sexta-feira, 26 de outubro de 2018

ESTELIONATO ELEITORAL: SERÁ MAIS UM?


   Semana decisiva para o Brasil. No próximo domingo (28 de outubro) estaremos voltando às urnas para escolhermos quem será nosso próximo presidente. Resta-nos agora optar por um dos dois nomes que apresentam duas ideias, dois projetos aparentemente distintos para o nosso país. 
   De ideias e projetos, acredito que o brasileiro já esteja cansado. Desde a redemocratização quantos “contos do vigário” já foram contados e o pior, acreditamos piamente neles. Já vivemos a caça dos marajás, mas eles permanecem mais vivos do que nunca, sendo que muitos deles vivem justamente das regalias governamentais e delas engordando suas contas aqui e em paraísos fiscais. 
   Já vivemos a era do combate a fome e à miséria, mas ela está aí viva, presente e enraizada nas entranhas em cada canto do nosso país, pois são milhares de famintos, que vivem como moribundos pelas ruas das nossas cidades ou de forma que beira a desumanidade. 
   Já vivemos tantas coisas, já vimos tantos planos e sonhos se desfazerem em uma velocidade alucinante que às vezes ter esperança torna-se uma tarefa difícil. Mas sabemos que sem ela não há vida. 
   No entanto o que mais vivemos é o famoso “estelionato eleitoral”. De campanha em campanha ele aparece, Promete-se mundos e fundos, são apresentadas soluções para todos os problemas, o que acaba proporcionando uma euforia por dias melhores. Na fase das promessas a esperança e com ela um sentimento de altruísmo que agora vai, que o Brasil vai dar certo. Mas basta chegar o dia 1º de janeiro com a posse do eleito que o castelo dos sonhos começa a ruir. As medidas que são tomadas nem sempre seguem as prometidas, na verdade a maior parte delas. 
      Mas viver em sociedade é assim, acreditar na democracia também é sonhar. E mais uma vez cada um de nós ao nos dirigirmos às urnas estaremos depositando nela a esperança por dias melhores, pois independente de qual seja a nossa escolha ela representa para cada um de nós o que seria o melhor para o momento que vivemos. 
   Todavia, o que mais queremos é que as promessas apresentadas durante campanha não sirvam apenas para ganhar a eleição, que elas, na pior das hipóteses, sejam testadas de fato. Pois não suportamos mais tantas mentiras e falsas promessas. O estelionato eleitoral enfraquece a democracia, cria seus monstros, permite que soluções antidemocráticas apareçam, o que seria de fato um retrocesso para a nossa nação. 
   As urnas nunca apontará um vencedor enquanto ela não apresentar o início das mudanças sociais que precisamos. Não queremos simplesmente a vitória do político. A urna deve representar a vitória da sociedade e dos seus anseios. Precisamos urgentemente reverter a lógica histórica que reina nas eleições no Brasil. Vamos mais um vez sonhar! (FONTE: WALBER GONÇALVES DE SOUZA, professor e escritor, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quarta-feira, 24 de outubro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA. * Os artigos publicados devem conter os dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimos 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail para opinião@jornaldelondrina.com.br );

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

PARABÉNS, FOLHA DE LONDRINA!


   No dia 13 de novembro, a Folha de Londrina comemora 70 anos. É o mais antigo veículo de comunicação de Londrina. Fundada em 1948 por João Milanez, apenas 14 anos depois da criação de Londrina, a atuação do jornal tem vínculo direito com a história da cidade. Na verdade, as histórias se confundem, se complementam e se apoiam. É difícil pensar londrina sem a FOLHA. 
   Para todos nós que acompanhamos diariamente a FOLHA, é perceptível como o jornal tem se dedicado a divulgar informações que atendam as necessidades dos cidadãos, em especial apresentando serviços de utilidade pública e de interesse da comunidade. O jornal tem papel ainda estratégico na formação da opinião, contextualização e aprofundamento dos diferentes debates presentes na arena política. 
   Ao longo dos anos, o relacionamento da Embrapa com a Folha de Londrina tem sido de grande parceria. As iniciativas da Embrapa são frequentemente compartilhadas pela FOLHA a todos os leitores. O jornal é incansável na cobertura de temas diversos que impactam na vida do campo e da cidade. É constante e atenta a cobertura jornalística das tecnologias desenvolvidas pela Empresa por diversos editoriais, em especial pelo caderno de Economia & Negócios e pela Folha Rural. Os eventos técnicos promovidos pela Embrapa, a participação em festas e exposições, a divulgação de alertas que melhoram a adoção das boas práticas agrícola estão sempre na pauta da FOLHA. 
   Seu papel não se limita a cobrir as temáticas de impacto para a cidade, mas também vem colaborando para tornar múltiplos os pontos de vista, enriquecendo o debate. O conteúdo editorial da FOLHA tem privilegiado o acompanhamento das ações institucionais da Embrapa de interesse público, mas há sempre espaço para a opinião que amplia a visão do leitor. 
   A Folha de Londrina apoia diretamente o programa Embrapa & Escola, desenvolvido no EEA (Espaço de Educação Ambiental), local revitalizado da antiga sede da Fazenda Santa Terezinha, que abriga a Embrapa Soja. 
   Em atividade desde 2010, somente em 2017 o programa atendeu um total de 42 grupos de alunos dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas e particulares da Região Norte do Paraná, totalizando 1.345 alunos e professores atendidos. 
   O EEA conta com uma área de preservação permanente e de reserva legal, com construções histórias do período em que o café era a principal cultura do Norte do Paraná. Essas estruturas, após revitalizadas, estão sendo utilizadas como suporte didático. Embora não possua o objetivo de educar formalmente, o conteúdo pedagógico está ancorado em três vertentes histórica, ambiental e educacional. 
   Oferece-se oportunidade para que a comunidade conheça a história da região e ainda que educadores e estudantes desenvolvam práticas didáticas de sustentabilidade e interação, com o meio ambiente. O Programa conta com a parceria da Folha de Londrina, por intermédio do projeto Folha Cidadania, cujo objetivo é promover a educação ambiental e o hábito da leitura nas escolas. 
   Se no século 20, os veículos de comunicação tiveram papel preponderante na sociedade baseada na informação, na contemporaneidade o cenário é diferente por conta da adoção massiva das redes sociais digitais pelos brasileiros. Mesmo assim, continuamos valorizando o destacado papel da imprensa no aprofundamento das diversas visões que compõem um fato assim como sua atuação no esclarecimento de notícias maliciosas ou inverídicas, as famosas fake news. A atuação responsável da imprensa continua sendo de extrema importância por buscar abordagens múltiplas aos fatos e possibilitar o debate público dos, mais diversos atores sociais! Parabéns, Folha de Londrina, por sua atuação nestes 70 anos! E vida longa! (FONTE: Crônica escrita por JOSÉ RENATO BOUÇAS FARIAS, chefe-geral da Embrapa-Soja, página 2 coluna ESPAÇO ABERTO, quinta-feira. 25 de outubro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). * Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinão do jornal. E-mail para opinião@folhadelodrina.com.br

terça-feira, 23 de outubro de 2018

SABÃO DE PEDRA


   Antigamente não existia detergente. Era sabão de pedra num canto da pia da cozinha ou numa pequena vasilha. Sabão feito com o que restava em dia de matar porco. No sítio se aproveita de tudo. Não é como na cidade que o que não tem uso vai para o lixão ou o aterro sanitário. No campo tudo se transforma. Hoje, compra-se sabão feito por indústrias. Antes era tudo feito no sítio com soda cáustica – produto perigoso - e cinza. Também, o sabão de soda deixava as roupas branquinhas. Depois ficavam quarando no varal. Em tempo de seca ficava-se de olho nos dias de vento pra poeira da terra não sujar a roupa. O problema era em dias de ventania do verão, com longas estiagens, senão tinha que lavar tudo de novo.
   O sabão de pedra também era usado com um pouco de areia para “arear” as panelas. Ficava tudo brilhando. Era costume no sítio fazer esse tipo de limpeza aos sábados. Vinham as visitas e o cuidado com as coisas da cozinha causava muito boa impressão. Motivo de orgulho de uma casa bem arrumadinha. Os panos de pratos todos alvos que dava gosto de ver. Lembro do asseio das mesas quando ia visitar parentes no sítio. Uma brancura e limpeza que me lembrava toalhas de altar da igreja. 
   Havia uma expressão que se usava antigamente que era “aderriçá” café. Quando o banho demorava muito lá em casa, meu pai falava pra gente: “Não aderriçô café pra demora tanto”! Derriçar café no sítio é uma colheita que é feita com a retirada dos frutos da árvore deixando-os cair diretamente no chão. Mexer com a colheita de café sempre foi um trabalho árduo e a poeira impregnava na pele e na roupa. Dava um trabalhão tomar banho depois desse tipo de serviço. 
   A história do sabão é antiga, pois já era conhecida seiscentos anos antes de Cristo e lá pelo ano 600 depois da era cristã os árabes inventaram o processo de saponificação a partir da fervura da soda cáustica, gordura animal e óleo s naturais no caso dos sabonetes.    O sabão na pia tornou-se um costume por muito tempo. Depois, muita gente, por causa das propagandas na televisão, acabou aderindo ao novo costume urbano de usar o detergente. Se você não tivesse detergente parecia uma pessoa ultrapassada como hoje quem não tem um Face ou WhatsApp. Isso foi no tempo das calças boca de sino e, quando se andava de fusca no sítio com aquela capa de chenile amarela nos bancos do carro e calça”UStop” era chique. Década de 1970. 
   O sabão de pedras é um divisor de águas. Depois que foi saindo da pia da cozinha a vida do ser humano moderno deixou muitas coisas para trás, o pinguim da geladeira, as réstias de alho, a cristaleira com os copos presente de casamento, os retratos ovais com as fotos coloridas dos avós para as novas gerações lembrarem, sumiram aos poucos. 
   Sabe-se lá o que mais vai desaparecer daqui pra frente nestes tempos em que não se sabe mais o que tirar de cima da pia da cozinha, este pequeno espaço onde a humanidade fez sua frágil civilização. (FONTE: Crônica escrita por DAILTON MARTINS, leitor da FOLHA, página 2, coluna DEDO DE PROSA, caderno FOLHA RURAL, 20 e 21 de outubro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A ESPERA DO 13º SALÁRIO


   Ele se tornou motivo de polêmica nesta eleição, quando uma conversa com empresários no Sul do País foi alvo de críticas do general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro. Mas o candidato do PSL se apressou em corrigir o companheiro de chapa e disse que ninguém mexe no 13º. Instituição sagrada dos trabalhadores, uma ameaça a esse direito desestabiliza qualquer candidatura a presidência da República tivesse essa intenção. Trata-se de uma cláusula pétrea da Constituição. Isso significa que não pode ser suprimido sequer por proposta de emenda constitucional. 
   E não é só trabalhador que espera pelo salário a mais no final do ano. Empresários dos mais variados ramos entendem que o 13º vai garantir um Natal mais gordo para o comércio, indústria e serviços. Criado em 1962, o honorário é pago a trabalhadores com carteira assinada, aposentados, pensionistas e servidores públicos. Em 2018, o pagamento do benefício vai injetar R$ 211,1 bilhões na economia brasileira até dezembro. O valor representa cerca de 3% do Produto Interno Bruto do País. A economia paranaense deve receber cerca de R$12,5 bilhões, em torno de 2,9% do PIB estadual. 
   Dos R$ 211,2 bilhões pagos, os empregados do mercado formal ficarão com 66%, ou R$ 139,4 bilhões. Os aposentados e pensionistas receberão R$71,8 bilhões, ou 34%; Em entrevista na edição de segunda-feira (22), especialistas de economia dão dicas de como aproveitar melhor essa remuneração extra. Para quem estiver endividado – o caso de 89% das famílias paranaenses – a dica é pagar as dívidas e entrar 2019 com as contas em dia. As taxas de juros de cartões de créditos, cheque especial e crediários de lojas são maiores do que o rendimento de aplicações financeiras e da poupança. 
   Quitar as dívidas é um destino quase sempre certo do abono garantido por lei. Nestes anos difíceis da economia brasileira, mais do que comprar o presente de Natal ou fazer a tão sonhada viagem de férias com a família, o 13º acaba representando a saída de emergência para quem viu o salário encolher diante da inflação e das constas a pagar. É o jeito mais racional de usar o benefício. E torcer para que 2019 traga a possibilidade de planejar as contas para que as famílias e as administrações públicas consigam gastar menos do que recebem. (FONTE: Editorial do jornal FOLHA DE LONDRINA, opinião@folhadelondrina.com.br página 2, coluna FOLHA OPINIÃO, segunda-feira, 22 de outubro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

domingo, 21 de outubro de 2018

A FERA DA DEPRESSÃO


   Muito já se falou sobre a depressão, embora sua compreensão não dependa apenas de quem fala, mas de quem ouve. Para alguns, a depressão é parecida com uma tristeza reincidente e que dura muito tempo, mas quem sofre com ela garante que as duas coisas são diferentes. Este é o caso do escritor Jan L. L. Parella que lançou na última quinta-feira (18), em Londrina, o livro “O QUE APRENDI COM A DEPRESSÃO”. 
   A obra atrai o leitor por vários motivos, primeiro porque o assunto há décadas está nos noticiários, como um dos males do século, em proporção progressiva. Velha conhecida, a depressão crônica hoje atinge mais de 5% da população mundial, sendo que o estresse da vida moderna é apontado como um dos fatores do aumento de casos, o que não justifica tudo. 
   Além do interesse natural que o assunto desperta, tendo em vista tantos casos observados muitas vezes em pessoas próximas, o livro do Parellada atrai porque tem linguagem acessível e, além de acessível, sincera. Trata-se de um amor que enfrentou a depressão frente a frente, num relato no qual não faltam exemplos de como as crises são disparadas em situações que têm tudo para ser feliz; junto à família, perto de pessoas queridas, em viagens cujo principal objetivo é relaxar e ter prazer. Mas, de repente, lá está a fera da depressão, pronta pra pular no peito de quem a conhece de sobra. 
   Parellada mostra então a necessidade de não subestimar os tratamentos psiquiátricos e psicoterápicos, porque é preciso um arsenal competente para vencer o problema que nem todos compreendem, por se alimentar, aparentemente, de razões subjetivas. Os “outros” que muitas vezes são aqueles que fazem julgamentos ou não não compreendem o que se passa com a pessoa que “tem tudo para ser feliz” – têm dificuldades para entender um inferno que se abre de repente, sem razão aparente ou imediata. 
   A depressão, que está no rol das doenças mal compreendidas, se processa a partir do cérebro, com falta de hormônios que regulam o humor, o apetite e o sono, funções básicas de uma vida saudável. 
   As doenças que se processam de forma invisível, ao contrário das que lesionam fisicamente, nem sempre são entendidas pelos que precisam “ver para crer”. Mas é notável, sim, o que a depressão provoca, tornando as pessoas incapacitadas para o prazer de viver. 
Neste ponto, o relato de Parellada ganha importância ao explicar o paradoxo: “se tudo estava tão bem na minha vida, por que tive depressão?” Frase com a qual abre o 16º capítulo. 
O livro aborda as batalhas enfrentadas pelo autor que mostra vulnerabilidade em muitos momentos, como na hora do sono que não vem ou quando se sente como se tivesse “um leão dentro de casa”. Lutando contra inimigos invisíveis, vencendo barreiras que vão da inibição de assumir a doença à incompreensão geral, o livro é sobretudo humano, aproximando o leitor do lado sombrio e reverso da vida, aquele que não venceremos se não soubermos ouvir quem tem a coragem de contar, falando por muitos que sofrem silenciosamente. Este é um dos valores da obra que também ensina a quem tem saúde a ser menos prepotente para compreender quem sofre. 
   O livro, em edição do autor, tem 167 páginas e está à venda nas Livrarias Curitiba, a R$ 40,00. FONTE: Crônica escrita pela jornalista e escritora CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com página 2, caderno Folha 2, coluna CÉLIA MUSILLI, 20 e 21 de outubro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A ARTE E OS CERCADINHOS POLÍTICOS


   Esta semana, a polarização política apareceu no palco e dividiu opiniões inflamadas, sobretudo nas redes sociais, depois que o roqueiro Roger Waters, ex-Pink Floyd, fez shows de protesto em São Paulo. Listando lideranças mundiais de direita, que considera autoritárias, com o nome de um candidato brasileiro à presidência da república. Pela atitude foi vaiado por parte de uma plateia alvoroçada por vários minutos. O Brasil anda de um jeito que basta chutar uma latinha para que o barulho tenha o efeito de uma bomba. 
   Parte da plateia que foi ao show de Waters decerto desconhecia suas posições políticas, presentes em álbuns lendários da banda Pink Floyd, como “Th Wall” e, especialmente na música “Another brick in the wall” e, que se transformou num hino de contestação no fim dos anos 1970. A vibração da música – dividida em três partes – bem como sua letra politizada ecoam no tempo como um exponencial de arte engajada, sintetizada num estética de alta voltagem. 
   Quem estranhou a posição política de Waters durante o show, e tentou calá-lo com vaias, decerto desconhece sua história de garoto inglês, que perde o pai na Segunda Guerra , morto pelos nazistas É essa cicatriz que ele carrega na música, a exemplo de outros tantos artistas que se envolveram com política por razões individuais ou coletivas. 
   A arte sempre incomodou profundamente os partidarismos de esquerda e direita, pelo seu conteúdo literário. O nazismo considerava como “arte degenerada” - a ser destruída – o que era simplesmente o nascimento da arte moderna. O comunismo prendeu e assassinou artistas que não compactuavam com o autoritarismo. Exemplos contemporâneos de arte engajada temos em Bob Dylan, John Lennon ou Bono Vox, só para ficar na música. Temos a arte engajada que não chega a ser planfetária, mas incomoda pelo que representa como atitude de liberdade sem amarras, sobretudo no campo dos costumes. 
   Recentemente no Brasil, tivemos casos de exposições fechadas e performances censuradas pelo fato de apresentarem nudez, vista como proposta desafiadora ao ‘establishment’ de direta. O corpo nu incomoda como um repositório cultural de maniqueísmos morais – o bem contra o mal, o pecado contra a virtude – quando deveria ser visto apenas como paisagem natural. 
   O corpo nu visando como “erótico” servem profundamente aos dissimulados que unem política e controle – mesmo quando não expressa erotismo algum. Gosto muito da frase “nem todo nu é erótico e nem todo erotismo é nu”, pelo que sintetiza de mentiras que querem transformar em verdades a partir de um blefe moral. 
   Para ficar num exemplo simples, um decote muitas vezes é mais erótico do que uma nádega exposta. Mas numa sociedade que valoriza decotes profundos e cobre pudicamente as nádegas, o discurso político moralizante sobre a nudez pega desprevenidos que não sabem dissociar o nu do pecado ou da vergonha. Falta interpretação a quem lê todo corpo nu só como objeto erótico. Falta interpretação a quem considera o nu erótico não em sua naturalidade, mas como exposição vexatória. 
   De qualquer modo, continuo preferindo a “inutilidade” da arte à arte degenerada. Gosto da subjetividade, do não explícito, do que incita a interpretação num terreno transformador. Mas acredito que artistas como Roger Waters. Assim como poetas como Bertold Brecht – dito de esquerda – ou Enza Pound – dito de direita – merecem aplausos e consideração pelo que associam de arte e vida em altíssima voltagem. Acredito, sobretudo, no discernimento de quem coloca a qualidade das obras acima das ideologias. Dito isso, me somo aos que aplaudem Roger Waters, suas músicas e suas atitudes. A arte é bem maior que as vaias e as mordaças políticas, ela transborda pela força estética e sempre ultrapassa o cercadinho estreito das facções ideológicas. ( FONTE: Crônica escrita por CÉLIA MUSILLI celia.musilli@gmil.com página 2, caderno folha 2, coluna CÉLIA MUSILLI, 13 e 14 de outubro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

domingo, 7 de outubro de 2018

SIGA EM PAZ E QUE HAJA FLORES


   Meu amigo partiu na primavera, quando nem todos os ipês floresceram 
   Ele era magro, tinha aparência frágil, ultimamente estava ficando careca ou com entradas que lembram as curvas e estradas que percorreu na vida. 
   Conheci-o, assim, magro e esperto. Um estudante de Economia na mesma universidade onde fiz Comunicação Social. Sua morada, uma república conhecidíssima em Londrina, era um casarão verde de madeira na rua Tupi, onde havia festas e pessoas cantando. Convivemos muito tempo, moças e rapazes que tinham encontros diários, num tipo de solidariedade que perdemos com o passar dos anos. Os adultos quase sempre se isolam, apagam ou reduzem a chama da amizade até virar um foguinho, que não avistamos mais de longe. 
   Fogueiras que vão se apagando, luzes que se perdem. Até que vem o baque da morte e, abobalhados, deslocados em relação ao que entra pela vida como um golpe, recebemos, mais dia menos dia, a notícia de que o amigo se foi. 
   Na última quinta-feira (3), recebi assim a notícia de que meu amigo Carlos Motta, o Carlinhos, havia partido da forma mais violenta e dolorida: foi assassinado. Os pormenores não cabem aqui, já basta a crônica policial dando conta que ele “tinha uma espécie de salão de beleza” no seu apartamento, no centro de Curitiba, Não era “uma espécie de salão”, era um salão, meu amigo sempre foi trabalhador, se sustentou e viveu com um profissionalismo que se configurava num desenho de perfeição em tudo que fazia. Se havia móveis usados em algum canto, ele os recolhia, lixava e pintava e, dali a um tempo, víamos uma cadeira azul em sua sala, com almofadas combinando. Suas casas sempre tiveram jardins ou plantas pendentes, tinha mãos boas para plantar, amava as flores e, coincidentemente, partiu na primavera. Desta vez, sem tempo de ver toda floração 
   Quando perdi meu pai, em 1989, ele foi o amigo que passou alguns meses lá em casa, me consolando como um irmão que expressava afeto pela minha família que ia aos poucos se desfazendo: mãe e pai, levados pela velhice. Gestos de solidariedade assim a gente nunca esquece, embora nos últimos anos nos tenhamos visto tão pouco, morando em cidades diferentes. Mas soube que ele partiu como veio ao mundo, uma criança eterna que corria riscos no ímpeto de aproveitar a vida. E, mesmo na morte, ele deixa uma exemplo de vitalidade e de pulsão pelo imprevisto que só circunda os muito vivos. 
   Há momentos maiores do que as crônicas policiais que desqualificam os mortos porque testemunhas falam de seu “histórico de homossexualidade”, há momentos maiores que a violência condensada em palavras que presumem que um amigo, sejam quais forem suas escolhas, cavou para si circunstâncias adversas. A morte colhe a todos, não se esqueçam, sejam quais forem as suas escolhas. 
   Diante da perda, prefiro me lembrar do amigo em vida, suas fragilidades e suas camisetas coloridas, seu espírito indomável , sua alegria  em usar tesouras para cortar cabelos, plantar margaridas , transformar espaços humildes em quintais de luz abrindo venezianas onde só havia paredes. Assim me lembro de Carlinhos, signo da primavera que partiu antes do tempo, quando nem todo os ipês floriram diante de seus olhos que se alegravam, como poucos, com o espetáculo da vida. Siga em paz, amigo, e que haja flores. (FONTE: Crônica escrita por CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com página 2, caderno FOLHA 2, coluna CÉLIA MUSILLI, 6 e 7 de outubro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sábado, 6 de outubro de 2018

CONSTITUIÇÃO, DEMOCRACIA E ELEIÇÕES


   Até aqui chegamos! Comemoramos 30 anos da Constituição cidadã com uma democracia balzaquiana que acolhe, na eleição de domingo (7),o mais amplo espectro ideológico partidário, da esquerda à direita, inclusive os discursos extremados nas pontas. Sob essa perspectiva não há como negar que a democracia vai bem. Ela alberga a pluralidade e permite que as ideias, as mais diversas, concorram livremente para obter a aceitação do eleitor, o soberano e legítimo fiador dos próximos mandatos. 
   Constituição, democracia e eleições são conceitos que caminham intimamente relacionados. A disputa política, a alternância de poder e a regularidade do exercício dos mandatos somente encontram legitimidade sob o lastro democrático. São as regras democráticas que conferem aos cidadãos a possibilidade de regularem os conflitos sociais de forma institucional, evitando a barbárie e a violência. Elas proporcionam, ademais, que o Estado – nos Poderes constituídos – atue nos limites legais, confirmando os princípios que marcam a estrutura do Estado de direito. Não há democracia fora do Estado de direito, e este só se mantém sob a égide e o respeito à Constituição. 
   O desmoronamento de uma democracia tem início quando o desrespeito aos preceitos constitucionais são patrocinados no varejo, sob a sutileza de narrativas que visam a selecionar um valor social específico em detrimento aos demais (superioridade axiológica), ou a determinar o fim a que todos devem se submeter (superioridade epistemológica). O totalitarismo sempre navegou nessas águas turvas. É por isso que o grande desafio da democracia está em assegurar no mesmo denominador comum a correlação entre soberania popular e direitos fundamentais. E para isso não devemos, jamais, desviar o olhar da Constituição. 
   Tal como no episódio de Ulisses, para não sucumbir ao canto das sereias, a Constituição deve estar amarrada ao mastro do barco. A nossa liberdade estará preservada enquanto a Constituição continuar sendo o norte a nos livrar de tragédias e de cantos apelativos que enfeitiçam, sobretudo, as redes sociais. Lamentavelmente, a sedução das sereias é muito forte e seu canto soa de forma quase irresistível. O eleitor irá às urnas sabendo que à sua volta pululam sereias, cantos e encantamentos. 
   As sereias seduzem quando os paladinos da Justiça promovem interpretações elásticas na Constituição a ponto de distorcê-la, ou ainda, ou a pretexto a atingir determinados fins, impõem decisões que vão além das raias da legalidade É um deleite, para muitos, quando a Justiça cede espaço aos justiceiros que interferem no processo eleitoral com suas operações espetaculosas. O mesmo ocorre quando políticos se empenham a conquistar o poder dentro das regras do jogo democrático, mas negam a todo momento as decisões judiciais que lhes são desfavoráveis, delas se beneficiando apenas para inferir que são vítimas. Não menos grave são manifestações no espaço público que clamam, à luz do dia, pelo extermínio de opositores e ferem sem pudor com posturas antidemocráticas, a ponto de não se contentarem apenas em desamarrar a Constituição do mastro, mas insistem em cortar o próprio mastro da embarcação. E marinheiros que somos, alguns se deliciam alucinados sob o canto das sereias, enquanto o barco se aproxima, cada vez mais, das rochas pontiagudas. Outros, desacreditados e surdos ao canto das sereias, se desesperam diante da tragédia anunciada. 
   As eleições constituem momento ímpar a decidir o futuro do País. Que o único som possível de ser ouvido neste domingo seja o da urna eletrônica confirmando uma escolha autônoma, racional e responsável. 
   E não custa lembrar! Não são apenas nossos adversários políticos que estão no barco. Nele estamos todos nós. E como dizem os mais jovens; juntos e misturados. (FONTE: Crônica escrita por CLODOMIRO JOSÉ BANNWART JÚNIOR, professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Estadual de Londrina). * Os artigos devem conter os dados do autor e conter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mails: opinião@folhadelondrina.com.br

UMA ELEIÇÃO DIFERENTE DE TODAS


   Em meio a tantas pesquisas de intenção de votos divulgadas nos últimos dias, chama atenção uma consulta realizada pelo Instituto DataFolha, mostrando que o brasileiro tem muito apreço pela democracia. Segundo a pesquisa, para 69% dos eleitores brasileiros, a democracia é sempre a melhor forma de governo, índice superior ao registrado no último levantamento sobre o tema, em junho de 2018. Nessa época, 57% dos entrevistados tinham a mesma visão sobre a democracia. Segundo do DataFolha, os demais, atualmente, dividem-se entre aqueles que, em certas circunstâncias, acreditam que é melhor uma ditadura do que a democracia, quem acredita que tanto faz a forma de governo, além dos que não opinaram. E é com a democracia em mente que, neste domingo(7), um pouco mais de 147 milhões de brasileiros devem ir às urnas para eleger presidente da República, senadores, governadores e deputados estaduais e federais. No Brasil, são 147 milhões de eleitores, enquanto no Paraná, são 8 milhões de pessoas aptas a votar, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). 
   Com a campanha eleitoral chegando ao fim, de certeza há apenas a constatação de um processo deferente de todos. A campanha mais curta da história termina quebrando todas as certezas e estratégias. Não é mais o horário eleitoral gratuito nem os debates na televisão que dão o tom da disputa. O marketing eleitoral dá lugar às guerrilhas nas redes sociais. Como já era previsto, a polarização política colocou dois extremos ideológicos nas primeiras posições das pesquisas e a desinformação rolou solta na forma de fake News. Compartilhadas à exaustão no grupo da família, do trabalho ou do condomínio, as mentiram fabricadas cumpriram o seu papel de fortalecimento das “bolhas sociais”, com os usuários das redes recebendo e consumindo conteúdos de acordo com suas preferências. 
   É o momento certo para refletir sobre as consequências de uma sociedade que parte cada vez mais para uma vida separada em “tribos”, com seus grupos ficando mais distante um dos outros. A polarização política que marca as eleições de 2018 não pode impedir o eleitor de votar neste domingo (7) levando em conta que o País precisa mudar de rumo e consciente que sua escolha será decisiva. 
   Independentemente de quem ganhar ( no primeiro ou no segundo turno), é preciso confiar que os eleitores aceitem com respeito ae honestidade a missão de conduzir o Paraná e o Brasil pelas mudanças e reformas necessárias para gerar emprego, fortalecer a economia e construir uma sociedade mais justa e mais igual. (FONTE: Editoral do jornal Folha de Londrina, página 2, Opinião, opinião@folhadelondrina.com.br 6 e 7 de outubro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Falaremos ccom o Além pela internet


   A internet por ora nos permite o intercâmbio apenas com  nossos irmãos terrenos, mas não demorará que essa tecnologia se expanda e nos interagiremos com seres de outras civilizações do Universo, aí compreendidos também os nossos parentes e amigos falecidos. Então, a morte física deixará de ser um enigma e não mais nos amedrontará. Da mesma forma que hoje, se um filho se muda para uma cidade distante ou outro país, só sentiremos sua ausência mas sem a dor da separação. 
   Então, com o florescer da internet multidimensional, um dos nossos que vai poderá se contatado, inclusive com imagem, e poderemos lhe perguntar: - E aí, chegou bem? Como são as coisas aí? E se ele, em função dos seus desvios terrenos, estiver um lugar ainda de provação e resgates, nos permitirá conhecer essa realidade, dar-lhe orientações e palavras de consolo. E quem sabe nos revelará algo que não pôde dizer enquanto estava por aqui. 
   Todos iriam nos debochar há 40 anos se algum vidente nos dissesse que poderíamos em breve usar um aparelhinho de bolso e ouvir e falar, vendo imagens em tempo real, com alguém do outro lado do mundo. O tempo da internet transespacial está próximo. A tecnologia de hoje, nesse campo, é um preparativo para o que está por vir e que nos conectará com dimensões desconhecidas e com os seres que as habitam, entre eles os do plano mais próximo onde estão os que nos deixaram mais recentemente. Essa será a mais fantástica revelação para a humanidade e tudo então começará a mudar nas relações humanas e inclusive nos conceitos religiosos. Passaremos de cidadãos do mundo terrestre para cidadãos universais. Desparecerá o conceito equivocado de que só existem Terra, Céu e Inferno, e então nos será revelado – embora muitos já o saibam – que somos seres evolucionários, embora sem sabermos até quando e se houver um quando definido. 
   Então, muito do que se aprendeu das igrejas, das academias de ciência e da tradição, terá de ser reformulado. Isto acontecerá gradativamente, sem traumas e sem perplexidades, da mesma forma que chegaram as tecnologias contemporâneas e a inteligência artificial. Uma criança dessa nova era já nascerá em meio a esses novos saberes, do mesmo modo que hoje o smartphone lhe é familiar. Por esse mesmo meio gradual os habitantes de outros mundos já chegaram até nós, outros estão chegando e muitos já habitam por aqui desde o alvorecer da humanidade, com vestimenta carnal semelhante à nossa e sem que os identifiquemos. As crianças que nos rodeiam e as que irão aportando na Terra já chegam municiadas de um código genético-espiritual, sem o registro das maldades que praticamos. Elas serão nossos guias – de nós, os remanescentes mais velhos. 
  A ânsia de legalizar o aborto, pela influência nefasta de agentes do mal que atuam sobre o obscurantismo das pessoas, visam impedir que a proliferação dessas crianças avance, porque sabem que elas formarão a nova e iluminada civilização humana. E as legiões das trevas, que se nutrem dos fluídos maléficos do mundo, obviamente não desejam isto. 
   Voltemos à internet com “o outro lado”, como costumamos dizer. Porque inteligências cósmicas já nos sintonizam , só faltando a humanidade, ainda cética e desinformada, abrir a mente espiritual e permitir esse intercâmbio. A partir daí a ciência terrena, em parceria com os ensinamentos que virão dos planos mais altos, se encarregará de produzir os sistemas para que se torne realidade esse avançado passo da relação com nossos coirmãos extraterrenos. (FONTE: Crônica escrita pelo jornalista WALMOR MACCARINI, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, sexta-feira. 5 de outubro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE Londrina). * Os artigos devem conter os dados do autor e conter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opinião@folhadelondrina.com
 

terça-feira, 2 de outubro de 2018

ALIMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCÊNCIA


   Os efeitos da globalização e o acesso fácil a alimentos ultraprocessados têm alterado o hábito e o padrão do consumo alimentar das crianças adolescentes. Recebo muitas queixas de pais insatisfeitos com a alimentação dos filhos, principalmente dos pequenos, e é evidente a importância da introdução alimentar, os alimentos oferecidos e do padrão alimentar estabelecido. Mas será que esta preocupação pode diminuir ao longo dos anos?
   A adolescência é uma fase única, de grande crescimentos físico e desenvolvimento psicossocial e cognitivo, onde as necessidades nutricionais, energéticas, proteicas, de vitaminas e minerais estão aumentadas A importância da alimentação saudável nesta fase deve visar o máximo desenvolvimento da massa óssea e muscular, favorecer o estirão de crescimento, auxiliar na diferenciação das proporções corporais masculinas e femininas, próprias da puberdade; contribuir com o processo de maturação sexual; impedir o aparecimento de doenças degenerativas como diabetes, cardiopatias, hipertensão, beneficiar a competência mental, favorecer a atenção e melhorar as aptidões escolares. Além disso, todos os órgãos e sistemas se desenvolvem durante a puberdade, sobretudo o sistema cardiovascular e respiratório. 
   Desta forma, salienta-se a importância da atenção dos pais ao consumo alimentar de seus filhos adolescentes, especialmente porque este consumo alimentar segue as características próprias da fase, onde eles omitem refeições (principalmente o café da manhã); não possuem horários determinados para as refeições; passam a seguir dietas impróprias (modismos) e aumentam exageradamente as atividades físicas devido a mudança da imagem corporal; trocam refeições por lanches, alimentos com alto teor de açúcares e gordura, frituras, ultrprocessados, fast foods, refrigerantes, que possuem alto teor energético e baixo teor de macro e micronutrientes. 
   Aos pais, recomendo, seja sempre um exemplo. Compre frutas, verduras e legumes para que o consumo destes alimentos seja diário. Invista e varie nas leguminosas, já que o hábito de brasileiros de consumir arroz e feijão é muito saudável. Estimule-o a comer devagar, beber em média 2 litros de água por dia e realizar três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches intermediários. Ajude-o a preparar lanches saudáveis para os intervalos das aulas. Evite deixar que ele consuma alimentos em grandes redes de fast food, frituras, embutidos e alimentos industrializados com frequência; Não compre refrigerantes, sucos adoçados, doces, barras de cereal e balas para que ele consuma livremente. 
   Para que haja sucesso na mudança do padrão de consumo alimentar dos adolescentes é necessário atender aos requerimentos nutricionais para seu desenvolvimento físico, e também adequar a alimentação de forma a atender suas necessidades sociais e culturais. (FONTE: Crônica escrita por NATÁLIA D’ANGELO, nutricionista em Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, sexta-feira, 28 de setembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA.) * Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opinião@folhadelondrina.com.br

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

QUALIDADE DE AR NO BRASIL


   Sete milhões de pessoas morrem todos os anos no mundo devido a poluição do ar. No Brasil, são 51 mil óbitos. Os dados são da OMS (Organização Mundial de Saúde). A poluição do ar tem preocupado tanto especialistas dos quatro continentes que a OMS realiza no final deste mês de outubro, em Genebra, na Suíça, o primeiro congresso global sobre o tema. A proposta da entidade é debater as recomendações da organização aos países-membros visando melhorar o meio ambiente. São novas indicações que permitam melhorar as políticas públicas para a qualidade do ar e que foram apresentadas dias atrás no Brasil pelo presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), Carlos Bocuhy. 
   Um dado preocupante é que o País ainda conta com padrões de controle da poluição de 1990, extremamente defasados frente ao conhecimento médico- científico atual. Isto quer dizer que a legislação brasileira está ultrapassada e há dúvidas sobre o empenho das autoridades políticas em fazer alguma coisa para atualizá-la. O instituto fez uma crítica à OMS, argumentando que as organizações da entidade, embora sejam fundamentais, acabam deixando em aberto um grande espaço subjetivo sobre a implementação nos países menos desenvolvidos. Por conta dessa subjetividade, segundo Bocuhy, setores industriais e governamentais do Brasil não se sentem na obrigação de adotar os padrões mais modernos. 
   As recomendações de qualidade do ar da OMS são destinadas ao uso em todo o mundo, mas foram elaboradas para respaldar medidas orientadas a se obter uma qualidade de ar que proteja a saúde pública em situações distintas. As normas de cada país variam em função da viabilidade tecnológica, os aspectos econômicos e outros fatores políticos e sociais. 
   A baixa qualidade do ar é um mal silencioso, que não afetam apenas as grandes cidades. O ar é um dos principais elementos à vida e sofre drasticamente com a ação do homem no meio ambiente. As mudanças climáticas estão aí para apontar as consequências do desrespeito ao planeta. A poluição atmosférica é provocada pela queima de combustíveis fósseis, emissões de gases industriais, desmatamento, queimadas, entre outras. Modernizar a legislação e rever políticas públicas são atitudes necessárias, assim como incentivar uma mudança de comportamento na sociedade. (FONTE: Editorial da Folha de Londrina, coluna OPINIÃO opinião@folhadelondrina.com.br página 2, segunda-feira. 1 de outubro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

NA VENDA DO MEU PAI


   A geada negra de 1875 sentenciou de morte o ouro verde que movia a economia e com ele o modo rural de tocar a vida. Na casa do nono, o café quente que esquentava o peito, já não aquecia os negócios e tampouco despertava o interesse de cultivá-lo. As lavouras haviam se transformado em cemitérios que, a despeito de qualquer otimismo, sepultara para sempre a esperança de uma geração lavrada no cafeeiro.
   Meu pai não cultivava a lavoura. Tirava o sustento da família de uma venda de secos e molhados e da velha máquina de beneficiamento de arroz, herança do avô João Nicolau. Fui criado nesse contexto, em um comércio à beira de uma estrada poeirenta nos dias de sol, e de muita lama em dias de chuva. 
   Premida pelo êxodo rural, a vendinha ficou durante décadas no meio desse caminho: entre a decadência da vida rural e a vida urbana com sua prometida industrialização. E foi nesse contexto que vi a transição política no Brasil, a derrocada da ditadura e o ressurgimento da democracia. 
   A venda era um festivo ponto de encontro, sobretudo nos sábados, quando era servido mocotó e dobradinha. Os que eram da cidade faziam parada ali para reviver a nostalgia dos tempos passados. Os da roça vinham ali comprar os mantimentos necessários, incluindo a cachacinha. É nessa encruzilhada que dois mundos se encontravam: o rural e o urbano; o caipira e o letrado. Sempre tive fascínio pela sabedoria dos dois. E quando o País voltou a falar de política. PMDB e PDS também se encontraram lá. Vez ou outra a temperatura subia além do normal, e o pai me pedia para abrir algumas cervejas geladas. Era cortesia da casa. E a conversa logo voltava ao tom normal. Do lado de dentro do balcão havia uma cadeira e eu ficava em pé sobre ela para ganhar estatura e atenção daquela gente. Acompanhava atentamente as discussões políticas. 
   O pai, para o contexto da época, era tido como homem estudado, e sempre angariava respeito quando tomava a palavra. Gostava muito de ler, em casa, nunca faltaram livros e revistas que semanalmente eram comprados na cidade. A sua maior conquista na época, foi ter feito a assinatura da Folha de Londrina. O problema, no entanto, era o jornal chegar até lá. A saída foi conversar com o distribuidor do jornal. Ficou acertado que seria colocado no Km 5 da rodovia, à margem esquerda, uma lata para que o jornal fosse ali depositado. E assim, por anos, a Folha chegava antes mesmo de o galo cantar. 
   A minha primeira tarefado dia era buscar o jornal. A “lata de notícias”, como era conhecida, trazia todos os dias informações para troca de ideias que afloravam entre uma cerveja e outra. O resultado dos debates políticos que aconteciam na venda foi a candidatura a vereador, no pleito de 1982, de dois moradores do entorno. Um saiu pela situação e o outro pela oposição. Na véspera da eleição só faltou sair tiroteio na porta da venda. 
   Acompanhando o debate político no País, ainda me sinto como se estivesse ao lado do meu pai, observando as discussões e os debates acalorados. Recordo-me de sua posição altiva, clamando pela vivência do espírito democrático. “É preciso que tenhamos mais diálogo, mais respeito e menos violência”. Conselho precioso, sobretudo, para esta eleição. (FONTE: Crônica escrita por CLODOMIRO JOSÉ BANNWART JÚNIOR, leitor da FOLHA, página 2, coluna DEDO DE PROSA, caderno FOLHA RURAL, 29 e 30 de setembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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