sexta-feira, 14 de abril de 2017

NÃO FAZ SENTIDO, NO SÉCULO 21, PRESERVAR COBRADORES DENTRO DOS ÔNIBUS EM SP


   Prefeito promete acabar com a função até o fim do mandato e declara que a próxima concessão do setor será reduzida a 10 anos
   Com aprovação recorde após três meses no cargo, o prefeito João Doria (PSDB) promete tomar duas medidas que irão atingir diretamente categorias com poder de paralisar a cidade de São Paulo. 
   Em entrevista à Folha, a primeira desde que assumiu o cargo, o tucano promete retirar os cobradores de todos os ônibus até o final de seu mandato. “Em nenhuma cidade civilizada do mundo tem cobradores dentro do ônibus”.
   Há cerca de 19 mil cobradores e cerca de 33 mil motoristas, que ameaçam greve sempre que esse tema volta às discussões. 
   Além disso, diz que diminuirá o poder de empresário de ônibus ao cortar à metade o tempo de concessão do serviço, hoje em 20 anos. 
   Ele admite problemas na zeladoria e a necessidade de ajuste nos aplicativos de transporte. Na área política, diz que caixa dois deve ser punido e que “não instiga” a onda de sua candidatura em 2018; 
   Doria falou à Folha em seu gabinete, no início da noite de sábado (8). Antes de responder à primeira pergunta, leu rapidamente um resumo da pesquisa DataFolha (43% de aprovação), combinou 50 minutos de entrevista (cronometrada) e, enfim, deu o sinal: “Vamos que vamos” 

   Folha – O sr. Completa quase cem dias de administração com aprovação recorde. A que atribui esse resultado?
   João Doria – A única gestão diferenciada, eficiente e ampla. Qualquer índice tão positivo como esse aumenta muito a responsabilidade. 

   Mas a reprovação subiu de 13% para 20%. Isso preocupa?
   A pesquisa reproduz um momento bastante bom, mas que faz com que você tenha reflexão sobre acertos e o que não acertou. Mas se cristalizou num período curto claramente uma posição nossa antipetista e, com isso, aqueles que têm uma posição ideológico e partidária mais à esquerda, seja no PT, PSOL, PC do B, já sentem certa objeção, independentemente de estarmos acertando ou não. Da outra parte, temos que analisar com humildade e verificar onde temos que melhorar. 

   De onde viria a outra parte?
   O cidadão não está analisando se a gente tem recurso ou não, se o caixa da prefeitura é suficiente ou não. Ele quer ação, quer resposta e ele tem o seu direito.

   Uma aposta do sr. é a zeladoria, mas no começo do ano estava varrendo menos do que o seu antecessor, o número de buracos tapados não subiu, o serviço de queixas 156 não funciona bem. Não está aquém do esperado?
   Minha visão continua sendo extremamente crítica. Temos que funcionar [no 156]: atender, realizar as demandas e comunicar a população. Toda semana tapamos mais de 5.000 buracos, por aí vocês podem imaginar quantos buracos ficaram da gestão anterior, foram milhares. Mas não adianta ficar culpando a gestão anterior. Sobre o lixo, não houve redução de varrição, houve uma redução do volume de lixo. [Sobre] buracos, temos que ser mais efetivos. 

   O sr. encontrou o quadro que imaginava na prefeitura?
   Os R$ 7,5 bilhões de déficit [em relação à expectativa de orçamento prevista por Haddad] não era exatamente o que esperávamos encontrar. De novo, não quero estigmatizar. Foi uma surpresa desagradável e vamos resolver. Não adianta ficar aqui fazendo o clube do choro.

   Até quando as empresas terão fôlego para fazer doações de equipamentos à cidade?
   Até quando puderem. Vejo o setor privado muito solidário com a cidade e com confiança na nossa gestão. É o conjunto disso que tem feito com que façam investimentos e continuem acreditando. 

   Isso não vai criar um constrangimento? O empresário não vai cobrar a fatura depois?
   Não. Deixo claro que não estou ligando para oferecer nada, a não ser a oportunidade de ajudar a cidade. Todos os que ajudam fazem sem nenhum constrangimento. 

   O sr. já ouviu um não deles?
   Até gora, não. 

   A pesquisa DataFolha mostra que esse processo de doações tem, para a maioria, pouca ou nenhuma transparência. 
   Tem a inovação, as pessoas não estão acostumadas. É a primeira vez que um gestor público faz esse tipo de ação. 

   O presidente Temer diz que não cometeu nenhum erro na gestão até agora. E o senhor?
   Tenho muita autocrítica e não me falta humildade. Acertamos mais do que erramos, mas já reconheci no tema da av. 23 de maio, quando apagamos as pichações sobre os grafites. Deveríamos ter tido o cuidado de pedir aos grafiteiros para nos acompanharem naquela ação. O grafiteiro é um artista. Els se sentiram violentados e tinham razão. 

   Um erro só em três meses? 
   Relevante, sim. Mas sempre podemos melhorar. 

   Nem [errou ao] congelar a tarifa [ em R$ 3,80 neste ano]?
   Não houve nenhum erro. Foi uma decisão acertada e de sensibilidade social. O que nós vamos, sim, revisar, são algumas das gratuidades. Temos excesso de gratuidades.

   O sr. está preparado para fazer um aumento da tarifa acima da inflação no ano que vem?
   Não. Estamos preparados para fazer o que estamos fazendo: estudando e analisando com cuidado, compartilhando com as empresas, levando em conta que a cidade tem uma grande concessão para ser renovada. 
Já determinei inclusive que ela será de dez anos, a metade do período atual. Vinte anos é um tempo demasiadamente grande para oferecer um serviço desse tipo. Entre outras medidas, isso não é polêmico porque há uma equação que está sendo feita, para r gradualmente reduzir cobradores dentro dos ônibus. 
Não faze sentido no século 21preservar cobradores em ônibus. Nenhuma cidade civilizada do mundo tem cobradores dentrode ônibus e isso representa um custo altíssimo [ R$ 800 mi/ano]. Nosso entendimento é que isso vai ser feito ao longo desses quatro anos, gradualmente. Nenhum cobrador será desempregado. Os cobradores, treinados, poderão ser motoristas ou atuar no plano administrativo.
O Bilhete Único representa 92% de toda utilização do serviço. Só 8% das pessoas pagam em dinheiro na catraca. Não faz sentido gastar R$ 800 milhões por 8% de um serviço que pode ser 0%.

   O sr. acha que o transporte por aplicativo precisa de ajustes, ao menos na qualidade dos carros e dos motoristas, na segurança dos passageiros? 
   Precisa. Já orientei. Defendo os aplicativos, como defendo os taxistas também. Há um espaço para todos. Mas é preciso que haja disciplina e controle adequado. Mas principalmente de isonomia. Não pode ser taxista com ônus e uberistas ou outros aplicativos com meio ônus. 

   O sr. anunciou na campanha que não haveria loteamento político. Apesar disso, como sempre, os vereadores continuam tendo muita influência e indicando cargos. Não há uma contradição?
   Só uma correção: muita influência, não. Influência pode ter. Normal, são vereadores. Mas muita influência, decidir, dizer essa secretaria é minha, nessa prefeitura regional quem manda sou eu, não tem. Nenhum

   Na questão de moradores de rua, há reclamações sobre regras duras dos albergues. O sr. pretende flexibilizá-las? 
   Reclamam com razão. O sistema era ruim, estamos modificando isso. Tocar uma sirene para eles saírem para as ruas às 5h? Isso acabou, já. É um absurdo. Ou você faz o acolhimento ou não faz. Se faz um acolhimento para punir a pessoa não é correto. 

   Por que o sr. decidiu pagar uma dívida de R$ 01 mil de IPTU anos depois de uma pendência judicial enorme?
   Paguei a dívida quando ela foi cobrada. 

   O sr. a reconhece?
   Não só a reconheço como já paguei. Até que haja uma decisão dos juízes você nada deve. Essa decisão caberia recurso. Não recorri. Paguei.

   O DataFolha perguntou o que a população acha de o sr. ser candidato em 2018, e a maioria [55%] quer que o senhor fique na prefeitura. Mesmo assim, continuará instigando este tipo de situação?
   Não instigo. Sou prefeito e sigo prefeito. Prefeitar é o que de melhor eu posso fazer. 

   A gente vê um jogo de palavras. Por exemplo: “Fui eleito para cumprir um mandato de quatro anos”. Depois o sr. falou: ‘Vou ficar os quatro anos’. Isso não acelera essa onda?
   Quem faz a onda não sou eu. É a opinião pública. 

   O senhor pode incentivar.
   Não. Eu não tenho essa capacidade. Eu adoraria ter essa capacidade de manipular a opinião pública. A opinião pública é formada pela população. O povo é que decide. 

   Essa onda não pode constranger o governador Alckmin?
   Nem um pouco. Nós temos uma ótima relação. Estamos falando diariamente. Geraldo Alckmin é meu candidato à Presidência da República. 

   O sr. ao menos se considera no banco de reserva para 2018?
   Nem banco de reserva nem na titularidade. Sou prefeito.

   O sr. costuma mandar os petistas “para Curitiba”. Nesse momento em que o PSDB é alvejado por delações, não falta uma autocrítica?
   Curitiba é muito aprazível. Os petistas sabem disso. Frequentam com constância, alguns até estabeleceram endereço residencial l em Curitiba. Eles gostam bastante. Mais do que os peessedistas. 

   O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que é preciso diferenciar corrupção de caixa dois. O sr. concorda?
   Na minha visão, a investigação tem que ser feita. Eu ingressei agora. Minha campanha não teve caixa dois. Se no ano passado isso ocorria, se no passado isso era tolerado, isso era coisa do passado. Hoje, a Lava Jato estabelece um novo princípio. E esse princípio tem que ser respeitado.

   O caixa dois, um crime eleitoral, não deve ser punido?
   Claro, na minha visão, sim.
 (ARTUR RODRIGUES, GIBA BERGAMIM JR – DE SÃO PAULO. EDUARDO SCOLESE – EDITOR DE “COTIDIANO”, página A14, entrevista da 2ª, segunda-feira, 10 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE S.PAULO).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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