PERSONALIDADES






Biografia de Cora Coralina


   Cora Coralina (1889-1985) foi uma poetisa e contista brasileira, responsável por belos poemas. Foi elogiada por Carlos Drummond de Andrade.

   Cora Coralina (1889-1985) nasceu na cidade de Goiás, no dia 20 de agosto de 1889. Seu nome de batismo era Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas. Tornou-se doceira, ofício que exerceu até os últimos dias de sua vida. Famosos eram os seus doces de abóbora e figo.
    Cora Coralina já escrevia poemas em 1903 e chegou a publicá-los no jornal de poema femininos "A Rosa", em 1908. Em 1910, foi publicado o seu conto "Tragédia na Roça" no "Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás", usando o pseudônimo de Cora Coralina. Em 1911, Fugiu com o advogado divorciado Cantídio Tolentino Bretas, com quem teve seis filhos. Foi convidada a participar da Semana de Arte Moderna, mas é impedida pelo seu marido.
Já em São Paulo, em 1934, trabalhou como vendedora de livros na editora José Olímpio, onde lançou seu primeiro livro, em 1965, quando tinha 76 anos, "O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais". Em 1976, é lançado o livro "Meu Livro de Cordel" pela editora Goiana. Mas o interesse do grande público é despertado graças aos elogios do poeta Carlos Drummond de Andrade, em 1980.
Cora Coralina recebeu o título de Doutor Honoris Causa da UFG e foi eleita com o "Prêmio Juca Pato" da União Brasileira dos Escritores, como intelectual do ano de 1983.
Cora Coralina faleceu em Goiânia, no dia 10 de abril de 1985


   AUGUSTO CURY

SONHOS SEM DISCIPLINA: A FÓRMULA DO INSUCESSO.DUAS FERRAMENTAS QUE NUNCA PODEM ESTAR SEPARADAS

   Não podemos nos esconder atrás dos sucessos passados, nem atrás das necessidades neuróticas de poder, de evidência social e de estarmos sempre certos. Precisamos ser transparentes.
   Quem não é transparente não reedita o filme do inconsciente, não reescreve sua história, leva para o túmulo seus conflitos. Por quê? Porque se o Eu não contatar e esquadrinhar as janelas traumáticas para reeditá-las, perderá a oportunidade de reciclar suas mazelas e misérias emocionais. Por isso, neste capítulo, vou falar sobre alguns dos conflitos, desertos e crises que atravessei.
   Muitos jovens se acham ansiosos, irritados, desconcentrados, sem projetos de vida. Eu também era assim em minha juventude. Alguns podem pensar que, pelo fato de ter milhões de leitores em mais de 70 países e ser estudado em várias universidades, andei por caminhos sem acidentes. Não é verdade.
   Atravessei desertos emocionais áridos. Durante a travessia de alguns deles, parecia que eu não tinha forças para caminhar. Tinha tudo para não dar certo. Precisei muito das ferramentas usadas neste capítulo, dos sonhos como projeto de vida e de doses elevadas de disciplina para reescrever minha história.

   MINHA HISTÓRIA

   Como conto no livro Manual dos jovens estressados, há mais de 30 anos, quando eu fazia o colegial, atual ensino médio, era tão desconcentrado que você podia falar comigo durante dez minutos que eu não ouvia nada. Drogas? Não, eu não as usava. Não queria ser aprisionado por elas, pois minha liberdade não tinha preço. Mas viajava em minha imaginação. Enquanto meu corpo estava na sala de aula, minha mente vagava por aí. Quem vive no mundo da Lua hoje está mais próximo do que eu, que viva em Marte, Vênus, outra galáxia até.
   E sabe qual foi a minha nota média final do segundo ano? A segunda da classe. Só que de baixo para cima. Não gostava de estudar. Não tinha o que Platão preconizava: o deleite do prazer de aprender.
Meus professores? Não acreditavam em mim. Meus amigos? Achavam que eu não daria nada na vida. Ficaria à sombra de meus pais, de uma árvore ou de uma ponte. Eu era tão desligado e desmotivado para ir à escola que só tinha um caderno e, mesmo assim, quase sem nada escrito nele. Andava tão desarrumado que até abotoava a camisa errado. As meninas fugiam de mim. E, além disso, eu tinha algumas manias. Vivia tapando a testa, que eu achava que tinha um tamanho exagerado, com uma franja. Certa vez, ao sair da escola, em vez de olhar para a frente, fiquei cobrindo a testa e, infelizmente, não vi um poste na calçada. Bati a cabeça e quase desmaiei.
   O que me interessava era o prazer imediato. Só queria me divertir: festas, boates, churrascos. O problema não estava nessas coisas. Estava em acreditar que para mim não existia o futuro. Eu não planejava minimamente minha vida. Não sabia onde estava, nem aonde queria chegar. E você, sabe?
   Certa vez, meus colegas de turma estavam falando sobre seus sonhos, seu futuro, sobre a profissão que queriam seguir. Uns queriam fazer engenharia, outros, direito: outros, pedagogia, administração e assim por diante. Eram todos, como eu, alunos de escola pública. De repente, com a maior ingenuidade, me levantei no meio da classe e gritei: “Eu quero fazer faculdade de medicina!”.
   Sabe qual foi o resultado? Um profundo silêncio na classe. Não se ouvia nem uma mosca. E, de repente, todos caíram na gargalhada. Foi a piada do ano. Devem ter pensado: “O quê?! O Augusto, o mais desligado da classe, que nem caderno tem, quer fazer faculdade de medicina? Está brincando? Nesse dia, eu olhei para todo mundo, passei a mão no cabelo e pensei: “Caramba... nenhum apoio! Se depender de torcida, estou perdido, é melhor ficar no banco de reservas!”. De fato, há momentos na vida em que não dá para contar com ninguém.

VIRANDO O JOGO: O CASAMENTO DO SONHO COM A DISCIPLINA

Depois de ter zero apoio emocional, comecei a me questionar com honestidade: “Quem eu sou? O que é a vida? O que espero dela? Quem disse que estou programado para ser um derrotado? Se outros chegaram lá, por que eu não chegaria? Quem disse que eu não posso superar minhas limitações, estupidez e irresponsabilidade?
   Descobri, ainda que não claramente, uma grande ferramenta: Meu Eu pode e deve ser o autor da minha história. Descobri que meus piores inimigos estavam dentro de mim. Eu precisava duvidar das falsas crenças que havia construído: de que não era inteligente, de que não tinha boa memória, de que não tinha futuro, de que não conseguia resolver minhas mazelas psíquicas. As falsas crenças são cárceres mentais que podem nos dominar a vida toda. Descobrir isso me iluminou.
   Você conhece a história dos cem ratinhos que competiam para subir na Torre Eiffel? Após a largada, todos saíram em disparada, mas na subida um falava para o outro: “Vamos cair!”, “Não vai dar!”. ”Vamos morrer!”. A maioria despencava após subir 10 metros. Uma minoria conseguiu escalar 100 metros, mas só um ratinho atingiu o topo da torre. Foram entrevistar para saber seus segredos, mas ele não ouvia nada. Descobriram então que um dos fenômenos que o ajudaram a escalar a torre era ser surdo. Os ratos que ouviam os comentários pessimistas dos colegas abriam janelas killer que produziam um estado de ansiedade tão grande que escravizava sua ousadia e agilidade, fazendo-os despencar.
   Há milhões de seres humanos silenciados, derrotados, não por falta de capacidade, mas por serem escravos das suas janelas traumáticas. Eu tinha diversas janelas que me dominavam: preguiça mental, alienação, sentimento de incapacidade, autopunição.
Mas felizmente descobri outra ferramenta: Toda mente é um cofre. Não adianta arrombá-lo, é necessário usar a chave certa. Intuitivamente, comecei a usar as técnicas para abrir o cofre da minha mente. Comecei a entender que não existem pessoas desinteligentes, mas pessoas que não sabem equipar e exercitar sua inteligência. Mas não tinha projeto de vida. Tudo o que começava não terminava. Foi então que descobri uma das maiores ferramentas para me tornar autor da minha história: Sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas, e disciplina sem sonhos produz pessoas que só obedecem a ordens.
   Entendi que existe uma gritante diferença entre sonhos e desejos. “Desejos são intenções frágeis, sonhos são projetos elaborados com critério e responsabilidade. Desejos de ter bons amigos, de ser um bom aluno, de superar a ansiedade, de ser excelente profissional não tem força para suportar o calor dos problemas que batem em nossas portas. Sonhos, ao contrário, são projetos de vida, ganham mais força quando sofremos derrotas ou atravessamos os vales das dificuldades.
   Muitos têm desejo de virar a mesa em algumas áreas da vida, mas não elaboram sonhos ou estratégias para se reciclarem. Continuam doentes, ficam aprisionado no cárcere da rotina. Sonhos precisam de disciplina, disciplina precisa de foco, foco precisa de estratégia, estratégia precisa de escolhas, escolhas implicam perdas. O bom dessas ferramentas é que elas estão ao alcance de todos.

MEU PROJETO DE VIDA
   Depois que descobri a grande diferença entre sonhos e desejos, passei a ser controlado pelo grande sonho de entrar na faculdade de medicina e, de alguma forma, contribuir para aliviar a dor dos outros. Esse projeto me provocou, me empurrou e me levou todos os dias a superar o medo de me expressar, de levantar a mão e tirar minhas dúvidas na classe. Não importava se os outros zombassem de mim, se minhas perguntas eram banais, eu tinha uma meta e a perseguia com toda a minha energia mental.
   Tal projeto de vida deu combustível a minha disciplina, determinação, transpiração, batalha. Foi então que eu, que nem caderno tinha no segundo ano do ensino médio, passei a estudar mais de 10 horas por dia além do estudo em classe. Tinha foco e usei estratégias diárias para alcançá-lo. Não apenas anotava as aulas, mas considerava fundamental que cada aula dada fosse uma aula estudada. E, além disso, passei a revisar as últimas aulas de cada matéria que já havia estudado por cinco ou dez minutos.
   Essas estratégias expandiram meu rendimento intelectual. Desse modo, assimilava as informações, reciclava o aprendizado e saturava minha memória com tudo que eu aprendia.
   No começo não foi fácil. Não entendia as matérias, sentia sono, fadiga e até irritação. Queria sair correndo do meu local de estudos... A sorte “acorda” às 6 da manhã – é o casamento da coragem coma oportunidade
   Ao vermos o sucesso de alguém, somos tentados a dizer “ele tem sorte”. Não conseguimos ver que, nos bastidores da sua história, houve foco, estratégias e determinação. Muitos nasceram em berço pobre, viveram privações, não tiveram apoio de nada nem de ninguém. Mas usaram suas habilidades mentais para criar suas oportunidades.Você tem usado as suas?
   Quem acredita em sorte e azar como fenômenos estáticos tem grande chance de ser vítima de suas dificuldades, privações, deboches, conflitos, e não autor da própria história.
   Muitos filhos de pais ricos ou intelectuais ficam à sombra deles. Tiveram grandes oportunidades, mas não as aproveitaram para ir longe, para construir a própria história. A “sorte” de terem tudo pronto foi uma armadilha. A herança, os prazeres imediatos e a vida fácil asfixiaram sua disciplina e suas habilidades mentais. Não aprenderam a expor em vez de impor suas idéias, correr riscos, ousar, ter projetos de vida, lutar por eles, acordar cedo, ter rotina.

   Você caiu nessas armadilhas?

   Quando jovem, sentia que minha mente não era privilegiada, minha memória não era um bom armazém de informações. Se quisesse vencer minhas limitações, precisaria acordar cedo, estudar muito, perguntar, provocar minha mente, criar minhas oportunidades, mudar a minha sorte. Foi o que fiz.
Tinha de parar de reclamar de tudo. Tinha de parar de culpar os outros pelos meus fracassos. Tinha de saber que ninguém poderia fazer as escolhas por mim. A decisão era exclusivamente minha. E a decisão não podia ser um desejo superficial: tinha de ser um sonho mesclado com disciplina, capaz de me controlar todos os dias. Se não me controlasse, eu
 seria um derrotado.

   A DOR SE TORNOU MINHA DOCE MESTRA

   A decisão de construir meu destino me levou mesmo sem entender na época, a reeditar as janelas killer que me encarceravam. Meu Eu pouco a pouco saiu da plateia, da condição de espectador passivo, entrou no palco da minha mente para dirigir o script da minha história
   Foi nesse momento que finalmente entendi outra ferramenta fundamental. Todas as escolhas envolvem perdas. Quem quer ganhar tudo não leva nada. Eu tinha de perder minha vida fácil, irresponsável, dada a festas e compromissos sem futuro, para atingir minhas metas maiores. Perder o irrelevante para conquistar o essencial é imprescindível.

VOCÊ CONSEGUE DIFERENCIAR O IRRELEVANTE DO ESSENCIAL?

   Muitos querem conquistar seus filhos, amigos parceiro(a) mas não reciclam sua irritabilidade e capacidade doentia de julgar, cobrar, diminuir os outros. Nunca os conquistam, pois não sabem perder.
   Muitos querem ter saúde emocional, mas não dão nenhuma importância ao seu sono, não treinam relaxar, insistem em ser máquinas de trabalhar, são vítimas da SPA – Síndrome do Pensamento Acelerado ( causada pela velocidade excessiva do pensamento, que gera ansiedade, mente agitada, insatisfação, falta de concentração, inquietação, flutuação emocional, cansaço físico exagerado, baixa capacidade para suportar frustrações, entre outros sintomas). Nunca se preocupam em aprender a proteger sua emoção e a filtrar estímulos estressantes. Não sabem fazer escolhas. Serão futuros heróis no leito de hospital.
   Gosto de lembrar Abraham Lincoln, que libertou os escravos na década de 60 do século XIX, mas não impediu que o preconceito continuasse arraigado no inconsciente coletivo de milhões de norte-americanos. Não é fácil reeditar as janelas killer quando na educação não estimulamos a nova geração a reeditar suas mazelas e a se tornar autores da própria história. Na década de 60 do século XX, nos EUA, os negros ainda eram discriminados vergonhosamente. Portanto, faltou não apenas mudar a lei, mas também mudar o coração. Faltou unir o sonho da liberdade com a disciplina educacional para mudar a mente das pessoas, principalmente a dos brancos.

   UM GRANDE SONHADOR; O DESTINO NÃO É INEVITÁVEL

   O líder negro norte-americano Martin Luther King sonhou com uma sociedade livre não apenas na constituição, mas também no território da emoção. Seu sonho o levou a ter foco, seu foco o levou a traçar estratégias: sair pelas ruas e avenidas das grandes cidades dos EUA proclamando liberdade e igualdade entre brancos e negros. Suas estratégias o levaram a fazer grandes escolhas, e suas escolhas, sabia ele, podiam levar a significativas perdas. Tinha consciência de que poderia ser morto. E morreu. Mas considerou o sonho da liberdade mais importante do que se esconder. Seu comportamento reescreveu uma importante página da história norte-americana.
   Reitero: sonhos precisam de disciplina: disciplina precisa de foco: foco precisa de estratégias: estratégias precisam de escolhas – e todas as grandes escolhas implicam notáveis perdas.
   O quanto você está disposto(a) a perder em nome das grandes conquistas determinará seu êxito. Depois de 20 seções de psicoterapia e consultas psiquiátricas e de décadas pesquisando a mente humana, estou convicto de que cada ser humano tem habilidades incríveis. Mas poucos as desenvolvem, lapidam, treinam. Uns são torradores de dinheiro, de potencial intelectual. E você?
   Todos nós devemos entender que o destino não é frequentemente inevitável, mas uma questão de escolha. Muitos querem o perfume das flores, mas poucos sujam as mãos para cultivá-las. Se acreditasse em destino, eu estaria perdido. Todas as minhas circunstâncias internas e externas apontavam para o fracasso. Dois anos depois de seguir essa trajetória, passei da condição de péssimo aluno da escola pública para um dos melhores de matemática, química, física. O resultado? Finalmente entrei em quinto lugar na faculdade de medicina entre mais de 1.500 alunos. Foi uma grande festa! Amei o perfume das flores, mas com humildade aprendi a sujar as mãos para cultivá-las. Os sonhos e as disciplinas venceram. Sorri, alegrei-me, festejei, mas não sabia que os meus mais áridos desertos ainda estariam por vir.

    A dor nos destrói ou nos constrói.

   Tudo parecia perfeito na faculdade de medicina, mas no segundo ano atravessei os vales sórdidos de uma depressão. Não sabia que a depressão era o último estágio da dor humana. Não sabia que as palavras eram pobres, toscas para descrevê-la. Sempre fui alegre, sociável, bem-humorado. Minha mãe uma pessoa encantadora, mas tinha depressão. A relação com meu pai tinha seus conflitos, mas ele era bem-humorado, ativo, dinâmico. Não havia causas significativas no processo de formação da minha personalidade que justificassem tamanha dor emocional. E nem sempre as encontramos. Às vezes, o que existe é uma somatória de pequenas causas.

   O que mais justificava meu conflito eram minha hipersensibilidade, hiperpreocupação em agradar aos outros e hiperprodução de pensamentos , que me deixavam sem qualquer proteção emocional. Chorei sem derramar lágrimas, contraí o sentido existencial, asfixiei meu prazer de viver, minha mente foi assaltada por pensamentos antecipatórios e pessimistas.
   Observando meu próprio caos emocional é que entendi mais uma ferramenta: A dor nos destrói ou nos constrói. A maioria das pessoas usa a dor para se punir, se diminuir, se isolar. Quanto a mim, usei-a como minha doce mestra para procurar o mais importante de todos os endereços, um endereço que poucos encontram dentro de mim mesmo.
   Meu conflito me levou a me interiorizar profundamente e a desenvolver a arte da pergunta em seu sentido mais intenso. Perguntava diariamente: Como penso? Por que penso? Qual a natureza dos meus pensamentos? Que vínculo os pensamentos têm com as emoções? Por que sou escravo dos meus pensamentos perturbadores? Quas causas os financiam? Por que não sou livre no território da emoção?
   Parecia um maluco tentando entender os fenômenos que me escravizavam. E escrevia tudo. Nasceu ali o escritor e o pesquisador. Sem saber, penetrava no mais incrível e complexos dos mundos: a mente humana. Nunca mais parei de escrever, ler, pesquisar. Ao final da faculdade de medicina, tinha centenas de páginas escritas.

   PROMOVER O BEM-ESTAR DOS OUTROS É UM GRANDE SONHO
   Não há sonho mais belo do que usar a nossa história e a nossa profissão para aliviar a dor dos outros. A verdadeira felicidade se alcança quando irrigamos de alguma forma a felicidade dos outros, pois o individualismo, o egocentrismo e o egoísmo depõem contra a saúde psíquica. Se não tiver esse sonho, uma pessoa pode morar num palácio, ter bilhões de dólares e ser um miserável.
   Depois de formado, continuei escrevendo motivado por essas metas. E um sonho passou a me controlar: escrever uma nova teoria sobre o funcionamento da mente humana, o processo de formação do Eu como autor da própria história, o processo de construção dos pensamentos, os papéis conscientes e inconscientes da memória e o processo de formação de pensadores. Queria contribuir de alguma forma para a ciência e a humanidade.
   Resumindo, foram mais de 25 anos de pesquisa e mais de 3 mil páginas escritas, que resultaram na Teoria da Inteligência Multifocal. Um tempo longo, saturado de aventuras, mas também de fadiga. Mas quem iria publicar um livro tão grande? Outra batalha. Resumi tudo em cerca de 400 páginas e enviei para as editoras. Ingenuamente pensei que teria apoio.
   As respostas de moraram meses para chegar. Após abrir a correspondência vinha a decepção. Nenhuma editora se interessava em publicar uma teoria densa num país que raramente produz teoria. Parecia que meus sonhos eram delírios. Mas algo me alimentou: lembrei-me de que quem vence sem riscos triunfa sem glórias. Todas as escolhas envolvem perdas.

   ALGUNS RESULTADOS DA UNIÃO DOS SONHOS COM A DISCIPLINA

   Anos se passaram e, para não desistir do meu projeto, precisava sempre me lembrar de que, se a sociedade o(a) abandona, a solidão é suportável: mas se você mesmo se abandona, ela é intolerável.. Muitas pessoas que atravessam conflitos psíquicos não os resolvem não porque a sociedade os abandonou, mas porque elas se abandonaram: não porque não têm potencial para reciclar suas janelas traumáticas, mas porque seu EU não se interioriza nem mapeia seus conflitos, ainda que estejam em tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico.
   Quanto a mim, não podia me abandonar. Precisava de doses elevadas de sonhos e disciplina. As frustrações continuaram. Entretanto, após um período prolongado, uma editora, a Cultrix, apostou no projeto e finalmente publiquei o livro inteligência multifocal. O sonho que parecia quase impossível se realizou. Nunca mais parei de escrever.
   Permita-me contar com humildade e alegria alguns fatos que se desenrolaram a partir de então, resultado da união do sonho com a disciplina.
    As 3 mil páginas que escrevi inicialmente resultaram em mais de 30 livros. E, aos poucos, eles começam a ser publicados em todo o mundo. Hoje são cerca de 70 países: EUA, Rússia, China, Coreia do Sul, Itália, Alemanha, Romênia, Sérvia, países da África, da América Latina e tantos outros.Cerca de 10 milhões de pessoas me lêem todos os anos. Alguns dos meus livros como O vendedor de sonhos e O futuro da humanidade, serão adaptados em breve para o cinema.
   Baseado na Teoria da Inteligência Multifocal, lancei nos EUA, o Freemind (mente livre), para mais de 600 profissionais de vários países, entre eles mestres e doutores da área da saúde e da educação. Vários países já estão se articulando para aplicá-lo. Esse programa para prevenção de transtornos psíquicos contém 12 ferramentas que desenvolvi durante 20 anos – entre elas, como gerenciar a mente, proteger a emoção, filtrar estímulos estressantes, trabalhar perdas e frustrações -, que podem contribuir para prevenir os mais variados tipos de ansiedade. Renunciei aos direitos autorais do Freemind para que ele seja usado gratuitamente por todos os povos e culturas

   TODOS TÊM UMA GENIALIDADE

   Com muito orgulho estudei em escola pública, mas infelizmente, como disse, era a segunda nota da classe de baixo para cima. E depois de toda essa trajetória, recebi o título de membro de honra de uma academia de gênios da Europa. “Eu, gênio?”, pensei comigo. Como eu engano bem! Nunca tive uma supermemória.”
   Mas, como autor de uma nova teoria sobre o funcionamento da mente e do desenvolvimento da inteligência, tenho convicção de que, mesmo que não sejamos gênios da perspectiva da genética, ainda que nossa memória não seja excelente nem tenhamos dons privilegiados, podemos desenvolver uma genialidade funcional notável.
   Quando você aprende a proteger sua emoção, está sendo um gênio da saúde emocional. Quando você aprende a gerenciar seus pensamentos, está sendo um gênio na administração do estresse. Quando você se coloca no lugar dos outros, está sendo um gênio nas relações sociais.
   Sou um eterno aprendi, um pequeno caminhante que anda no traçado do tempo em busca de mim mesmo.
   Contei resumidamente minha história para encorajar você a ter plena convicção de que não há caminhos sem acidentes, nem céus sem tempestades. Todos nós tropeçamos, falhamos, atravessamos crises, temos nossas loucuras.
   Ninguém é digno do sucesso se não usar seus fracassos para alcançá-lo, ninguém é digno da saúde emocional se não usar suas crises, perdas e frustrações para conquistá-la.-( FONTE: COLEÇÃO AUGUSTO CURY – livro - Sonhos e Disciplina - Transforme seus projetos em realidade, editora giold , 2014, páginas 20 a 45 ).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
--------
Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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