sábado, 31 de dezembro de 2016

ANO NOVO: UM NOVO TEMPO!


   Permita-me apresentar: eu sou o tempo! Resolvi dar um tempo para uma conversa a tempo, para aquele que você chama de Ano Novo seja, de fato, um novo tempo. Eu não paro, nem acelero. Estou sempre na mesma cadência e velocidade. Todos me têm por igual nas 24 horas do dia: não há nada mais democrático. Mas é fato que ninguém sabe até quando estarei presente. Estou aqui, agora, mas, quando menos se espera, de repente, posso ir para sempre embora. Ninguém pode me aumentar, nem diminuir, nem estocar, para depois de usar. Uma vez que passou, nunca mais. Só ando para frente, nunca volto atrás. Não posso ser vendido, trocado nem transferido. Sou para ser vivido, sem antecipar nem adiar. Sou assim: pessoa, intransferível, inadiável.
   Inspiro sábios, filósofos e poetas. Descobriram que tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de colher; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de guerra e tempo de paz. Há tempo adequado para tudo, ao contrário do que muitos dizem que não têm tempo para nada. Não sou o vilão da sua desorganização. Aliás, é bom que se diga que não dá tempo para matar o tempo. Eu não morro. Matar o tempo é matar a você mesmo, desperdiçar-se, suicidar-se. 
   Querem me medir através de eras, milênios, séculos, décadas, anos, meses, dias, horas, minutos, segundos, até frações. Erram em não me conhecer. Veja que você fez dezesseis respirações no último minuto, mais de oito milhões no último ano. Sua vida, porém, não é contada pelo número de respirações, mas pelos momentos de perder o fôlego, não é verdade? Assim eu, o tempo, sou medido por momentos marcantes, lances inesquecíveis, acontecimentos relevantes, eventos importantes, experiências que o fazem suspirar e dizer: ah, naquele tempo! Ter mais tempo é, portanto, ter uma vida mais relevante, emocionante, marcante. 
   Quero falar agora de um assunto maior que eu mesmo. Se a sabedoria vem com o tempo, imagine quanta sabedoria tenho! Acumulei sabedoria suficiente para perceber que existe alguém acima de mim. Ele é o verdadeiro Senhor do tempo e, eu, seu servo, sob seu comando. Ele é o Senhor do tempo porque é eterno. Ele é o primeiro e o último, o princípio e o fim, o alfa e o ômega, aquele que era, que é e sempre há de ser. Seu nome é Jesus. No calendário, tudo é antes e depois dele. Ou melhor, ele é antes e depois de tudo no calendário. Ele alterou a agenda da humanidade e tem o poder de alterar o seu destino na eternidade. Preste bem atenção: mais do que lhe dar longo tempo de vida, Jesus lhe oferece vida eterna. Muito além, não é verdade? 
   Por isso, aceite meu conselho: Não perca tempo. Se você quiser uma vida sem contratempo, entregue-se a Jesus, o Eterno, o Senhor do tempo. Entregue-se àquele que estabelece cada momento a seu próprio tempo, àquele que tem o poder de multiplicar o tempo, ou ainda de parar o tempo, àquele que tem o poder de eternizar sua vida, seus sonhos, seu coração, seu tempo. Enfim, para poupar tempo, resumo: entregue-se a Jesus que é o único que pode fazer desse ano novo um novo tempo. (RODOLFO MONTOSA, pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, 31 de dezembro de 2016 e 1 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

2016: O ANO NOVO QUE PRECISAMOS


   Um ano que ficará para a história como um dos mais difíceis, 2016 chega a 31 de dezembro parecendo que não terá fim. As notícias políticas e econômicas, que em anos anteriores perdia força após o Natal, continuam rendendo manchetes até os últimos dias. Desemprego, recessão e corrupção foram temas recorrentes de janeiro a dezembro e, certamente, não desparecerão da mente dos brasileiros tão facilmente porque um ano novo vai começar. Pelo contrário, para que esses problemas sejam solucionados – e o País precisa que isso aconteça – eles necessitam ser enfrentados e cada vez mais discutidos. Vencer os obstáculos que impedem que o Brasil volte a crescer é o desafio para os homens e mulheres que assumem neste domingo o cargo de prefeitos e vereadores. Esses desafios são analisados nesta edição da Folha de Londrina pelos prefeitos eleitos de Londrina, Marcelo Belinati, e de Curitiba, Rafael Greca. O dois políticos, assim como o presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), Ricardo Ortina, colocam como prioridade cortar despesas “desnecessárias”, enxugar a máquina pública e trabalhar em parceria com a iniciativa privada e as demais esferas de governo. Essas medidas são imprescindíveis para que as prefeituras contornem a instabilidade econômica que atinge o País e possam realizar ações importantes e necessárias para o crescimento dos municípios e o bem-estar da população. Dois mil e dezesseis foi difícil e 2017 precisa ser um ano de reformas e de mudanças estruturais e de postura. Não só o governo (federal, estadual e municipal), mas os cidadãos precisam se comprometer em fazer do Brasil um país melhor. E as escolhas para esse compromisso são muitas. É o caso de três londrinenses retratados nesta edição que escolheram o caminho da educação para fazer uma grande virada na vida em 2016. O cozinheiro Raimundo de Souza Medeiro aprendeu a ler, enquanto Joelma Cardoso de Lima, de 30 anos, entrou na universidade. Já a aposentada Joanita Lopes da Silva, de 56 anos, está prestes a realizar o sonho de receber o diploma do ensino fundamental. Muitas vezes, a transformação não depende de dinheiro ou de decisões governamentais. A virada na vida depende também de cada um. Feliz 2017!. (OPINIÃO, página 2, 31 de dezembro de 2016 e 1 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

CANTANDO NAS ESTRELAS

 

   Uma das notícias mais comovedoras de 2016 foi a morte das atrizes Debbie Reynolds e Carrie Fisher, mãe e filha, em pouco mais de 24 horas. Debbie, aos 84 anos, partiu quando cuidava dos funerais de Carrie, falecida com apenas 60 anos, no dia anterior. 
   A história dessas duas estrelas de Hollywood é qualquer coisa de incrível. Debbie atuou, ao lado de Gene Kelly, no clássico “Cantando na Chuva”, de 1952, considerado um dos melhores musicais de todos os tempos, se não o melhor. 
   Como todos sabem, Carrie interpretou a Princesa Leia em “Guerra nas Estrelas”, cujo primeiro episódio, também um clássico da ficção científica, estreou há exatamente 40 anos, em 1977.
   Mãe e filha, portanto, tiveram papéis centrais em dois fenômenos da cultura popular de nosso tempo. 
   Nunca me esquecerei da emoção que senti ao assistir pela primeira vez, em um pequeno cinema de São Paulo, o primeiro episódio de “Star Wars”, que naquela época chamávamos mesmo de “Guerra nas Estrelas”. Estava ao lado de meu pai, e fui apresentado a um mundo de emoções e conflitos que depois só viria a encontrar, de forma completa, nos clássicos da literatura, ( os quais, diga-se, meu pai também me apresentou). Paulo não era muito fá de “Guerra nas Estrelas”, não. Nunca apreciou esse gênero de entretenimento. Mas me levou ao cinema naquela tarde, e só isso já me fez eternamento grato. 
   Houve uma época em que o programador de filmes da Rede Globo – o cinéfilo Paulo Ubiratan, xará do nosso amigo jornalista – dava um jeito de botar “Cantando na Chuva” bem na noite de Natal. É um dos filmes que para mim traduzem com maior perfeição o sentimento de alegria. Não é por acaso que o cartaz original do filme destaca a frase “”What a gloriou feeling” (Que sentimento glorioso...) sobre a imagem de Debbie Reyonolds, Gene Kelly e Donald O’Connor. 
   Se pensarmos bem, os dois filmes marcam transições importantes da história contemporânea. “Cantando na Chuva” fala sobre o advento do cinema falado e as dificuldades técnicas que surgiram no momento em que foi preciso dar voz aos astros do cinema mudo. 
   Se você não viu “Cantando na Chuva”, faça isso agora. Garanto que não irá se arrepender. 
   “Guerra nas Estrelas” (hoje conhecido pelo título “Star Wars” – Uma Nova Esperança”) surgiu oito anos depois que o homem chegou à Lua, em plena era da corrida espacial. Se “2001 – Uma Odisséia no Espaço” abordou a exploração astronáutica sob um ponto de vista filosófico, “Star Wars” levou ao espaço sideral a tradição narrativa de todos os tempos, explicada por Joseph Campbell em “A Jornada do Herói.”
   Para conhecer a história das estrelas que nos deixaram agora, há também o filme “Lembranças de Hollywood”, de 1990, em que Shirley MacLaine e Meryl Street interpretaram personagens inspiradas na relação entre Debbie e Carrie. O filme narra os problemas de Carrie com as drogas e o papel da mãe na redenção da filha. 
   Agora elas estão lá, unidas no mesmo longa-metragem que eu ouso de chamar de “Cantando nas Estrelas”. Obrigado! (Crônica escrita pelo jornalista e escritor PAULO BIRGUET, página 2, caderno FOLHA CIDADES, coluna AVENIDA PARANÁ – por Paulo Briguet. Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br sexta-feira, 30 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). 

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

DOIS FILHOTES DE ONÇA-PINTADA NASCEM EM CATIVEIRO EM FOZ

Valente e Nena, que vivem em refúgio mantido pela Hidrelétrica de Itaipu, são os pais dos bebês onça

   Rio – Dois filhotes de onça-pintada nasceram no Refúgio Biológico Bela Vista, em Foz do Iguaçu (Oeste), entre a quarta (28) e a manhã de quinta–feira (29). A reprodução desses felinos em cativeiro é um evento raro e a espécie é ameaçada de extinção. Os bebês onça, que ainda não têm nome, são filhos de Nena e Valente, que vivem no refúgio mantido pela Hidrelétrica de Itaipu Binacional. A fêmea chegou ao local há apenas três meses. Após constarem a gravidez, os levaram Nena a um local reservado refugio e agora mãe e filhotes estão em uma espécie de maternidade do Zoológico Roberto Ribas Lange. Para não estressar os animais, o refúgio só fará foto dos novos moradores na semana que vem. Em março, os bichos poderão ser vistos em visitações ao local. 
   Os dois filhotes são melânicos - tem a pele completamente preta, como a mãe, e diferentes do pai, que é pintado. Os profissionais do Refúgio Bela Vista já vinham tentando, sem êxito, a reprodução de filhotes de onça-pintada em cativeiro. Além da família de Valente e Nena, o refúgio já abrigou mais quatro onças-pintadas. A mais antiga no local, Juma, que chegou em 2002 morreu no começo deste ano. Localizado na fronteira do Brasil com a Argentina, onde estão as Cataratas, o Parque Nacional do Iguaçu é a única reserva de grande porte no Sul do País que abriga a espécie.

   ONÇA-PINTADA

   A onça-pintada (Panthera onca) é um felino da família Feliade . É carnívoro, pode chegar aos 2,1 metros de comprimento, 90 centímetros de altura e pesar em média 150 quilos. A espécie vive às margens de rios e também em ambientes campestres, desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina. (FONTE: NIELMAR DE OLIVEIRA – AGÊNCIA BRASIL, página 7, caderno FOLHA GERAL, sexta feira, 30 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

REVISÃO ANUAL


   MAIS UM dia 31, mais um cartão de embarque na mão. Sim, vou viajar de novo na noite do Réveillon e me lembrei que nessa mesma época, no final do ano passado, fiz aqui mesmo um pequeno manifesto contra a obrigação de que a noite de 31 de dezembro seja a melhor de todas que vivemos no ano que se fecha – numa esperança atávica, e tola talvez, que nos faz acreditar que os próximos 365 dias serão melhores.
   Revisitando 2016, da morte de David Bowie às eleições presidenciais dos Estados Unidos (para ficar apenas em dois itens lamentáveis dos últimos 12 meses), tente se lembrar de como você estava cheio de otimismo naquela noite... Como, embalado quem sabe por uma leve intoxicação, você de fato pensava positivo: as coisas iriam melhorar. Mas aqui estamos nós, um punhado de horas antes deste ano acabar e... o balanço não parece bom. 
   Daqui a pouco, você vai estar numa outra festa, ou numa releitura dos Réveillons passados, e vamos nos esforçar para ter novamente aquele otimismo. Olhando o mar – e nós aqui no Brasil adoramos estar diante dele nessa noite de renovação – ou encarando outros horizontes, montanhas, selvas, prédios, piscinas, amores... Muitas vezes até outras temperaturas, como é o caso de quem escolhe trocar nosso verão pelos termômetros do hemisfério norte.
   Fazemos aquela revisão do ano e a gente se lembra da crise na qual nosso país mergulhou, dos conflitos cada vez mais absurdos pelo mundo, dos muros que ameaçam comprometer nossa mobilidade de viajante, das tragédias que nos levaram pessoas queridas. É possível melhorar?
   Mas aí você olha de novo para aquela onda quebrando, para tal bola iluminada descendo na Times Square, para os meninos brincando na praça da pequena cidade onde está, para os fogos de artifício que consegue ver à distância, para um barquinho passando em frente ao riacho preguiçoso e se lembra que 2016 foi o ano em que sua irmã se casou.
   E mais: foi de janeiro até agora o projeto que você apostou em 2015 ( e que parecia não dar certo) virou o jogo e é um sucesso; foi nesse mesmo período que você finalmente escreveu o livro que desejava; que você fez as pazes com quem ama; que você viajou para mais quatro países que não conhecia; que seu artista favorito lançou um disco sensacional; que se despediu com carinho de um bicho de estimação companheiro de 17 anos; que não ficou gripado nenhuma vez; que você conseguiu comprar um quadro de um artista que sempre sonhou ter; que criou coragem e se vestiu de Papai Noel para levar alegria para as crianças de uma creche. 
   E aí olha para a paisagem que está à sua frente (natureza, cidade, gente) e chega à conclusão inevitável: até que 2016 não foi um ano tão ruim assim. 
   E aí percebe que escolheu o lugar certo para essa “noite da virada”, que é esse canto do mundo que vai que vai nos ajudar a trazer e espalhar felicidade em 2017. E aí então você pega só essas lembranças boas e segue para o ano que está chegando com elas. 
   Isso tudo que escrevi aconteceu comigo – de ver minha irmã no altar à aventura de Papai Noel. E é esse filminho que eu sei que vai passar na minha cabeça neste sábado. Mesmo que eu tenha diante de mim aquela apertada janela do avião. Que nesse exato momento torna-se a tela mais linda do mundo. (Crônica escrita por ZECA CAMARGO, página D4 caderno TURISMO, quinta-feira, 29 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE S.PAULO).

DESEMPREGO CONTINUA BATENDO RECORDE


   Duas pesquisas econômicas divulgadas nessa quinta-feira trazem notícias negativas para o trabalhador. A primeira, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostrou que o Brasil perdeu 116.747 postos de trabalho com carteira assinada em novembro de 2016. O número é maior do que o registrado em outubro deste ano, quando as vagas de emprego diminuíram 74.748. Porém, em outubro do ano passado, a queda foi maior: -  -130.629. Os dados do Caged colocaram novembro como o 20º mês seguido de fechamento de postos de trabalho. A pesquisa do Cadastro considera o saldo de vagas, ou seja, o total de demissões (1,2 milhão) menos o de contratações (1,1 milhão) no período. O município de Londrina teve saldo positivo, mas aquém do esperado, pois tradicionalmente, em dezembro, a contratação de funcionários temporários pelo comércio costuma puxar os números para cima. . Segundo o Caged, a cidade teve sete contratações a mais do que o número de demissões em novembro. Ainda não foi suficiente para reduzir as perdas de 2,2 mil dos 11 primeiros meses de 2016. No Estado, somente o comércio teve saldo positivo no mês, com 3,2 mil vagas abertas, o que não impediu que o saldo total de novembro tenha ficado negativo em 7,4 mil. O segundo estudo, a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou que o Brasil tinha, em média, 12,1 milhões de desempregados entre setembro e novembro. Os números do IBGE são mais amplos porque levam em consideração os trabalhadores com ou sem carteira assinada. O desemprego rompeu a barreira dos 10% da população economicamente ativa no primeiro semestre de 2016 e está quase passado a 12% - segundo o Instituto, o índice chegou a 11,9%. O desemprego é uma grave questão social e um problema complexo de resolver, principalmente diante de um cenário ainda de incertezas. É um grande desafio para o presidente Michel Temer, que nestes últimos dias assinou medidas para beneficiar os trabalhadores, como a liberação de saques das contas inativas do FGTS, a redução de juros do cartão de crédito e a prorrogação de programa de proteção ao emprego. Mas 2017 exige mudanças mais fortes e sustentáveis. (OPINIÃO, página 2, sexta-feira. 30 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

RESPIRANDO NOVOS ARES

   Mal insuficientemente combatido pelo poder público há muitos anos, a poluição ambiental não pode ser encarada como um problema menor entre tantos outros causados pela ação de nós, humanos. Os dados são da Organização Nacional de Saúde: cerca de três milhões de pessoas morrem por ano por causas relacionadas à exposição do ar em ambientes abertos. E não é só. Em 2012, segundo a OMS, estimou-se que cerca de 6,5 milhões de mortes (11,6% das mortes em nível global) estavam associadas à poluição do ar em ambientes abertos e fechados. A esmagadora maioria dos óbitos (90%), e isso não surpreende, ocorre em países de baixa e média renda, sendo que duas em cada três acontecem no Sudoeste asiático e no Pacífico Ocidental. Noventa e quatro por centos das mortes são causadas por doenças não transmissíveis – particularmente doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, doenças pulmonares obstrutivas crônicas e cânceres de pulmão. A industrialização desregrada é um dos fatores que ajudam a explicar por que tantos morrem à custa de um processo desmedido. Mas há algo maior no ar. A OMS aponta outras fontes de poluição igualmente importantes, como modelos ineficientes de transporte, combustível doméstico e queima de resíduos, além de usinas de energia movidas a carvão. É por essas e outras que a preservação ambiental não pode mais ser encarada como uma bandeira exclusiva de organizações do terceiro setor ligadas ao tema. Qualquer gestão pública séria deve tratá-la como política de governo. E Londrina não pode perder esse bonde. A cidade das áreas verdes em abundância vive um paradoxo constante de ainda não saber como preservá-las da melhor forma. Estão aí os fundos de vale e o Lago Igapó para nos lembrar que a beleza e a falta de cuidado caminham juntas em alguns de nossos cartões-postais. A instalação de uma estão fixa de monitoramento da qualidade do ar em nosso município, implantada na sede do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) há dois meses, deve ser comemorada desde que os equipamentos não se tornem obsoletos. Eles devem servir para promover os avanços que a comunidade espera nas políticas públicas de promoção do bem-estar ambienta. Londrina merece respirar novos ares. (OPINIÃO, página 2, quinta-feira, 29 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

PERIGO NA GARRAFA


   Sabe o recipiente que muita gente leva por aí para matar a sede na academia ou no trabalho? Se alguns cuidados não forem tomados, ele pode virar um prato cheio para os micróbios ( por THAÍS SZEGÔ – design- ANA PAULA MEGDA – fotos – DULLA – ilustrações – GUILHERME HENRIQUE

O alerta soou com uma investigação do instituto americano Treadmill-reviews.net, especializado em dados sobre esteiras ergométricas, que analisou a presença de bactérias em garrafas usadas por 12 praticantes de atividade física durante uma semana sem passar por lavagem. O resultado foi assustador: em alguns resultados foram encontrados mais germes do que em vasilhas para alimentar cachorros! A primeira colocado no ranking da contaminação foi a garrafinha conhecida como slide top, aquela em que a tampa precisa ser deslizada para que o usuário tenha acesso ao líquido. Logo depois ficaram as do tipo squeeze (que esguicham a água direto na boca) , seguidas pelos modelos de tampa de atarraxar. 
   Na avaliação, os recipientes que têm um canudo interno foram os que apresentaram o menor número de bactérias. Segundo os autores do inquérito, isso acontece porque as gotas ficam acumuladas na base do canudo, em vez de se concentrarem na superfície exposta, local mais atraente para os micróbios se instalarem. 
   As constatações do pequeno experimento não são motivo para jogar o recipiente no lixo. “A maior parte desses micro-organismos vêm da nossa boca e normalmente não provoca doenças”, esclarece o clínico e infectologista Paulo Olzon, da Universidade Federal de São Paulo. Os achados reforçam, porém, a importância de higienizar (ou trocar) o acessório pensando em alguns contextos. “Embora a presença desses agentes não ofereça riscos por si só, fatores como ferida na boca ou imunidade debilitada facilitam sua chegada à corrente sanguínea, o que pode desencadear mal-estar, diarreia...” observa a infectologita Raquel Muarrek, do Hospital São Luiz Morumbi, na capital paulista. 
   Lavar o acessório com água e detergente com regularidade é suficiente para barrar ameaças do tipo. “Muita gente negligencia esse hábito pelo fato de a garrafa ser de uso particular”, conta o biomédico Robero Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria. Não caia nessa e respeite alguns cuidados (veja os conselhos logo abaixo). Assim sua garrafinha não há de virar um ninho de germes. 

-------------------------------------------------------------    UM MINIGUIA PARA COMPRAR E CONSERVAR 
Algumas orientações ajudam a manter a garrafinha como uma fonte segura de hidratação.
   MELHOR ESCOLHA
Prefira as que têm canudo interno e formato mais fácil de ser higienizado. Optar pelo inox é uma oba, pois ele dificulta a instalação das bactérias.

   SE FOR DE PLÁSTICO
    Fuja de embalagens com símbolo de reciclagem com números 3 ou 7. Eles indicam presença de bisfenol. Evite usar a mesma garrafa de água mineral todo dia.

QUANDO TROCAR?
   
   Apesar de não haver prazo certo para isso, é prudente substituir a garrafa se houver rachadura e desbotamento da cor.Sinais de que já está velha demais.
   HIGIENIZAÇÃO
   Lave toda vez que ela for usada, dando atenção aos locais de difícil acesso, como a rosca da tampa e as bordas do canudo. Uma escova de mamadeira ajuda.

   TRANSPORTE
   Proteja o biquinho, evite quedas ou batidas e não deixa a garrafa por muito tempo em locais abafados, como o carro, algo que favoreça os micróbios. (FONTE: Páginas 28 e 29, revista SAÚDE É VITAL, editora Globo -SP- DEZEMBRO 2016).

CRIANÇAS CONECTADAS


   Novas diretrizes indicam caminhos para equilibrar a quantidade e, principalmente, a qualidade das horas que os pequenos passam diante de tablets, celulares e companhia. ( por CHLOÉ PINHEIRO design e ilustrações EDUARDO PIGNATA, fotos SHUTTERSTOCK E LOUIS-PAUL ST – ONGE- ISTOCK
   Se até pouco tempo atrás os pais penavam para encontrar a dose ideal de televisão e videogame na vida das crianças, hoje ainda elas precisam incluir tablete, celular e computador na mesa de negociações. Definitivamente é impossível imaginar uma infância livre da influência dos equipamentos eletrônicos. Por isso, os limites recomendados de utilização dessas tecnologias não param de ser revistos, bem como a maneira com que os pequenos deveriam interagir com as telas. 
   Em outubro deste ano, a Academia Americana de Pediatria lançou um documento que afrouxa um pouco algumas de suas antigas orientações. O primeiro contato com o universo digital, por exemplo, que antes só deveria ocorrer após os 2 anos de idade, agora está permitido a partir dos 18 meses, desde que com supervisão e participação ativa dos pais. Já para os mini-internautas entre 2 e 5 anos, a tolerância caiu para apenas uma hora ao dia – antigamente eram duas. Depois, indica-se que a frequência seja personalizada.
   “Essa é uma questão de saúde pública, uma vez que as crianças estão cada vez mais expostas às telas. E isso em um momento crucial para o desenvolvimento de habilidades que serão importantes por toda a vida”, alerta a neuropediatra Liubiana Arantes Regazoni, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A entidade lançou em novembro último o seu próprio guia, intitulado Manual de Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital. A publicação segue, em grande parte, os posicionamentos da associação dos Estados Unidos, mas é um pouco mais rígida em relação aos que ainda usam fraldas. “O ideal é que o contato com eletrônicos não aconteça antes dos 2 anos, sobretudo nas duas horas que antecedem o sono e durante as refeições”, completa Liubiana, que preside o Departamento de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da SBP. 
   Apesar de liberarem com restrições a utilização de telas nessa faixa etária, os pediatras americanos, assim como os brasileiros, enxergam poucos benefícios no hábito. “Os riscos são maiores do que as vantagens educacionais”, afirma o pediatra Jenny Radeski, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e uma das envolvidas na elaboração das diretrizes de lá. “Até os 2 anos e meio, os bebês não conseguem transferir o que veem na tela para a realidade. Portanto, precisam ser ensinados sobre o que estão assistindo para que associem a experiências reais”, explica a pesquisadora. “É assim que o conhecimento se fixa.”
   Isso vale para todas as fases, mas, principalmente entre o primeiro e o segundo aniversário, o cérebro necessita de boas doses do mundo à sua volta para que se estruture como o esperado. “É um período em que, por causa dos estímulos recebidos do ambiente externo, aumentam as sinapses, ou seja, as conexões entre os neurônios”, explica Telma Pantano, fonoaudióloga e psicopedagoga da Universidade de São Paulo (USP). Os tais incentivos que podem ser palavras, toques, brinquedos, músicas ou livros, servem como uma espécie de asfalto para a construção dessas pontes cerebrais, que conectam novas áreas na mente em amadurecimento, como a formação da personalidade e o aperfeiçoamento da linguagem. 
   O tempo que o pequeno passa sozinho, de cara na tela, não ajuda em nada disso. Pelo contrário. “Ele dificulta o desenvolvimento da empatia e do autocontrole e a capacidade de lidar com relacionamentos”, diz o neuropediatra Erasmo Casella, do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista. Então, para garantir que o dispositivo não transforme a criança numa ilha, os especialistas consideram imprescindível, nos primeiros anos de vida, que os pais desbravem com ela ou os conteúdos oferecidos na tela e na rede. 

   PANE NO SISTEMA

   Confira a quais encrencas as crianças ficam expostas quando abusam do tempo em frente às telas

   · Sedentarismo e ganho de peso

   · Dificuldade de aprendizado 

   · Atrasos no desenvolvimento cognitivo

   · Sono prejudicado

   · Ansiedade

   · Hiperatividade

   · Problemas de concentração

   · Falta de noção de espaço

   · Irritabilidade. 

   Os impactos negativos do exagero não ficam restritos aos aspectos comportamentais e emocionais. Tem também a ameaça do sedentarismo. Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) avaliou os hábitos de 21 voluntários com idade entre 8 e 12 anos e constatou que 14 deles não praticavam nenhuma atividade física. “Quando perguntamos o que gostavam de fazer no final de semana, a maioria respondeu brincar com jogos eletrônicos, o que já acontecia nos outros dias”, revela a pedagoga Ana Lúcia Meneghel, autora do trabalho. E você sabe: essa moleza é um convite à obesidade.
   Para que o corpo e a cabeça da meninada valham por mil processadores, os especialistas dizem em uníssonos: brincar é essencial. “Os desafios trazidos pela brincadeira formam estruturas cerebrais ligadas à inteligência matemática e à noção de espaço, por exemplo”, justifica Ana. Para isso, é preciso olhar em volta, segurar objetos, movimentar-se... No estudo, as crianças que eram mais fãs dos aparelhos tiveram mau desempenho quando testadas essas habilidades. 
   Na sala de aula a história também desanda. “A luz emitida pelo visor reduz a produção de melatonina, hormônio indutor do sono”, observa Liubiana. Se a substância, fica difícil adormecer e há maior chance de despertares na madrugada. “O sono de má qualidade interfere na concretização de memórias e do aprendizado do dia”, aponta a neuropediatra. Fora que, após uma noite tumultuada quem consegue prestar atenção na lição? Há mais por trás do dever de casa incompleto. “Um game que dá pontos, por exemplo, libera no cérebro muita dopamina, substância ligada ao prazer”, detalha Casella. A princípio isso não parece ruim, certo? “A questão é que esse processo não ocorre de forma tão intensa em outras ocasiões, como na escola. Daí as crianças podem achar os estudos entediantes”, problematiza. 
   Para tornar essa realidade menos tecnológica ( e maléfica), não dá para esperar que os menores resolvam se desapegar dos aparelhos. Os adultos precisam dar o exemplo. “Inclusive pesquisas sugerem que há menos conexão emocional e até mais conflitos se os progenitores ficam totalmente absortos nos seus smartphone”, destaca Jenny. Portanto, o uso saudável não vale somente para os baixinhos. “Famílias que ficam só assistindo TV ou cada um com seu celular enfraquecem seus vínculos”, reforça a psicóloga Elisabeth Monteiro, autora do livro Criando Filhos em Tempos Difíceis (Summus). “Isso fará falta na adolescência, quando os pais perdem autoridade e os filhos se afastam”, completa. 
   Mas não dá para ser extremista, vamos combinar. Na rotina corrida, às vezes ligar a tela funciona como uma forma de “deligar” um pouco o rebento para, assim, poder cuidar dos afazeres domésticos. “Se o pai for lavar a louça, não vejo mal em deixar o bebe assistir a um programa educativo por alguns minutos”, diz Jenny. Uma saída para driblar os excessos é estabelecer períodos offline diários para toda a família. Entre os mais velhos, a preocupação vai além: a internet. “O perigo é a exposição a conteúdo inadequado e o bullying virtual”, ressalta Liubiana. Já o vício nas redes sociais, território que deveria ser evitado até os 13 anos, pode ser nocivo por fomentar ansiedade e baixa autoestima. 
   Qual seria, então, para dar um dispositivo eletrônico à criança? “Nunca antes dos 12 anos”, declara Telma. Até essa idade, a dica é deixa o pequeno emprestar o aparelho de algum adulto. “Esse comportamento ajuda a transmitir a mensagem de que o controle segue na mão dos pais”, justifica a psicopedagoga da USP. Também não adianta encarar a tecnologia como vilã. Até porque, em muitos casos, ela é uma baita mão na roda. Tanto é que as diretrizes citadas no início da reportagem dizem respeito apenas ao uso enquanto entretenimento puro e passivo. “Tudo aquilo que os pais fizerem com os filhos, como usar a videoconferência, tirar fotos ou jogar, não conta”, diferencia Jenny. O conselho é dar a mão ao rebento sempre. No mundo real e no digital.     DE OLHO NA TELA.
  Todos os aparelhos pedem limites. Mas eles têm suas particularidades. 
   (FONTE: Revista SAÚDE É VITAL, editora ABRIL – DEZEMBRO 2016, páginas 60, 61, 62 e 63).

OS BENEFÍCIOS E OS RISCOS DOS PREÇOS DIFERENCIADOS

   Como parte do pacote de medidas para reaquecer a economia nacional, o governo federal autorizou uma prática já comum no comércio de pequeno porte. Uma medida provisória – a de número 764 – publicada nesta terça-feira (27)  no Diário Oficial da União permite a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao publico em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado (cartão, cheque ou dinheiro). Agora, por exemplo, os estabelecimentos poderão oferecer descontos para quem paga à vista em dinheiro ou valor distinto no caso de parcelamento via cartão de crédito. Parte dessas medidas microeconômicas foi anunciada pelo presidente Michel Temer (PMDB), em meados de dezembro com o objetivo de aliviar o bolso do brasileiro, principalmente de quem está endividado. As mudanças anunciadas ainda têm como objetivo reduzir a burocracia e atenuar os custos das empresas. O ministro da fazenda, Henrique Meirelles, lembrou uma das expectativas do governo é a redução dos custos de crédito ao consumidor. A Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) se posicionou favorável à medida provisória. O vice-presidente da entidade, Fernando Moraes, avaliou que na situação atual da economia, a medida pode auxiliar na movimentação do setor. Ele explicou que hoje o comércio precisa cobrar juros quando a compra é parcelada, pois considera que há uma inadimplência muito grande. Por outro lado, a MP não foi bem recebida por entidades de defesa do consumidor. É o caso da Proteste, que considera abusiva a diferenciação de preços em função da forma de pagamento. Para a associação, as pessoas já pagam anuidade do cartão de crédito e tem custos com outras tarifas, pagando juros, por exemplo, quanto entra no rotativo. Uma preocupação da entidade é que se torne comum o embutimento dos custos do cartão no preço anunciado dos produtos. Assim, ao dar desconto a vista, o comerciante estaria na verdade cobrando o que seria o preço normal. Nesse momento de recessão, as propostas que venham ajudar o consumidor e a retomada da economia são bem recebidas. Mas para que elas realmente signifiquem avanço é preciso que o comprador fique atento às cobranças abusivas e denuncie as práticas irregulares. ( OPINIÃO, página 2, quarta-feira, 28 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

FÉRIAS FLUTUANTES


   Represa na região de Barretos, no interior de São Paulo, abriga casas construídas sobre a água, com quarto, sala, cozinha; locais são utilizados por turistas e pescadores da região 

   Parece miragem, mas a visão que se tem ao chegar às margens da represa de Marimbondo, em Guaraci, na região de Barretos (SP), é real. Cada vez mais real. 
   Autênticas casas flutuantes têm sido construídas em meio à represa, com dormitórios, cozinha, sala, banheiro e varanda para pesca, e se transformaram em refúgios para pescadores e turistas no interior de São Paulo, a 450 km da capital.
   Mais simples, algumas têm apenas dormitórios. Elas convivem com estruturas mais comuns até do que barcos na represa, os batelões – tablados de madeira que boiam. 

   CONDOMÍNIO
   
   O fenômeno das casas flutuantes, segundo proprietários e pescadores, começou a se intensificar nos últimos três anos, e tende a crescer.
   “Quando fiz a minha, só havia mais uma, fui um dos precursores. Ela tem dois cômodos e uma área grande no meio, comporta oito pessoas dormindo”, afirma Antonio Delomodarme, o Niquinha (PT do B), eleito vereador em Olímpia, município vizinho a Guaraci.
   Quatro casas completas já foram erguidas apenas num braço da represa – uma foi incendiada numa briga. Elas são utilizadas especialmente nos finais de semana. 
   Também, presidente do Olímpia, time de futebol da cidade, Niquinho diz que investiu R$ 60 mil na construção da residência flutuante. Ali, há freezer, fogão industrial e comum e gerador. 
   “Daria para erguer uma casa num rancho em Guaraci, mas a gente gosta da represa, da pesca.”
   Ranchos em bairros da cidade como Riviera foram comercializados nos últimos meses por valores inferiores a R$ 200 mil, conforme corretores e proprietários. 
   A base das casas fluviais são tambores plásticos, vazios, com capacidade para 200 litros cada Presos, eles serem para que peças de madeiras sejam colocadas, como pisos do imóvel aquático”,
   Além de possuir extintor, as casas têm de ter seguro e documento da Marinha para permanecer na represa. 
   Elas podem tanto ficar paradas, graças às poitas – objetos pesados que funcionam como âncoras -, como ser deslocadas caso seus donos busquem locais mais adequado para a pesca. 
   Berço do “condomínio flutuante” do interior de São Paulo, a represa de Marimbondo está com 54,4% de seu volume útil, de acordo com o NOS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
   Ainda que longe de estar cheia, atrai turistas para esportes náuticos e pesca, mesmo em dias úteis. Numa sexta-feira de manhã, a reportagem contabilizou ao menos 50 batelões em um trecho. 
   O movimento contrasta com o cenário da seca histórica de 2014. Em fevereiro daquele ano o nível do reservatório de Marimbondo caiu para apenas 16%. 
   Pescador profissional e dono de batelões para a locação, Luiz Roberto Magalhães, 58, construiu uma das casas flutuantes mais simples, numa área de aproximadamente 20 metros quadrados. 
   Ali, há um dormitório com camas, no centro, e áreas livres para pesca nas quatro laterais. O local é utilizado como área de descanso por pescadores que passam o dia todo no rio. 

   PIRACEMA
   
Nem mesmo a piracema, época de reprodução de peixes em que a pesca de algumas espécies é proibida por lei, tem impedido os turista de procurar essa nova modalidade de conforto para a atividade na represa. 
   “Não gosto de alugar nesta época, é preciso respeitar a natureza. Só aluo quando a pessoa se compromete realmente a não pescar espécies proibidas, como piau, pacu e pintado”, diz a pescadora Maria das Graças Tirola. 
   O aluguel de um batelão de 14 metros quadrados custa em média R$ 70 por dia. Segundo ela, e há fila de espera. “Principalmente após o fim da piracema [termina em 28 de fevereiro], todos os dias eles estão alugados.”
   As casas aquáticas são apontadas como seguras por pescadores, pois um eventual ladrão precisaria de um barco para chegar ao meio da represa. Além disso, teria dificuldade para transportar eletrodomésticos e móveis. (MARCEL TOLEDO, JOEL SILVA, ENVIADOS ESPECIAIS A GUARACI, SP), caderno COTIDIANO, Folha Verão, página B3, terça-feira, 27 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE SÃO PAULO).

EM SEGREDO, ASTRO DOAVA MILHÕES A CARIDADE


   Após a morte de George Michael, fãs trazem à tona desconhecido lado filantrópico do ídolo
   Fãs enlutados lamentaram a morte do astro pop George Michael neste domingo (25) e instituições de caridade britânicas enalteceram sua generosidade manifestada nos bastidores de diversas causas. 
   Os últimos anos do cantor foram marcados por atritos ocasionais com a lei e incidentes envolvendo abuso de drogas, mas outro lado seu emergiu nesta segunda (26).
   Pessoas que atuam em instituições de caridade manifestaram agradecimento a Michael por anos de doações e serviços sociais. 
   Entre os grupos que ele apoiava estão o Terrence Higgins Trust, que ajuda portadores do vírus da Aids, o Macmillan Cancer Support , voltada a pacientes com câncer, e a Childline, que oferece aconselhamento a jovens. 
   A fundadora da Childline, Esther Rantzen, disse que Michael doou “milhões” à entidade, sob a forma dos royalties do hit “Jesus to a Child” ou de aportes financeiros. 
   Por anos ele foi um filantropo extraordinário, doando dinheiro à Childline, mas estava determinado a não tornar essa generosidade pública”, disse Rantzen.
   Jane Barron, da Terrence Higggins Trust, disse que Michael fez várias doações e inclusive concedeu os roualties de “Don’t Let the Sun Go Down On Me”, dueto gravado com Elton John em 1991. 
   Apesar de ter falado publicamente sobre a dor de perder um parceiro por Aids, nos anos 1990, Michael optou por manter em segredo sua longa história de contribuições à instituições. 
   “Suas doações contribuíram para uma visão num mundo no qual pessoas com Aids vivem uma vida saudável, livre de preconceitos e discriminação. Graças ao legado de George, demos um passo a mais em direção a esse mundo”, disse Barron. 
   Não foram apenas instituições de caridades que tiveram a chance de conhecer o lado generoso do astro.
   Horas após a morte de Michael, o apresentador do programa britânico “Pointless”, Richard Osman, disse, em uma publicação em seu perfil no Twitter, que Geogre Michael doou secretamente 15 mil libras (cerca de 60 mil) a uma mulher que foip ao programa “Deal or “No Deal” pedir ajuda para realizar um tratamento de fertilização in vitro. 
   Na mesma rede social, uma pessoa afirmou ter sido voluntária com o astro em um abrigo para sem teto. Também foi reportado que Michael doou 25 mil libras (cerca de 100 mil) a uma desconhecida em um café, após ouvi-la chorar por uma dívida. (FONTE: DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS, página C2, caderno ILUSTRADA, terça-feira, 27 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE S.PAULO).

OS 40 ANOS DO CALÇADÃO


   Importante espaço de convivência dos londrinenses completa 40 anos em 2017. O Calçadão de Londrina, projetado em 1976 e executado no ano seguinte, foi uma grande iniciativa de “humanização” do centro da cidade e de organização viária. Nesta edição, a Folha de Londrina relembra história desse cartão postal do município, idealizado pelo então prefeito José Richa, que se inspirou na experiência positiva da Rua XV de Novembro, em Curitiba, fechada em 1972 para circulação exclusiva de pedestres. Tanto que o projeto de reurbanização do centro foi encomendado ao arquiteto e urbanista Jaime Lerner, que projetou o calçadão curitibano. A reforma foi executada na gestão do ex-prefeito Antonio Belinati. Como tudo o que é novo, o Calçadão na Avenida Paraná também enfrentou resistência no início, principalmente dos comerciantes das imediações, que temiam perder clientes por falta de estacionamento próximo. Mas a rejeição foi vencida com facilidade. Os moradores da cidade movimentaram o lugar, aceitando o novo espaço de compra e lazer. E nestes 40 anos, mesmo com o surgimento de outros pontos de compra e convivência, como os shoppings, o Calçadão não perdeu sua importância. Ainda neste fim de ano, como vem acontecendo desde o final da década de 1970, o local reuniu consumidores, artistas, artesãos, ambulantes e muitas pessoas que gostam de passear pelo centro. Mas hoje em dia é menor o número de pessoas que vão ao Calçadão da Avenida Paraná simplesmente pelo prazer de passear. Tanto que a professora de Arquitetura e Urbanismo, Thamine Ayoub alerta para a necessidade do poder público promover ações que tornem o espaço mais atrativo. O local sofreu várias intervenções nestas quatro décadas, algumas delas, infelizmente, descaracterizando o primeiro projeto, que trazia placas de cimento colorido com ilustrações de ramos, flores e grãos de café. Preservar o patrimônio histórico de Londrina é sinal de respeito à identidade cultural da população, valorizando o passado e projetando ações que têm como objetivo melhorar a qualidade de vida dos seus moradores. (OPINIÃO, página 2, terça-feira, 27 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

QUEM DEVE FAZER UM TESTE GENÉTICO?

   Testes genéticos são análises feitas em laboratório que mapeiam no DNA que você herdou dos pais instruções capazes de indicar maior risco de doenças ou ajudar a escolher um tratamento. Um recente ramo dessa ciência, a genética reprodutiva, ainda oferece exames que podem ser de grande valia para o casal que pretende engravidar. Além de reduzir a probabilidade do nascimento de um filho com um distúrbio genético, temos casos de crianças portadoras de uma grave condição que foram salvas de um destino precocemente fatal graças ao nascimento de um irmão saudável. 
   Hoje existem diferentes tipos de testes que podem ser úteis para diagnosticar uma doença e determinar sua gravidade, orientar a eleição do melhor remédio, flagrar mutações transmitidas de pais para filhos, além de checar transtornos passíveis de tratamento ainda no feto ou no recém-nascido e selecionar embriões saudáveis para a fertilização in vitro. 
   É evidente que possuem critérios para recomendar ou não tais exames. Podem se candidatar a um teste genético, por exemplo, pessoas com histórico familiar de câncer ou outra desordem degenerativa. Como sabemos que o estilo de vida e o ambiente influenciam muito no aparecimento de certos males, fumantes inveterados ou pessoas que sofreram forte exposição a radiação ou agentes químicos devem procurar aconselhamento genético. Também tiram proveito casais que já tiveram um filho com malformação ou atraso no desenvolvimento; se houve ocorrência prévia de bebês natimortos ou três ou mais abortos espontâneos sem causa definida; se os parceiros são primos em primeiro grau; ou quando existe algum risco de doença atrelado à etnia do casal. 
   Entre as mulheres que querem ter filhos, o teste é bem-vindo se apresentarem alguma condição que repercuta no bebê (como diabete e epilepsia), usam medicações que podem afetar a gestação, se submeteram à quimioterapia antes de engravidar, tiveram infecções como catapora, rubéola ou por citomegalovírus durante a gravidez...
   Qualquer que seja a finalidade do teste, tudo deve começar com um consulta de aconselhamento genético. O especialista vai avaliar o caso, a história familiar, condições de saúde, entre outros fatores, para indicá-lo ou não. Também traduzirá os resultados e orientará os próximos passos preventivos ou terapêuticos, bem como auxiliará o indivíduo a lidar com os desdobramentos emocionais e éticos que podem surgir com as respotas dos genes. (Página 3, COM A PALAVRA –
Dr. Ciro Martinhago, médico geneticista, revista SAÚDE É VITAL, editora Globo, Dezembro 2016).

LARANJADA E LIMONADA


   Embora as bebidas sejam feitas com frutas da mesma família, há peculiaridades nutricionais para ficar de olho. O teor de carboidratos – que viram açúcar dentro do corpo – em uma laranja é bem maior, por exemplo. “Isso explica o fato de ela ser doce”, observa a nutricionista Ursula Romano, do Rio de Janeiro. E, se você for espiar esse dado na tabela, um aviso: os valores abaixo dizem respeito ao suco de apenas uma fruta. “E, geralmente, usamos pelo menos três unidades para preparar a bebida”, nora Ursula. Por outro lado, o suco de limão, de sabor azedo, tende a ser diluído em água. Não significa que é para negar a laranjada. Mas há estratégias para evitar o pico de açúcar, que sobem o risco de diabete e levam ao aumento de gordura corporal. “Ingerir o suco sem coar e acrescentar itens como chia são boas medidas”, sugere Ursula. É que assim temos acesso às fibras, substâncias que aplacam o impacto do excesso de carboidratos. Também faz sentido combinar a bebida com outros alimentos. Fora a orientação clássica: não se esbaldar. (Página 7, COMPARE – por THAÍS MANARINI. Revista SAÚDE É VITAL, editora Globo, DEZEMBRO DE 2016).

AO LEITOR - COMBATA A DEPRESSÃO À MESA

  Não podemos mesmo subestimar o efeito da alimentação na defesa ( ou no desgoverno) da nossa saúde. Os sábios da Antiguidade, ao Oriente e ao Ocidente, já anunciavam e, entre algumas idas e vindas, a ciência moderna vem assinando embaixo. Desbravamos o impacto da comida no bem-estar intestinal, no vigor das artérias e do coração e, mais recentemente, sua prestação de serviço contra um dos maiores temores da humanidade hoje, o câncer.
   Pois agora surgem evidência contundentes de que até a depressão, esse transtorno que alguns já batizam de mal do século, pode ser espantada ou exorcizada mais facilmente por meio da adoção de uma dieta equilibrada e de alguns nutrientes especiais. É disso que falamos na reportagem de capa, pensada, apurada e redigida pela editora Thaís Manarini. Confesso que fiquei com um pé atrás quando ela sugeriu essa pauta por aqui. Mas a jornalista veio com tantas pesquisas e entrevistas com os bambas da área no colo que só me fez estalar aquele pensamento: não devemos subestimar o efeito da alimentação. Na matéria, mapeamos em primeira mão no país estudos e descobertas que revelam como um cardápio balanceado e munido de certas substâncias torna o cérebro mais imune à melancolia profunda. Convém lembrar (sempre!) que a comida, sozinha, não vai operar o milagre da prevenção e da cura. Mas digamos que, aliada a outros hábitos saudáveis e, se for o caso, ao tratamento médico, ela se mostrará um saboroso ingrediente na receita antidepressão. (DIOGO SPONCHIATO
– REDATOR CHEFE, página 4, revista SAÚDE É VITAL, editora Abril, DEZEMBRO 2016).

domingo, 25 de dezembro de 2016

MENTE ABERTA - SOBRE CARREIRAS


   Quando foi a última vez que você começou algo do zero? Quantos estilos de músicas diferente você escuta? Por quais gêneros literários você já se aventurou? 
   Para professores de cursos voltados para a criatividade e pesquisadores do tema, ações como essas são o ponto de partida para “abrir a cabeça” e ter ideias novas. 
   “Quanto mais coisas eu faço, maior é o repertório e a biblioteca que eu tenho para consultar quando preciso resolver algum problema com uma solução diferente”, afirma Felipe Anghinomi, publicitário e um dos fundadores da escola Peretroiska de atividades criativas. 
   O local oferece aulas para quem quer soltar a imaginação. A metodologia privilegia a prática e a informalidade para tornar o ambiente propício à inovação, com atividades de pintura, ilustração, teatro e música. 
   Os cursos duram de uma semana a três meses e custam de R$ 700 a R$ 4.500.
   Para Fernando Suzuki, publicitário e co-fundador da escolar internacional de negócios MBI (Master of Business Innovation), que tem cursos focados em inovação, a criatividade se manifesta por meio da capacidade de relacionar informações desconectadas e encontrar um sentido para a conexão. 
    “Para criar relações novas é preciso ter uma boa percepção e enxergar o que ninguém havia visto”. Afirma. 
   Começar uma atividade diferente pode ser um bom impulso, segundo o neurocientista Fabrício Pamplona, pesquisador do Instituto D’Or.
   “Experimente um curso completamente novo ou uma viagem a um país estrangeiro do qual você pouco sabe. Coloque-se mais na posição de aprendiz”, recomenda. 
   Para ele, a criatividade vem com muita prática e insistência. “Primeiro é preciso esgotar todas as possibilidades mais óbvias para só então chegarem as ideias originais”, diz Pamplona. 
   Ainda de acordo com o neurocientista, um local de trabalho onde os funcionário têm mais autonomia e existem espaços de socialização é mais propício para o surgimento de novas ideias.
   “Levante, saia de seu lugar, faça mais pausas, faça perguntas, mantenha a mente livre, quebre a rotina. Esteja aberto à exploração, mas se permita explorar sem julgamento”, afirma. 
   Segundo ele, a leitura tem um papel particularmente especial no desenvolvimento de novas ideias. “O livro estimula as ideias originais, porque o leitor vira o autor da história enquanto gera imagens só suas”, explica. 
   EM AÇÃO 
   Ser criativo é uma demanda crescente em empresas de diferentes segmentos. A lista de companhias mais inovadoras de 2016, divulgada pela revista americana “Fast Company”, de inovação e tecnologia, incluiu diversos nomes de fora do mundo digital, como restaurante e até uma rede de farmácias. 
   A educação no formato atual, no entanto, falha em fornecer as ferramentas necessárias para a inovação, dizem os especialistas. 
   Para Maurício Tortosa, diretor da Ebac (Escola Britânica de Artes Criativas), a formação de um profissional criativo deve ir além do pensamento crítico. É preciso também conhecer questões burocráticas dos negócios para colocar ideias em ação. 
   Foi baseada nesse princípio que a Ebac incluiu a disciplina de empreendedorismo criativo em todos os cursos que oferece. 
   “Empreender também é um ato criativo”, afirma Bob Wollheim, professor da disciplina. “O objetivo é mostrar as competências que o aluno precisa e, assim, ampliar seu repertório”, completa. 

   ‘DEVEMOS VALORIZAR MAIS O TEMPO DE REFLEXÃO’, DI Z O PROFESSOR DA SCHOOL OF LIFE

   Dar uma pausa no trabalho para refletir é tão importante quanto produzir, defende David Baker, jornalista, co-fundador da revista “Wired”, sobre tecnologia e inovação. Hoje, ele atua como coach profissional e professor de cursos sobre criatividade e trabalho da School of Lifedo Reino Unido e do Brasil. Por e-mail, Baker conversou com a Folha sobre o assunto.

   Folha – Qual o papel da criatividade no dia a dia?
   David Baker – Pensamos que criatividade é só para artistas ou músicos, mas ser criativo é simplesmente pensar em um jeito diferente de fazer algo e testar para ver o que acontece. Fazemos isso quando experimentamos uma receita nova ou pensamos em um programa diferente para o fim de semana. Exercitar a criatividade nos conecta com o mundo. 

   Quais as melhores formas de estimular a criatividade?
   Algumas boas ideias vêm em momentos inesperados. Uma boa dica é anotar pensamentos que surgem durante o dia. Também é bom deixar a cabeça livre, fazendo pausas para caminhadas o colocando o pensamento em coisas diferentes do trabalho às vezes. 

   O que empresas podem fazer para estimular a inovação?
   Funcionário e chefes precisam entender que as melhores ideias aparecem quando estamos relaxados. Devemos valorizar o tempo para reflexão assim como valorizamos os momentos nos quais produzimos. Uma boa forma de estimular a reflexão é dividir as reuniões em dois dias, assim todos têm tempo para pensar e podem trazer novas ideias no segundo dia. (ELB). 

CURIOSIDADE SERVE DE COMBUSTÍVEL PARA CABEÇA FÉRTIL

   Profissionais que trabalham com criação em áreas como artes visuais e música consideram a curiosidade, o constante aprendizado e o contato com diferentes áreas os principais combustíveis para manter a cabeça fértil. 
   Daniel Malfa, 39, artista visual e fotógrafo que mora em São Caetano (Grande São Paulo), conta que passou por cursos como biologia e engenharia química antes de fazer graduação em fotografia. 
   “Gosto de estudar e, quando faço pesquisa para um novo trabalho, incluo o conhecimento de todas as área pelas quais já passei. Até estudar matemática faz parte do meu processo criativo”, diz. 
   Ele cria cenários, fotografa-os e usa técnicas especiais para revelar a imagem. Segundo ele, sonhos o ajudam a fazer as montagens.
   “Fotografo todos os dias experimentando diversos filmes, lentes e câmeras. Vou construindo um arquivo com as informações técnicas. Assim, quando aparecer uma ideia, vou saber qual a melhor forma de executar”, diz. 
   O compositor de música de orquestra Alexandre Travassos, 46, se formou clarinetista, mas, diz, aprendeu composição por conta própria. 
      “ O que um compositor coloca na partitura são fragmentos e notas de tudo que ela já ouviu na vida”, afirma Travassos, que já teve suas obras tocadas Experimental de Repertório, ligada à Fundação Theatro Municipal de São Paulo 
   “Quando escrevo, estou mobilizando todas as minhas referências”, afirma. Segundo ele, as inspirações têm diversas fontes: “Pode ser uma música folclórica que ouvi em um outro país ou uma cor que associo a algum som e tento converter em melodia.”
   A leitura também é muito importante nesse processo. “A música é uma narrativa em outra língua”, diz. (ELB) ( EVERTON LOPES BATISTA – DE SÃO PAULO, caderno SOBRE TUDO, página D5, SOBRE CARREIRAS, domingo 25 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE S.PAULO).

sábado, 24 de dezembro de 2016

A POESIA DA PAZ



   Num mundo em conflito, numa nação conturbada, proponho a pausa da pacificação
   Penso no Natal da Pacificação. Uma pausa no dia do nascimento de Cristo, uma pausa que silencie os noticiários sobre bombas e atentados terroristas, sobre guerras que derrotam o princípio humanista de viver em harmonia, uma pausa para a reflexão embora a foto daquela menina síria – com o corpo ensanguentado e cheio de estilhaços – não saia da minha cabeça. Uma pausa nas redes sociais para os ataques políticos já que somos todos sobreviventes de um tempo que não tem vencedores. 
   Há quem esteja sentindo-se aliviado com o fim de 2016, sentem-se a salvo com a mudança do calendário, embora a gente carregue a história de um ano para outro e com ela todas as nossas falhas como espécie e, inclusive, em relação a outras espécies. O que estou sugerindo talvez fuja às passagem do Cristo revolucionário. Aquele menino que nasceu numa manjedoura – cercado pelos pais, pelos animais e outros elementos bucólicos – e foi visitado por reis, percebendo muito cedo o mundo das desigualdades e injustiças. Contra isso se insurgiu muitas vezes, contrariando os costumes quando falava com mulheres e crianças – o que não era comum entre os judeus – quando falava com uma mulher que, ainda por cima, era uma samaritana, o que também era mal visto refletindo a intolerância. 
   Foi esse mesmo Cristo que perdoou e pediu complacência para uma prostituta que seria apedrejada, que chicoteou os vendilhões do templo, os mesmos que merecem hoje muitas chibatadas e estão por aí falando em Seu nome.
   Mas este será o Natal da pausa e da pacificação. O Natal que abro uma brecha na imanência – que significa alcançar o possível – para ir ao encontro da transcendência, uma categoria filosófica que nos coloca além, atingindo um grau de espiritualidade que abre a passagem para um mundo paralelo, mais que isso, para um conhecimento de outro plano. 
   Esse estado de espírito pode ser visto como religiosidade, mas eu sempre afirmei que a poesia também é minha religião, porque consagra a palavra a este grau de transcendência que vai além dos sentidos físicos. Talvez pela origem da poesia ser o encantamento – os rituais mágicos que punham a humanidade em contato com os deuses – ela continua sugestionando o espírito e pacificando o coração a ponto de William Blake revelar-se um descobridor de anjos e Allen Ginsberg falar em epifanias como um estado de criação.
   Há datas que fincam nossos pés no chão. Há datas que nos elevam à uma brecha de luz, a um rasgo no céu, a uma passagem para a crença. Entre essas eu inscrevo o Natal porque venho de família cristã que me embalou na magia dos presépios, no cheiro do incenso e do cedro das igrejas, na provável quentura da palha onde nasceu Jesus como uma criança pobre cercada pelos pais, por animais e pastores, sendo visitado por reis e tendo, desde sempre, o senso da justiça em face da injustiça e das desigualdades. 
   Poderia citar hoje o Cristo revolucionário, mas em função da pausa vou citar o Cristo da humanização profunda, aquele do estado de espírito que me induz quando ouço peças de Bach, sinfonias de Mahler ou o canto africano de Ali Farka Touré carregado de espiritualidade como quem canta o coração da aldeia. 
   Para isso, em vez de incitar a revolta, cito um versículo de pacificação. “Deixo a paz a vocês, a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo”. (João 14: 27). 
   Há quem esteja esperando o ano novo como uma boa entrada, eu o aguardo como uma boa saída. Levamos a história para um novo tempo e podemos reconstruí-la se, com o Cristo, fizermos a pausa para refletir sobre o que significam os “homens de boa vontade”, aqueles que fizeram a humanidade do escuro. Feliz Natal, muito além da data, que a espiritualidade seja um elemento de pacificação no mundo. (Crônica escrita por CÉLIA MUSILLI, celiamusilli.@gmai.com   jornalista em Londrina e escritora, páginas 2 e 3, caderno FOLHA MAIS, coluna CÉLIA MUSILLI, 24 e 25 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

NATALIZAR A VIDA


   O que de fato vem a ser a magia que recai sobre grande parte da humanidade nesta época do ano? Músicas, mensagens e apresentações que evocam fraternizada e paz se multiplicam. Um bom sentimento parece envolver a vida de gente de todas as idades, religiões e até de quem não crê. Corações aquecidos fomentam a solidariedade. Famílias e amigos têm um desejo acima da média de se encontrar, confraternizar, de passear juntos e trocar presentes. O que vem a ser tudo isso? 
O tempo de Natal, ao mesmo tempo tão bonito e de contagiante alegria, é também, infelizmente, superficial e de aparências. É uma realidade dura e triste para se admitir, mas verdadeira. Se não fosse assim, tudo não seria tão passageiro. A troca de gentilezas e de expressões fraternas, por vezes mais formais do que cordiais, são tão transitórias quanto a fictícia figura do Papai Noel. Mal chegam ao Réveillon. Sem demora, prevalece a política do “salve-se quem puder” e do “cada um para si e Deus para todos”. 
   Bom seria se o Natal não fosse mais do que a lembrança e a comemoração de um estupendo evento na história da humanidade: o nascimento de Jesus, verdadeiramente humano porque nasceu de Maria, verdadeiramente divino porque foi concebido do poder do Altíssimo. Bom seria se ao menos os cristãos tivessem compreendido e absorvido sua mensagem de amor e paz, a ponto do espírito natalino não ser sazonal, mas perenal, pontuado no calendário uma vez ao ano, mas uma rotina nas relações humanas. 
   As formalidades típicas deste tempo são tradições que, embora quebram o cotidiano da vida e trazem passageira alegria, são incapazes de tocar a fundo os corações e de proporcionar transformações duradouras. O sentimento bom e contagiante que o Natal desperta, aproximando pessoas, movendo corações ao amor fraterno e ao socorro dos necessitados, é algo grandioso e nobre à altura do que se comemora. Porém, fazer o bem é uma ação que precisa deixar de ser meramente sentimental, formal, ocasional, filantrópica e voluntária, para se tornar de fato uma missão perene, um sacerdócio exercido no altar da humanidade. 
   Jesus não deu lições de boas ações a serem desenvolvidas esporadicamente conforme as conveniências, mas instituiu um modo de vida impulsionado pelo amor. ”Por toda parte Ele andou fazendo o bem e curando a todos ((At 10,38), independente de sexo, raça, cor, religião ou classe social. Essa é a única lógica capaz de ajudar o coração humano a superar seus interesses egoístas e de criar uma nova humanidade. 
   É preciso incorporar os valores e os sentimentos do aniversariante. A comemoração natalina é uma farsa onde o perdão não acontece e o preconceito prevalece; onde ceias extravagantes escondem insensibilidade com quem nada tem; onde mãos cheias de presentes estão vazias de calor humano; onde em nome da religião se promove discriminação e agressão, onde a paz e a alegria só existem para alguns; onde a fé é inerte; onde políticas injustas e corrupção não causam indignação. Natal é fazer valer hoje e sempre os motivos que trouxeram Jesus ao mundo. Fora disto é um faz de conta. Feliz Natal a todos! (PADRE ROMÃO ANTONIO MARTINI MARTINS, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora em Londrina, página 4, coluna PENSAR MAIS, suplemento FOLHA MAIS, 24 e 25 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

NATAL COM BONS EXEMPLOS


   Após um ano em que o noticiário político proporcionou tantos maus exemplos de “trabalho” realizado em benefício próprio e contra o bem comum, nada melhor do que celebrar o Natal com exemplos de cidadãos que tomam os ensinamentos de Jesus Cristo como uma força de ajuda ao próximo e aos necessitados. A força-tarefa da Lava Jato e de tantas outras operações que investigam crimes de corrupção mostraram que há muito por fazer para diminuir esse mal que empobrece ainda mais a sociedade e desmoraliza o País. Que a classe política brasileira possa realmente se inspirar no trabalho voluntário de pessoas que arregaçam as mangas para melhorar o Brasil sem esperar nada em troca. Nesta edição de Natal, a FOLHA toma o tema voluntariado como principal reflexão. São pessoas que distribuem cestas básicas e alimentos aos menos favorecidos, ensinam informática gratuitamente e alegram quem está triste. O voluntariado vem crescendo no Brasil, mas está longe de se aproximar de outros países, como os Estados Unidos. Segundo uma pesquisa da Fundação Itaú Social, realizada em parceria com o Datafolha, somente 11% dos brasileiros desenvolvem algum tipo de voluntariado. Foram ouvidas 2.024 pessoas em 135 municípios. Setenta e dois por cento dos entrevistados disseram que nunca participaram de nenhuma ação voluntária, 28% já participaram, mas destes 17% desistiram. A falta de tempo é a justificativa de 42% dos entrevistados que abandonaram as atividades. Sabe-se que em datas comemorativas, como o Natal, é maior o número de pessoas interessadas em fazer boas ações. Mas ao longo do ano, a correria do dia a dia enfraquece esse sentimento nobre. É justamente a mensagem que o padre Romão Antonio Martins deixa em um artigo que está sendo publicado nesta edição de fim de semana, no suplemento MAIS VOCÊ. O pároco lembra que nesta época multiplicam-se as mensagens que evocam fraternidade e paz, mas elas acabam sendo transitórias e quando chega janeiro volta a prevalecer a política do “salve-se quem puder”. A troca de presentes é apenas uma das tradições do Natal. Se as compras não atingiram o valor esperado, o importante é celebrar o aniversariante do dia 25 de dezembro e fazer a nossa parte para que os brasileiros sejam mais felizes. Um bom natal a todos! (OPINIÃO, página 2, 24 e 25 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

QUANDO OS FILHOS VOAM...


   Sei que é inevitável e bom que os filhos que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho. Eu mesmo sempre os empurrei para fora. Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções como andorinhas adoidadas.
   Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e eu fique como o ninho abandonado no alo da palmeira...
   Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo ...
   Existem muitos jeitos de voar... Até mesmo voo dos filhos ocorre por etapas. O desmame, os primeiros passos, o primeiro dia na escola, a primeira dormida fora de casa, a primeira viagem...
   Desde o nascimento de nossos filhos temos a oportunidade de aprender sobre esse estranho movimento de ir e vir, segurar e soltar, acolher e libertar, Nem sempre percebemos que esse momentos tão singelos são pequenos ensinamentos sobre o exercício da liberdade.
   Mas chega o momento em que a realidade bate à porta e escancara novas verdades difíceis de encarar. É o grito da independência, a força da vida em movimento, , o poder do tempo que tudo transforma.
   É quando nos damos conta de que nossos filhos cresceram e apesar de insistirmos em ocupar o lugar de destaque, eles sentem urgência em conquistar o mundo longe de nós. 
É chagado então o tempo de recolher nossas asas. Aprender a abraçar a distância, comemorar vitórias das quais não participamos diretamente, apoiar decisões que caminham para longe. Isso é amor. 
   Muitas vezes decidimos amor com dependência. Sentimos erroneamente que, se nossos filhos voarem livres, não nos amarão mais. Criamos situações desnecessárias para mostrar o quanto somos imprescindíveis. Fazemos questão de apontar alguma situação que demande um conselho ou uma orientação nossa, porque no fundo o que precisamos é sentir que ainda somos amados. 
   Muitas vezes confundimos amor com segurança. Por excesso de zelo ou proteção cortamos as asas de nossos filhos. Impedimos que eles busquem respostas próprias e vivam seus sonhos em vez dos nossos. Temos tanta certeza de que sabemos mais do que eles, que o porto seguro vira uma âncora que os impede de navegar nas ondas de seu próprio destino. 
   Muitas vezes confundimos amor com apego. Ansiamos congelar o tempo que tudo transforma. Ficamos grudados no medo de perder, evitando assim o fluxo natural da vida. Respiramos menos, pois não cabem em nosso corpo os ventos da mudança. 
   Aprendo que o amor nada tem a ver com apego, segurança ou dependência, embora tantas vezes eu me confunda. Não adianta querer que seja diferente: o amor é alado. 
   Aprendo que a vida é feita de constantes mortes cotidianas, lambuzadas de sabor doce a amargo. Cada fim venta um começo. Cada ponto final abre espaço para uma nova frase. 
   Aprendo que tudo passa menos o movimento. É nele que podemos pousar nosso descanso e nossa fé, porque ele é eterno. Aprendo que existe uma criança em mim que, ao ver meus filhos crescidos, se assusta por não saber o que fazer. Mas é muito melhor ser livre do que ser imprescindível. 
   Aprendo que é preciso coragem para voar e deixar voar.
   E não há estrada mais bela que essa. (RUBEM ALVES )

TESTEMUNHO DE FÉ E PERSEVERANÇA

 
   A dócil paroquiana Sra. Esther Porthela tem 104 anos de vida. 
Ela é uma participante assídua nas celebrações na Catedral e, na noite de 20 de novembro, juntamente com seus familiares, esteve presente na Missa do encerramento do Ano Santo da Misericórdia e da cerimônia de fechamento da Porta Santa.
   Sua fé é um forte testemunho de perseverança e amor à Igreja. (FONTE:
INFORMATIVO CORAÇÃO DE JESUS – CATEDRAL METROPOLITANA DE LONDRINA, Boletim mensal da Paróquia Sagrado Coração de Jesus. Ano 23. Nº 268 – DEZEMBRO 2016).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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