domingo, 28 de dezembro de 2014

O QUE ABRE E O QUE FECHA



     No Natal foram abertas as caixas de presentes, a vontade de ajudar o próximo, o guarda-roupa do Papai-Noel, o portão das renas, o sorriso das crianças, o amor dos simples, a esperança dos fortes, as rodas de ciranda, as embalagens das bonecas, o semáforo das avenidas, as lojas de bugigangas, os carros novinhos em folha, o chuveiro para cantorias, o comércio livre em Cuba, os bombons e o s sacos de balas, a rota da migração dos pássaros, as portas do imaginário, os espaços da fantasia, os quartos de brinquedos, as sombrinhas coloridas, as gavetas de lembranças, as bilheterias dos  parques , os salões dos navios,as cabines dos pilotos, os caminhos da infância.
     Permanecerão abertos o desejo de um ano maravilhoso, os acampamentos de férias, a fé dos antigos, o pátio para recreios, as flores que foram botão, os vestidos decotados, os olhos para verem os decotes, os vidros de perfume, as mãos estendidas, as sessões  de cinema, o teatro de variedades, as garrafas de champanhe, os vinhos  tinto, o livro de poesias, o caderninho de receitas, as maternidades, o guarda-chuva, a ostra para ver a pérola, as dunas, os mirantes das montanhas, as porteiras das fazendas, as janelas ensolaradas, os hotéis baratos, as cachoeiras para banho, os potes de geléia, os sacos de pão, as tendas dos ciganos, os baralhos de tarô, os corações apaixonados.
     Nesta época devem permanecer fechados os  espaços de turbulência, os congressos inúteis, as câmaras que não legislam , as urnas violadas, a passagem dos insensíveis, os bancos que cobram  juros, as empresas que exploram, as cartas precatórias, as firmas de cobranças, as fábricas que poluem, as alfândegas fajutas, os portos de contrabando, os pontos de exploração de mulheres, os centros de trabalho escravo, o comércio de armas de fogo, as igrejas enganosas, a indústria de guerra, os ímpetos de ignorância, os atritos desnecessários, as revoltas que não levam a nada.
     Devem ser bem trancados os sentimentos baixos, as emoções vazias, o impulso de ódio, a raiva do vizinho, a maledicência nos salões de beleza, a fofoca no bairro, o diz-que-me-diz, o rancor entre amigos, as torneiras que pingam, os ruídos ensurdecedores, os gritos, a vontade de matar os rios, a derrubada das matas, os acidentes de percurso, a falta de boa vontade, as discussões acaloradas, as desconfianças, os desejos de vingança, as concorrências desleais, as dúvidas, as trapaças e as intrigas.
     Separe bem seus desejos e os classifique por ordem satisfação. Abra a cabeça para bons pensamentos, feche o coração para angústias. Agora, a chave  é sua.   ( Texto de CÉLIA MUSILLI  
celiamusilli@terra.com.br  Folha2, pag 4, jornal FOLHA DE LONDRINA, domingo, 28 de dezembro de 2014).

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

QUAL É A SUA IDADE BIOLÓGICA?


     Por que as pessoas estão apresentando sintomas de envelhecimento tão precocemente? Isso não acontecia antigamente, mas hoje em dia, mesmo com tantos tratamentos preventivos, os sintomas da idade são os mais freqüentes  da população
     Tudo isso está  diretamente  relacionado ao modo no qual você toca a sua vida, ou seja, das ações que determinam o seu estilo de vida. Tudo se relaciona a nossa idade biológica e como e como ela se apresenta de acordo com os nossos hábitos.
     Até 50 anos atrás, a herança genética era preponderante na determinação de doenças futuras, pois as pessoas, mesmo de diferentes tipos de classes sociais, tinham um estilo de vida parecido, alimentavam-se e tinham o mesmo nível de grau em atividade física. Hoje, entretanto, as heranças genéticas  não são mais do  que 30% responsáveis pela determinação da idade biológica, e sim o estilo de vida, que corresponde a 60%.
     A idade biológica é um parâmetro considerado obsoleto, e que não pode mais ser utilizado de forma isolada para definir se  alguém é mais ou menos saudável ou se está mais ou menos propenso a desenvolver doenças.
     Nós, seres humanos,  envelhecemos  obedecendo a ritmos e velocidade completamente diferentes  uns dos outros.  Se analisarmos dez  indivíduos com 50 anos e que comemorem o aniversário exatamente no mesmo dia, ao aferirmos os seus processos metabólicos , iremos constatar que cada deles tem, na verdade, idades totalmente diferentes.  Isto deu lugar a um conceito novo  e exatamente importante:  a idade biológica, ou seja, a sua idade funcional  ou a idade do seu metabolismo.
     Hábitos e vícios que fazem mal a nossa saúde estão diretamente relacionados a nossa idade biológica, ou seja, uma pessoa pode ter 50 anos, mas o seu metabolismo  e  suas funções vitais podem ser iguais a alguém mais novo de 40 ou 35 anos, ou alguém mais velho de 55 ou 65, por exemplo. Isso explica porque alguém aparenta  ter  uma idade maior ou menor quando olhamos os traços faciais, e também porque alguém tem um infarto ainda bem jovem aos 40 anos, porém, na realidade, com idade biológica de 70 anos.
     Já que não é possível parar o tempo, usamos um truque bastante inteligente, que consiste em, uma vez identificada a velocidade com que aquela pessoa está envelhecendo e que funções orgânicas estão mais comprometidas por este processo, possamos aplicar terapias que podem “atrasar” o relógio biológico humano, e desacelerar  substancialmente  o envelhecimento, além de otimizar a sua capacidade funcional.
     Pr e exemplo,  aos 12 anos de idade,  eu pesava 90 Kg e levava uma vida desregrada. Minha mãe é bariátrica e na família todos apresentavam  obesidade mórbida. Já meu pai e na família dele todos são diabéticos e sofreram de  infarto antes dos 50 anos, vivendo uma vida sem qualidade. Teoricamente este seria meu destino. Bloqueei  meu processo genético.  Hoje eu tenho 108 Kg, 7% de gordura, 52 anos cronológicos, não apresento  nenhuma  patologia  e/ ou doença, meus hormônios estão regulados e meu sono adequado, a minha percepção é  de um homem  entre 20 e 30 anos.
     Quantos de vocês entre os  20 e 30 anos estão dormindo mal, com baixa libido, baixa disposição, com memória e concentração diminuídas? Apesar da sua idade, a sua idade biológica pode estar muito  mais avançada.
     Ao apostarmos em manter o indivíduo  saudável  através de ações preventivas , estamos minimizando as chances  de desenvolver doenças, melhorando de forma expressiva a qualidade de vida e atingindo o objetivo maior da medicina antienvelhecimento  que é permitir uma vida produtiva , independente, digna, plena, saudável  e feliz. Envelhecer é normal. Sentir-se  velho e aceitar a velhice, não.  ( Texto escrito por MOHAMAD BARAKAT, endocrinologista , especialista em metabologia,  nutrologia  e  fisiologia do exercício em São Paulo, extraído do ESPAÇO ABERTO, pag. 2, publicação jornal FOLHA DE LONDRINA,segunda-feira, 22 de dezembro de 2014)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

LEMBRANCINHA


O menino foi deitar depois da ceia de Natal na casa duma tia, a casa cheia de parentes e papéis de embrulho dos presentes, e já quase dormia quando aquela gritaria. Ele foi ver e aprendeu:
Tanto grito
é maluco, é assassinato
ou é truco
Na  Pensão  Alto Paraná, um dia chegou um mascate com duas baitas malas que botou no chão, com lenço úmido enxugando a testa, e o pai do menino  perguntou:  Tudo bem? O mascate sorriu, cansado que só, mais suado que cavalo de arado, mas tombou uma das malas, mostrando que estava vazia, tinha vendido tudo, e sussurrou piscando para o me nino:
Eita vida boa
se melhorar destoa
A mãe do menino veio lá da cozinha enfumaçada, fazia janta para as dezenas de hóspedes,  e perguntou se o mascate não tinha uma correntinha de ouro falso, para pendurar no pescoço uma santinha. Então a ajudante também veio lá da cozinha e trucou:  -O senhor não vai deixar essa jóia de mulher usar ouro falso, vai? O menino viu o pai comprar uma corrente de  “de puro ouro” do mascate, e aprendeu:
Escrevo e assino
o maior lobby
é o feminino
Um dia,  o menino foi pescar com o avô,  e lá pelas tantas, como os peixes demoravam,  perguntou  porque o pai e a mãe brigavam tanto. O avô ficou olhando um barco deslizar pelo rio antes de falar que isso é normal
Homem e mulher vão
no mesmo barco
mas noutra direção
Na casa dos  avós,  o avô botava a cadeira na calçada, a vó sentava na cadeira de balanço da varanda.  Passavam homens, conversavam com o vô na calçada.  Passavam mulheres, do portão conversavam com a vó na varanda.  Até que um dia deixaram de passar, e a vó perguntou porque.  O vô apontou que toda casa agora tinha uma antena.
Agora, velha
o povo quer é
novela
A vó regava com um bulinho amassado as plantas da varanda, com tantas flores que beija-,  flores  zanzavam sempre por ali, um até se enroscou nos  longos cabelos dela, e ela riu.
Deus nos valha
até beija-flor
às vezes atrapalha
Comendo  coxa de frango o vô  quebrou um dente, a vó falou viu, mania de comer depressa!  O vô falou que era a idade, isto sim, os dentes já não eram fortes como antigamente
Opa, o mesmo tempo
que quebra  dente
ensina a gostar da sopa
O vô continuou a usar chapéu mesmo quando os filhos deixaram de usar, aliás  quase todos os homens deschapeuzaram .  Um dia, um filho chegou e pendurou boné no chapeleiro, o vô estrilou, o filho perguntou por que, ele disse ué, precisa explicar?
Pois é

chapéu não gosta
de boné
O vô deu de esquecer as coisas, onde tinha deixado isso ou aquilo, o que é que estava procurando mesmo. A vó falou ih, será que você tá ficando caduco (naquele tempo ninguém tinha Alzeimer, só caducava). Ele respondeu que tinha pouco tempo pra lembrar de tanta coisa.
Viver é incrível
quando eu morrer, a vida
será  inesquecível     ( Texto de DOMINGOS PELLEGRINI  
d.pellegrini@sercomtel.com.br  publicado na pag 21 do JORNAL DE LONDRINA, 21 de dezembro de 2014)

domingo, 21 de dezembro de 2014

DEZEMBRO FOI ALÉM DO IDEOGRAMA


     Não gosto muito do fim do ano. Parece um trem parado na última estação, um avião que não se sabe para onde decola. Vem uma melancolia, um balanço de perdas e ganhos, uma esperança teimosa  de que  no próximo ano as frustrações se dissolvam nas realizações adiadas.
     Na verdade, o tempo segue a rota circular, não há chegada nem partida, começo ou fim . É apenas a impressão criada pelo calendário , doze meses, doze signos do zodíaco que me fazem perceber que, afinal, o ano mesmo começa em fevereiro, sem data fixa, como no calendário chinês que leva em conta o sol e a lua, num ciclo lunisolar, palavra feia como minha/nossa falta de esperança na antevisão dos  recomeços, na ante sala dos ciclos.
     O ano novo chinês é marcado pela noite em que a lua nova  acontece na data mais próxima do décimo quinto grau do Aquário. Difícil pensar em chinês. Talvez por isso tenham inventado os  ideogramas, que põem o  tempo e os ciclos em grafismos que fazem meu olhar se perder numa paisagem de idéias.  Eles dizem lua, e a lua se materializa. Montanha,  e a montanha se ergue.Sem grandes descrições, apenas com dois ou três traços. Penso na beleza de conter o mar em duas pinceladas, num carimbo de nanquim de dois centímetros. Nunca o mar encolheu tanto nem foi tão grande quanto no China.
     A poesia do oriente se planta e se colhe em traços. Não é preciso reunir tantas palavras como faço para descrever o que significa o fim do ano. Essa melancolia que existe  mas é difícil de explicar. Seria melhor representar sem escrever muito? Usar as sínteses tão profundas quanto as crônicas e os contos  prolongados?  A  natureza nos ensino exatamente isso ao inventar a lágrima. Ideograma/lágrima= tristeza profunda, Com variações para alegria desvairada.
     Mas vivo do outro lado do mundo, leio Clarice e reflito sobre a tristeza de dezembro. Em Clarice, isso se materializa num aconteciment5o intrigante: Nasceu em 10 de dezembro, morreu em 9 de dezembro de 1957, na véspera de completar 57 anos. Tenho para mim que morreu de tristeza a Clarice, mas antes deixou no mundo uma celebração em palavras. Cada um se expressa conforme seu hemisfério. Este é o maior inventário que se pode ter na vida. Inventário de  invenção, percebam. Não aquele dos contabilistas. Porque somos escritores, não advogados. Em dezembro perfilamos palav rãs, não contamos dinheiro, o que torna vida mais delicada.
     Termino com o ideograma / riso= alegria de viver. E se foi mais um dezembro.  ( Texto escrito por CÉLIA MUSILLI,     céliamusilli@terra.com.br  WWW.sensivelldesafio.zip.net  , Folha 2, pag 4, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, domingo, 21 de dezembro de 2014).       


NATAL DE OUTROS TEMPOS


     O meu Natal do tempo de criança. Lá pelos anos de 1960, era bem diferente do Natal  das crianças de hoje, mas tinha um encanto especial, do qual tenho umas lembranças muito boas.
     Uma delas era o presépio montado na igreja, simples, com uma graminha de alpiste previamente semeado para estar bonita e verdinha nesses dias, um laguinho feito com espelho e pó de serra em volta, animaizinhos, a família de Nazaré no centro, a estrela e os interessantes reis magos  Belchior, Baltasar e Gaspar.
     A missa do Galo era um grande mistério e eu nunca conseguia assisti-la. Dormia antes, sonhando e imaginando um galo enorme, penas coloridas, vestido de padre e todo paramentado para o Natal. Acabava a missa e ele ia embora, batendo as asas e voando para o céu. Em parte essa fantasia se devia a uma música cantada todos os  anos por uma dupla de japonesinhas nas apresentações do salão da igreja. A música dizia que “por ser dorminhoca você nunca há de  ver a missa de uma galinha choca, quem dirá a de uma padre... galo”!
     A missa acontecia nas “vésperas” do Natal, à  meia-noite, como contava a minha avó Luísa, incentivando a nossa fé ingênua e a nossa imaginação fértil. Como toda criança que brinca muito, ansiosa pela festa do Natal, ia dormir cedo, pensando e sonhando com o dia seguinte: esse sim,  era o dia!
     A manhã do Natal era a mais esperada  do ano todo. Se vocês pensaram que era pelo presente, enganaram-se. Esse costume eu conheci mais tarde e não tinha tamanha importância.
     Eu, meus  irmãos e primos levantávamos mais cedo e ganhávamos, cada um, uma garrafinha de guaraná , recipiente de vidro, com um “pescocinho”  torneado, e, é claro, apenas fresquinha, pois não havia geladeira em casa. Ficávamos contemplando a garrafinha na mão, sentindo por antecipação o prazer de saboreá-la no almoço, especialíssimo, quando minha avó fazia macarrão caseiro com molho de tomate salpicado com queijo  ralado e pastéis de carne com azeitonas. Um frango assado e recheado com farofa completava o cardápio de Natal. Após o almoço, doces caseiros. Quanto á garrafinha de guaraná, estava ainda mais quente, alguns não agüentavam  esperar e abriam antes, enchendo a barriga de líquido, sob os protestos das mães: não falei para não tomar antes? Agora não vai  comer direito...

     Aí a gente sentava para saborear aquela ceia maravilhosa, diferente, que acontecia uma v ez por ano, regada, com o já disse, a guaraná de garrafinha. Dávamos altas gargalhadas com meu avô Mário que, como bom italiano, não  dispensava  o vinho tinto de garrafão e as piadas. Era assim que a gente comemorava, com alegria e simplicidade, o nascimento do menino Jesus.  ( Texto escrito por ESTELA MARIA FREDERICO FERREIRA, espaço  DEDO DE PROSA, Folha Rural  pag 2,  publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, sábado 20 de Dezembro de 2014), 

domingo, 14 de dezembro de 2014

HO! HO! HO!


     Ouvi um papo no shoppíng, diziam que “Papai Noel estava ganhando 3 mil reais “. Fiquei entusiasmada, pensei que não seria mal usar umas botas e barba de algodão. A única coisa a perturbar minha vaidade seria a barriga, mas por 3 mil. Para saber se era verdade, fui conversar com Papai Noel. Nunca tinha entrevistado o “ bom velhinho”, na infância minha mãe mandava ficar bem longe de qualquer homem que carregasse um saco. Mas ontem tomei coragem e fui falar com ele.
-  Oi, Papai Noel.
-  HO!  HO!  HO!
- O senhor sempre ri assim para as pessoas?
- Não. Mas até o Natal sou americano
- Mas o senhor já viu algum americano rindo assim?
- Não. Mas também nunca vi muitas coisas.
- Por exemplo.
- Essas renas acendendo os chifres. Em Bauru, vi cachorro do mato, lobo guará, mas esse bicho nunca.
- É que a rena não é do Brasil, né, Papai Noel?
É um bicho meio suspeito. Mas encaro numa boa. Já vi coisas piores aqui no shopping e não eram empalhadas.
- Por exemplo.
- Mulher com bolsa de cobra, arrastando criança, e gente espetada com alfinete.
- Alfinete?
-É, aquelas agulhinhas que eles colocam na língua.
 Piercing, Papai Noel
- Isso. Quando vi quase chamei o SAMU
-Já se acostumou
- Mais ou menos. Fico pensando como elas fazem pra beijar a rapaziada. Mas como eles também são espetados, acho que se entendem. Pior é minha situação
- Por quê?
- Quando acaba o movimento carrego os presentes para o depósito e já estou cansado, depois de passar o dia todo debaixo das lâmpadas. Tenho que tirar a roupa, a bota, a barba, guardar tudo e só depois tomo a condução pra casa. Vou de busão, enquanto os caras vão montados na grana, né?
- Que caras
- Os chefões do  Polo  Norte. reclamando , Papai Noel?
- Só de saco cheio, moça
- Do quê?
- De tirar fotografia como se estivesse na Lapônia, com a molecada em cima.
- Ué, mas o senhor não é Papai Noel?
- Nada, meu nome é Justino e nunca tinha entrado num shopping deste tamanho
- Gostou? Dizem que o senhor tá ganhando 3 mi por mês.
-Eu to ganhando menos de um salário mínimo e fico no batente 12 horas por dia. Só largo quase à meia-noite e ainda me obrigam a conversar com as renas
- E elas te entendem
-  Não, só acendem quando falo HO!  HO!  HO!  Outro dia achei que uma piscou para mim. Mas depois vi que luz  de Natal  é sempre igual e fiquei meio chateado.
- Chateado, Papai Noel
- Claro,  tudo aqui é de araque e eu ainda ganho mal para ser o rei dessa enganação.  ( Texto escrito por CÉLIA MUSILLI, celiamusilli@terra.com.br  WWW.sensíveldesafio.zip.net  , Folha 2, pag 4, publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, domingo, 14 de dezembro de 2014)

QUINTAL DA VOVÓ


     Eu  e minha irmã crescemos dentro de apartamento.  De vez em quando descíamos  para brincar com a criançada do prédio, mas eu, pelo menos, fiquei muito tempo em frente a TV quando era pequena.
     Minha alegria era passar os fins de semana na casa da avó, que morava na rua de trás. Lá fazia do varal uma rede para jogar vôlei com os primos, balançava na rede debaixo do barracão escutando a chuva cair, ouvia a vó cantar “mamãe polenta” para a gente correr e o lencinho na mão passa de neto a neto na roda. No mês de festa junina, subíamos no telhado para ver os balões no céu e cantávamos cantigas antigas, com a vó puxando o coro. E foi naquele quintal que comemoramos nossa primeira comunhão, quando a rua da casa da vó era ainda de terra. Naquela época, os aniversários tinham lanche de  carne louca e o bolo era branco com recheio de ameixa e cobertura de chantili e coco ralado e sempre tina uma rosa como enfeite
     Naquele quintal  tinha planta de todo jeito, porque a vó adora um vasinho. Tinha até uma jaqueira e uma laranjeira, que foram cortadas porque eram muito altas  e invadiam o quintal do vizinho. As rosas  do jardim da frente da casa eram tão cobiçadas por quem passava na rua, que vira e mexe um ou outro passava a mão  pelas grades do portão para surrupíar uma flor.  A vó tinha orgulho do roseiral e eu tenho orgulho de ter uma vó como ela.
     Pois ua paixão pelo verde – até hoje ela cultiva plantinhas em pequenos vasos e presenteia as filhas, netas, sobrinhas, amigas com samambaias lindamente frondosas – passou  para a segunda neta, minha irmã, que hoje é bióloga.
     Casada com um biólogo, eles decidiram que precisariam viver numa casa com um quintal grande. Não importava se a casa tinha um único quarto, se a sala e a cozinha eram um cômodo só, se as visitas teriam de dormir no sofá-cama. O importante era ter terra suficiente para eles cultivarem o máximo de plantas possível.
     E não é que deu certo. O pequeno refúgio do casal tem de tudo: de mamão a tomate, de manjericão a maracujá, de plantas ornamentais a lavanda. E tem o gato branco que se esconde no meio do mato que preserva  a umidade das mudas.
     Ela me contou que quando  viu o terreno, o marido decidiu que faria dele o “jardim da vovó”, que parece bagunçado à primeira vista, pelo tanto de planta que aglutina, mas que oferece um pouco de tudo que é preciso  para confortar, como boldo e hortelã,  por exemplo
    Do gramado abandonado à pequena  “ floresta” que se transformou a casa da irmã, pude perceber o quanto a natureza sabe ser generosa com quem lhe dá carinho. Ainda que sejam pequenos quintais floridos no meio da cidade grande.  ( Texto escrito por MARIANA GUERIN, jornalista da FOLHA, extraída do espaço dedo de prosa, pag 2, da FOLHA RURAL, publicado no jornal  FOLHA DE LONDRINA,  sábado, 13 de dezembro de 201    

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

TODOS OS SERES HUMANOS NASCEM LIVRES E IGUAIS

Neste dia em que celebramos o Dia Internacional dos Direitos Humanos  ( 10 de dezembro ) , temos muito a comemorar,  mas devemos também parar e refletir.
     Percebe-se que estamos vivendo uma cultura  de que “se não me atinge, não faz mal , não me importo”. Não toleramos a violência contra a nossa pessoa, mas permitimos que haja violência contra os demais seres humanos.
     Enquanto aguardamos com grande ansiedade pelo  relatório  final da  Comissão Nacional da Verdade, que será entregue neste dia 10/12,  podem os notar que no dia a dia a violência contra  os seres humanos continua , principalmente as violências de gêneros
     Assistimos  calados, sem nada dizer, a intolerância de pessoas que utilizam  as vagas especiais  reservadas para estacionamento de pessoas com deficiência , idoso e gestant
     Reagimos com  olhar de preconceito e comentários maldosos  quando presenciamos  casais  homoafetivos , lésbicas, transexuais, mas brincamos os carnavais vestidos de mulheres e até faze os “rachões” de futebol das bonecas transvestida
     Permitimos que os  governos desviem milhões de reais que seriam  ( e deveriam ser) utilizados na  saúde, na educação e na segurança , e reclamamos das crianças e adolescentes  que ficam nas ruas mendigando por um pedaço de pão. Observamos diariamente a violência praticada contra negros e índios, mas nada fazemos.. Até achamos normal
     Não foi em um único acontecimento que surgiu a luta pelos Direitos Humanos, mas sim por lutas e acontecimentos diários  em que o homem se propôs a entender que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em  direito
     Mais do que um dia de comemoração é um dia para a coletividade global  relembrar que a garantia  efetiva dos direitos humanos – a todos os povos e nações – requer vigilância contínua e participação coletiva . Hoje é uma data para reivindicarmos ações concretas de todos os Estados para o  cumprimento dos compromissos  assumidos coma garantia dos direitos civis, políticos, sociais e ambientais. Ainda temos um longo caminho a percorrer!  ( Texto escrito por PAULO MAGNO CÍCERO LEITE, advogado e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/LD ), extraído do espaço ponto de vista, publicado no JORNAL DE LONDRINA, pag 2,quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

sábado, 6 de dezembro de 2014

PRESENTE DE NATAL

Mais um ano que termina  e fica a sensação de que os dias passaram depressa. O calendário está na última folha e os primeiros dias de dezembro  já se fazem presentes.  Refletindo sobre isso, me pergunto se as crianças de hoje entendem o significado do Natal e o que desejam ganhar como presente. Por isso busquei  memórias da  minha infância  para lembrar como eram os dias que antecediam o Natal
     Sei que o modo de vida, os costumes e os valores eram diferentes, sobretudo para quem morava em zona rural ou cidades pequenas. Nesses lugares, havia um  certo  encantamento  na época  natalina, a religiosidade era  forte e a mágica presença do Papai Noel com seu saco de brinquedos  não era o ponto principal. Para mim, os momentos  importantes  eram a ceia com a família, o envelope com dez reais que ganhava do avô e o caminhãozinho de madeira feito pelo meu pai.
Mas meu principal presente, e  também dos meus irmãos,  era sem dúvida a montagem do presépio.  A árvore começava a ser enfeitada no dia  30 de novembro e ia sendo aprimorada com detalhes a cada dia, como uma preparação para a noite feliz.  Os avós diziam que na Europa  fazia frio nessa época e que o pinheiro era a única árvore que não perdia as folhas, simbolizando a vida. Na primeira semana de dezembro a nona dava o sinal para a montagem do presépio,   retirando do armário as estrelas, enfeites, anjos, pastores, músicos, camponeses e animais
     Dado o sinal, íamos felizes para o mato procurar um pinheirinho e recolher barba de bode e musgo nas árvores, além de ornamentos como  argila, pedras, sementes e folhas.  Assim, envolvidos na natureza, fazíamos  um curral com sabugos sem saber que a palavra presépio significava  exatamente isso:  curral, manjedoura
     Com um espelhinho  formávamos um lago e com pó de café, arroz e cascas de ovos construíamos os caminhos que levavam à gruta, feito de um  porongo  aberto na frente, onde as figuras de Maria, José e o menino eram colocadas depois de algum tempo, quando o presépio começava a tomar forma. No dia de Natal, os vizinhos vinham admirar nosso presépio e nós íamos  ver os das outras casas,  atrás de idéias para fazer algo mais bonito para o próximo an
     Seguindo a tradição católica, o presépio era desmontado no dia 6 de janeiro,  data em que os reis magos foram reverenciar o menino Jesus.  Em seguida, minha mãe encaixotava os enfeites e guardava no armário.  Estas lembranças continuam  existindo dentro de mim e com elas aprendo que a alegria do Natal não está no conteúdo dos pacotes  ao pé da árvore,  mas na espera  e na  imaginação em reviver a história do nascimento de Jesus.  ( Texto de GERSON ANTONIO MELATTI, leitor da Folha, extraído do , suplemento FOLHA RURAL , espaço DEDO DE PROSA,  publicação da FOLHA DE LONDRINA,  sábado, 6 de dezembro de 2014).

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

BOAS FESTAS


ADEUS A CHAVES


     Com relação à matéria “Morre Roberto Bolaños, o Chaves ( Geral, 29/11), partir, partiremos um dia, então refreemos nossas emoções . Eis que somos viajantes neste vale de contradições . Qual pluma resplandecente, Chaves partiu sorrindo,  sonhando, Enquanto nós, ficamos aqui melancólicos , chorando. Assim é a vida, não há como modificar. Uns nascem, para sorrir, outros, patra chorar.  ( Texto de RUBENS VASCONCELOS CALIXTO (aposentado) – Fênix , extraído do espaço OPINIÃO DO LEITOR, publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, sexta-feira, 5  de dezembro de 2014, pag. 2

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

VONTADE

Aqueles que já leram meus “desabafos” sabem da minha preocupação com meus amiguinhos e  visitantes, assim como das demais pessoas , no que se refere à alienação ou distanciamento da vida real presente e apego à tecnologia. O grupo ao qual me reporto é aquele que se distancia do relacionamento real, valorizando  excessivamente o virtual. Conheço pessoas que voltam do trabalho, dormem umas 6 horas e passa a noite nas redes sociais, em salas de chat pela internet ou por telefone. Nada de tão anormal, porém, ao serem questionadas  sobre os acontecimentos do dia a dia e como tem sido o lazer da turma e suas perspectivas sobre a profissão a seguir, etc,  ficam emudecidas. Percebo uma dificuldade gigantesca em expor seus pensamentos. Fico assustado ainda mais quando tenho a oportunidade de ver a questão da escrita e da leitura. Peço que leiam – por exemplo – um torpedo que receberam e que demoraram muito na decodificação do mesmo. A dificuldade é tão grande que fico penalizado.
Talvez seja falta de motivação ou falha na educação de berço e do ensino fundamental. Culpa do sistema educacional que piora progressivamente segundo meu entendimento.  A falta de informação e o excesso de informação gratuita. Penso num garotinho  em uma loja repleta de presentes tentadores e a dificuldade da escolha. Por analogia é mais ou menos assim.  O meio termo  é sempre o fiel da balança. Toda manhã ao ler o Jornal de Londrina e Folha de Londrina vejo a riqueza de reportagens mostrando o sucesso obtido por muitos jovens, hoje empreendedores em potencial, pessoas aposentadas que voltam às atividades de trabalho e aos estudos, ONGs que lutam para a renovação de vidas, agendas culturais, enfim, um recheio fantástico de boas informações disponíveis gratuitamente. E o pior, uma parcela razoavelmente nada disso percebem.  O vocabulário é pequeno demais para entender o que foi redigido. Tento mostrar a disponibilidade de “conhecimentos, aulas em vídeos, cursos online  gratuito", e,  uso um pouco do meu parco conhecimento para estimulá-los . Alegam que o computador  corrige os erros e que a calculadora  faz as contas não havendo necessidade de saber a tabuada.  E por aí  segue uma infinidade de recursos que julgam suprir as falhas por mim alegadas. Felizmente sempre há algum  retorno.  Mas fico seriamente preocupado, assustado e triste. . Desculpem-me pelo desabafo. A vontade falou mais alto.  A educação é a base de tudo. Educação que vem do berço e a da Escola que enfrenta um desafio  assustador.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

CHAVES DO CÉU



Foi sem querer querendo que ele  alegrou  nossa vida, que ele morou lá em casa, que ele entrou na família para nunca mais sair. Foi sem querer querendo que ele  aprontou    com o Quico,que ele casou com Florinda e disse: -Senhor Coração, o Senhor tem uma grande  barriga!
Foi sem querer querendo que ele foi  nosso bardo,  Shakespeare da criança quer o Sílvio Santos programou quando não tinha mais nada. Foi sem querer querendo que esse menino de rua sem amparo de ninguém, que dormia à luz da lua, pôde fazer tanto bem
Foi sem quere querendo que ele  foi contra o aborto, que ele era a favor da vida mesmo  em um mundo danado e em uma era perdida.
Foi sem querer querendo que ele  partiu  na sexta-feira deixando a criançada – hoje adultos estressados – com saudade a vida inteira
Chaves, Chaves querido, órfão desde o nascimento, que morava em um tonel, feito grego de outros tempos, agora mora no Céu
Chaves, Chaves colega,  foi encontrar seu Madruga na vila do Paraíso, bem melhor do que Acapulco. Moleque, tome juíz
Chaves, Chaves palhaço, inspiração na humildade,  humildade na inspiração, aceite o meu abraço e a nossa gratidã
Chaves, Chaves irmão, que dizia aos quatro ventos: - Ninguém tem paciência comigo! Saiba que meus pensamentos estão com você,  amigo.   Chaves, Chaves menino, agora eu também sou órfão e mais que nunca te  entendo. Obrigado por fazer tanto mesmo sem querer querendo!   ( Texto escrito por PAULO BRIGUET  briguet@jornaldelondrina.com.br  extraído do espaço  DIA DE CRÔNICA, pag 8 do JORNAL DE LONDRINA, segunda-feira, 1 de dezembro de 2014).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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