O LADO PEDAGÓGICO DA EXPOLONDRINA

Alunos tiveram contato com vários espaços temáticos onde conheceram maquinários, comidas e espécies animais, como os peixes 

   Ao visitar estandes temáticos, alunos das escolas públicas tiveram a oportunidade de conectar o mundo urbano com o rural, algumas atividades vão prosseguir com parcerias 

   À primeira vista pode parecer um singelo passeio, mas a visita à ExpoLondrina representou muito mais a diversos alunos que foi ao Parque Governador Ney Braga. Há mais de dez anos, o projeto da Sociedade Rural do Paraná (SRP), que abre as portas gratuitamente a cerca de 20 mil alunos da rede municipal de ensino, alunos de entidades como Amigos da Associação Pais Amigos Excepcionais de Londrina (Apae) e idosos atendidos por entidades filantrópicas, possibilita o contato com o mundo rural, agrícola e da pesquisa. O passeio ainda permite ver de perto várias espécies de animais, maquinários, comidas, estandes interativos e educativos, além, claro, do parque de diversões, parada obrigatória para as crianças. 

   Mas a experiência, certamente, começa muito antes de adentrar ao parque. Muitos alunos da rede municipal sequer tiveram a oportunidade de, algum dia, sair de seus bairros, geralmente longe do centro da cidade. Portanto, o caminho até lá, passando por ruas e avenidas largas e movimentadas, prédios altos, já aumenta a expectativa. Tanto que quando chegam ao parque estão ainda mais eufóricas pelo que está por vir. Para facilitar a visita, a coordenação do projeto oferece um roteiro para os professores de estandes com atrativos pedagógicos. Ou seja, espaços que, além do entretenimento, oferecem informações sobre o funcionamento de suas atividades. Dentre eles estão Copel, Sanepar, Compagás, Itaipu Binacional, Aquário e Fazendinha. 

   Na estande da Companhia Paranaense de Energia (Copel), alunos da Escola Municipal Irene Aparecida da Silva começaram a visita subindo escadas para descer num escorregador. Este brinquedo é uma alusão ao percurso que as águas do rio fazem para ganhar força e gerar energia na hidrelétrica. Depois dessa imersão pelos cabos de redes fictícios, todos foram direcionados a um ambiente que simula uma cozinha e diversas situações corriqueiras. O monitor Carlos Augusto de Oliveira, de forma lúdica e engraçada, explicou como funciona a energia que ligam os aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos, quais os perigos pelo mau uso ignorado pelas famílias e, ao mesmo tempo, despertar para o consumo consciente. “Alertamos para os choques causados uso inadequado da tomada, de secador de cabelo no banheiro, mexer no celular enquanto carrega.”

   Já na Vila Rural, também conhecida por Fazendinha, espaço de divulgação das atividades dos pequenos agricultores rurais, os estandes pedagógicos são muitos. Um deles era a Vitrine do Leite, da Confepar, que mostra a cadeia agroalimentar do leite, cuja aula fala um pouco sobre as indústrias de insumo, produção, distribuição, mercado e consumo. Ao final, os alunos tiveram contato com um protótipo de uma vaca para verem como acontece a retirada do leite, seja manual ou mecânico, por meio de uma ordenhadeira. Como parte da imersão, nada melhor que encerrar a atividade provando um iogurte gelado, produto de empresas da região. 

   Ainda na Fazendinha, outro ponto obrigatório é a Trilha da Biodiversidade. Idealizada por técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), esse cantinho de mata de preservação permanente do Parque, a cada ano, traz uma abordagem dentro da temática ambiental. Segundo Leiliane Casagrande, o tema deste ano foi “Nossa pegada na natureza”, cujo caminho trabalhou com conceitos de educação ambiental e importância da preservação do meio ambiente. “Durante o trajeto, os visitantes aprendem sobre quatro eixos: água, visitação, resíduos e produtos sustentáveis, conhecendo alguns dos impactos da poluição e do desmatamento, ver de perto a quantidade de resíduos gerados por uma pessoa durante uma semana, descobrir como reaproveitar os materiais e resíduos, como a borra do café.”

   De maneira conceitual e lúdica, todos esses elementos foram dispostos pela área de forma a tornar o espaço curioso. Sementes dentro de vidros pendurados, paredes verdes com mudas, pedaços de madeiras nobres apreendidas, cortina de resíduos gerados pelo cotidiano (com embalagens que usamos em apenas uma semana), nuvens que, após precipitação, devolvem a água ao solo, vidros que são usados como pavimentos. “O objetivo é que, ao ter contato com todas essas situações, haja uma sensibilização às questões do meio ambiente. A transformação e mudança de comportamento começa pela conscientização”, acrescentou.

   PARCERIA COM IAPAR

   Assim, como a experiência vivida na feira aumentou o repertório e visão de mundo dos alunos, o Grupo Folha de Comunicação e o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) firmaram uma importante parceria, durante a ExpoLondrina 2017, que irá unir as atividades pedagógicas e educacionais das duas instituições: o programa Folha Cidadania em conjunto com o projeto Popularização da Ciência. Ambas atividades visam a sensibilização de crianças e jovens por meio da conscientização dos princípios de cidadania e que, com a parceria, serão fortalecidas e ampliadas m toda comunidade. Assim, os alunos participantes do programa Folha Cidadania farão visitas técnicas à instituição e terão contato direto com pesquisadores. Dessa forma, vivenciarão o mundo agrícola, rural, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente o ano todo. 

   LEITURA DO MUNDO 

   Para você, o que é um cidadão com educação e sem educação?

 “Ser obediente com os pais, falar com as pessoas da rua de uma boa maneira, cumprimentar, não maltratar ninguém, nem xingar. Não pode responder a professora de qualquer jeito. E se a gente errar, deve se desculpar. “ Nícolas Kauam dos Santos, 10 anos. 

 “Uma pessoa com educação é quem ajuda as pessoas que estão fazendo algo errado e quem precisa e não fazer mal a ninguém. Na escola temos que dar exemplo, não brigar, não fazer bagunça, não desrespeitar a professora.” Maria Eduarda Moraes de Oliveira, 10 anos.

   “Para mim uma pessoa educada fica quieto no seu lugar. Se falar tudo o que pensa, pode arrumar confusão com outras pessoas na escola, na rua. Mas às vezes, com o jeito certo de falar, com respeito, sem palavrão, não tem problema.” Ana Julia de Oliveira, 10 anos. 

   “ Uma criança bem educada precisa obedecer, respeitar os pais, as pessoas da rua também, sempre pedindo com licença, por favor, obrigado. Na escola, as professoras pedem para não conversar alto, brigar com o colega e nem falar palavrão.” Felipe Diniz Moura, 10 anos. ALUNOS NA ESCOLA MUNICIPAL IRENE APARECIDA DA SILVA. (MARIAN TRIGUEIROS – Reportagem Local, FOLHA CIDADANIA, terça-feira, 11 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).