segunda-feira, 25 de novembro de 2019

ECOLHA CAMINHAR CAMINHO


   Texto escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINER, publicado na coluna Mundo Vivo, Folha Saúde, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, segunda-feira. 25 de novembro de 2019 
   “Um discípulo perguntou ao seu mestre: - Há muito anos venho no seu centro de ensino onde inúmeras pessoas buscam iluminação. Alguns alcançaram, outros parecem ter melhorado muito a vida, mas a grande maioria fica na mesma ou até piora. Não mudam. Por que o senhor não usa todo o seu poder para melhorar a todos? 
   - O mestre pergunta: De que cidade você vem?
   - De Rajagaha, mestre.
   - Você deve conhecer bem o caminho para lá.
   - Sim, mestre, perfeitamente. 
   - Algumas pessoas devem perguntar como chegar até lá e você deve passar essa informação. Todas conseguem chegar?
   - Claro que não, mestre. Só chegam aquelas que percorrem todo o caminho, até o final. 
   - Exatamente isso. As pessoas vêm a mim perguntar sobre o caminho e eu explico claramente, só que muitas delas acham difícil, querem um atalho ou postergam indefinidamente quando vão começar a caminhar. Como elas poderiam então mudar? Melhorar? Eu não carrego ninguém, ao máximo eu mostro ou aponto um caminho. O que elas vão fazer é da responsabilidade delas. Cada um precisa percorrer o caminho por sí só.”
   Esta parábola pode ilustrar bem o que se passa numa análise. Muitas pessoas até vão a um psicanalista e afirmam, categoricamente, o quanto querem mudar, o quanto querem melhorar na maneira que vivem. Todavia, quando percebem que essa “melhora”, essa mudança que tanto dizem querer, exige trabalho duro, muitas se decepcionam e desistem rapidamente. E ainda por cima saem falando que a análise e o analista não a ajudaram em nada. Esse enredo, aliás, é muito comem.
   O número de pessoas que procuram uma análise é grande, mas poucas realmente caminham num processo analítico. Colocar-se em análise é bem mais do que apenas procurar um analista. É frequente encontrar pessoas que esperam não ter trabalho nenhum numa análise, mas que esperam algo “mágico”, algo que as absolva de ter pensar a própria vida. São essas pessoas que nunca caminham e, por isso mesmo, não mudam. 
   Uma análise é um lugar onde podemos aprender a ter contato com nossa vida mental. E para que isso? Ora, quem não tem o mínimo contado com sua vida mental fica a mercê dos próprios impulsos, se repete sempre, sofre além da conta, faz escolhas que só levam a impasses, etc. Em outras palavras, ficam aprisionadas, e quem fica preso fica sempre no mesmo lugar. Aí a única coisa que resta é se lamentar. 
   Agora, se nos colocamos disponíveis para nos responsabilizar pela nossa vida mental, ou seja, pensar onde nos colocamos, que escolhas fazemos, o que de fato queremos, podemos ter a chance de nos libertar e procurar outras posições na vida. Assim caminhamos e quando caminhamos vamos encontrando tantas coisas que vão surgindo que vamos mudando e, a cada passo, nos tornando outros. É fato: aquele que está caminhando já não é mais o mesmo que aquele que iniciou a caminhada. 
   No filma O Mágico de Oz, de 1939, a garta Dorothy e seus três companheiros (Espantalho, Homem de Lata e Leão) ousam caminhar na estrada de tijolos amarelos tendo muito trabalho para enfrentar os vários perigos e situações que aparecem, mas no final da jornada descobrem que foi justamente esse caminhar que os enriqueceu e os fortaleceu. Eles não precisavam mais do mágico para satisfazer seus desejos, mas tinham dentro de si tudo o que precisavam para ser felies. Assim, funciona também com nossa vida. (FONTE: Texto escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINER, psicanalista em Londrina, Folha Saúde, página 12, coluna Mundo Vivo, segunda-feira, 25 de novembro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

A FALTA DE UMA EDUCAÇÃO SENTIMENTAL


   Texto escrito por Sylvio do Amaral Schreiner, psicanalista em Londrina, publicado pelo jornal FOLHA DE LONDRINA em 04 de novembro de 2019 
   Um dia desses fui num fast food aqui da Avenida Higienópolis, em Londrina. O estabelecimento estava lotado, principalmente de jovens universitários. Deduzi isso devido não só às idades deles como também pelas camisetas que usavam referentes ao curso que faziam e à universidade. Nesses lugares, como a maioria sabe, não há garçons, mas você mesmo pede no balcão, recebe sua bandeja com seu pedido e vai para alguma mesa. Após comer, espera-se que você mesmo leve sua bandeja para o lugar apropriado para deixar a mesa livre para outros que irão ocupá-la. Para a minha desagradável surpresa os jovens saíam deixando para trás suas bandejas com toda uma bagunça e sujeira imensas em cima das mesas que ocupavam. Não foi só um grupo que fez isso, mas muitos, pelo que pude observar, e isto me faz refletir melhor o quanto falta educação sentimental. 
   Digo educação sentimental porque não se trata apenas de educação de boas maneiras, mas de respeito ao outro que também existe, de conseguir enxergar o outro. Quando não respeitamos espaços públicos, ocupados, ou que serão ocupados pelos demais, falta consideração pela existência do outro. Há muitas pessoas que só conseguem perceber o próprio umbigo, as próprias necessidades e não possuem um vestígio de mente que consiga conceber que os outros também têm suas necessidades e têm direito a sua vez. 
   A falta de uma educação sentimental é reflexo de uma mente minimamente desenvolvida. Os jovens que citei acima são, enfim, jovens, e muitos vão aprender durante a vida. Não é o fim do mundo terem deixado suas bandejas e sujeiras lá em cima das mesas, mas imagine se todos, de todas as idades, em todos os lugares, tiverem esse tipo de atitude. Aliás, isso já acontece e não é à toa que o mundo está do modo que está. 
   Vejo muitas pessoas desejando mudanças de políticas, de governantes, de como precisamos cuidar melhor de nossas cidades e população, mas essas mudanças extremamente necessárias não são feitas de fora para dentro, e sim, de dentro para fora. Se nós não nos mudarmos, se não transformamos a maneira como lidamos com a vida e com os outros, nada lá fora mudará. Ficará tudo na mesma. Seja para dirigir, para andar na rua, para ir a restaurantes, para viver, precisamos de uma mente que vai moldar o tipo de relações que estabeleceremos. E mente é algo que precisa ser desenvolvido, ela não vem pronta. 
   Nós nascemos com um corpo e se esse for bem nutrido e cuIdado vai se desenvolvendo. A mente também precisa de nutrição para se desenvolver e esta nutrição se dá à medida que aprendemos a lidar com nossas emoções. Em outras palavras, crescemos quando aprendemos a lidar conosco mesmos, com o que é nosso. Quando sabemos lidar de maneira mais eficiente com nossos desejos, nossas frustrações, nossas limitações, nossos sentimentos, temos a possibilidade de escolher viver melhor e assim não deixaremos para trás nossas bagunças e sujeiras. Não só nossas vidas, mas o próprio mundo tem a chance de se tornar um lugar melhor e muito mais agradável. (FONTE): Texto escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINER, psicanalista em Londrina, coluna MUNDO VIVO, Folha Saúde, página 8, saúde@folhadelondrina.com.br segunda-feira, 04 de novembro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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