auxiliar de prótese dentária e na construção civil. 
                                   DESAFIOS

   Sua última “aparição” foi com três telas na última edição da exposição Mestre Zumbi dos Palmares, no ano passado. Antes, em 2017, teve uma pequena exposição no Museu de Arte de Londrina. “Hoje em dia eu só produzo conforme minha vontade e não mais para currículo. Se alguém quiser conhecer meus trabalhos, minha casa está de portas abertas.” Enquanto trabalha nos dois empregos, aproveita o tempo livre para descobrir novas artes e técnicas, como pintar em grandes tubos de bobina de plástico. “É um desafio aprender a pintar em outras superfícies, neste caso, arredondada. Também comecei a desenhar em outras dimensões de papel, no formato retangular. Qualquer elemento diferente é sempre uma descoberta de novos caminhos. Para mim, a arte não é só uma finalidade, mas o meio, o sentido da existência. (FONTE: MARIAN TRIGUEIROS – Reportagem Local, Caderno Folha 2, 16 e 17 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

MONJOLO OU RODA D'ÁGUA?


   Embora acostumado ao verão de Londrina, não foi fácil suportar as altas temperaturas dos últimos meses. Dizem que foi o janeiro mais quente dos últimos quarenta anos e por onde andei, só ouvi gente reclamando da falta de chuva, procurando ambientes com ar-condicionado. 
   É sempre assim: quando faz calor ficamos perguntando quando é que vai começar o inverno e quando chega o frio ficamos lembrando como são bons os dias de verão. Ainda existem aqueles que afirmam que o ano deveria ser sempre primavera, enquanto outros alegam que, devido ao aquecimento global, não há mais distinção entre as estações. 
   Estava pensando nessas coisas e nas dificuldades que a população enfrenta quando ocorre falta de água, tendo sido interrompido pela chamada telefônica do amigo José Matias convocando para ajudar na instalação de um monjolo em sua propriedade rural localizada no distrito de Maravilha, à margem do rio Tibagi. Durante a conversa ele contou que após há vários meses havia conseguido autorização para usar a madeira de uma árvore derrubada por um temporal. Adiantou que estava quase tudo ajeitado, pois já tinha feito as peças necessárias: eixo, pilão, cuba e soquete, precisando de ajuda apenas para montar a engrenagem. 
   Conforme combinado, naquele sábado saí de casa bem cedo para fugir do calor e aproveitar o dia. Quando cheguei ao lugar eram sete e meia da manhã e não encontrei o Zé Matias, pois ele tinha ido até o sítio vizinho buscar mais gente para ajudar na empreitada. Enquanto isso, fiquei andando pelo sítio de onde se tem uma vista espetacular do rio,, com seus remansos, ilhas e corredeiras. Curioso para saber das melhorias que o Zé Matias disse que tinha feito no sítio, fui ver a mina d’água que brota atrás do bambuzal, ciente de que o sujeito que tem uma nascente de água potável dentro da propriedade é dono de um privilégio, é um abençoado. 
   Fiquei impressionado pelo capricho que o Zé Matias dedicou à proteção da nascente, contribuindo para tornar ainda mais belo aquilo que a natureza criou. Ele aproveitou o declive do terreno e construiu uma canaleta para favorecer o deslocamento da água e fazer girar uma roda d’água vinte metros abaixo da nascente. E o mesmo volume de água que roda foi direcionado por meio de outra canalização, mais extensa, para o local onde seria instalado o monjolo. Não sei mensurar quanto tempo fiquei por ali aproveitando o frescor da mata e admirando a roda d’água e só soltei à realidade quando ouvi as vozes do pessoal que o Zé tinha ido buscar. 
   Com o mutirão feito pela vizinhança, em torno do meio dia o serviço estava pronto e dava gosto de ouvir o barulho da água movimentando a engenhoca. Era engraçado observar a alegria daquelas pessoas a contemplar um maquinário tão rudimentar em funcionamento. Devia ser a lembrança de outros tempos e lugares, quando os moinhos faziam parte da paisagem rural. Ainda interessado no assunto, foi prazeroso verificar que a água movimenta a roda e o monjolo, segue em direção ao córrego dos jabutis que passa na divisa do sítio e desagua no Tibagi. Tudo ecologicamente correto. 
   Naquela noite dormi no sítio e pela manhã, enquanto tomava café com a família do Matias, agradeci por ter ajudado a preservar o que eu chamei de “patrimônio cultural da roça”. Mas assim como existem pessoas que apreciam um dia de calor e outras que gostam do frio, estou dividido entre o monjolo e a roda d’água. Fico horas matutando e não consigo definir qual é o mais bonito. (FONTE: Crônica escrita por GERSON ANTONIO MELATTI, leitor da FOLHA, página 2, coluna DEDO DE PROSA, caderno FOLHA RURAL, 23 e 24 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

CARRIINHO DE ROLIMÃ



   Eu tinha onze anos, meus pais viviam separados e eu vinha passar as férias com o pai na casa dos nonos na Rua Pará. A calçada era nova, lisinha, perfeita para os carrinhos de rolimã de muitos guris que passei a invejar. 
   Estava na varanda com o nonno e o tio Orlando Martinelli, quando passou um carrinho, corri para apreciar do portão. Tio Orlando tinha uma oficina em casa e falou que ia fazer um carrinho para mim, nem acreditei, mas ele voltou com um carrinho melhor do que qualquer outro do mundo, pois era meu. Com aquele carrinho passei a descer pela calçada primeiro com o coração aos pulos, de medo, depois bombando alegria, outros meninos olhando com inveja. O meu carrinho era o melhor da rua!
   Entretanto descobri que o carrinho voava até a esquina lá embaixo mas, depois, era preciso arrastar de volta à esquina lá em cima. Primeiro vento nos cabelos, depois suor na testa. Dua sua varanda nonno percebeu minhas duas caras, a de alegria na descida e a de desgosto na subida, e sentenciou:
   - Tudo que é bom dá trabalho. 
   Foi a primeira lição do meu carrinho de rolimã. Agora, vendo meu neto Caetano passar aqui em casa os finais de semana, os vizinhos Eurides e Pedro Gordam oferecem carrinho feito para netos agora já crescidos, e me revejo no neto pilotando, com alegria nos olhos. Moramos em condomínio agora, com nossa chácara reduzida agora a chacrinha mas com ruas sem tráfego nem perigos, então posso ficar em casa tranquilo enquanto ele voa pelas pistas da imaginação. Quando volta para casa, suando felicidade, digo que Ayrton Senna começou com kart, quem sabe ele seja o primeiro piloto campeão do mundo a começar com carrinho de rolimã, mas ele retifica, não quer ser piloto, só quer que eu leve o carrinho de carro, até o ponto mais alto da rua.
   Repito então a sentença do nonno, tudo que é bom dá trabalho. Ele porém não se prostra, inventa de convida menino vizinho para levarem juntos o carrinho até lá o alto, depois descem os dois juntos, ouço seus gritos de alegria. É uma nova lição do carrinho de rolimã:
   -Trabalho bem dividido soma alegria. 
   Mas lembro que menino eu descia cada vez mais rápido a pista da calçada, até a esquina onde era preciso brecar com os calcanhares freando a arrastar no cimento , os congas ficavam ralados. Passei então a frear pouco, entrando cada vez mais rápido na curva lá na esquina – até que tombei rolando para a rua. 
   Não passava carro algum, naquele tempo em que as ruas ainda eram de paralelepípedos e o trânsito não tinha a pressa de hoje, mas numa próxima vez eu poderia ser atropelado, então alguém alertou o nonno, que novamente sentenciou:
   - Mais devagar dá mais tempo pra tudo.
   Continuei porém fazendo as rolimãs fazerem faíscas na curva, até defrontar com uma senhora levando sacola de feira, tendo de desviar tão rápido que uma das rolimãs se soltou. Tio Orlando prometeu consertar mas, quando voltei para novas férias um ano depois, já tinha crescido tanto que não cabia mais no meu carrinho. Tentei, mas já não tinha graça, embora outros meninos menores olhassem com inveja 
   Eu já tinha então, sempre me esperando, uma paixão que levaria para toda a vida, a leitura. Daí fui deixando o carrinho num canto, até o nonno pergunta porque: enjoei, respondi. Então – ele perguntou – não será hora de dar pra outros o que você ganhou? Fui para a rua e dei o carrinho, voltei me sentindo maior. Cada menino que passava no carrinho me acenava, eu acenava de volta como gente-grande. 
   Agora pergunto a Caetano se ele já sabe a quem dará seu carrinho, ele pergunta porque dar. 
   - Porque você vai crescer por fora e por dentro. (FONTE: Crônica escrita pelo jornalista e escritor DOMINGOS PELLEGRINI, d.pellegrini@sercomtel.com.br página 3, caderno FOLHA 2, coluna AOS DOMINGOS PELLEGRINI, 23 e 24 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

CARTA AOS URUBUS


   Quando mudei para o centro de Londrina vocês eram dois. Pelo menos os via em par sobrevoando a peroba-rosa cravada no meio do Bosque. Ali imagino que fizeram ninhos ou têm tem o local como ponto de repouso, depois de gastar o combustível invisível em voos incríveis que, inspiraram os homens a criar a asa-delta.
   Observo como vocês são sábios ao pegar caronas de vento que os fazem planar de um jeito que provoca até inveja, já que sou humana, incapaz de tanta leveza e, quando muito, consigo andar em casa sem fazer barulho. 
   Vejo quando planam nas manhãs de céu azul e os gatos lá de casa ficam boquiabertos, soltando miados como quem quer caçar, quem sabe voar, mas desistem porque nunca alcançarão o infinito. Vejo que brincam de roda, parecendo crianças numa ciranda, e acho que ensinam troques uns aos outros, furando as nuvens ou voando mais alto e mais baixo, conforme o vento permite. Os senhores urubus, embora feios, têm um sentido incrível de liberdade, caso contrário não experimentariam correntes de ar, em dias de sol ou chuva, às vezes debochando dos trovões que, para sua audição perfeita, devem soar como orquestra. 
   Ali pela hora do almoço quase não vejo vocês. Devem comer alguma refeição que não ouso descrever por causa dos leitores de estômagos sensíveis. Mas vejo nos textos científicos que os urubus pertencem à ordem dos Cathartiformes e eu são responsáveis pela limpeza de 95% das carcaças que encontram nas cidades e nas zonas rurais. Trata-se de um serviço muito sério, já que sem vocês teríamos que tolerar um mau cheiro muito grande e também teríamos diante dos olhos aquilo que vocês veem lá de cima e vêm recolher com a limpeza dos faxineiros prestativos. Portanto, muito obrigada, senhores urubus, pela limpeza diária pela qual vocês nunca foram pagos, embora mereçam uma taxa de limpeza pública na forma de comidas frescas, que não são exatamente seu cardápio. 
   Voltando à narrativa dos píncaros dos prédios no entorno do Bosque, testemunho que vocês desaparecem na hora do almoço, talvez se alimentando, talvez fazendo a ‘siesta’ nas árvores, sumindo entre as folhas ou camuflados como se fossem um galho. Já os vi dançando ao vento como se ouvissem uma valsa, pendurados sem se perturbar com a altitude. Para os senhores, 15 ou 20 metros acima o chão não significam nada. Acho que se perturbam mais se tiverem que descer ao asfalto e observar como vivem mal a espécie humana, com seus carros barulhentos freando como quem freia a raiva no último segundo.
   Quando me mudei para o centro, sempre vi os senhores em par, mas com o passar do tempo sua família cresceu e hoje vejo no mínimo seis ou sete brincando de roda. Sem contar que no prédio dos Correios acontece sempre uma assembleia de urubus ali pelas 18 horas, uma reunião em família para que contem os feitos do dia. “Devorei um rato”!” “Consegui umas pernas de galinha!” ou “Tinha um banquete incrível na lixeira!”.
   Nos Correios, sua família de urubus pousa em fila em cima do edifício, sempre há dois ou três apertando-se em meios às palavras “Correios e Telégrafos”, escritas em concreto, que servem de bancos de anedotas para suas conversas. Ali, já vi alguns dos senhores rindo enquanto balançam os papos e acredito que gostem de mensagens, mais que isso, costumam ser mensageiros, ainda que dou mau agouro. 
   Suponho que nem todos vejam vocês, embora estejam sempre nos mesmos lugares: da copa das árvores ou voos no céu, dos galhos mais baixos ao prédio dos Correios de onde, depois, desparecem para dormir num ponto bem mais alto que as pombas. 
   Chego à conclusão que as pessoas não reparam nos senhores porque vivem de olhos baixos, resolvendo problemas do cotidiano, e não têm tempo de ver a poesia numa família de urubus que só sabe voar, comer e enviar mensagens mudas num WhatsApp improvisado no alto dos prédios. 
   Mas é neste ponto que os vejo mais próximos da vizinhança humana e lhes dou bom dia e boa noite, pensando quais serão seus sonhos e como conseguem reunir a filharada num horário em que todas as famílias humanas assistem à televisão, enquanto as crianças se distraem com jogos eletrônicos. Diante disso, penso na fraternidade dos urubus ao longo dos séculos e me despeço agradecendo sua presença num centro urbano tumultuado, onde vocês praticam a limpeza como quem pratica a caridade. Muito obrigado pelo seu trabalho honesto e me desculpem pelo atraso do “pagamento” por dias mais limpos e voos mais longos pelo imaginário que me oferecem sem pedir nada em troca. Deus proteja os urubus! (FONTE: Crõnica escrita pela jornalista CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com caderno FOLHA 2, página 2, coluna CÉLIA MUSILLI, 23 e 24 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

domingo, 24 de fevereiro de 2019

LONDRINENSES LANÇAM APLICATIVO CONTRA DESPERDÍCIO DE COMIDA

[icioOs sócios Rafel Moreno e Raphael Koyama tentam reduzir o desperdício de alimentos em estabelecimentos de Londrina por meio de aplicativo que criaram´

MIE FRANCINE CHIBA – Reportagem Local, Folha Economia, página 7, publicação 23 e 24/2²2019, jornal FOLHA DE LONDRINA

   ECOFOOD conecta consumidores a refeições de qualidade em restaurantes que têm excedente de comida: objetivo é evitar que o alimento vá parar no lixo antes de cumprir seu papel 
   Quantas refeições você seria capaz de salvar do desperdício por mês? Por ano? Dois engenheiros civis de Londrina, cujas famílias atuam no ramo alimentício, tiveram uma ideia para reduzir esse problema. Raphael Koyma e Rafael Moreno desenvolveram um aplicativo que ajuda os estabelecimentos a venderem refeições que deixariam de ser consumidas e poderiam parar no lixo, o ECOFOOD. Por meio do app - disponível para Android e iOS – o consumidor adquire um voucher, que deve ser apresentado ao buscar a refeição no restaurante. Ao fazê-lo , ele estará adquirindo uma refeição a um preço mais acessível, e salvando uma porção de comida de qualidade do desperdício. 
   Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), no mundo, 1,3 bilhão de toneladas de alimento é desperdiçada ou se perde ao longo das cadeias produtivas de alimentos ao ano. Isso representa 30% de toda a comida produzida no mundo atualmente. Muito desse desperdício está nos buffets dos restaurantes, nas bancas dos hortifrútis ou nas vitrines de padarias e confeitarias, por exemplo. Todos os dias, esses tipos de estabelecimentos têm a difícil tarefa de oferecer qu9antidade e variedade de alimentos ao consumidor, correndo o risco de terminarem o dia com excedente de comida. 
   A família de Koyama é dona dos restaurantes Matsuri. Ele conta que o desperdício ficou mais evidente quando a família inaugurou o Matsuri Garden, que trabalha com buffet self-service. “Self service é um local que você tem que manter o buffet bonito. Mas qualquer lugar que você passar aqui em Londrina, no final do expediente, no último horário, vê que acaba sobrando um pouco de comida”, comenta o engenheiro. 
   Quando não é servido a funcionários e donos dos restaurantes, o alimento geralmente vai para o lixo. Então, por que não oferecer esse excedente aos consumidores, antes que ele tome esse destino? As refeições geralmente são entregues aos consumidores no final do expediente dos restaurantes – no final do almoço ou no final da janta em média com preços 50% mais baixos. “Não é nada diferente do que a pessoa consome no estabelecimento”, ressalta Koyama. “Aquele produto que está no ECOFOOD é o produto que seria oferecido naturalmente até o final do horário comercial, mas que, com o fim do expediente, tende a ficar na prateleira, na gôndola, no buffet”, continua. “A questão é que, depois das 13h30, os restaurantes já não têm mais um grande fluxo de pessoas. O que ele não vendeu ali, não vende mais e infelizmente é desperdiçado”, acrescenta Rafael Moreno. 
   A oferta de vouchers no aplicativo varia de acordo com o excedente que o estabelecimento possui no dia. E não é preciso ser um grande desperdiçador para usar a ferramenta, afirmam os sócios. “Até porque a gente, como um app que quer reduzir o desperdício, quer que o parceiro tenha essa consciência”, esclarece Koyama. Ele cita o caso de uma empresa de comida fit que oferece apenas dois vouchers de bolo aos sábados para que o produto não fique na vitrine até o estabelecimento reabrir na segunda-feira. “O que não vendem no sábado, até meio dia, ela (a dona), disponibiliza para as pessoas comerem porque o estabelecimento fecha no sábado e não vende na segunda o produto que ficou parado b fim da semana. FERRAMENTA BUSCA CONSCIENTIZAÇÃO 
   Casas de assados, churrascarias, frutarias, hotéis, padarias, pizzarias rodízio, restaurantes são exemplos de estabelecimentos que poderiam se beneficiar do aplicativo, diz Raphael Koyana, co-fundador da ECOFOOD. Hoje, já são cerca de 30 cadastrados. Com a ferramenta, os fundadores também esperam conscientizar os consumidores para o desperdício de comida e mostrar que cada um pode fazer sua parte no dia a dia. 
   Em seu perfil, o usuário pode ter ideia do quanto contribuiu para evitar o desperdício de comida no planeta através do número de refeições que já salvou, volume de comida que evitou de ser jogada no lixo e quantidade de gás carbônico que deixou de emitir ao comprar alimentos pelo aplicativo. “A gente quer que as pessoas passem a ter vivo nelas o sentimento de que conseguem contribuir com pouca coisa, mas que é muito nobre. Ela passa a enxergar que uma pequena ação no dia a dia faz uma grande diferença”, comenta Koyama. 
   “Hoje (quinta-feira)a gente está lançando o aplicativo em Londrina. Mas imagina esse aplicativo para milhões de pessoas no Brasil inteiro? Cada um salvando uma refeição que seria jogada fora. Isso tem representatividade”, conclui Rafael Moreno, co-fundador. (M.E.C). 
                    ‘NÃO PODE DEIXAR DE FALTAR, NEM SOBRAR’
   Depois que a cozinha de Lourenço encerra o buffet do almoço, por volta das 14h, os funcionário comem e então o local é aberto para receber os portadores de vouchers do ECOFOOD. Nos primeiros dias foram oferecidos dois ou três. As marmitas são bem servidas, diz a sócia Rose Silva Freitas – com cerca de 600 g de ravióli, maminha, feijão, arroz, birô birô, por exemplo – e são vendidas a R$12,50. Para evitar o desperdício, o restaurante trabalha com um coach que orienta o estabelecimento em relação às melhores práticas. Mas mesmo assim, nem sempre é possível evitar o excedente. “Fazemos em média 60 kg de comida e costumamos receber mais de 200 pessoas. Mas, feriado, por exemplo, não tem jeito. Pode ser que a pessoa viaje e, quando se trabalha com self-service não pode deixar faltar, nem sobrar, porque é o meu lucro que está ali”, comenta a sócia.
   No primeiro dia, o Pastel Mel disponibilizou no aplicativo cinco vouchers de marmitex médias , com cerca de 500g de comida do buffet a R$12, valor cerca de 40% mais barato que a marmitex executiva vendida normalmente no estabelecimento. Rose Furunchi, diretora geral do restaurante, afirma que o estabelecimento já estava fazendo estudos para evitar o desperdício de alimento do buffet. “Queira ou não, a gente tinha dificuldade de manter pouco alimento no final no buffet. As pessoas chegam querem qualidade e variedade. Por isso a gente tem que repor até determinado horário e não tem movimento suficiente para acabar com toda a comida. Deixamos para os funcionários no período da noite jantarem e ainda assim acabamos jogando muita coisa fora.” O aplicativo foi uma solução encontrada para o problema. A ideia, porém, é oferecer a menor quantidade possível de vouchers no aplicativo. “Quanto menos disponibilizar, melhor, porque quer dizer que não tem muRita comida sobrando. (M.E.C) FONTE: MIE FRANCINE CHIBA – Reportagem Local, Folha Economia, página 7, 23 e 24 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

O TEATRO PERDE UMA LUZ

Bibi Ferreira, que faleceu nesta quarta´feira(13), aos 96 anos, estreou no palco com 24 dias de vida; a carreira quase centenária nunca lhe tirou o entusiamo de principiante

   Pelos dados oficiais Bibi Ferreira tinha 77 anos de carreira. Mas a atriz e diretora, que morreu aos 96 anos de idade, nesta quarta-feira (13), estava no teatro havia muito mais tempo. Sua estreia ocorreu ainda aos 24 dias de vida – quando foi levada à cena para substituir uma boneca que havia sumido – e ela, desde então, esteve sob os holofotes. Dizia adorar as luzes. E, fosse cantando, fosse representando, havia sempre um próximo espetáculo nos planos de Bibi. 
   A carreira praticamente centenária, não lhe tirou, contudo, o nervosismo de iniciante. “Sabe que eu ainda sinto uma angústia naqueles instantes antes de entrar em cena? Aquele lugar, depois que você sai do camarim, e ainda não está no palco. Aquele caminho... É ali que eu sinto um terror”, ela relatou em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, quando completou 90 anos. 
   Falar com Bibi era estar diante do teatro brasileiro e de suas pequenas grandes revoluções. Filha de Procópio Ferreira (1898-1979), ela carrega do pai o amor pela cena e o pendor para o sucesso – a família vivia da bilheteria de seus espetáculos e não podia se dar ao luxo de um fracasso. Mas, curiosamente, foi Bibi uma das primeiras a suplantar o modelo de atuação que Procópio representava. Considerado o maior artista de seu tempo, ele reinava soberano quando as cortinas se abriam. Em cena, fazia o que bem queria, ajustava os textos ao seu talento, relegava todos os outros ao lugar de coadjuvantes. Tratava-se de um tempo em que o diretor não passava de mero ensaiador e todo o público estava interessado, unicamente, em ver o primeiro ator brilhar.
   Bibi era filha da tradição (do teatro de comédia e do teatro de revista, onde trabalhava sua mãe), porém representante da modernidade. Nos anos 1940, tudo começava a mudar. O Teatro Brasileiro de Comédia chegava com novas ideias; o ator precisava decorar os seus diálogos, haveria um enredo que decidiria a concepção das montagens, sofisticava-se o repertório. A jovem Bibi se alinhava a essa corrente. À sua presença arrebatadora, acrescia uma técnica para os padrões da época. Ainda menina, integrou o Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e, em 1946, foi estudar na Royal Academy of Dramatic Arts de Londres. Ao voltar, surpreender a crítica com sua primeira direção em “Divórcio” (1947) e fez ainda mais sucesso com a encenação de “A Herdeira” de Henry James (1952). 
   Na sala do apartamento onde morava, no Rio, a atriz guardava um retrato emoldurado do pai. Mas não creditava apenas a ele as lições aprendidas. Era descendente de cantores líricos. “Meus avós se conhecer no coro do Teatro Solis, de Montividéu”, contava. “E minha avó, filha deles, já acordava cantando áreas de óperas. Cantava o dia inteiro”. Bibi também cantava o tempo todo. E cantava sem perceber. Parecia que cada lembrança de sua vida era acompanhada por uma canção, que ela desfiava a melodia como se fosse parte da história a ser contada.
   Foi no teatro musicado, aliás, que Bibi deixou sua maior contribuição. Será lembrada por suas grandes atuações no gênero, como em “My Fair Lady, (1964) e em “O Homem de La Mancha” (1972) – ambos com Paulo Autran. Outra parceria profícua na carreira ela estabeleceu com seu quarto e último marido, Paulo Pontes. Dele, dirigiu o musical “Brasileiro, Profissão e Esperança”, obra de imenso sucesso, e protagonizou “Gota D’Água” (1975). A peça escrita por Pontes e Chico Buarque deu à atriz a oportunidade de viver uma personagem de coloração trágica. Talvez Joana tenha sido sua mais memorável interpretação – ninguém nunca superou sua versão para aquelas canções e ela ainda sabia, 40 anos depois, seus diálogos de cor.
   Bibi dizia que o segreo para a saúde era a vida regrada. Não fumava, não bebia. “Não que eu seja contra”, ela justificava. Mas seus vícios eram outros. Um par de sapatos sempre muito altos – para compensar a baixa estatura -, batom sempre vermelho, um copo de Coca Cola, que ela ia tomando devagarinho enquanto conversava, e o trabalho. A grande atriz não pensava em parar. Ela ainda precisava voltar a viver Piaf, tornar a cantar Frank Sinatra, viajar pelo mundo. Estar sempre e mais uma vez no palco. (FONTE: MARIA EUGÊNIA DE MENEZES – Agência Estado, caderno FOLHA 2, quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019, Milton Fukuda/Estadão Conteúdo, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

MARINGÁ, MARINGÁ


   Crônica escrita por ESTELA MARIA FREDERICO FERREIRA, caderno FOLHA RURAL, coluna Dedo de Prosa, página 2, publicação jornal FOLHA DE LONDRINA, 9 e 10 de fevereiro de 2019 
   “Foi numa leva que a cabocla Maringá ficou sendo a retirante que mais dava o que fala...” Eu sempre ouvira mamãe cantando essa linda canção de Joubert de Carvalho. Pensava que Maringá era um nome masculino, nem sei como cabia nessa música, ainda mais como “a retirante” (o que é isso?), além de não fazer nenhuma ligação com o nome da cidade. Até que, no final da década de 1960, minha irmã mais velha se casou e foi morar em Maringá. Apesar de ter chorado rios com a separação, uma grande novidade veio com essa mudança: poder conhecer e passear na cidade grande!
   Ela e o marido se estabeleceram na rua Luiz de Camões, numa casa simples, mas num lugar bonito, em frente ao Centro Português, um clube bem movimentado. Lembro-me de como fiquei deslumbrada com a cidade! Avenidas espaçosas e arborizadas, toda asfaltada, um comércio diferente e moderno, lojas de calçados e roupas, hospitais, praças, o Horto Florestal, onde íamos passear aos domingos. Ah, sem falar na Catedra Nossa Senhora da Glória! Estava em construção e nós gostávamos de subir as escadas até cansar e voltar, apaixonadíssimos pela obra de arte que estava sendo moldada. 
   Passeávamos a pé pela vizinhança, a princípio um pouco temerosos, mas felzes, por conhecer, pela primeira vez, uma cidade grande, poder contar aos amigos, com orgulho, que estivemos em Maringá, ou que tínhamos parentes lá. Passeando pela rua 15 de Novembro, com suas lindas palmeiras, íamos a pé ao cinema, à igreja, às compras, caminhando tranquilamente, e voltávamos realizados para a pequena casa onde havia – pasmem – uma televisão! E luz elétrica, chuveiro elétrico, água encanada, enceradeira, máquina de lavar, essas modernidades às quais não estávamos acostumados. Tornou-se, então, uma maravilha viajar para Maringá. Mas como nada nessa vida é perfeito, havia um problema, um pequeno detalhe: uma única linha de ônibus vinha de Presidente Prudente com destino a Maringá, passando pela nossa cidadezinha. E quando chovia, dá para imaginar a situação: se estava indo, não ia, se estava voltando, também não!... o ônibus, da empresa Andorinha fica atolado na estrada de terra e era cada aventura (ou desventura)! Todos os passageiros desciam, não havia banheiro a bordo, às vezes ficvava horas parado e os passageiros “apertados”, com fome, com vontade de chegar! Outras vezes a chuva durava dias e a sorte era desistir da viagem, conseguindo alguma carona como caminhão, trator ou jipe, e se conformar! Mas isso também era outra história para ser contada em casa, dando boas risadas. 
   O mais importante mesmo era conhecer Maringá, assistir, pela varanda, as festas do Centro Português, ir ao Centro Comercial fazer compras e passear pelas lindas avenidas maringaenses, na época, uma das cidades grandes mais lindas que conheci! Cogitei até a possibilidade de estudar lá, no Colégio Gastão Vidigal, morando na casa de minha irmã, mas minha mãe mudou de ideia e não deixou. 
   Ainda hoje lembro com saudades daqueles idas e vindas a Maringá e guardo com muito carinho as lembranças das pessoas queridas que viveram e algumas ainda vivem na minha história e que adotaram, para morar, a Cidade Canção. Pela janela do tempo, por muitas vezes, desfilam na memória doces acordes, ora alegres, ora tristes, de um tempo tão marcante da minha vida e da minha família vividos em Maringá. Principalmente quando escuto a canção que virou nome de cidade, Cidade Canção...
   “Maringá, Maringá, para haver felicidade, é preciso que a saudade vá batê noutro lugá...” (FONTE: Crônica escrita por ESTELA MARIA FREDERICO FERREIRA, leitora da FOLHA, página 2, caderno FOLHA RURAL, 9 e 10 de fevereiro de 2019, coluna DEDO DE PROSA, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

ARQUITETURA NEOCLÁSSICA



   Imponência e sofisticação são as principais marcas desse estilo de construção, que é rico em detalhes e desenvolvido a partir do uso de materiais nobres 

   Inspirar-se no passado para projetar uma casa no presente. Esta foi a missão das arquitetas Juliana Nery e Aline Ferioli ao receberem o pedido de um casal que se encantou com a arquitetura neoclássica em uma viagem ao exterior. A dupla de profissionais aceitou o desafio e foi buscar inspiração e conhecimento na bibliografia, sites e materiais sobre plásticos, templos e construções greco-romanas. Foram três anos para erguer a residência, localizada em um condomínio em Cambé, e tirar o sonho da família do papel. Juliana Nery explica que a arquitetura neoclássica valoriza a monumentalidade. No projeto foram utilizadas colunas, frontões, balaústras, cúpulas. Para isso, foi necessário contratar mão de obra especializada, além de usar equipamentos como guindastes, escadas e andaimes muito altos. Simetria, proporcionalidade dos espaços e do eixo horizontal também caracterizam a construção, que é divida em três blocos, o principal, onde ficam os aposentos íntimos e área social espaço gourmet; e as garagens. 
   No centro fica uma piscina, também construída no estilo neoclássico, com formas geométricas. “A família queria uma casa monumental e, ao mesmo tempo, aconchegante”, conta. Um dos destaques da área interna é a escada, presente no hall de entrada. Aline Ferioli diz que ela é revestida em mármore importado e possui corrimão em ferro fundido com adornos em dourado. “O uso de materiais nobres é uma característica muito marcante da arquitetura neoclássica”, afirma. Um teto principal abriga um lustre de 3 metros de altura e 2,20 metros de diâmetro, com 146 lâmpadas. Os tons neutros escolhidos para os ambientes ajudam a ressaltar a imponência do mármore, que também está presente no lavabo e banheiro da suíte máster. A decoração combina os estilos neoclássico, bastante luxuoso e contemporâneo, com o uso de mobiliário em linhas retas. “A mistura oferece uma mistura perfeita”, garante. (FONTE: AMANDA DE SANTA | ESPECIAL PARA A FOLHA. Assista ao programa completo da MultiTV usando o aplicativo capaz de ler QR Code e posicionando no Código ao lado
   Publicação do caderno Classificados Folha Imobiliária e Serviço, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, 2 e 3 de fevereiro de 2019; 


UM EDIFÍCIO EM PEÇAS DE ENCAIXE

As peças pré-moldadas são encaixadas e solidarizadas com aço e concreto de altíssima resistência permitindo mais velocidade à construção, menos funcionários na obra, menos exposição a riscos

Reportagem Local, de CÉLIA GUERRA, publicação pelo caderno CLASSIFICADOS do jornal FOLHA DE LONDRINA, 2 e 3 de fevereiro de 2019
   Empreendimento corporativo de oito andares que está sendo erguido na Gleba Palhano é todo composto em estrutura e painéis pré-moldados
   Desde 2018, nova obra chama a atenção de quem passa pela avenida Ayrton Senna, na Gleba Palhano, em Londrina. Especialmente pela imensa grua que movimenta as peças pré-moldadas, considerada a maior já utilizada na cidade, com capacidade de carregar até 9,5 toneladas. O empreendimento, que nos últimos dias começou a ganhar forma, será um edifício corporativo de oito andares, mais térreo e três subsolos de garagem que totalizam 80 vagas. O sistema construtivo é inédito na cidade. “São peças de um Lego”, ilustra o imobiliarista Raul Fulgêncio. Responsável por reunir o grupo de oito investidores da edificação. 
   A obra é executa pela CGE Engenharia e, como explica o engenheiro civil e proprietário da empresa, Gerson Guariente, o prédio será todo erguido em estrutura pré-moldada. “São realmente peças que se encaixam e que permitem mais velocidade à construção, menos funcionários na obra, menos exposição a riscos.” Quando o empreendimento foi pensado a ideia era utilizar um sistema misto construtivo, parte no modelo tradicional e parte em sistema pré-moldado. “Tínhamos a experiência de um hotel que construímos em Maringá e planejamos repetir.”
   Porém, quando apresentamos a proposta à empresa de Pré-moldados Rotesma, sediada em Chapecó (SC), mas que possui uma unidade em Marialva (Noroeste), veio a surpresa: erguer o edifício totalmente em peças de concreto pré-fabricadas. “Surgiram as dúvidas da engenharia, então fomos conhecer obras de edifícios em execução. Só em Toledo, estão sendo construídos quatro ou cinco nesse modelo”, conta Guariente. 
   O engenheiro não revelou a estimativa de custo da obra, mas garantiu que não apresenta diferenças significativas em relação ao de construções convencionais. O ganho está no adiantamento do prazo final em cerca de seis meses – o prédio deve ser entregue em setembro, totalizando 18 meses de construção. “Uma obra desse porte levaria no mínimo dois anos. Vemos o lado dos investidores que terão o empreendimento mais cedo para o mercado.”
   A tecnologia do concreto pré-moldado, continua ele, permite a montagem de lajes com vãos inteiros, com menos pilares, menos vigas, lajes mais resistentes com menos espessura. Diante das explicações bate aquela dúvida, aquela insegurança: se as peças soltas são montadas “como um Lego”, o que garante a resistência desses encaixes? “São solidarizadas, são soldadas com aço e concreto de altíssima resistência” esclarece Guariente, complementando que há peças onde usa-se apenas o concreto, outras o aço e outras os dois produtos são necessários. “O nível de exigência de segurança que a empresa tem e leva isso a seus funcionários – que são os responsáveis pela montagem – é muito rigoroso. Não sobra medo algum “, garante. 
   Entre as vantagens, Guariente lista ainda o controle mais preciso de custos. “Hoje, temos o custo fechado, medidas impecáveis e uma qualidade de obra que não se consegue produzir no método convencional.” Além de ser uma obra mais limpa. “Não tivemos de nos preocupar com madeiramento, pregos e todos os outros entulhos necessários para montar uma laje”, por exemplo.”
   Para não se dizer que não se usou nada da construção convencional as fundações e contenções de divisas foram feitas de forma tradicional. Tijolos também não entrarão no fechamento das paredes. 
   “Elas são compostas de painéis de concreto que fazem a fachada do prédio. O restante será vidro e revestimento em alumínio”, explica. “A modelagem é bem diferente, não terá gente para reboco, só para acabamento de pintura.”
   Outra novidade está no acabamento de fiação e tomadas. A tecnologia de rodapés que está sendo utilizada traz espaços para esses materiais garantindo visual limpo às salas. Na divisão das paredes o material usado será o drywall, o gesso acartonado. Cada andar tem 350 metros quadrados e caberá ao proprietário de cada piso definir os espaços. 
                                 INOVAÇÃO 
   Sem esconder a satisfação com a obra, Guariente ressalta que, como parte de um grupo de estudos voltado ao planejamento estratégico de governança e inovação da construção civil de Londrina e região era quase que obrigatória. O grupo busca estimular e acolher a inovação na construção civil para inserir as empresas de Londrina e região na quarta revolução industrial, onde a tecnologia otimiza processos e impulsiona negócios. Ele foi presidente e integra a diretoria do Sinduscom (Sindicato da Indústria da Construção Civil) do Norte do Paraná. (FONTE: CÉLIA GUERRA – Reportagem Local, caderno CLASSIFICADOS FOLHA IMOBILIÁRIA E SERVÇOS , 0800-4007011 www.classificados.com.br publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, 2 3 de fevereiro de 2019. 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

A CULTURA DA FARTURA E O DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS


Editorial do jornal FOLHA DE LONDRINA, 11/2/2019, página 2, coluna OPINIÃO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA 
   Não é novidade que o brasileiro é perdulário com a compra e aproveitamento de alimentos. Mas agora surge um novo retrato do desperdício na cozinha do País. Segundo a pesquisa do projeto Diálogos Setoriais União Europeia-Brasil, da Embrapa, realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), o brasileiro joga fora mais de 40 kg de comida por ano. Apesar de todas as mudanças comportamentais que o mundo vem passando, por aqui ainda impera a cultura ultrapassada do “antes sobrar do que faltar”. É a chamada valorização da abundância levando para o lixo uma grande riqueza. 
   A classe social não determina onde está o desperdício, conforme mostra o estudo. De uma maneira geral, o esbanjamento de comida está tanto nas mesas dos ricos quanto dos pobres. 
   A FGV e a Embrapa quiseram entender as principais causas do desperdício, considerando as sobras de alimentos em pratos, panelas ou armazenados na geladeira. Mais da metade (53%) dos entrevistados disse que cozinha quantidades acima do necessário. 
   Os pesquisadores descobriram também que a dupla arroz e feijão vem em primeiro lugar, representando aproximadamente 36% do volume de alimentos que vão para o lixo. Na sequência aparecem as carnes (bovina e frangos) com 35%. 
   Segundo o estudo, as famílias erram desde o momento de ir ao supermercado. Não fazem lista e compram por impulso – muitas vezes o que já tem em casa. 
   Na União Europeia, o desperdício de alimentos chega a 88 milhões de toneladas por ano. O tema tem chamado tanta atenção que foi incorporado à Agenda 2030 pelo ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável), da Organização das Nações Unidas, colocando como meta diminuir a quantidade de comida que é jogada fora. Lembrando que o problema não afeta só o bolso da população, mas também o meio ambiente. É preciso considerar que a produção de alimentos utiliza recursos naturais essenciais, como a água e contribui para aumentar o efeito estufa. (FONTE: EDITORIAL DO JORNAL FOLHA DE LONDRINA, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019, página 2, coluna Opinião).

REEDUCAÇÃO ALIMENTAR: UMA MUDANÇA CULTURAL QUE COMEÇA NA INFÂNCIA


Texto escrito por ANA PAULA WOLF TASCA DEL’ARCO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, 11/2/2019, coluna ESPAÇO ABERTO, página 2 
   A saúde pública clama por ações que reduzam o avanço da epidemia da obesidade hoje vivenciada no Brasil. Ações que devem ser implementadas em todas as camadas da sociedade, desde a criação de políticas públicas focadas na reeducação alimentar das crianças e da população adulta, passando pelos acordos intersetoriais para a redução do teor de açúcar dos alimentos, chegando até à mesa dos consumidores, que devem se reeducar e não utilizar o “açúcar de mesa” de maneira indiscriminada.
   O consumo de açúcar está associado com a incidência de obesidade e de doenças crônicas não transmissíveis. No entanto, mais correto seria dizer que o consumo excessivo de açúcar está associado com diversos malefícios à saúde. Atualmente, a saúde da população está sendo impactada negativamente pelo consumo excessivo observado desde a infância. 
   O açúcar por si só não é vilão. O “açúcar de mesa” ou a sacarose é um carboidrato que fornece energia para o organismo, com apenas 4 calorias por grama. Assim como a frutose, que é o açúcar das frutas, e a lactose, que é o açúcar do leite, a sacarose é o açúcar que naturalmente ocorre na cana de açúcar e após sua extração e concentração é apresentada como um pó granulado branco. Dentro desse contexto, temos a frutose e a lactose ocorrendo naturalmente nas frutas e no leite, respectivamente, fornecendo o paladar doce a esses alimentos conforme a natureza determinou. Com a sacarose temos um cenário diferente: como foi extraída e concentrada a partir da cana de açúcar, a sacarose passa a ser o “açúcar de adição” ou o “açúcar de mesa”, utilizado de acordo com o paladar de quem está consumindo. Ou seja, o consumidor tem o poder de adoçar o café, o suco, as preparações culinárias de acordo com o seu paladar. E este pode se tornar um problema. 
   Por outro lado, o açúcar, o doce e o paladar doce fazem parte da alimentação, da cultura e da memória afetiva das pessoas. Essas memórias afetivas têm início na amamentação, quando o leite materno é o primeiro alimento consumido e tem paladar doce, assim como a maioria dos alimentos encontrados na natureza, como frutas, tubérculos e hortaliças. Desde cedo, as papilas gustativas do ser humano estão aptas ao paladar doce, sendo os demais aprimorados com o tempo. As memórias afetivas do paladar doce não se encerram com o fim da amamentação, estão presentes durante toda a vida. 
   Sendo assim, dentro de um hábito alimentar balanceado e equilibrado o açúcar, uma vez vilão, pode se tornar herói, quando uma memória afetiva é acionada por conta do paladar doce, trazendo conforto emocional, mediado por hormônios. 
   A redução nos testes de açúcar dos alimentos industrializados, por exemplo, não devem afetar drasticamente o paladar dos produtos, criando barreira ou recusa no consumo. A reeducação do paladar passar por um processo de adaptação, e as reduções nos teores de açúcar devem ser paulatinas, já que é pouco efetivo reduzir o teor de açúcar de um iogurte se em casa o consumidor pode adicionar o quanto quiser.
   Portanto, é necessário reeducar o paladar dos brasileiros para que a redução no consumo de açúcar seja de fato eficaz dentro do contexto de ações para o enfrentamento da obesidade. (FONTE: Texto escrito por ANA PAULA WOLF TASCA DEL’ARCO, nutricionista, pesquisadora e Mestre em Ciência dos Alimentos pela Unesp,  página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019). * Os artigos devem conter os dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail; opinião@folhadelondrina.com.br

POBREZA E EDUCAÇÃO

Crônica de JOSÉ PIO MARTINS, economista e reitor da Universidade Positivo, publicada pelo jornal FOLHA DE LONDRINA, 4/2/2019, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO 
   O Brasil ainda é um país pobre. Pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) publicado pela ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil está na posição 79 entre 171 países. Dividindo a produção nacional pela população, o produto por habitante equivale a um quinto do que é nos Estados Unidos. A explicação sobre por que um país se desenvolve e outros se mantém no atraso e na pobreza, ainda que em condições naturais parecidas, não é simples nem é fácil. Um desafio da ciência econômica tem sido formular uma teoria que consiga explicar as bases e as leis do desenvolvimento econômico. 
   Até a Revolução Industrial (1750-1830), a sobrevivência humana era retirada da terra e dos recursos naturais, e as obras do pensamento explicavam a produção de riqueza basicamente a partir da contribuição da natureza. Até então, não havia crescimento do produto por habitante, todo crescimento advinha do crescimento da população. Após o surgimento do motor a vapor, do trem de ferro e das máquinas industriais, os estudiosos começar a examinar a contribuição dos bens de capital na produção e na produtividade-hora de trabalho. 
   A segunda revolução industrial moderna (1879-1900) nos deu o motor a combustão interna, a indústria do petróleo e a eletricidade, fez a produtividade explodir e gerou o assombroso crescimento econômico dos países que adotaram as novas tecnologias e o novo modo de produção. Foi por volta da metade do século 19 que surgiu o conceito de subdesenvolvimento, para identificar as nações que miravam o novo padrão de consumo, não conseguiam assimilar o novo modo de produção e tinham padrão de bem-estar aquém do alcançado pelas nações adiantadas. 
   Com o prosseguimento do programa de da ciência e da tecnologia a partir dos anos 1900, o processo produtivo começou a demandar trabalhadores mais qualificados, e foi necessário aumentar a abrangência da educação básica e do treinamento profissional. Nos anos 1960, foram aprofundados os estudos sobre a contribuição da educação para o aumento da produtividade e para o crescimento econômico. Foi quando se descobriu que o fator educação passou a contribuir para a produtividade do que os recursos naturais.
   De lá para cá, todos os países que se desenvolveram e desfrutam de elevado padrão de vida, investiram pesadamente na educação básica, em primeiro lugar e na educação profissional superior, na sequência. Quando eu era estudando do curso de Ciências Econômicas, ouvi discursos de professores que, embora eu fosse inexperiente, me pareciam muito estranhos. Eles diziam que a universidade não devia educar para o mercado, pois isso seria mercantilizar a educação, mas sim formar cidadãos críticos e reflexivos.
   Eu, que tinha o objetivo de adquirir uma profissão e me qualificar para progredir na carreira e no salário, certo dia confrontei um professor que demonizava o mercado, dizendo-lhe: O mercado nada mais é do que o encontro de alguém com uma necessidade com alguém que tem uma solução; de um homem com fome com outro que produz feijão; de uma pessoa com inflamação no corpo com outro que sabe curar. Ora, se meu curso não me habilitar a ser bom profissional ele não me serve frente à minha maior carência: fugir da pobreza.
   Atualmente, a superação da pobreza depende de elevado nível de educação básica, boa formação profissional obtida em curso superior ou técnico, além da atualização constante diante da evolução da ciência e da tecnologia. Isso vale para o indivíduo e vale para a nação. Apesar das dificuldades na elaboração de uma teoria completa sobre as causas do desenvolvimento, o mundo já conhece os fatores essenciais do progresso material e do bem-estar que dele decorre.
   A educação não é o único fator a determinar o desenvolvimento, mas o principal. Há outros fatores, como os naturais os sociais, os políticos e o sistema econômico. É claro também que a educação tem o papel de educar o indivíduo para a cidadania, que é a maneira como nos relacionamos com a natureza, o meio ambiente, os semelhantes e a sociedade, mas o papel inicial e essencial da educação, especialmente a superior, é prover o estudante de uma profissão par ser bem-sucedido em mundo complexo e de mudança constante. (FONTE: Crônica de JOSÉ PIO MARTINS, economista e reitor da Universidade Positivo, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). *Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. Email: opinião@folhadelondrina.com.br

domingo, 10 de fevereiro de 2019

AS REVOLUÇÕES DA HUMANIDADE


Crônica escrita por WALMOR MACCARINI, jornalista, publicaçao  2Q/01!2019 pelo jornal FOLHA DE LONDRINA, coluna ESPAÇO ABERTO, página 2 
   Nunca se falou tanto em homossexualismo como nestes tempos, e embora a maioria no Brasil – com base no que se ouve – ainda não aceite com naturalidade a relação de pessoas do mesmo sexo,, criou-se já um consenso de que é prudente não opinar publicamente a respeito. Esse tipo de relação existe desde o alvorecer da humanidade. No caso dos humanos (porque a homossexualidade também existe entre certos animais), lê-se da literatura sobre temas transcendentes que alguém que foi homem em sucessivas vidas anteriores, e que na existência atual nasça mulher, guarda na memória celular esse sentimento e tende a continuar com atração pela mulher. O mesmo se dá com quem viveu tantas vidas como mulher, portanto com atração pelo homem, mas renascendo homem aguarda a afeição antiga. Faz sentido. E não só com as relações afetivas, mas também com outras tendências e pendores. 
   Há quem aprecie dois homens se esmurrando nos ringues, mas se escandaliza se eles se beijam. Não sou tão vanguardista e ainda não me libertei plenamente de um certo preconceito, mas passei a compreender melhor essas relações depois do que li dos escritos citados. E, divagando sobre o tema, lembro-me que quando da celebração do aniversário de criação da República Democrática Alemã (a comunista) o líder soviético Leonid Brejnev beijou na boca, diante das autoridades presentes, o líder alemão Erich Honecker. Dez anos depois, outro chefe de Estado russo, Mickhail Gorbachev, repetiu o gesto, ao selar-se a queda do Muro de Berlim, beijando também na boca o mesmo Honecker. Porque na União Soviética o beijo fraternal entre os homens era um costume normal, e penso que ainda é. (Deixo aqui o registro de que algum tempo antes visitei a Alemanha, e por minha condição de jornalista, fui autorizado a transpor o muro e visitar o outro lado. E viria a entender a insensatez a existência daquele paredão de 150 quilômetros, a mesma reação que sinto agora com o propósito idêntico do presidente Donald Trump e construir um muro na divisa com o México. Tempo da intervenção militar no Brasil, essa visita ao setor comunista quase me custou a cadeia, no retorno). 
   A revolução cultural (ou contracultural) de 1968 e que gerou uma profunda mudança estética nas artes e nos costume, em todo o mundo, foi um fenômeno que abriu portas de libertação dos comportamentos humanos e que se reflete até os nossos dias. Eu visitava Chicago nesse ano e fui assistir ao festival de Woodstock, que se realizava no extenso Ravinia Park. Vi ali cem mil jovens acampados, com shows de bandas estridentes e os casais, inclusive adolescentes, entrando com sleep-bags para dormirem juntos. Aquele era um brado de liberdade da juventude norte-americana, como nunca ocorrera antes, e que se irradiaria em todos os países, Brasil incluído. Os pais não puderam conter essa onda avassaladora. 
   Enquanto isso, em São Francisco, berço da beatmnia, os hippies desfilavam pela extensa rua Haigs com seus trajes extravagantes, e os tabloides dirigidos a essa comunidade publicavam anúncios com propostas de encontros íntimos detalhando gostos e atributos pessoais. Eu também estava lá, e perguntei a meu guia se aquilo era permitido, e a resposta foi que a nação americana – inda hoje a mais democrática do mundo – preferia liberar essas licenciosidades do que ferir o princípio das liberdades individuais. Desde então vivenciei cens semelhantes.embora mais comportadas, em certos pontos da cidade de Tóquio e na Europa. O sexo livre, inclusive no Brasil, passou a ser permitido, e as casas de meretrício faliram. (FONTE: Crônica escrita por WALMOR MACCARINI, jornalista, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, segunda-feira. 28 de janeiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). * Os textos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opiniao@folhadelondrina.com.br       

           

CRIANÇAS E ADOLESCENTES TÊM ATIVIDADES GRATUITAS


Sesc Centro oferece oficinas, laboratório de literatura e sessões de cinema durante todo o mês de fevereiro; inscrições devem ser feitas antecipadamente 
   O público infanto-juvenil tem diversão garantida. Oficinas, lançamento de livros, debates, encontros literários e laboratório de escrita fazem parte da programação oferecida pelo Sesc Londrina Centro para esta temporada. Todas as atividades são gratuitas e dependem da inscrição prévia que pode ser feita pelos telefones (43) 3305-7824 ou 3305-7800.
   Até o final de fevereiro serão realizadas contação de histórias todas as segundas, terças e quartas-feiras, das 14 horas às 15 horas. E às quintas e sextas-feiras, das 18 horas às 19 horas. A atividade é indicada para crianças com idade entre 5 a 10 anos. 
   A programação começa nesta sexta-feira (1º) quando das 14 às 15 horas, acontece a Oficina de Minilivros. Crianças dd 8 a 12 anos terão a oportunidade de criar seus próprios livros de dobradura, que servirão para anotações de desenhos. No dia 8 de fevereiro, das 14 horas às 15 horas será realizada a Oficina de Origami. Os participantes com idade acima de 12 anos aprenderão a fazer o famoso pássaro Tsuru, um dos mais conhecidos da técnica japonesa. 
   No dia 15, o destaque será a Oficina de Porta-Lápis. Os inscritos nesta atividade com idade acima de 12 anos poderão fazer e personalizar esse organizador tão necessários para os momentos de estudo. No mesmo dia, das 19 às 22 horas, o professor e poeta londrinense Eduardo Baccarin comanda a Oficina Literária. Ele falará das estratégias narrativas e técnicas para destravar a escrita, proporcionando reflexões sobre processos criativos e de construção de uma boa história. A oficina marcará o pré-lançamento de seu primeiro romance “O Solitário do 406”, premiado no concurso nacional da editora Leia Livros. 
   As produções cinematográficas também ganharam espaço, às terças-feiras, das 19 às 20h30. No dia 5, crianças e adolescentes de 8 a 15 anos poderão participar do Cine Kids, com sessões de cineminhas nas quais poderão falar sobre as narrativas de que mais gostam de ver e rever. No dia 12, participantes com idade acima de 15 anos poderão se inscrever no “Curta Essa Roteiro” e assistir e trocar ideias sobre roteiros e filmagens dos melhores curtas-metragens. No dia 19, é a vez do “BiblioCine”: momentos para os participantes na faixa etária acima de 15 anos conhecerem e debaterem sobre obras literárias adaptadas para o cinema.
   A literatura estará presente no IV Encontro de Escrita Feminina. Dirigido a participantes com idade acima d 15 anos, o evento que acontecerá no dia 18, das 19 horas às 21 horas, o evento contará com um bate-papo sobre a autoria feminina atravessando outras artes literárias, como textos para teatro e cinema. Nos dias 13, 21 e 28, das 15 horas às 16 horas, será realizado o Bibliolab –Monitoria de Produção de Texto. Durante esta atividade, participantes com idade acima de 12 anos poderão exercitar a produção textual. Bem como tirar suas dúvidas a respeito da língua portuguesa. 
   Também estão agendados lançamentos dos livros “Sem Travas na Língua”, de Isabela Nicastro (dia 7); “Prisão dos Dias: A Poética da Angústia”, de Wilson Moreira (dia 13); “A Aspereza da Loucura” de Luigi Ricciardi (dia 22). Os lançamentos têm classificação livre e         acontecem às 19 horas.
   SERVIÇO
PROGRAMAÇÃO DE FÉRIAS DO SESC CENTRO
Quando: de 1º a 28 de Fevereiro 
Onde: Biblioteca do Sesc Centro (Rua Fernando de Noronha, 264, 1º andar. 
Gratuito - As inscrições podem ser feitas pelos fones (43) 3305-7800 / 3305-7824. FONTE: Reportagem de MARCOS ROMAN – Reportagem Local, caderno Folha 2, quarta-feira, 30 de janeiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sábado, 9 de fevereiro de 2019

OUTRO COLÉGIO INTERNO


Transcrição da crônica escrita por IDIMÉIA DE CASTRO, publicada no caderno Folha Rural, 9 e 10 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA 
   Em 1956, Uraí, pequena cidade do Norte do Paraná, ocupou o primeiro lugar na produção de rami na América do Sul. É conhecida como a Capital do Rami e sua colonização teve por base a imigração japonesa. 
   Em 1963, havia o Educandário Divina Pastora. Dirigido pelas Irmãs Franciscanas do Coração de Maria. Funcionava o internato, o jardim da infância, o primário e também recebia as meninas que iam ser freiras, as juvenitas. Muitas famílias da zona rural e cidades vizinhas, internavam suas filhas e, de Sertaneja, era eu, as irmãs Kairuz, a Cida e a Sálua. A Eny da Warta, a Mitsuê de Santa Cecília do Pavão, etc. Estudávamos no Ginásio Assunção, do Frei Pascoal, que ficava a poucas quadras do Educandário. Íamos para a escola de manhã, depois voltávamos para o internato, com a rotina dos estudos. Gostava de ver os bebês dormindo em seus berços, os maiores em colchonetes, em salas coloridas, alegres, com suas mesas e cadeirinhas para as crianças que ali passavam o dia. As Irmãs eram muito dedicadas. Nós, as internas, ficávamos separadas dos alunos. No refeitório, todos os dias era escalada uma menina para dirigir as orações e ler pequenos textos bíblicos e boas maneiras. Depois podíamos conversar. 
   Éramos três amigas inseparáveis: a Eny, a Mitsuê e eu. Tomávamos o café da manhã, pegávamos nosso material e íamos para o ginásio, uma meia hora antes de iniciar as aulas. Andávamos bem devagarzinho e como conversámos! De repente, caminhando rápido ao nosso lado, a Irmã Elizabete, uma jovem alta, bonita, noviça (ia ser freira) que também estudava conosco. Passava por nós e dizia: “Vamos, meninas, caminhem! A vida vai ensinar vocês a andarem mais depressa...” A gente só ria, mas eu nunca mais esqueci aquela frase. Uma vez, andando pelos corredores do Educandário, encontrei a Irmã Maria Célia, da Costura – uma japonesinha tímida toda assustada, andando apressada. Perguntei-lhe o que tinha acontecido. Ela parou e me disse: “Idiméia, mataram o Presidente Kennedy!”. Era o dia 22 de novembro de 1963. A notícia nos deixou tristes, porque ele era uma figura muito querida no mundo todo. À noite, na Capela, rezamos pelo John Kennedy e, por vários dias, não se falava em outra coisa, só na sua morte trágica. 
   O Sr. Sussumu Itimura, era um dos grandes benfeitores do Educandário. Uma vez ele nos convidou para passar o dia em uma de suas fazendas. Soube que ele era chamado de O Rei do Rami por ser um dos grandes produtores dessa cultura. Diziam que ele tratava bem seus empregados, as casas da colônia de suas fazendas tinham água encanada, luz elétrica, todo o conforto da época. Ele tinha sido eleito o próximo prefeito de Uraí e depois teve mais duas legislaturas. Outro prefeito foi o Dr. Wanderley B. Dantas, que se casou com minha colega de classe, a Hilda Ito. Eles e o irmão do prefeito, o meu amigo Júlio César, também estudaram no ginásio Assunção. 
   Foi um ano de estudos muito bom, só que não participei da minha formatura do Ginásio. Mais tarde, o Educandário passou a ser Escola Franciscana Divina Pastora. Hoje é o Colégio Divina Pastora, da educação infantil ao ensino médio, não mais dirigido pelas religiosas. O Ginásio Assunção passou a ser Seminário Assunção dos Freis Capuchinhos. Em 1984, passou a pertencer à Paróquia de Uraí, e hoje é o Centro Pastoral Assunção, onde há aulas de catequese e encontro de pastorais. 
   Realmente, nesse outro colégio interno passei momentos importantes da minha vida! (FONTE: Crônica escrita por IDIMÉIA DE CASTRO, leitora da FOLHA, caderno FOLHA RURAL, página 2, coluna DEDO DE PROSA, 9 e 10 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA.

A DIFÍCIL MISSÃO DE EDUCAR


   Transcrição da crônica escrita por EDSON D’ADDIO, educador e diretor pedagógico, página 2, coluna ESTAPÇO ABERTO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, 9 e 10 de fevereiro de 2019 
   Tem sido cada vez mais difícil a missão de educar uma criança. Um dos fatores que ocasionam essa maior dificuldade certamente é a falta de clareza dos papéis. Anis atrás, tínhamos uma sociedade em que esses papéis eram muito bem definidos, a família tinha claro o que deseja para seus pequenos, inclusive no que diz respeito aos valores. Essa definição facilitava com que pais falassem sim, mas que também dissessem não quando assim fosse necessário. Os pais tinham a segurança para agir assim dessa maneira. 
   O mundo, porém, mudou, e o dinamismo impactou no desenvolvimento educacional. Hoje, as crianças têm muito mais espaço para falar e expor suas opiniões e desejos, com mais independência para diversas ações. D outro lado, a cada dia as demandas mudam e as pessoas sofrem com a escassez de tempo para refletir. E no meio desse duplo caminho há a disseminação da felicidade como sendo fundamental e essencial o tempo todo, durante toda a vida. 
   O preocupante cenário se complementa com pais mais ausentes de casa e crianças com acesso irrestrito a tudo que se possa imaginar, sem qualquer tipo de filtro, consumindo informações por vezes precocemente, sem que estejam prontas para digeri-las e compreendê-las, o que torna o processo de educação ainda mais desafiador. 
   Para tentar compensar essa falta de tempo e com medo de que suas crianças fiquem para trás, muitos pais acabam por sobrecarregá-los de mimos e cuidados, pensando em garantir a eles uma vida mais fácil daquelas que tiveram com melhores condições e menos percalços. Tornam-se mais permissivos deixando de ensinar o não e sentimentos como frustração, tão importantes para a formação e desenvolvimento daquele ser humano. 
   Nesse universo onde pode-se tudo, muitas de nossas crianças acabam procurando e copiando modelos, inclusive de comportamentos, mesmo sem estarem prontas e compreenderem o que estão seguindo. Isso também pesa e torna a missão de educar ainda mais difícil. 
   Como, então, atuar para transformar tal missão em uma empreitada educacional bem sucedida? Não há um roteiro garantidor, mas há caminhos que podem facilitar o processo. 
   O primeiro caminho é ter consciência sobre sua responsabilidade. Hoje em dia, muitos pais acabam por terceirizar a tarefa somente para a instituição de ensino. Porém, apesar de possuir enorme relevância, â escola exerce papel complementar. Sozinha, ela não consegue transmitir os valores essenciais para a formação do educando.
   O trabalho deve ser conjunto. Para dar certo, os valores da escola devem ser os mesmos praticados pela família. É a família, inclusive, que deve passar tais valores desde os primeiros anos de vida, ensinando os nãos e servindo de modelo principal para o ser humano que está se desenvolvendo. Ao falar a mesma linguagem, escola e família trazem para as crianças mais segurança, maior sensação de proteção, já que ela precisa de unidade de valores, de ideias e de compreensão do mundo.
   É preocupante observar a falta de diálogo entre famílias e a falta de clareza das pessoas sobre o que fazer, como educar. Ao terceirizarem essa maravilhosa missão de educar, deixam de transmitir e fixar nos pequenos suas raízes, o que é fundamental para sua construção e formação. 
   O não, a negação, deve fazer parte do desenvolvimento educacional. Não temos que ser felizes o tempo todo. Não temos que compensar momentos de tristeza, mas também de aprendizado, com presentes. Hoje, evitam-se os embates em família, as discussões de ideias. A qualquer custo, pais acreditam que o sim ou o cuidar dos filhos é não deixá-los se machucar, se frustrar, levar um tombo, não só físico como emocional. Eles devem saber que esses momentos são essenciais no caminho da evolução do ser humano e devem fazer parte da educação da criança. (FONTE: Crônica escrita por EDSON D’ADDIO, educador e diretor pedagógico, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, 9 e 10 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA. * Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opinião@jornaldelondrina.com.br

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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