domingo, 2 de dezembro de 2018

DESPEDINDO-ME AGRADECIDO



   Agradeço sensibilizado as visitas, comentários  recebidos.
   Hoje tomei a decisão de desativar as publicações e o meu blog "DESABAFOS DE JOSÉ ROBERTO" Tenho recebido algumas notificações nada agradáveis. Todas publicações por mim postadas, faço questão de colocar a FONTE (nome, dia da publicação da matéria transcrita, bem como o veículo. Os meus escritos tem minha assinatura.
   Quero desejar a todos vocês toda a felicidade e saúde para o ano próximo vindouro de 2019 e muito sucesso em todas as áreas de atuação.
Sejam felizes o o meu muito obrigado pelo apoio e apreço;



José Roberto Espindola Filgueiras, 2 de dezembro de 2018.

AS ÁRVORES TAMBÉM SE DESPEDEM


   Era uma árvore sem muita nobreza, daquelas a que chamamos Santa Bárbara e que, ludicamente, derramam bolinhas na calçada. 
   Nos últimos doze anos a vi da janela. Não era velha, a julgar pelo diâmetro dos troncos, era como uma destas moças espevitadas que crescem além da conta, oferecendo sombra a quem procura sua companhia. 
   Muitas vezes, da janela do meu quarto, agradeci àquela árvore por proteger a casa do movimento da avenida, da vista do asfalto, do trânsito ininterrupto, dos carros feitos e dos homens sérios. Ela era um reduto de pássaros e de poesia. 
   Na terça-feira vi pela última vez seus galhos encobrindo parcialmente a lua e pensei como quem recebe um aviso: “Tomara que nunca cortem esta árvore”. Ao mesmo tempo em que refletia: “não sou sua dona” e me inquietava pelo seu destino. 
   Na quarta-feira, ali pelo meio-dia, percebi um movimento diferente a uns cinquenta metros da janela, onde um terreno baldio me separava da árvore que começava a ser preparada para o sacrifício. Vieram os homens da prefeitura, com seus uniformes, seus equipamentos e uma ordem expressa: “Cortem a árvore”. Tentei um diálogo. “Mas quem pediu para que ela seja cortada?” Disseram: “O dono do terreno vai construir”.
   Fiz um gesto explicando que intercederia pelo telefone e, como de praxe, encaminhei meus protestos às seções competentes, onde os argumentos são sempre técnicos e frios. Nestes casos, os decretos de morte são irrevogáveis e não há defesa que paralise funcionários, caminhões, machados, serras elétricas e cordas, tudo bem colocado para derrubar a árvore comum, a que não tem nobreza nem espécie que mereça algum tipo de exceção.
   Primeiro amarraram seus galhos, para que não caísse sobre as pessoas quando recebessem os golpes. Fragilizada, mas ainda alta e enfolhada, ela balançava ao vento o que sobrava, exibindo aos poucos uns cotos onde existiram braços. Um golpe, dois golpes, cem golpes e já não existiam galhos, nem folhas, nem ninhos. 
   Ela agonizava transformando-se de árvore em tronco ,duro e seco , como a paisagem dos desertos que rendem tristes fotografias. Sua vivacidade cedia ao espectro de uma paisagem melancólica. Lembrava um espantalho, quem sabe um ser humano apavorado com as lâminas, as cordas, o guindaste que levantava seus membros fracionados, até exibir no ar o núcleo do tronco, como um coração. 
   Não contentes, os homens a reduziram em pedaços que recolheram sobre o caminhão para virar lenha. Em três horas havia uma árvore a menos na paisagem onde o asfalto queimava e o lago brilhava mais intensamente, como se o fogo tomasse a terra de repente. O bairro ficou mais triste. Nos golpes finais evitei olhar pela janela. Por doze anos tive a companhia de uma portentosa Santa Bárbara que, na véspera do corte, despediu-se encobrindo parcialmente a lua. Não tenho outra explicação para aquele pensamento: “E se cortarem a árvore?” Meu receio era a intuição da partida, como se homens e árvores, enfim, se comunicasse. 
* Crônica de 2010 republicada nesta edição. (FONTE: Crônica escrita por CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com , caderno FOLHA 2, página 2, coluna CÉLIA MUSILLI, 1 e 2 de dezembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

MAIS UMA CONTA PARA A POPULAÇÃO PAGAR


   2018 fecha um período de quatro anos especialmente difícil para o Brasil. O Brasil viveu sua pior crise econômica, coroada por denúncias de corrupção e grandes incertezas políticas. Como sempre acontece nesses momentos de instabilidade, o bolso do contribuinte é duramente afetado. 
   Apesar de alguns sinais de retomada na economia nos últimos meses e da esperança da maioria dos eleitores de que a equipe do futuro presidente da República, Jair Bolsonaro, conseguirá reverter a severa recessão e diminuir a escalada da violência, muita gente vai chegar no último dia do ano com a sensação de ser um sobrevivente. São sobreviventes os trabalhadores e empresários que conseguirem fechar 2018 com as contas pagas. 
   Para o cidadão comum, o ano que está acabando foi praticamente uma especialização de como se equilibrar na corda bamba do orçamento doméstico. Nunca foi tão necessário levar as despesas no clássico conceito de “gaste menos do que ganha.”
   O mesmo vale para o poder público. Pena que a lição básica do orçamento doméstico não é aplicada com a mesma disciplina na União, Estados e também nos municípios. Um exemplo é o reajuste de 16,38% no salário dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), sancionado segunda-feira (26) pelo presidente Michel Temer. Com o aumento, os salários dos ministros da mais alta corte do País passarão de 33.7 mil para R$ 39,2 mil a partir de 2019. Lembrando que a medida representa o famoso efeito cascata. Como é referência para outras carreiras do Judiciário, o aumento dos ministros vai provocar reajuste no contracheque dos servidores de outras categorias da União e dos Estados. O impacto estimado é de cerca de R$ 4 bilhões ao ano. 
   No mesmo dia em que Temer sancionou o Projeto de Lei do reajuste no Supremo, o ministro Luiz Fux, do STF, revogou decisões liminares de 2014 nas quais havia concedido auxílio-moradia de R$ 4.377 a todos os membros da magistratura. Relator de uma série de ações que discutem no STF do auxílio-moradia, Fux afirmou em sua nova decisão que é preciso levar em conta as dificuldades financeiras do Estado diante do novo reajuste para o Supremo e, consequentemente, para o Judiciário. 
   O anunciado fim do auxílio-moradia não ameniza a gravidade de se conceder aumento de mais de 16% a uma categoria de servidores públicos quando os reajustes na iniciativa privada ficaram muito distantes disso. Temer sancionou o aumento ignorando apelo contrários vindos do presidente eleito, dos governadores e também da opinião pública. É mais uma conta para a população pagar. (FONTE: Editorial do dia 28 de novembro de 2018, quarta-feira, do jornal FOLHA DE LONDRINA, página 2, coluna Folha Opinião, publicado pelo mesmo formal FOLHA DE LONDRINA).

terça-feira, 27 de novembro de 2018

PLANTAR ÁRVORES E FREAR O DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA


   A mudança climática não é mais novidade e suas causas são motivos de pesquisas e alertas da comunidade científica em todo o mundo. Não dá para negar a participação efetiva do Brasil no aumento do efeito estufa e o desmatamento da Amazônia é motivo de preocupação. Aflição que aumenta quando chega a notícia de que o desmatamento naquela região voltou a crescer entre 2017 e 2018 e atingiu o maior patamar da última década, com 7,9 mil km2 de floresta derrubados. O número representa um crescimento de 13,7% em relação ao período anterior (2016-2017). 
   Os dados acabaram de ser divulgados pelos ministérios do Meio Ambiente e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. As informações são relativas ao Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), sob responsabilidade do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). 
   Desde 2013, os dados de desmatamento Prodes vêm apresentando uma tendência de crescimento. O pico de desmatamento nesse período ocorreu em 2016, com 7,9 mil km2, o que representou um aumento de 29% em relação ao ano anterior. 
   Em 2018, a situação atingiu índices bastante preocupantes. Enquanto o brasileiro vivia e se preocupava com eleições , de agosto a outubro aconteceu uma explosão no desmatamento amazônico, que cresceu 48,8% em relação ao mesmo espaço de tempo do ano anterior. O monitoramento em questão, porém, é relacionado ao Deter B, outro projeto do Inpe que acompanha o desmatamento quase em tempo real, mas possui menor resolução que o Prodes. De toda forma, segundo o ministério do Meio Ambiente, os dois sistemas apresentam grande convergência de informações. 
   Nas duas últimas décadas, a redução no desmatamento da Amazônia foi significativa. Após 2004 ter registrado o maior desmate – 27,8 mil km2 – documentado desde o início do Prodes, as taxas de destruição chegaram ao nível mais baixo (4,6 mil km2) em 2012. 
   Na última sexta-feira (24), um relatório apresentado por 13 agências governamentais norte-americanas tratou do impacto das mudanças climáticas nos Estados Unidos. O relatório de quase duas mil páginas detalhava as consequências devastadoras do aumento das temperaturas globais na economia, na saúde e no meio ambiente. Os incêndios florestais mais severos dos últimos anos, como o ocorrido em novembro, na Califórnia, é um exemplo dessas trágicas consequências.
   O clima da Terra está mudando rapidamente e a ação humana é a grande responsável. Uma das maneiras de frear o aquecimento global é manter as florestas e replantar o maior número possível de árvores. Por meio do Acordo de Paris, o Brasil já se comprometeu a reflorescer 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Um compromisso tão importante quanto ousado. O País conseguirá cumprir essa meta? (FONTE: Editoral do dia 27 de novembro de 2018, terça-feira, escrito e publicado pelo jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

PALAVREANDO DE A a Z


   “A palavra ‘porque’ pode ser dita de vários modos, experimente 

   Alguém pergunta se é cumieira ou cumeeira da casa, digo que é cumeeira pois a palavra vem de cume, a parte alta de morro ou montanha, como a cumeeira está na parte mais alta do telhado; daí fiquei pensando no mundo das palavras, não sei porque.
   A palavra ”porque” por exemplo: pode ser dita de tantos modos, experimente. Perguntando. Respondendo. Explicando. Enrolando. Ou até mandando: Porque eu quero e pronto!
   Então lembro de perguntar ao neto Caetano qual a maior das palavras, ele embatuca, revelo: é inconstitucionalissimamente, coisa que no meu tempo todo guri sabia. E ele me pergunta pra que servia saber isso, concordo que é nostalgice minha, sendo nostalgice um neologismo, palavra inventada. 
   Legal, diz ele, sendo “legal” uma gíria lá do meu tempo de menino, significando coisa boa, nada a ver com estar de acordo com as leis, sentido original da palavra.. As palavras se reinventam. 
   E também se renovam, como “fascismo”, que agora ressurge a significar autoritarismo e aversão a mulheres e gays mas, na sua origem italiana, significava coesão, pois vem de “fascio”, feixe, união de hastes – como Mussolini sonhou todos os italianos em torno dele (que entretanto acabou sozinho e linchado depois de, tão machista, ter se travestido para escapulir. 
   Aliás, travesti vem do latim/italiano, disfarçar-se através de vestido, inicialmente coisa de homens atores e carnavalescos lá ainda no século 19, até se consolidar como palavra para homens não só vestidos mas assumidos como mulheres. Entretanto, pode ter sua versão feminina também, como Joana Darc e nossa Maria Qiuitéria se travestiram de soldados. Assim, também as lésbicas que se vestem masculinamente merecem a palavra travestidas, embora não sejam travestis, A Língua é geniosa com os gêneros .
   Velhas palavras ressurgem gloriosamente como “deletar”, que existiu lá no Latim, significando apagar, e depois dormiu muitos séculos, até ser ressuscitada pela informática.. E há palavras novas que surgem de partos complicados como “uatsap” ou, na forma mais antiga (de poucos anos atrás...) “watsup”, que vem da expressão inglesa “what’s up” (que é que há?), ou seja, o celular toca, você vai ver o que há, o zap que chegou. Não confundir como “zap” de “zapear”, que vem do inglês também significando “apagar” e acabou designando o ato de pular de um canal para outro na tevê, assim “apagando” o canal anterior. A Língua tem dessas zoeiras. 
   Gosto de recriar palavras antigas, como serelepemente e salamelequetal, estrimiliquice, Eletroquetrocutado, escorreguinhentança, estrondoloso (aquele estrondo que chega a doer), bobocosidade (bobice oca de tão boba), embora a esta altura você esteja achando isto imbecilinigualável ou simplesmente estúpido, o que faz lembrar “ a sua estupidez não lhe deixa ver”, de Roberto e Erasmo, o mais impactante verso de amor da Língua. 
   “Atabalhoadamente” então, não parece que sai da boca aos trancos e barrancos? “Chilique” não parece estar mesmo tendo “chilique? “Pompa” parece tão cheia de si, “esquálido” tão desmilinguido.
   Já “concomitantemente” não parece mais a forma mais cartorária de dizer “ao mesmo tempo”? Faz lembrar Graciliano Ramos, quando revisor de jornal, de repente deparou numa notícia com a palavra “outrossim”. Deu uma tragada funda no seu cigarro sempre à mão e lascou.: “Outrossim é a pqp! – daí riscando a palavra. E parece que a praga pegou, porque “outrossim” sumiu pelo menos da língua falada por quem não usa roga. 
   Então, aproveitando que ainda não existe “outronão”, e como dizem to-dos os telejornais, vamos finalmente por aqui. (FONTE: Crônica escrita por DOMINGOS PELLEGRINI, d.pellegrini@sercomtel.com.br página 3, caderno FOLHA 2, coluna AOS DOMINGOS PELLEGRINI, 24 e 25 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

PAULO UBIRATAN, JORNALISMO DE VIDA OU MORTE

   Esta semana, estreou em Londrina o documentário “Isto (Não) é um assalto”, dirigido por Rodrigo Grota. A Folha 2 publicou matéria sobre o filme no último fim de semana. Na foto principal da página, reféns saem de uma agência do Banestado, em 1987, formando um cordão. No meio deles o repórter Paulo Ubiratan, que se ofereceu para ir junto no ônibus solicitado pelos assaltantes para conduzir os reféns que serviriam de garantia para deixarem a cidade sem serem presos. 
   Vejo a foto e volta à memória a impetuosidade de um repórter polêmico com quem trabalhei nos anos de 1990. Ubiratan era gaúcho de Santa Maria, antes de chegar a Londrina havia trabalhado em vários veículos do Rio Grande do Sul. Trazia na veia a determinação de fazer dos fatos, notícia, gostava de trabalhar com algum estardalhaço, o que causava polêmicas. Além do jornalismo impresso, dedicou-se ao rádio e à TV numa versatilidade que lhe rendia dias cheios, o jornalismo era sua vida. Ele faleceu em outubro de 2010. 
   Nunca duvidei que ele seria capaz de ato heroicos como aquele de se oferecer como refém num assalto. Com isso deixou para a história a síntese de sua determinação de não só fazer notícia, mas ser notícia. 
    Na metade dos anos 90 a Folha me incumbiu de um projeto novo. Editora do caderno de cultura durante muito tempo, fui designada para editar o caderno Reportagem Especial., que trazia temas candentes, geralmente reportagens de denúncia sobre as mazelas nacionais. Era ainda uma editora relativamente jovem e trabalhava com dois pesos-pesados da reportagem. Paulo Ubiratan e o matogrossense Luiz Taques que, em 1981, ganhou o prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos com uma reportagem sobre o trabalho escravo nas carvoarias de Mato Grosso do Sul. 
   Ubiratan carregava a pecha de “repórter policial” num tempo em que as redações eram bastante setorizadas. Na condição de cobrir o noticiário policial ganhou tantos amigos quanto fez inimizades. Mas esta era a vida de Ubiratan que também se saía bem em outros temas, porque seu desejo era sempre de se atirar na notícia, como se as pautas fossem uma questão de vida ou morte. 
   Tudo ou nada era uma metáfora do jornalismo que, naqueles anos, ainda não tinha se burocratizado pelas imposições do tempo. Valia o cara a cara do repórter com o entrevistado, em matérias quase nunca apuradas pelo telefone, quanto mais pelo e-mail ou pelo WhatsApp. 
   Ubiratan tinha DNA de repórter. Eu me divertia com a gauchice explícita em cada pauta e, de vez em quando, amenizava seu cotidiano com temas mais tranquilos, como a entrevista que ele fez com Orlando Villas-Boas, o indigenista que também deixou seu nome na história. Um dia, Orlando apareceu em Londrina sem muito aviso. Fomos pegos de surpresa e pautei Ubiratan para entrevistá-lo numa missão que duraria uma tarde inteira e uma boa matéria.
   A gauchice também acompanhava Ubiratan em atos cotidianos. Lembro-me de uma vez que resolveu preparar para minha família uma galinha ao molho pardo. Apareceu em casa com a bichinha viva e a pendurou no varal para sangrar antes de preparar o quitute. A única coisa que consegui fazer foi correr de pavor, enquanto os gatos se maravilhavam com a cena da galinha se debatendo viva. No fim das contas, até isso entra para as lembranças ternas de um dos últimos repórteres românticos que conheci.
   Ao vê-lo ainda jovem no cordão de reféns da foto do assalto ao Banestado, só posso dizer que Ubiratan fez parte de um jornalismo perdido no tempo. Aquele que provocava tanta polêmica quanto sustos Alho assim como uma galinha ainda viva dependurada no varal, tão insólita quanto deliciosa depois de pronta. Eram assim as matérias que Ubiratan escrevia para a FOLHA, misturando o jornalismo à própria história, sempre como um caso de vida ou morte. (FONTE: Crônica escrita por CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com página 2, caderno Folha 2, coluna CÉLIA MUSILLI, 24 e 25 de novembro de 2018. Publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sábado, 24 de novembro de 2018

AH, DORVA, DORVALINA...


   Baixinha, gordinha, cabelos brancos parecendo flocos de algodão, olhar doce, 10 filhos, 21 netos, 16 bisnetos e está com 92 anos – disse que “está no lucro” há muito tempo. Ela é a minha querida mamãe. Seu nome Dorvalina, mas os amigos a chamam de Dorva.
   Era de Cássia dos Coqueiros (SP), casou-se com o primo José Olegário e vieram para Cornélio Procópio na casa do Tio Antônio, com quem aprenderam a lidar no comércio. Seguiram depois para Sertaneja, um lugarejo sem água encanada, luz elétrica, muito pó, barro e com todos aqueles problemas de uma cidade que está começando. 
   Mamãe trabalhava muito. Não tinha empregada e quando ia lavar roupa, colocava o Dadá ( o Santana, taxista na Concha), eu e o Idivar amarrados naquelas cadeirinhas altas de madeira bem à sua frente, enquanto fazia o serviço em duas tábuas de bater roupa rodeadas por duas tinas de água. Tínhamos o quintal de dois terrenos para brincar. No final da tarde, colocava-nos naquelas tinas cheias de água para tirar a sujeira mais grossa de terra. Depois íamos para o banheiro terminar de tomar banho. Mais tarde, pôde ter ajudante na casa e foi trabalhar com o papai em nosso armazém de secos e molhados. 
   Aos 7 anos, entramos na escola sem saber nada: começamos do zero fazendo exercício motor, enchíamos páginas e páginas do caderno de “bolinhas e cobrinhas”. Também quando chegava lá por setembro, com o dedinho embaixo das palavras, meio gaguejando, já líamos para a professora as lições da cartilha Caminho Suave. A nossa mãe nos colocava ao redor da mesa grande da cozinha e nos ajudava nas tarefas escolares. Passava problemas usando os frangos, os porcos e os ovos da vovó do sítio para nós entendermos. Tomava a tabuada e a conjugação dos verbos. Contava histórias, lida gibis; quando entramos no ginásio, comprou coleções da Família do Tio Patinhas, de José de Alencar, do Machado de Assis e todos líamos. A mamãe cuidou bem de nós. 
   Periodicamente nos levava ao pediatra, o Dr. Nascimento, lá em Cornélio e também no seu Dito Dentista de Sertaneja. Quando um de nós fazia aniversário, era aquela festa! Uma semana antes, começava a fazer bolachas, palitinhos francês, beliscão, cajuzinhos e guardava em grandes latas. Na véspera, ela fazia as valas de coco, espichava, cortava e todos nós ajudávamos a embrulhar em papel de diversas cores. O bolo era feito pela Mitiko Nagano, a boleira de Sertaneja. Guaraná e sodinha não faltavam porque vinham da nossa fábrica de refrigerantes. Mamãe era muito dedicada à família, ajudava nosso pai lá no sítio no Mato Grosso. Dirigia caminhão, trator, ensinava meus irmãos a dirigir. Era parceira e companheira de papai em tudo. 
   Aqui em Londrina também foi muito ativa, fez parte do ramos das Mães de Schoenstatt, do Roupeiro de Santa Rita, Ministra da Eucaristia na Catedral , nos Sagrados Corações e Vicentina. Este ano, uns dias antes do seu aniversário, disse que gostaria que a data fosse publicada na FOLHA. Na hora, enviei um e-mail para o Militão, que foi meu diretor no Colégio São Paulo. Ele, gentilmente, atendeu. No dia, em destaque, lá estava a publicação do aniversário dela. De tão feliz que ficou, não largou o jornal o dia todo. Mamãe é assim, faz quebra-cabeças, palavras cruzadas, crochê em pano de prato, lê a FOLHA, a Veja e a Isto é. Esta é a minha querida mamãe, a Dorvalina, a Dorva para os amigos. (FONTE: Crônica escrita por IDIMÉIA DE CASTRO, leitora da FOLHA, página 2, caderno FOLHA RURAL, coluna DEDO DE PROSA, 24 e 25 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

A EDUCAÇÃO COMO PRIORIDADE


   Em um país onde 30% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais, segundo o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), e a cada 100 crianças só 53,7% sabe ler ou escrever, não é difícil imaginar os desafios que terá pela frente o futuro ministro da Educação no governo de Jair Bolsonaro, o filósofo colombiano Ricardo Vélez Rodriguez. Mais do que colocar Londrina em posição de destaque – já que o professor reside na cidade há cinco anos – a nomeação levanta uma série de expectativas em torno do que fará ele à frente da pasta.
   Em carta divulgada nesta sexta-feira, o educador fez uma clara sinalização do que pretende abraçar a pauta do chamado pensamento conservador, como foco na “preservação de valores caros à sociedade brasileira” para conduzir a gestão e elaborar normas para a educação no País.
   Ele defende que os brasileiros são, “na sua essência”, conservadores e avessos “a experiências que pretendem passar por cima de valores tradicionais ligados à preservação da família e da moral humanista”. E critica o que ele considera uma instrumentalização da educação com finalidade político-partidária. “Sim a uma educação que olha para as pessoas, preservando os seus valores e a sua liberdade”, reitera. 
   Apoiado pela bancada evangélica e visto com ressalva por educadores que condenam o movimento Escola Sem Partido, Ricardo Vélez Rodriguez deve atuar centrado em esquecer as ideologias para fazer com que a educação brasileira de fato decole. Não é uma tarefa fácil. A valorização dos professores, tema já abordado pelo futuro ministro, é um importante passo a ser dado nessa caminhada no sentido de se procurar atingir com o mínimo de satisfação as metas estabelecidas pelo PNE (Plano Nacional de Educação).
   Uma delas, destacada pela maioria dos educadores, é a que preconiza a destinação de ao menos 7% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação já em 2019 e chegar ao patamar de 10% em 2024. 
   O futuro ministro acerta quando diz que o modelo educacional que o Brasil precisa é aquele que leva em conta as perspectivas individuais e as diferenças regionais. “É o município que deve ser o foco na organização da nossa legislação educacional, olhando para as diferenças regionais levando em consideração os interesses dos cidadãos onde eles residem”, diz Rodriguez na carta. 
   Nesse sentido, o cumprimento da meta do Plano Nacional de Educação e, mais do que isso, a revolução que se espera em relação a melhorias nos indicadores dos ensinos básico, fundamental e médio, que são afinal de contas o alicerce de uma boa educação, só serão possíveis se a politica de investimento no setor for tratada como prioridade não apenas da pasta, mas do próprio governo de Jair Bolsonaro.( FONTE: EDITORIAL na página 2, dos dias 24 e 25 do jornal FOLHA DE LONDRINA, publicado na mesma data pelo mesmo jornal FOLHA DE LONDRINA).

VÉLEZ RODRIGUEZ DEFENDE EDUCAÇÃO CONSERVADORA

Ministério da Educação será comandado pelo professor  Ricardo Vélez Rodriguez que mora em Londrina

   Para o futuro ministro, País assiste a uma desvalorização da figura dos professores, especialmente nos ensinos fundamentais e médio 

   Indicado para assumir o MEC (Ministério da Educação) no governo de Jair Bolsonaro, o professor colombiano Ricardo Vélez Rodriguez, que é docente em Londrina na Faculdade Positivo, disse que pretende pôr a gestão da Educação e a elaboração de normas no contexto de valores caros à sociedade brasileira, que, segundo ele, tem “essência conservadora” e é “avessa à experiências que pretendem passar por cima de valores tradicionais ligados à preservação da família e da moral humanista”. Em mensagem distribuída à imprensa, o futuro titular do MEC elogia promessas de campanha de Bolsonaro, como o combate à “república dos favores”, e critica o que chamou de “instrumentação ideológica da educação”. 
   Vélez destaca ainda que o País assiste a uma desvalorização da figura dos professores, especialmente nos ensinos fundamental e médio, e que essa situação deve ser revertida por meio de “uma política educacional que olhe para as pessoas”. O futuro ministro chega a citar o filósofo francês Alexis de Tocqueville, de pensamento liberal, para ressaltar a importância dos municípios no processo educacional. “É o município que deve ser o foco na organização da nossa legislação educacional”, acrescentando uma das bandeiras de Bolsonaro: “Menos Brasília e mais Brasil”.
   O nome dele foi anunciado na quinta-feira (22) para o MEC depois que a bancada evangélica vetou, na véspera, o educador Mozart Neves, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, para o cargo que já era “pouco alinhado à bandeira da Escola Sem Partido”. Nesta sexta-feira, Vélez permaneceu incomunicável em Brasília em reunião com a equipe de transição e só deve retornar a Londrina neste sábado (24). 

   ANÁLISE
   Para a doutora em Educação e professora da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Elisângela Scaff, o ponto positivo da indicação de Vélez para o MEC é por se tratar de um nome do meio acadêmico. Ela também minimiza o fato do novo ministro ter pouca experiência em cargos públicos ou de gestão educacional. “Isso não é um impedimento porque já tivemos tantos outros ministros que nem eram da área da educação. Isso vai depender da composição que ele irá fazer no MEC.”
   Do texto publicado pelo futuro ministro, a pedagoga ressalta a importância da valorização dos professores. “Esse é um princípio que nós defendemos como fundamental para a garantia da qualidade da educação”, disse. Scaff destaca ainda o desafio que Vélez terá para atender o PNE ( Plano Nacional de Educação) de destinar pelo menos 7% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação já em 2019 e chegar ao patamar de 10% em 2024. “Quando ele fala em elevar o patamar da educação, isso implica necessariamente em se posicionar sobre o financiamento da educação, portanto expectativa é que se cumpra”, cobrou. 
   A presidente executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, considera que o desafio do novo ministro é “do tamanho do Brasil”. “Ele terá um prazo bastante apertado para entender a complexa estrutura do MEC, sendo que ele também vai precisar fazer um diagnóstico e montar um plano, além de formar sua equipe.” Cruz considera fundamental a abertura de diálogo para alcançar o patamar internacional que Vélez pregou no seu discurso. Ela acredita que a prioridade tem que ser na educação básica. “São as politicas voltadas \á primeira infância, à alfabetização, a implementação da reforma do ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular, o aprimoramento dos mecanismos de financiamento e gestão, e, principalmente, a melhora das políticas docentes de formação e carreira”, elencou. (FONTE:GUILHERME MARCONI, Reportagem Local, página 9, Folha Geral, 24 e 25 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

MORO ACERTA EM MIRAR PATRIMÔNIO DE CRIMINOSOS


    A ida do ex-juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça, aceitando o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro, dividiu opiniões e gerou polêmica. Se para alguns, a escolha prestigiou o trabalho do paranaense à frente da Lava Jato, para outros a opção pela carreira política demonstrava parcialidade de operação. Passados vários dias do convite, essa polêmica perdeu força e ganhou espaço a formação da equipe que ajudará Moro a tocar uma das pastas mais importantes do novo governo, o superministério da Justiça, que incluirá também o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, órgão que antes estava vinculado ao Ministério da Fazenda. 
   Todos têm consciência dos prejuízos que a corrupção causa, uma praga enraizada no País desde o período colonial. São práticas criminosas que vem se repetindo no sistema político, causando indignação, constrangimento ao povo, além de contribuir para o aumento da pobreza, da desigualdade social, no atraso dos índices do desenvolvimento social e econômico. 
Diante deste cenário e da necessidade de que o governo federal realmente mostre determinação em combate aos famosos “crimes do colarinho branco”, foi muito bem recebida a indicação dos primeiros nomes que vão compor a equipe do ex-juiz federal de Curitiba. Tudo indica que Moro vai levar para Brasília o trabalho realizado contra o crime de lavagem de dinheiro, mirando as organizações criminosas. O superministro deverá continuar com a estratégia que deu certo na Lava Jato, de focar o patrimônio dos criminosos. 
   Pessoas importantes da pasta de Moro têm experiências nessas áreas. É o caso do atual superintendente da Polícia Federal do Paraná, Maurício Valeixo, que será o futuro diretor-geral da PF e da delegada Érika Marena, que ficará à frente do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional. 
   Os 20 anos de magistratura serão importantes na implantação de projetos relevantes para a pasta, principalmente aqueles que vão propor mudanças nas leis vigentes. São essas alterações e uma postura rígida contra os crimes de desvio do dinheiro público que poderão ajudar o Brasil a não voltar aos velhos padrões de impunidade, tão presentes no País antes da Lava Jato. (FONTE: Editorial do DIA 23 de novembro de 2018, do jornal FOLHA DE LONDRINA, página 2, coluna Folha Opinião, publicado pelo jornal FOLHA DE LONDRINA).

PROFESSOR EM LONDRINA SERÁ O MINISTRO DA EDUCAÇÃO

  • O filósofo Ricardo Vélez-Rodriguez reside em Londrina há cinco anos, onde leciona em uma faculdade e é membro da Academia de Letras de Londrina.

   Bolsonaro anuncia colombiano Ricardo Vélez-Rodriguez para o cargo após polêmica envolvendo possíveis candidatos.
 

   BRASÍLIA – Vive em Londrina o futuro ministro da Educação, anunciado nesta quinta-feira à noite (22) pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. O professor Ricardo Vélez-Rodriguez foi escolhido após a bancada evangélica reagir à possível indicação de Mozart Ramos para o cargo. “Gostaria de comunicar a todos a indicação de Ricardo Vélez-Rodriguez, filósofo, autor de mais de 30 obras, atualmente professor emérito da Escola de Comando e estado Maior do Exército, para o cargo de Ministro da Educação”, disse Bolsonaro. 
   Vélez é professor de Filosofia, Mestre em Pensamento Brasileiro pela Pontifícia Universidade Católica RJ, Doutor em Pensamento Luso-Brasileiro pela Universidade Gama Filho, Pós-Doutor pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron, Paris, com ampla experiência docente e gestora. 
   Rodriguez foi chamado às pressas de Juiz de Fora (MG) para conversar com Bolsonaro nesta quarta-feira (21)após reação de evangélicos ao vazamento, na quarta-feira (21), de que Mozart Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, havia aceito o convite de Bolsonaro. Durante o dia, Bolsonaro afirmou que o procurador Guilherme Schelb era um dos cotados para a vaga. Eles chegaram a se reunir na Granja do Torto nesta quinta, criando expectativa de que seria anunciado. 
   Indicado como ministro da Educação, Rodriguez é formado em Filosofia pela Universidade Pontifícia Javeriana e em teologia pelo Seminário Conciliar de Bogotá. Hoje é professor associado da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG). 

   LAÇOS COM LONDRINA
   O futuro ministro mora em Londrina há cinco anos e é membro da Academia de Letras em Londrina. Ele leciona na Faculdade Positivo. Em sua coluna “Avenida Paraná”, publicada em outubro na FOLHA, o jornalista Paulo Briguet defendeu a indicação de Rodriguez para o cargo. Ambos são colegas na Academia. “Rodrigez tem uma vasta experiência em cargos administrativos no ensino superior e conhece como ninguém o valor da educação e da cultura no combate à criminalidade e à pobreza, como testemunha e partícipe da vitória da sociedade civil colombiana sobre o narcotráfico”, escreveu Briguet. 

   MORO
   Além de delegado da Polícia Federal, o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, trouxe para a equipe de transição de governo em Brasília o auditor fiscal Roberto Leonel de Oliveira Lima, chefe da área de investigação da Receita Federal em Curitiba e cérebro do órgão na atuação da Operação Lava Jato – cujos avanços o ex-juiz quer consolidar nacionalmente.
   Aos 58 anos, 33 deles na Receita, Leonel tem a confiança de Moro – já haviam atuado paralelamente no caso Banestado. A área de Inteligência da Receita, chefiada por ele, é responsável pelo levantamento técnico-contábil da operação, que já revelou desvios de mais de R$ 40 bilhões na Petrobras. (Com Folhapress e Agência Estado) (FONTE: REPORTAGEM LOCAL, página 4, Folha Política, sexta-feira, 23 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

MAIS MÉDICOS E O EFEITO BOLSONARO



   Ante as condições moralizadoras impostas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, aconteceu o que se esperava: Cuba anunciou a retirada do Brasil dos seus médicos. Muitos já foram embora e os remanescentes só ficam até o fim do ano. 
   O programa Mais Médicos foi criado em 2013, no governo de Dilma Rousseff, mas Lula era quem decidia tudo, e ele o fez pensando também em beneficiar a ditadura cubana, eis que 70% do ganho desses cidadãos – que totalizavam R$ 11.865 individualmente – eram revertidos para o governo de Cuba. Um grande negócio para o país caribenho, acertado em conluio com os mandantes petistas. Milhões e milhões foram enviados mensalmente para “los compañeros”, enquanto, em nossos hospitais, doentes padeciam em macas por falta de leitos e outros recursos, como ainda hoje acontece. 
   Além de conter a sangria de dinheiro, Bolsonaro não iria aceitar, como disse, a esse sistema análogo à escravidão imposto pela ditadura cubana e com o que o Brasil de Dilma e Lula concordaram. Os familiares desses médicos, ou pseudo-médicos, ficaram (como ainda ficam) retidos em Cuba, para impedir que seus cônjuges eventualmente decidissem não mais retornar. Foi um preservo acordo perpetrado pelo governo dos dois países.
   Bolsonaro também lançou dúvidas sobre a qualificação desses profissionais, exigindo revalidação de seus diplomas no Brasil e contratação individual, e exigiu salário integral para eles, assim como a liberdade de trazerem suas famílias. Cuba, obviamente, não aceitou, mas também Bolsonaro recusou-se a acumpliciar-se com esse trabalho escravo. Ao mesmo tempo anunciou que daria asilo a esses co-irmãos, desde que fosse revalidada sua capacidade profissional, que eles recebessem salário integral e pudessem trazer seus familiares. A intermediária no repasse cubano é a denominada Organização Panamericana de Saúde. 
   Na verdade, existe uma dificuldade de recrutar médicos brasileiros que se disponham a trabalhar no interior, mas isto não autoriza a barbaridade de subtrair ganhos desses estrangeiros, ademais enviando dinheiro nosso para Cuba, tão necessário aqui. E o pior, pelo regime de uma desumana exploração e do trabalho escravo. (O governo Temer anuncia que as vagas serão repostas sem demora, por profissionais qualificados, do Brasil e do exterior, incluindo alunos recém-formados que fazem parte do financiamento estudantil. 
   Curioso é que, por escassez de verbas, mais de 40 mil leitos hospitalares foram fechados nos últimos dez anos, enquanto de 2013 para cá fortunas foram enviadas para Cuba. Há uma esperança agora de, com a saída dos cubanos, os médicos brasileiros serem beneficiados. Ademais porque a regência do País estará em outra mão a partir de Janeiro. 
   Quando o governo Federal criou o programa “Mais Médicos”, alegou a falta de profissionais , mas não se preocupou com a estrutura do atendimento, que inclui enfermagem e laboratório. Em quase tudo os governos são maus gestores, mas muito competentes quando se trata de arrecadar e de gastar abusivamente, no mais dos casos em benefício próprio e estendo a mão até o indevido. Um primeiro passo foi a arrancada para moralizar o sistema “Mais Médicos” – como resultante do advento de Bolsonaro. Algo melhor no campo da saúde deverá acontecer doravante. (FONTE: Crônica escrita por WALMOR MACCARINI, jornalista, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quinta-feira, 22 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). * Os artigos devem conter os dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. * Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opinião@jornaldelondrina.com.br).

A ECONOMIA CRIATIVA E AS OPORTUNIDADES DE TRABALHO


   O Brasil é o quarto consumidor de jogos digitais do mundo, sendo um importante empregador de mão de obra especializada e se fixando como um mercado bilionário, com expectativa de crescimento de 13,5% ao ano, segundo pesquisa encomendada pelo BNDES. 
   Com mais de 60 milhões de usuários esse mercado vem ampliando seu o seu perfil de consumo, que até então era em sua grande maioria de público jovem masculino e hoje já conquista mulheres, crianças e idosos. Muito disso se explica pela facilidade de acesso aos smartphones e as redes sociais, além é claro da utilização de games em muitas outras áreas como na educação, nos negócios e na medicina, não sendo mais uma exclusividade voltada apenas ao entretenimento. 
   Outro mercado em ascensão é do audiovisual. Em 2011, foi regulamentada pelo Congresso Nacional a Lei 12.485, que determina a veiculação de conteúdos nacionais e inéditos na programação das TVs por assinatura. Com isso, além de valorizar a cultura local a produção audiovisual no Brasil, o segmento ganhou ainda mais espaço e já se posiciona a nível global como a 12ª maior economia nesse mercado que corresponde por 0, 57% do PIB brasileiro. Em pesquisa realizada pela Ancine, foi apontado um crescimento de 65,8% entre os anos de 2007 a 2013, um salto de R$ 8,7 bilhões para R$ 22,2 bilhões, uma evolução bem superior aos outros setores da economia. 
   E liderando o ranking de crescimento no Brasil, temos a indústria da moda. Nos últimos dez anos, o varejo de modo fez com que o País saltasse da sétima posição para a quinta no ranking dos maiores consumidores mundiais de roupas. Uma pesquisa realizada pela A. T. Kearney , renomada empresa de consultoria norte-americana, aponta uma arrecadação de US# 42 bilhões em vendas, sendo que 25% é através de capturas on-line, sendo facilmente explicado pelo poder de influência das redes sociais e blogs de formadores de opinião dessa área. 
   O mercado dos jogos digitais, do audiovisual e da moda são apenas três exemplos dos 13 segmentos que englobam o que chamamos de Economia Criativa. Um setor da economia que vem ganhando destaque e driblando o cenário atual de crise pela qual o Brasil vem passando. São empresas que se destacam pelo talento e pela capacidade intelectual de seus empreendedores e funcionários, e que não dependem do tamanho da sua estrutura ou de quanto tem de capital. 
   O Brasil, de certa forma, vem dando seus primeiros passos para se fixar nessa economia. Países como EUA, China e Inglaterra já se consolidaram e juntos já correspondem a 40% da economia criativa global. Muitas cidades no Brasil já possuem iniciativas d estímulo à Economia Criativa, como por exemplo, Recife, Porto Alegre e São Paulo. A cidade de Curitiba, também, se destaca como uma das mais atuantes , e por meio d Agência Curitiba de Desenvolvimento, circula por todo o ecossistema que engloba a economia criativa, conectando coworkings, startups, iniciativas públicas e privadas e estipulando o empreendedorismo de alto impacto. 
   A economia criativa, que hoje já apresenta uma média de remuneração superior a outros setores, será um dos grandes empreendedores em um futuro breve. E as cidades que enxergarem essa oportunidade, sairão na frente. O olhar sobre a formação de seus jovens, que é a geração que mais impulsiona esse mercado, é um fator decisivo para o melhor aproveitamento de uma fatia de mercado na qual o maior sucesso é o potencial criativo. (FONTE: Crônica de RONALDO CAVALHERI, coaching de Negócios Criativos, mentor do projeto Jovem Empresário e Diretor Geral do Centro Europeu – escola pioneira em Economia Criativa no Brasil, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quarta-feira, 21 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA. * Os artigos devem conter os dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opinião@folhadelondrina.com.br).

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

SEM BARREIRAS PARA A INCLUSÃO


‘Nós tínhamos uma casinha no pé de abacate e todo mundo queria subir lá’, ri com a lembrança. Essa era a diversão das mais de 20 crianças da vizinhança na casa do Jardim Califórnia (zona leste) onde vivia, mas recorda que a tia 10 anos mais velha não conseguia subir sem ajuda. Cristiane de Freitas, 47, cresceu querendo entender a razão de algumas crianças terem mais dificuldade que outras. A curiosidade levou ao estudo e trabalho com educação especial, área que lhe rendeu, no final de outubro, o título de Cidadã Benemérita pela Câmara Municipal de Londrina. Mulher, negra, de infância pobre, ela conta como a experiência foi a base para querer mudar a vida de pessoas excluídas socialmente. 
   A tia, Sidália Ugolino, 58, estava presente no dia da homenagem. Com um membro inferior menor que o outro, sempre teve o apoio da família para incluí-la nas brincadeiras quando criança, apesar das dificuldades. Foi nesse ambiente que Cristiane nasceu, em uma casa de nove tios, mãe, avó e avô. Procurando respostas, entrou na graduação em Educação Física, com a responsabilidade de ser a primeira da família a ingressar no curso superior. “Era uma família de renda muito baixa, negra, então todas essas barreiras a gente enfrentou. Ali tinha um incentivo muito grande foi uma surpresa para a família ter uma professora”, diz orgulhosa, com palavras muito bem articuladas em uma voz serena de professora boazinha. 
   Durante a faculdade, experiências no Instituto dos Cegos e na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) a colocaram na direção certa apesar das críticas. “Eu era atleta, as pessoas diziam que eu podia trabalhar com esporte de alto rendimento, com o corpo belo, perfeito, e eu fiz a escolha por essa área. Em determinado momento eu repensei: ‘por que eu vou me matar aqui com esse aluno, às vezes, ter que limpar um xixi, um cocô, vômito, se eu posso estar na academia?’. Eu até tentei, fui professora de aeróbica, mas não deu, eu queria mesmo é estar em uma escola especial”, sorri com os braços encostados na pasta que carrega o documento da homenagem.
   Foram 12 anos entre estágio, voluntariado e emprego formal na Apae até ser convidada a trabalhar com a capacitação de professores e atendimento educacional especializado nas escolas regulares, em 1998. “O maior desafio que eu vejo hoje não é nem o aluno com necessidades especiais, mas a sociedade preconceituosa com a qual a gente convive. Essas barreiras fazem com que o o processo de inclusão não se efetive”, critica. 
   A sala de recursos onde a entrevista ocorria é diferente de uma sala comum. Mesas maiores, instrumentos musicais, jogos, computadores ficam organizados para estimular esses alunos. É neste ambiente que propõe empatia na educação. “Muitos profissionais precisam conhecer a pessoa e não a deficiência. A partir do momento em que o profissional entende que esse aluno, mesmo com todas as limitações, tem potencialidade de aprendizado, a inclusão se efetiva”, aponta. 
   O resultado positivo vem nos encontros. “Quando eu vejo um ex-aluno trabalhando em um supermercado, lojas, vejo que conseguimos fazer essa inserção não só educacional, mas profissionalmente. Esse é o melhor resultado que a gente pode ter dento desse trabalho”, afirma. Colhendo os frutos, a professora foi convidada a integrar a Associação Mundial da Educação Especial, em que assume a responsabilidade de agir em prol dessas pessoas que exigem – e merecem – ter qualidade de vida. 
   A compreensão desse desejo vem também da própria dificuldade em transpor barreiras. “Alguns dias a gente não tinha a comida para ir para a escola. Era uma aguinha com açúcar e ia, às vezes, caminhando os cinco quilômetros até o colégio. Hoje, fazendo essa análise, tanto a minha avó quanto a minha mãe foram importantíssimas para não me deixar desistir”, conta emocionada a professora que hoje finalizou o mestrado e ingressou no doutorado. 
Programa que avó e mãe não viram acontecer. “Era um sonho meu, da minha mãe e minha avó que eu fosse doutora, eu estou concluindo esse sonho”, comenta, sentindo a falta das duas para ver as conquistas. Ficam as lembranças de incentivo, da avó que pedia para ler panfletos e protegia até do que nem parecia tão claro. “Ela dizia: ‘você não pode usar vermelho, amarelo, porque negro não fica bem’. Ela queria me proteger do preconceito que eu poderia passar, mas como ela me fazia ler muito, fui vendo que negro podia sim. Foi uma troca, eu senti que ela me empoderou, me deu essa base que me possibilitou levar para casa que a gente podia chegar onde a gente quisesse”, recorda e confirma. “Hoje a cor de minha pele não impede de chegar aonde eu quero”. 
   O incentivo foi necessário e hoje é replicado com muita propriedade. “É uma superação, me sinto como referência para muitas mulheres. Mulheres e mulheres negras, porque se a gente for pensar nossa história, toda essa resistência que a gente sofreu, não era para eu ter conquistado tudo o que eu conquistei”. A fala consciente também é levada para a filha, Rafaela de Freitas Isabel, 18, que cresceu envolvida com o trabalho da mãe. 
   Atualmente, como vice-diretora no colégio estadual Antônio de Moraes Barros, no jardim Bandeirantes (zona oeste). Cristiane de Freitas sente que o carinho recebido na família pode ser o motor para muitos estudantes. “Nós temos jovens com potencial imenso, mas que precisa ser cultivado, principalmente na escola pública. Em cada conversa, eu sempre procuro mostrar não os defeitos, mas as qualidades que eles têm e que vão levá-los para onde eles quiserem”, diz. Para ela, a sociedade não acredita em uma escola pública que forma cidadãos, mas trata de argumentar. “Eu sou fruto da escola pública e com esse reconhecimento acredito que a gente tenha contribuído”, aponta. 
   Experiente com os desafios da vida, mostra com sorriso no rosto que é preciso continuar, mesmo diante das dificuldades. Garra e força não lhe faltam. “Ser mulher, negra, professora de educação física e trabalhar na educação especial são fatores que determinados espaços foram muito difíceis de conquistas, mas a partir do momento que você conhece seu potencial, que luta por isso, é como se tirassem uma venda dos olhos e gente consegue”, finaliza como quem acaba de dar uma aula. Das crianças especiais aos leitores de sua história, a professora ensina mesmo quando não é seu objetivo. (FONTE: LAÍS TAÍNE, Reportagem Local, caderno FOLHA GENTE, 17 e 18 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

terça-feira, 20 de novembro de 2018

DIA DA BANDEIRA


   “Salve lindo pendão da esperança, salve símbolo augusto da paz!” Estrofe do Hino à Bandeira, que cantamos no curso ginasial e também no Tiro de Guerra. Estrofe que o pessoal do Lions Clube ainda canta, hoje, em todo o início de suas reuniões. Como as que eu presenciava no ex-Franz Hotel. Pois ontem foi o Dia da Bandeira. Com suas 27 estrelas, representando os estados e o distrito federal. E na outra parte, a constelação do Cruzeiro do Sul, batizada por Mestre João, astrônomo, exatamente no dia 19 de novembro de 1889. A bandeira oficial do Brasil foi criada por Teixeira Mendes e por Miguel Lemos. A expressão Ordem e Progresso foi tirada de uma frase do francês August Conté, da Igreja Positivista, e maçom, que disse o seguinte em sua doutrina de Vida: “Amor, por princípio, ordem por base e progresso por fim”. Então, salve lindo pendão da esperança. (FONTE: Caderno FOLHA CIDADES, página 4, coluna OSWALDO MILITÃO, social@folhadelondrina.com.br, terça-feira, 20 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

DOAÇÃO E LUTA PELA VIDA


   Acolhimento. Talvez seja a palavra que resume as três décadas de história completadas neste novembro pelo Banco de Leite Humano do HU de Londrina. Acolhida das mães com dificuldades para amamentar e de bebês prematuros das UTIs dos hospitais lutando pela vida – quando o leite materno engrossa ainda mais a lista de necessidades. 
   Não é um trabalho fácil e nesse período teve de se aperfeiçoar a novas exigências e constatações, como a descoberta de que o leite cru poderia transmitir o vírus HIV, Assim, primando pela qualidade do produto oferecido aos bebês, foi implantado um rigoroso processo de controle antes dele ser distribuído e da capacitação de profissionais de saúde em todo o Estado. 
   A demanda é crescente, especialmente no HU de Londrina, referência no atendimento a gestantes de risco em toda a região, posto obtido graças aos investimentos em tecnologia, capacitação de profissionais, melhora na qualidade e humanização dos atendimentos. O banco precisa ter um estoque suficiente para ao menos 15 dias, como alerta a coordenadora Márcia Benevenuto de Oliveira. A produção mensal chega a 200 litros, porém a meta estipulada por ela ao seu trabalho é de obter 400 litros por mês. 
   Para isso a informação é primordial: contribuindo para o entendimento de mais profissionais sobre a importância do leite materno, de seu impacto na redução da mortalidade infantil e do papel desempenhado pelos bancos de leite, que trabalham não só para estimular o aleitamento, como para aproveitar o leite que seria descartado. 
   A reportagem da FOLHA acompanhou todo o processo da equipe e certificou que é mais do que merecido o reconhecimento conquistado pelo projeto, considerado referência também em outros países, além da necessidade de levar essa informação ao maior número de pessoas para que o volume de doadoras e, consequentemente, de bebês atendidos possa ser ainda maior. 
   E os números apresentados pela reportagem mostra que a meta de produção considerada um sonho pela coordenadora do banco de leite de
   Londrina, tem muitas condições de se tornar realidade. Cerca de 25% das mulheres que amamentaram têm uma produção acima do que o bebê precisa. A média de nascimento de bebês na cidade é de sete mil a cada ano, seriam então quase duas mil mulheres e condição de doar. Portanto, informar, sensibilizar e conscientizar são determinantes. (FONTE: Editorial do jornal FOLHA DE LONDRINA, por ele publicado hoje, terça-feira, 20 de novembro de 2018).

domingo, 18 de novembro de 2018

O CINEMA ITINERANTE


   Naqueles tempos, o trabalho na roça era muito intenso, não importando a idade das pessoas. A semana toda. Os mais velhos acompanhava o pai na labuta dos cafezais, das plantas de arroz, milho, feijão. Os mais novos ajudavam a mãe nos afazeres da casa, no trato dos animais domésticos, na horta, no retiro do leite da vaca, no preparo de queijo e pães, além de ir à escolinha rural à pé. 
   Os momentos de lazer eram poucos, simples, porém divertidos. Resumiam-se às festas na igreja – como a festa da padroeira, as quermesses -, os bailes nas vizinhanças e aos domingos à tarde todos iam à beira do campo assistir ao futebol. Outra alegria, o circo, que vez ou outra vinha instalar no vilarejo com seus palhaço ingênuos e divertidíssimos, e as duplas sertanejas. 
   Mas o que mais marcou na minha infância foi o “cinema itinerante” do seu Anastácio que a cada dois meses vinha até o vilarejo com um projetor de filme e passava várias sessões. Era a alegria do local, principalmente quando era filme do Mazzaropi, os musicais com Caubi Peixoto, Emilinha Borba, Ângela Maria, entre outros. 
   Lembro que certa ocasião minha mãe comprou um estojo de maquiagem para a minha irmã Nair, do turco-mascate, que vez ou outra descia nosso corredor com duas malas cheias de produtos. No domingo tinha o tal do cinema e Nair se aprontou, usou um rímel, comprado do turco-mascate e foi para o “cinema”. O filme era triste, Marcelino Pão e Vinho. No final minha irmã tinha o rosto todo borrado de preto, pois chorou durante o filme com o rímel correndo pelo seu rosto. Virou motivo de chacota entre os amigos e os irmãos. 
Como no vilarejo não tinha um local adequado para passar os filmes, era na máquina de café do seu Casagrande. Cada pessoa tinha de levar sua cadeira. Seu Barbosa, dono da “venda” de secos e molhados, um dia ao levantar um saco de açúcar machucou a coluna. Estava com dificuldades para ficar em pé ou sentar. Então, como queria ir ao cinema, achou por bem levar o sofá de casa. Chamou os meninos para transportar o bendito sofá pesado. Com uma carriola, levamos o tal sofá, mas com uma condição, teria de pagar nossos ingressos. E foi o que aconteceu. 
   Creozilda, uma menina mulatinha e bem bonitinha, certa vez, assistindo ao filme em cima da sacaria de café adormeceu.. Acabado o filme, retirado o material, seu Casagrande trancou a máquina e garota ficou lá dormindo. Foi um bafafá na cidadezinha. Será que seu Anastácio levou a menina? Onde foi parar a garrota? Ao anoitecer, ouviu-se a gritaria da menina no interior da máquina. Que alívio!
   São histórias que guardo de um passado distante, mas feliz. (FONTE: Crônica escrita por SIDNEY GIROTTO, leitor da FOLHA, página 2, caderno FOLHA RURAL, coluna DEDO DE PROSA, 17 e 18 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

ORGANIZAÇÃO É A MELHOR FORMA DE SAIR DAS DÍVIDAS


   É grande o número de brasileiros perdidos em dívidas, principalmente com cartão de crédito rotativo. Dados preliminares, relativos ao mês de setembro, divulgados pelo BC (Banco Central) mostra que a taxa de inadimplência ao crédito do sistema financeiro no Brasil chegou a 3,04%, ou em termos absolutos R% 96,6 bilhões de um saldo total de R$ 3.168 trilhões. Compreende-se aqui como inadimplência as dívidas em atraso há mais de 90 dias. Os valores divulgados pelo BC não discriminam as contas em vermelho de empresas e pessoas físicas. 
   Pouco mais da metade dos brasileiros como nome sujo na praça (inscritos no SPC Brasil) apresentam dívidas com bancos, operadores de cartão de crédito, financeiras e leasing. Conforme o birô de crédito, em setembro, 65,6 milhões de pessoas estavam “negativadas”, equivalente à população da Itália ou pouco menos de um terço da população adulta com 20 anos ou mais – o IBGE calcula que há 209 milhões de brasileiros, 194 milhões com idade a partir de 20 anos. 
   A maior parte do montante da inadimplência é devida aos bancos públicos, em sequência vem as instituições privadas de capital nacional e, em terceiro lugar, às instituições de capital estrangeiro. 
   Segundo o Banco Central, no mês de maior inadimplência, em junho, a faixa etária com a proporção de mais inadimplência era a de 36 a 40 anos (47,3%). Mas especialistas estão preocupados com o crescimento de percentual de pessoas inadimplentes com mais de 61 anos (35%). 
   O aumento da inadimplência é mais uma consequência do crescimento do desemprego. A esperança é que a recuperação dos postos de trabalho, que já vem se desenhando no País, ajude na recuperação de renda e permita que o brasileiro coloque as contas em dia. 
   Entre 2014 e 2017, cerca de 6,5 milhões de pessoas ficaram sem ocupação (dessas 3,3 milhões tinham empregos formais). Os números do IBGE contabilizam que no período a média anual da taxa de desocupação das pessoas de 14 anos ou mais de idade passou de 6,8% (o menor índice da história) para 12,7%.
   Para os endividados, só resta uma alternativa: organização. Mapear as dividas e planejar os pagamentos ao mesmo tempo em que segura as contas. (FONTE: Editorial do jonral FOLHA DE LONDRINA, publicação do dia (15) de novembro de 2018, quinta-feira, página 2, coluna Folha OPINIÃO).

sábado, 17 de novembro de 2018

DEPRESSÃO ATINGE MAIS DE 5% DOS BRASILEIROS



Doença ainda é alvo de preconceito e desinformação; tratamento e acolhimento dos doentes são caminho para cura 

   “A depressão começa do insípido, nubla os dias com uma cor entediante, enfraquece ações cotidianas até que suas formas claras são obscurecidas pelo esforço que exigem, deixando-nos cansados, entediados e obcecados com nós mesmos – mas é possível superar isso. Não de uma forma feliz, talvez, mas pode-se superar. Ninguém jamais conseguiu definir o ponto de colapso que demarca a depressão severa, mas quando se chega lá, não há como confundi-la.” O trecho extra[ido do livro “O Demônio do Meio Dia: Uma Anatomia da Depressão” é um relato pessoal de seu autor, o psicólogo norte-americano Andrew Solomon, sobre a doença. Ao dividir sua batalha pessoal através da obra- vencedora do National Book Awards 2001, na categoria não ficção – se tornou referencia no tema e a publicação, o um best-seller. Também pudera, o número de casos em todo o mundo só cresce. 
   Segundo os dados recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo, Em dez anos, de 2005 a 2015, esse número cresceu 18,4%. No País, 5,8% da população sofre com a enfermidade, que afeta um total de 11,5 milhões de brasileiros. Segundo os dados da OMS, o Brasil tem a maior prevalência na América Latina e a segunda maior prevalência nas Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que têm 5,9% de depressivos. “Os `fatores desencadeadores no País são muitos. Há uma situação de migração social grave e as crises política e financeira que atingem diretamente as pessoas com a perda da esperança e da fé. Isso tudo faz a ansiedade aumentar e, assim, se instala. É preciso levar essa questão a sério porque 25% das pessoas no País já tiveram ou ainda vão ter depressão”, alerta o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina e diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria. Imersas em preconceito e desinformação, muitas pessoas sofrem em silêncio, resistentes em aceitar que precisam de ajuda. Foi o que aconteceu com a veterinária Alice Marangon, 26. Na época que cursa a a faculdade, aos 20 anos, os primeiros sintomas começaram a aparecer. “Levantar da cama era um desafio. Não tinha ânimo. Queria ficar em casa, passei a ser compulsiva por comida. Ganhei dez quilos. Não aceitava que precisava de ajuda”, lembra. Da resistência ao consultório de um psiquiatra, foram seis longos meses de sofrimento. Com o diagnóstico e medicada, a melhora parecia distante. Um ano depois, já sem auxílio de antidepressivo, decidiu buscar assistência psicológica e, gradativamente, começou controlar os “demônios” que tanto a feriam. “Optei por mudar de vida. Abandonei o ambiente tóxico onde eu estagiava. Tudo começou a mudar e minha vida se abriu. Hoje, ainda continuo me tratando, mas voltei a ser quem eu era e consigo enxergar que o mundo é cheio de possibilidades”, afirma a veterinária, que é gaúcha de Trindade do Sul e se mudou para Londrina em 2015 para cursar o mestrado na UEL (Universidade Estadual de Londrina). Em sua nova rotina, incluiu exercícios físicos e passou a valorizar atividades que aumentavam sua sensação de prazer. “Aprendi a ter empatia. Me interesso por psicologia e gostaria de ajudar as pessoas. A depressão não me serviu de bengala, mas consegui transformá-la num fortaleza e passar a lutar pelo que realmente importa para mim. Sei bem a importância que foi Na minha vida o momento que precisava de ajuda”, lembra. 
   Aceitar o diagnóstico e encontrar o tratamento adequado são grandes desafios para quem enfrenta a depressão. A doença envolve sérios descontroles químicos no cérebro, que provocam grande estrago no comportamento e no convívio social. As causas são muitas: hereditariedade em grande parte dos casos, passando por traumas e exposição a situações de estresse. Mais do que listar as possíveis causas, é importante observar os sintomas – tanto os próprios doentes quanto as famílias envolvidas. Os casos de forma geral são muito singulares e recebem tratamentos individualizados, mas basicamente todos os doentes apresentam mudanças de humor e no comportamento. Tendem a se fechar e a demonstrar falta de interesse por atividades antes comuns. “As causas podem ser compreendidas em três fatores. Uma tendência química causada por fatores genéticos, o ambiente e a cultura que o indivíduo foi exposto, especialmente num ambiente familiar, e aspectos trazidos pelo ambiente social. Mas, de forma geral, é um esgotamento, uma desistência do eu e de uma autoestima mínima”, explica Marcelo Castro, psiquiatra e psicanalista membro da Associação Internacional de Psicanálise e professor convidado da UEL. 
   Pelo aspecto de psicologia, a doença basicamente se resume ao estado de um sujeito que não tem estrutura emocional suficiente para lidar com as angústias, frustrações e perdas. “Muitas pessoas escondem que vivem em sofrimento, mas é importante não confundir uma grande tristeza com a patologia. A depressão é quando a pessoa chega a um ponto em que não consegue encontrar prazer na vida”, descreve a psicóloga Amanda Kenny, doutora em psicologia clínica e professora colaboradora da UEL. 
   Diante de um quadro multicausal, a busca por tratamento da depressão também envolve um combate por diferentes frentes. Nos casos severo a intervenção psiquiátrica é emergencial, além do acompanhamento psicológico. Há ainda pessoas que se interessam por métodos alternativos como meditação, acupuntura, além de outras práticas que alterem o estilo de vida, como hábitos e a inclusão de atividades físicas. Todas as tentativas são bem-vindas, mas o acompanhamento especializado é primordial. “Hoje, a discussão sobre saúde não permite mais segmentar. O trabalho deve ser multiprofissional com funcionamento multidisciplinar. Devemos contemplar o corpo através do físico, psicológico aspectos sociais e até espirituais”, explica Kenny.
   O tratamento basicamente feito através de remédios normalmente não funciona como uma solução. A psiquiatria tem como papel fundamental o diagnóstico e os cuidados para amenizar os sintomas. “O tratamento passa pela atenção do médico unido ao trabalho da psicoterapia. Sem essa junção, os remédios funcionam como uma anestesia para a dor e não têm a capacidade de resolver na maioria dos casos”, detalha Castro. Em casos mais graves, em que os doentes estejam correndo risco de vida, é necessária a internação. “São pouquíssimos casos. Em sua maioria o cuidado deve ser feito no seio familiar, mas, diante de alguém que está no limite, é preciso internação. Não existe um modelo de tratamento para uma doença tão complexa”, afirma Antônio Geraldo da Silva. 

          CAMPANHA DA OMS COMBATE PRECONCEITO 

   Parte fundamental do tratamento passa pelo apoio que o doente recebe das pessoas que o cercam, sejam familiares ou dos círculos sociais. Conversar é o primeiro passo para uma melhora. Esta inclusive foi a aposta da OMS (Organização Mundial da Saúde) na campanha apresentada no ano passado sobre o tema, intitulada “Depressão Vamos Conversar”. O objetivo do organismo internacional é incentivar que as pessoas procurem ajuda. O trabalho foi lançado na busca de derrubar tabus, até porque pode afetar gente de todas as idades, raças e origens. A ideia é combater frontalmente o preconceito. Apesar das informações sobre a doença serem propagadas aos quatro ventos, não é difícil encontrar quem acuse os doentes de fraqueza ou mesmo preguiça. “Vivemos numa sociedade em que tudo se torna descartável. O ideal hoje é definido em perfis de redes sociais, que tornam a convivência entre as pessoas ainda mais massacrantes e depressoras. E as pessoas têm preconceito por causa de uma psicofobia, o medo de encarar o próprio sofrimento”, opina Marcelo Castro. 
   É fundamental ainda lembrar que a depressão pode levar as pessoas ao limite e é uma das principais causas de suicídio. Ela aumenta o risco de transtornos de uso de substâncias químicas e outras doenças como diabetes e cardíacas. O oposto também é verdadeiro, o que significa que as pessoas como essas outras condições têm um maior risco de ficar deprimidas. Diante de tamanha complexidade, o princípio para a luta é a conversa. O socorro é possível com um simples oferecimento ou pedido de ajuda. (P.M.) 

          TRATAMENTO E UMA PALAVRA DE APOIO

     SAIBA ONDE ENCONTRAR AJUDA PSICOLÓGICA
UNIFIL - Rua Alagoas, 2.050, Centro - 3375-7551. Deve-se ligar para participar da triagem. As consultas custam entre R$ 9 e R#17-------------

FACULDADE PITÁGORAS  - Avenida Madre Leônia Milito, 917 - Gleba Palhano - Agendar a triagem - As custas têm valor simbólico de R$ 0,50 e R$ 5 - 3379-7329 e 99646-2307========
PUC LONDRINA - Avenida Jockey Club, 485 - Vila Hípica - 3372-6060 -  Marcar o atendimeno pelo telefone . As consultas custam R$ 15=====
UNOPAR - Rua Marselha 269 - Parque Residencial João Piza - 3371-7969 - Agendar a triagem. As consultas são gratuitas  e apenas são pedidas doações para a clínica.=============
CENTRO SOCIAL CORAÇÃO DE MARIA - Esquinas das avenidas JK e Higienópolis - 3324-4484 - As pessoas passam por triagem social. As consultas são grátis, mas é preciso comprovar a renda. 
CENTRO DE ATENDIMENTO SOCIAL ÁGAPE - Rua Luiz Dias, 393 - Vila Brasil - 3342-9008 - É preciso fazer cadastro com assistente social  e comprovar renda para obter o tratamento grátis.======================
INSTITUO DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO EM ESTUDOS E PSICOLOGIA - Rua Carlos Gomes, 35 - Jardim Petrópolis - 3029- 8001 - As pessoas passam por triagem marcada por telefone para atendimento voluntário. Apenas para quem tem renda familiar em até R$ 1 mil.================================
ASSOCIAÇÃO FLÁVIA CRISTINA - Avenida Saul Elkind 5000  - Conjunto José Giordano - 3348-8875 e 3327-4828 - Marcar a triagem por telefone. As consultas custam R$ 100...................
   Encontrar o tratamento ideal para cada caso é um trabalho hercúleo. O contado interpessoal entre o doente, o médico e o psicólogo é muito importante. Além da questão social, ainda é preciso achar o medicamento ideal e a dose correta. Todo o trabalho requer uma série de fatores que incluem paciência, disciplina e confiança por parte do doente, além da solidariedade e do apoio de quem convive. Existe o atendimento na rede púbica, assim como há oferta de tratamento psicológico gratuito. Os Caps (Centro de Atenção Psicossociais) são a referência pública para as doenças mentais. Em Londrina, as pessoas que apresentam os sintomas devem ser levadas ao Caps 3, na rua Alba Bertoleti Clivati, 186, no Conjunto Alto da Boa Vista (3378-0121). Já as crianças devem ser encaminhas para o Caps Infantil, na rua Joá, 46, na Vila Nova (3379-0739). A UEL tem sua Clínica Psicológica que, além de acompanhamento, oferece atendimento emergencial. As informações estão disponíveis nos telefones 3371-4237. A fila de espera para atendimento é grande, as últimas informações são de 800 pessoas esperando por uma consulta, mas as portas estão abertas. Não há cobrança, pede-se apenas que levem doações para ajudar no funcionamento da clínica. Somente em 2017, a clínica fez 9.220 atendimentos, sendo 7.722 individuais e 1.498 grupais. “Os atendimentos foram realizados prioritariamente por discentes de graduação, mas conta-se também com atendimento de alunos da pós-gradução, lato e stricto sensu, e colaboradores externos vinculados aos projetos de ensino, pesquisa e extensão.”, explica a diretora do serviço, a professora Maíra Bonafé Sei. Entre as principais queixas estão ansiedade/insegurança/medo (28,17%) e depressão/ melancolia (20,76%). 
    Outro apoio importante de caráter emergial é o CVV (Centro de Valorização da Vida). Atualmente o atendimento em Londrina é feito apenas pelo telefone 188, e mais informações podem ser obtidas no site www.cvv.org.br. O principal trabalho dos voluntários é ouvir quem precisa de acolhimento. Na cidade existem 37 voluntários que se revezam ao telefone e outros sete novos integrantes vão ingressar no time em janeiro. “Além do atendimento telefônico, estamos à disposição da sociedade para dar palestras e falarmos de prevenção ao suicídio. O CVV já faz o seu trabalho em Londrina há 38 anos e estamos prestes a ter uma nova sede”, explica o empresário Aparecido Carlos Beltrami, 68, responsável pela instituição na cidade. O novo imóvel deve ser cedido pela prefeitura na região da avenida Leste-Oeste. A partir da instalação, a CVV irá promover campanhas para equipar a instituição para que possa fazer atendimentos presenciais. Para marcar palestras com os voluntários, o contato é pelo e-mail londrina@cvv.org.br. “ Em 90% das ligações conseguimos que a pessoa se acalme, fale e procure uma ajuda. É gratificante fazer esse trabalho”, afirma Beltrami, ciente de que faz sua parte. (P.M). FONTE: PEDRO MORAES – Reportagem Local, FOLHA GERAL, página 8, sexta-feira, 16 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

DEPRESSÃO NA AL: UM RANKING QUE O BRASIL NÃO QUERIA LIDERAR


   É com uma citação do livro “O Demônio do Meio-dia: Uma Anatomia da Depressão” que a Folha de Londrina abre nesta edição de sexta-feira (16) reportagem sobre a doença que atinge 5% da população. “A depressão começa do insípido, nubla os dias com uma cor entediante, enfraquece ações cotidianas até que suas formas claras são obscurecidas pelo esforço que exigem, deixando-nos cansados, entediados e obcecados com nós mesmos – mas é possível superar isso. Não de uma forma feliz, talvez, mas pode-se superar. Ninguém jamais conseguiu superar o ponto de colapso que demarca a depressão severa, mas quando se chega lá, não há como confundi-la”, descreve o autor Andrew Solomon. O norte-americano contou no livro como foi a batalha pessoal para vencer o mal que atinge a cada ano mais pessoas em todo o mundo. 
   Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão afeta 322 milhões pessoas no mundo. Em dez anos, de 2005 a 2015, esse número cresceu 18,4%. No País, 5,8% da população sofre com a enfermidade, que afeta um total de 11,5 milhões de indivíduos. Segundo os dados da OMS, o Brasil tem a maior prevalência na América Latina e a segunda maior prevalência nas Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que tem 5,9% de depressivos. 
   Certamente, contribuíram para o crescimento da incidência no Brasil a crise política e financeira que atingiram diretamente o brasileiro nos últimos anos. A perda da esperança faz a ansiedade aumentar.
   O cenário é preocupante e mereceu um alerta do presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina e diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva. O médico afirmou que é preciso levar a questão do aumento dos casos de depressão a sério, pois 25% das pessoas no País já tiveram ou ainda vão ter a depressão. 
   A reportagem da FOLHA traz relatos de pessoas que conseguiram superar a doença e informa locais onde é possível buscar ajuda gratuitamente ou com preços simbólicos. Especialistas ouvidos pelo jornal lembraram que a causa da depressão são muitas e que o preconceito é um dos grandes desafios a serem superados. Infelizmente, a doença é uma das principais causas de suicídio. 
   Considerada o mal do século, a depressão não escolhe raça, idade ou classe social. Campanhas de orientação e conscientização são cada vez mais importantes para mostrar as consequências de ignorar o problema e negligenciar o tratamento. ( FONTE: EDITORIAL DO JORNAL FOLHA DE LONDRINA, (16), coluna Folha Opinião, do aludido jornal).

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

BRASIL VIVE RETROCESSO NOS DIREITOS HUMANOS, DIZ OEA

Entidade criticou violações aos direitos de moradores de rua , entre utras minorias
 O Brasil já foi referência na promoção dos direitos humanos, mas hoje vive uma redução dessas garantias. Essa foi a conclusão da CIDH (Comissão Interamericana dos Direitos Humanos) da OEA (Organização dos Estados Americanos). Após uma semana de vistas a diversos Estados do País. “O Brasil se consolidou como um país de referência sobre políticas de direitos humanos , políticas de infância, que se constituíram através de governo distintos, como um compromisso de Estado”, disse Antonia Errejola, relatora para o Brasil. ‘Mas a comissão tristemente identificou uma redução da intensidade dessa dinâmica.”
   Em entrevista coletiva no Rio de janeiro nesta segunda-feira (12), a comissão divulgou um relatório preliminar com recomendações sobre o que viu. Destacou violações a indígenas, quilombolas, moradores de rua, trabalhadores rurais, presos e moradores de favelas e periferias, além de imigrantes, transexuais, defensores dos direitos humanos e à imprensa. A CIDH passou a última semana, a convite do governo brasileiro, se reunindo com a União, diversos órgãos públicos, representantes da sociedade civil, defensores dos direitos humanos, comunidades e vitimas de violência.
   Os integrantes da comissão, visitaram Brasília e os Estados de Minas Gerais, Paris, São Paulo, Maranhão, Roraima, Bahia, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. É a segunda vez que a comissão vem ao Brasil, apesar de fazer um monitoramento constante à distância – a primeira foi em 1995.
   A violência por agentes de segurança e o “padrão de impunidade sistemática em tais casos” foi um dos pontos mais criticados, mas também as mortes de policiais. “Os direitos humanos valem para todos, é importante frisar isso”, afirmou Errejola, que citou a falta de conclusão do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. 
   No campo de liberdade de expressão, a delegação frisou os constantes ataques recentes à imprensa no período eleitoral, condenou o “o ambiente de discursos de intolerância e ódio contra minorias que se criou” e criticou a criminalização de movimentos sociais através de lei antiterrorismo. Também chamou a atenção para a ausência de políticas públicas para a reforma agrária e o acesso à terra, bem como para a discriminação de venezuelanos em Roraima, mas pontuou como avanço a sansão de uma nova lei de migração neste ano. 
   Por outro lado, o relatório da CIDH celebra medidas recentes no País. Para eles estão a aprovação recente da lei que instituiu o Susp (Instituto Único de Segurança Pública) e de uma política nacional para a área e à implementação de audiências de custódia. Elogia ainda decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), a que transferiu presas grávidas ou mães de crianças para a prisão domiciliar e a que garantiu a libre manifestação de ideias em universidades após apreensões da Justiça Eleitoral em unidades públicas de ensino. Nos próximos meses a OEA vai preparar e publicar um relatório final sobre a situação do país. (FONTE: JÚLIA BARBON – FolhaPress, FOLHA GERAL, página 3, terça-feira (13) de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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