terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

TSE BUSCA MODELOS DE URNAS PARA GARANTIR VOTO IMPRESSO


Apenas para a adaptação das urnas eletrônicas, TSE prevê gastos de R$ 1,6 bilhão

   Defensores da mudança prevista na nova lei eleitoral argumentam que a impressão pode evitar fraudes e possibilitar a conferência das cédulas

   Exigência da nova lei eleitoral (9.504/1997), depois das alterações promovidas pela Reforma Eleitoral 2015 ( Lei nº 13.165/2015) o voto impresso para o próximo pleito, em 2018, ainda depende da construção de um novo modelo de impressora no País. Consultado pela reportagem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que as definições da lei que instituiu o voto impresso “orientam para um equipamento de uso específico, ou seja, uma impressora especialmente construída para a verificação do voto pelo eleitor”. O equipamento ainda está sendo projetado e a previsão é que a licitação para a compra de componentes ocorra no segundo semestre deste ano. 
   Apenas para a adaptação das urnas eletrônicas, o TSE prevê gastos de R$ 1,6 bilhão, sem contar com os custos relativos à construção de locais de armazenamento e segurança das impressoras e dos votos após a eleição. A ex-presidente Dilma Rousseff vetou a obrigatoriedade do voto impresso, em 2015, sob orientação do próprio TSE, mas o senado derrubou o veto, com um grupo de senadores capitaneado por Aécio Neves (PSDB/MG). Um dos principais argumentos em defesa do novo mecanismo é evitar fraudes e possibilitar a conferência dos votos em eventual auditoria. Porém, para o presidente do TSE, Gilberto Mendes, “a impressão do registro do voto é mecanismo de grande complexidade técnica e exige altos custos para sua implantação, além de configurar o aumento da possibilidade de fraude, pela volta da intervenção humana no processo.”. 
   Nas próximas eleições, assim que o eleitor registrar a escolha na urna eletrônica, uma impressora ao lado mostrará o nome e o número do candidato votado. Esse boletim poderá ser verificado pelo votante e o processo só será finalizado quando for confirmada a correspondência entre o voto eletrônico e o voto registrado impresso. O eleitor não terá contato com o papel impresso, que cairá dentro de uma urna para ser armazenado. 
   A adoção em larga escala do voto impresso terá impacto no custo e na logística das eleições brasileiras e as mais de 500 mil urnas serão afetadas pela medida com uma impressora adicionada ao dispositivo. A Justiça Eleitoral estima, ainda que novas seções deverão ser criadas para distribuir melhor os eleitores e evitar filas, porque o tempo médio de cada voto será maior. 
   O TSE informou que a implantação do voto impresso ocorrerá aos poucos. “Em 2018, o voto impresso será adotado em parte das seções eleitorais. O TSE ainda não sabe o quantitativo e os locais”, afirmou por meio da assessoria de imprensa. O Tribunal Regional Eleitoral (TER) do Paraná foi procurado para comentar o impacto da nova regra no Estado, mas a assessoria de imprensa informou que o assunto deve ser tratado apenas com o TSE. (Com Agência Senado). (EDSON FERREIRA – REPORTAGEM LOCAL, página 3, FOLHA POLÍTICA politica@folhadelondrina.com, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

O ENTUSIASMO



   Quantas boas ideias você já teve na vida? Pare um instante e conte quantos foram. E não se esqueçam de incluir os insights captados em palestras, em treinamentos, ao ler uma matéria no jornal ou vendo televisão. O pensamento brilhou na sua mente e o encantou pelo desejo de realizá-lo. 
   Mas o que houve depois? Você acordou do sonho? A explicação mais provável é que o seu entusiasmo esfriou.
   Entusiasmo é o que mantém o calor dos nossos planos e da própria vida. É o alimento que fortifica a autoconfiança e nos ajuda a superar obstáculos. 
   Você é capaz de se entusiasmar? Ou acaba cedendo aos “conselhos” dos seus “mui amigos” quando dizem: “Vá com calma! Não dê tudo de si!”?
   Eu sugiro que você feche os ouvidos para qualquer pessoa que deseje esfriar o seu entusiasmo. Recue se for preciso. Não permita morrer a sua força interior e a fé, pois sem isto você estará definitivamente vencido. 
   Imagine que você plantasse uma vinha, cuidasse de seus primeiros brotos se abrindo em folhas e a aguasse na medida certa. Depois, você construiria uma parreira na qual ela lançasse suas gavinhas, até produzir os pequenos frutos. Se alguém se aproximasse dizendo: “Por que tanta dedicação? São simples uvas”. Você concordaria com ele? Se sim, estaria transformando em nada todo o seu trabalho. Seria um genuína tolice. 
   Você – e só você – sabe quanto fez para protegê-la dos insetos, do sol excessivo, das pragas e do frio. Desde o plantio você suou para cuidar dela. Estas uvas que acabam de nascer não são iguais às que se veem na feira ou no mercado. Elas são o prêmio pela sua devoção e esforço. E essa pessoa não faz a menor ideia disso. 
   Jamais assuma a visão displicente de quem não sabe avaliar o seu esforço. Não o ouça – por nada neste mundo! (Crônica escrita por ABRAHAM SHAPIRO, consultor e coach de líderes em Londrina, caderno FOLHA EMPREGOS & CONCURSOS, coluna ABRAHAM SHAPIRO, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

EMPREGO, A ÚLTIMA ETAPA


   A série de boas notícias na área econômica foi quebrada com a divulgação na última sexta-feira, pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontando o número de desempregados no País. Segundo a publicação, o Brasil tem mais um recorde: 12,9 milhões de desempregados. A alta em relação a Janeiro de 2016 foi de 34,3%. Até a semana passada, as novidades eram bastante positivas. A inflação oficial de Janeiro, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ((IPCA) foi de apenas 0,38% - a menor para o mês de toda a série histórica. O Conselho de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de juros de 13% para 12,25% ao ano e a Selic ficou no mesmo patamar de dois anos atrás. O Índice de Confiança ao Consumidor ( ICC) alcançou o maior nível de dezembro de 2014. 81,8 pontos. Economistas ouvidos pela Folha de Londrina na edição desta terça (28) lembram que os índices de emprego são últimos a serem atingidos durante as crises. Mas também são os últimos a se recuperarem quando um país sai da recessão. A projeção dos especialistas é que as empresas continuarão a demitir durante o primeiro semestre deste ano. O desemprego deve começar a diminuir apenas em agosto. A aposta é que com a queda dos juros, os empresários fiquem mais motivados a tomar crédito, investir e contratar. Há muitas expectativas em torno dos primeiros passos do governo federal e do Congresso antes de arriscar um palpite. Isso porque o presidente Michel Temer está apostando nas reformas da Previdência e trabalhista para incentivar os empresários a voltarem a contratar. Mas deputados e senadores tocam os projetos no ritmo característico do poder público. Entre os economistas ouvidos pela FOLHA, a opinião está dividida. Se por um lado, há quem acredita que Temer está no caminho certo, por outro lado há quem discorde da atual política macroeconômica baseada em austeridade. O desemprego é uma das piores cicatrizes da crise econômica e política que abalou o Brasil nos últimos anos. Os danos causados pelos erros da gestão econômica do primeiro mandato de Dilma Rousseff e pela imobilização política do segundo mandato, infelizmente, levarão algum tempo ainda para serem reparados. (OPINIÃO, página 2, terça-feira, 28 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

FATORES DE RISCO NO LAR E ENSINO FALHO AGRAVAM GRAVIDEZ PRECOCE


   Falta de diálogo entre pais e filhos e histórico familiar estão entre os problemas

   É no lar da menina, local em que deveria haver uma rede de proteção, que se encontram os fatores de risco mais importante para a gravidez na adolescência. 
   Falta de diálogo e dificuldades de relacionamento entre pais e filhos, histórico de gravidez adolescente na família, falhas na orientação sobre sexualidade são alguns desses fatores. 
   Uma revisão da literatura sobre o assunto aponta que as adolescentes possuem mais dificuldades de relacionamento com a figura paterna. Normalmente, o pai é descrito como ausente e agressivo, e as meninas temem sua reação frente a uma gravidez. 
   Como efeito cascata, esses conflitos podem propiciar riscos também para a gestação. Com medo da reação da família, as jovens tendem a esconder a gravidez por mais tempo, atrasando o pré-natal. 
   As meninas que engravidam antes dos 15 anos, por exemplo, têm um risco cinco vezes mais elevado de morrer por causas relacionadas à própria gravidez, ao parto e ao pós-parto do que mulheres na faixa dos 20 anos. 
   Hipertensão, diabetes gestacional e síndrome metabólica estão entre as doenças que as jovens podem desenvolver durante a gestação e que poderiam ser bem mais manejadas se tivessem acesso a um pré-natal adequado. 
   A literatura também indica que os filhos tendem a repetir a história reprodutiva da família. Alguns estudos demonstram, por exemplo, que as mães de muitas jovens grávidas também tiveram gravidez na adolescência. 
   Todo esse caldo familiar é engrossado por uma frequente falta de orientação sobre sexualidade. Muitas vezes, por ignorarem o tema, os pais têm dificuldade de falar com os filhos sobre ele. 
   Mesmo em relações familiares harmoniosas pode haver essa falta e diálogo por questões culturais, vergonha e preconceito. 
   As barreiras de comunicação afetam os filhos. Os primeiros tendem a negar a atividade sexual dos rebentos, e estes, por sua vez, não se sentem à vontade para conversar sobre sexualidade. 
   Mesmo quando há diálogo, os estudos dizem que eles são ineficazes. Normalmente vêm recheados de reprimendas de cunho moral e não são voltados para o exercício de uma vida sexual segura. 
   Por todas essas razões, a escola se torna uma importante fonte de informações no campo da sexualidade e contracepção. Há estudos indicando que até 55% das jovens recorrem a esse manancial. 
   Mas as notícias também não estão boas nessa área. Um revisão de 55 pesquisas que avaliaram a qualidade da educação sexual nas escolas mostra que ela é reprovada pela maioria dos alunos. 
   Foram avaliadas escolas da Austrália, Brasil, Canadá, EUA, Irã, Irlanda, Japão, Nova Zelândia, Reino Unido e Suécia, entre 1990 e 2015.
   Segundo os estudantes, o ensino sobre sexo é frequentemente “negativo, heterossexista, frio e ensinada por professores constrangidos e mal treinados”.
   A conclusão dos autores deveria servir de alerta para governos e educadores: “O fracasso das escolas de reconhecer que a educação sexual é um assunto especial com desafios únicos está fazendo um grande desserviço para os jovens e desperdiçando uma oportunidade fundamental para salvaguardar e melhorar a saúde sexual”. (CLÁUDIA COLLUCCI – DE SÃO PAULO, página B6, ANÁLSE, caderno CODIANO, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE S. PAULO).

1 EM CADA 5 BEBÊS TEM MÃE ADOLESCENTE

Camila Dourado, 18, com seu segundo filho em SP

   País não contém gravidez precoce, e taxa de nascidos de jovens abaixo de 20 anos se mantém alta no s últimos dez anos
.

   Especialistas dizem que situação agrava ciclo da pobreza e defendem métodos contraceptivos de longa duração

   Aos 17 anos, Sandra Maria da Silva, 40, dava à luz seu primeiro menino. Hoje, sua filha Teresa Raquel repete sua trajetória e, também aos 17, acaba de ter uma menina. 
   A história de Sandra e Teresa não é rara num país onde um a cada cinco bebês nascidos por ano é filho de uma adolescente – 431 mil em 2016, de acordo com levantamento preliminar do Datasus.
   E essa proporção custa a cair. Nos últimos dez anos, a taxa de nascidos vivos de jovens menores de 20 anos o Brasil se manteve em patamar elevado - de 21,1% do total, em 2007, para 21,2% em 2016. 
   Nos EUA essa taxa diminuiu 44% entre 2007 e 2015 (último dado disponível) – os bebês de mães adolescentes são perto de 6% do total. 
   No Brasil, Norte e Nordeste têm os maiores índices – quase um terço de gestações precoces. Em São Paulo, embora as taxas sejam mais baixas (15,1% no Estado e 12,5% na cidade), a queda é lenta. 
   Especialistas apontam um ciclo: quanto mais periférica e vulnerável a população, mais mães jovens, condição que agrava a pobreza e gera mais gestações antecipadas. 
   A evasão escolar entre elas é alta, e a inserção no mercado de trabalho é baixa. Estudo do Ipea (instituto federal) apontou que 76¨% das brasileiras de 10 a 17 anos que têm filhos não estudam – e 58% não estudam nem trabalham. 
Camila Dourado, 18 terminou o ensino médio em 2015 e carrega no colo seu segundo filho – o primeiro nasceu quando ela tinha 15 anos. “Vou cuidar dele até ele fazer um ano. Depois não sei.”
   Outro elemento que estimula a gravidade precoce é a volatilidade da adolescência. São maiores as chances de a menina esquecer de tomar a pílula deixar de usá-la quando terminar o namoro ou de não contar à família que tem relações sexuais. “A jovem tem um pensamento de que nada vai acontecer com ela. A amiga engravida mas ela não”, afirma a obstetra Cristina Guazzelli, da Unifesp. 
   De acordo com o neonatologista Sérgio Marba, da Unicamp, esse bebês também têm maior risco de prematuridade, baixo peso, mortalidade e complicações com a má formação. “É uma mãe que não faz pré-natal direito tem condições socioeconômicas mais complicada e muitas vezes esconde a gravidez. 

   MELHOR PREVENI
   Segundo médicos, os chamados métodos contraceptivos de longa duração têm se mostrado uma opção eficaz para evitar o problema. Foi um dos recursos que ajudou os EUS a reduzir suas taxas.
   Entre eles estão DIU de cobre e o DIU hormonal (dispositivos inseridos por médicos dentro do útero que duram de cinco a dez anos) e o implante – um bastão de 4 cm que é colocado abaixo da pele, no braço, e dura três anos. 
   Desde 2013, a Maternidade Vila Nova Cachoeirinha (zona norte) mantém um programa para orientar mães que dão à luz a escolher um dos métodos – que é implantado dias depois do parto. 
   Teresa Raquel é uma delas – diferentemente de sua mãe, que teve sete filhos e depois fez laqueadura (esterilização definitiva). “Coloquei o implante porque fiquei com medo, não quero ter outro filho.”
   “A gente tem 600 partos por mês, e 40% delas voltam[ para ter outro bebê]”, diz o obstetra Geraldo de Nadai, coordenador do programa. 
A inserção pós-parto, porém, não evita a primeira gravidez. Para isso, seriam necessários programas maiores. “O investimento tem melhorado, mas não há uma política pública ampla”, afirma Nadai. 
   No ano passado, a Prefeitura de São Paulo distribuiu mil implantes a seis maternidades e a UBSs (Unidade Básica de Saúde). Já o Ministério da Saúde, que oferece apenas o DIU de cobre entre os métodos de longa duração, diz ter adquirido 1,4 milhão de unidades entre 2011 e 2015. 
   “É preciso enfatizar o DIU, que existe em grande quantidade, e ao mesmo tempo ampliar o cardápio de métodos”, diz Adalberto Aguemi, obstetra e coordenador municipal da saúde da mulher. 
   Uma coisa é unanimidade entre os médicos: “O fator primordial é educação. É preciso fazer esses jovens entenderem que têm mais opções de vida e são úteis para a sociedade”, diz Cristina Guazzelli.
   O Ministério da Saúde afirma investir em educação e e planejamento reprodutivo”, 
   A pasta cita a distribuição entre 2011 e 2015, de 2,4 bilhões de preservativos, além do investimento na compra de 78 milhões cartelas de pílula e a distribuição de 12 milhões de cadernetas de saúde de adolescentes entre os anos de 2009 e 2015. (JÚLIA BARBON – DE SÃO PAULO, caderno COTIDIANO, segunda-feira,27 de Fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE S. PAULO).* LEIA MAIS na página B6).

QUANDO GOZAR VIRA TORTURA


   Quando chega a época do Carnaval vemos inúmeras pessoas sentindo-se obrigadas a se divertir horrores. Para elas, é preciso curtir, pular, beber, gargalhar desenfreadamente. Não é opcional, mas obrigatório e quem não entra na onda da folia sem limites é porque não sabe se divertir ou é um fracassado. Bom mesmo, de acordo com muita gente, é festar como se hão houvesse amanhã e como se nossa felicidade se baseasse no quanto estamos gozando de uma alegria exuberante. Hoje, o mandamento que muitos seguem é: “Terás que gozar” Uma pessoa que jamais se permite viver a dimensão do prazer será, com certeza, frustrada. Se nada pode e se tudo é proibido isso gerará muitos sofrimentos e “neuroses”. Afinal, a vida sem prazer e sem festa torna-se intolerável. Entretanto, o mandamento obrigatório de ter que se divertir à beça também é torturante e nos faz viver numa prisão. Nesses casos uma pessoa se sente obrigada a mostrar uma alegria escandalosa que não existe, mas que se quer fingir que existe. 
   Quando a festa é compulsória e exagerada é porque se trata de um desespero que fica oculto atrás de tantos pulos e gritos. Não se enganem. Quem mais entra num delírio de alegria é quem mais está desesperado e quem procura uma forma de compensar esse sentimento de desespero através de excessos: bebidas, comidas, drogas, sexo e declarações insistentes do quanto sabem curtir a vida. Tanto a proibição do prazer quanto o prazer excessivo são sinais de que algo não vai bem, de que se leva a vida ineficientemente. 
   O budismo acredita que só pode ser feliz quem alcança o caminho do meio, que é equilibrado. Para Buda, as atitudes extremas só oferecem mais sofrimento e ignorância. A ignorância procura compensações para a vida, o que só leva a enganos. Para a psicanálise quando há obrigação de se gozar é porque já não há mais prazer, mas angústia que precisaria e poderia ser tratada. Caso contrário, o prazer facilmente vira tortura. (SYLVIO DO AMARAL SCHREINER, psicoterapeuta em Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).   

O LONGO CAMINHO PARA VENCER O ANALFABETISMO

   Apesar do avanço das políticas de aprendizagem, o analfabetismo atingiu em 2015 o número de 758 milhões de adultos em todo o mundo. No Brasil, são 13 milhões de pessoas que não saber ler ou escrever uma frase simples, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E no Paraná são 495 mil adultos analfabetos. 
   As informações foram divulgadas recentemente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), por meio do 3º Relatório Global sobre Aprendizagem e Educação de Adultos (Gralle III). 
   Vencer o analfabetismo é mais difícil do que pensavam os 144 países signatários do Marco de Ação de Belém, assinado em 2009 no Brasil. As nações que assinaram o acordo pretendiam alcançar 50% de melhoria nos níveis de alfabetização de adultos até 2015, dentro da Meta da Educação para Todos. 
   A proposta era melhorar a aprendizagem e a educação de adultos em cinco áreas: políticas, governança, financiamento, participação e qualidade. É claro que a maioria dos países relataram progressos, mas uma solução para o problema está longe de ser alcançada. Para a Unesco é preciso principalmente reduzir a desigualdade de gênero. 
   Segundo a pesquisa, a maioria dos excluídos da escola é formada por mulheres. Quase 10% (9,7%) das meninas de todo o planeta não estão estudando. Entre o sexo masculino, o índice é de 8,3%. O estudo revela ainda que 63% dos adultos com baixas habilidades de alfabetização são mulheres. 
   Os 13 milhões de analfabetos brasileiros correspondem a 8,3% da população maior que 15 anos. A taxa era de 11% em 2004 e a meta da ONU para o Brasil era chegar em 2015 com 6,5% da população adulta iletrada. 
   Os problemas da educação no Brasil se arrastam há décadas. O analfabetismo é um deles, assim como a evasão escolar no ensino médio. Sem falar nos baixos índices de qualidade, que a cada divulgação de ranking internacional causa grande constrangimento. 
   O analfabetismo não permite que o cidadão cresça cultural e economicamente, agravando ainda mais o quadra de desigualdade social. A educação é fundamental para que mulheres e homens possam ter acesso ao crescimento, à dignidade e consigam garantir os seus direitos. (OPINIÃO, página 2, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).   

domingo, 26 de fevereiro de 2017

CARNAVAL 'POLITICAMENTE CORRETO'?


   Blocos no Rio e SP dividem opiniões sobre a execução de marchinhas que, para alguns, manifestam preconceitos

   As notícias começaram a pular das páginas dos jornais aos poucos, anunciando que estes eram outros carnavais. Alguns blocos nos Rio e outros em São Paulo estavam dispostos a não colocar mais músicas consideradas incorretas nos repertórios. O Cordão do Boitatá, no Rio, decidiu reforçar os cuidados diante de sua proibição de não tocar “O Teu Cabelo Não Nega”, de Lamartine Babo. Os versos ‘mas como a cor não pega, mulata/ mulata eu quero o teu amor” seriam os vilões de um mundo que não condizia com a realidade. 
   Antes mesmo de os blocos requentarem a discussão, algumas das 140 rodas de samba do Rio já haviam subido a guarda para canções consideradas socialmente inadequadas. “Ai que Saudades da Amélia”, que Mário Lago e Ataulfo Alves fizeram em 1942, já está na lista das inexecutáveis. Surgidos anos depois dos versos sobre a mulher que não tinha a menor vaidade, os olhos verdes da mulata que aparece em Tropicália, de Caetano Veloso, também chegaram a ser hostilizados. Ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Caetano diz: “Sou mulato e adoro a palavra mulato: á como o país é chamado em Aquarela do Brasil, que é nosso hino não oficial. Sempre detestei “A Cabeleira do Zezé” por causa do refrão “corta o cabelo dele”, que é repetido como incitação a um quase linchamento. Mas não tenho vontade de proibir nada.”
   Em São Paulo, alguns blocos se posicionaram a favor com o cuidado com o que iriam tocar para não reforçarem preconceitos. O saxofonista Thiago França, do Espetacular Bloco da Charanga do França, que sai em Santa Cecília, explica sua posição: “Há um equívoco constante em relação ao que é tradicional ou clássico. Tradição também se inventa. O papel do artista é sempre criar, sempre retratar seu tempo. Criar coisas novas não tem a ver com negar o passado, aniquilar a tradição, acabar com uma cultura, pelo contrário: tem a ver com mantê-la atual, interessante, dialogar com o espaço/época.”
   João Roberto Kelly tem cerca de 100 marchas carnavalescas , todas longes de padrões instituídos décadas depois de suas composições: “Cabeleira do Zezé. “Menino Gay”, “Maria Sapatão” e “Mulata Bossa Nova” são algumas. “Nunca vi um patrulhamento tão grande, nem no tempo da ditadura. Carnaval é brincadeira, meu querido. A gente goza do careca, do barrigudo, não podemos levar as coisas ao pé da letra”. 
   Tom Zé se assusta quando ouve que sambistas estão deixando de tocar Amélia. “Puxa vida, mas ela uma mulher tão delicada... Carnaval é a época de fazer tudo ao contrário, mas agora querem consertar o mundo.” Sua mira é outra. Tom acaba de fazer uma marcha sobre a operação Lava Jato. “Homologo, logo, homologo/ mas querem transformar a Lava Jato em Lava Rápido/homologo, logo, homologo/e o país nesse teatro/pisa num rabo de gato”. 
   “Estão querendo mostrar serviço num lugar errado”, diz Djavan. Para ele, a discussão do reforço de estereótipos precisa passar, antes, pela educação. “O racismo está ligado à falta de formação, desde sempre.”
   Para Ney Matogrosso, há patrulhamento. Ele lembra que “Maria Sapatão”, por exemplo, não está falando da mulher quando diz que “o sapatão está na moda, o mundo aplaudiu/É um barato, é um sucesso/ dentro e fora do Brasil”. “Estão gastando energia com coisas desnecessárias”, diz. 
   O pesquisador Tárik de Souza também fala: “Ninguém pode ser obrigado a cantar o que não quer. Mas a volta da censura, mesmo por razões consideradas nobres, é algo assustador. O carnaval tem sempre um sentido anárquico e caricatural. Já pensou se forem revisar também as chanchadas da Atlântida, vetar os os personagens malvados e politicamente incorretos dos folhetins de TV? Vamos acabar num quartel ou num colégio de freiras carmelitas?” Seu colega de profissão, Ruy Castro, se atenta ao termo “mulata”. “Das dezenas de marchas que falam da mulata, muitas foram compostas por Assis Valente, Wilson Baptista, Haroldo Lobo, a dupla Zé e Zilda, Haroldo Barbosa, Monsueto Menezes, etc. etc., e lançadas por cantores como Orlando Silva, Sílvio Caldas, Aracy de Almeida, Carmem Costa, Ciro Monteiro, Moreira da Silva, Jorge Veiga, Ângela Maria etc. etc. Todos mulatos. E não viam nenhum problema nisso.”

   MÚSICAS AO VIVO 

   MARIA SAPATÃO 
   A música de João Roberto Kelly, feita com a colaboração de Chacrinha, foi a mais executada no carnaval de 1981. A expressão pegou imediatamente.

   CABELEIRA DO ZEZÉ
   João Roberto Kelly e Roberto Faissal compuseram outro hit para todos os carnavais. Sua letra é acusada de reforçar preconceitos contra gays, sobretudo na parte do “será que ele é, bicha!”

   O TEU CABELO NÃO NEGA
   Lamartine Babo fez uma das mais imortais marchinhas em 1932 com versos como “o teu cabelo não nega, mulata/porque és mulata na cor/Mas como a cor não pega, mulata/ mulata, eu quero o teu amor.”

   A PIPA DO VOVÔ 
   A marcha de Manoel Ferreira e Ruth Amaral ficou famosa na voz de Sílvio Santos em 1987. Há intérpretes que julgam a letra preconceituosa contra os idosos. 

   MULATA BOSSA NOVA
   João Roberto Kelly, de novo, faz outra música acusada de racista anos depois. À época, não houve nenhuma resistência. O problema seria o uso da palavra mulata. 


   AI, QUE SAUDADES DA AMÉLIA
   A música de Mário Lago e Ataulfo Alves , de 1942, proibida em algumas rodas de samba do Rio de Janeiro, reforçaria a imagem do machista e da mulher ultra-submissa. (JULIO MARIA – AGÊNCIA ESTADO, caderno FOLHA 2, 25 E 26 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

HISTÓRIAS DE CARNAVAL



   Já tenho um samba-enredo completo e espalho histórias como quem joga confetes no salão

   Naquele carnaval, a amiga de infância atravessou a rua vestida de odalisca, com uma fantasia de ofuscar a vista, azul-turquesa e dourada, coisas das Mil e Uma Noites, dos sonhos de Sherazade, tesouro oculto revelado ao meio-dia. Eu não tinha fantasia, mas com a sombrinha multicolorida puxei o frevo com uma banda que não existia e diverti-me com a odalisca na calçada, graças à imaginação.
   Naquele carnaval, no clube da cidade, havia uma menina fantasiada de pássaro de fogo. Maiô de lantejoulas vermelhas, plumas na cabeça, uma cauda que imitava a beleza de uma ave real. Mas a menina era tímida e sambava em cima da mesa onde a tia libanesa a colocava como um bibebô. Ela sorria com o canto da boca, mal movimentava as pernas, de vez em quando a tia a animava, punha quilos de confete ao seu alcance, a menina usava tudo aquilo constrangida e lançava serpentinas como quem estende roupas no varal: levantando e recolhendo os braços sob o peso da obrigação. 
   Naquele carnaval, fui à praia com o primeiro namorado, ele me chateou durante quatro dias, enciumado por eu ter tantos amigos e cantar nas rodas de violão, tomando sol como um lagarto de biquíni marrom. Voltamos do passeio brigando. Foi meu primeiro “divórcio”, uma espécie da antecipação da rebeldia que determinaria rompimentos sempre que aparecesse alguém querendo ser dono. Foi meu primeiro “grito de carnaval” para um interlocutor que não entendia nada de confraternização, amizade e samba. 
   Naquele carnaval, quando já estava madura, troquei a folia pelo sossego do mar sem companhia, paisagens paradisíacas, praia deserta, castelos que fui construindo pelo prazer de dar forma ao meu pensamento na areia molhada. Havia reinos e plantas, peixes e barcos, eu mundo que eu fazia e que desaparecia no dia seguinte levado pelas ondas. Foi o carnaval do efêmero, um gosto que levei pela vida afora para exercitar minhas emoções, livrando-me delas antes da Quarta-feira de Cinzas. 
   Naquele carnaval, fui escalada para ir ao Rio de Janeiro ver o samba do Salgueiro numa quadra, antes do desfile na avenida. Os ensaios transformavam as pessoas em guerreiras da batucada, nos preparativos, a cada hora, sambistas iam ganhando envolvimento e cadência. Momento mágico foi ver a sala dos troféus junto com mestre Louro, um ícone do carnaval carioca que tudo sabia de surdos e cuícas.
   Naquele carnaval, levei meus filhos na avenida e com um deles caí no samba de mãos dadas, ele era melhor passista do que eu. Braços para cá, pernas para lá, o menino se transformou num rei. Sim, “todo menino é um rei”. O mestre-sala perfeito para uma porta-bandeira maternal e improvisada. Meu melhor troféu sempre será o seu sorriso, os pés infantis marcando o toque solene do surdo e o ritmo frenético dos tamborins. 
   Neste carnaval, fico longe da folia. Já tenho um samba-enredo completo e, sem cuíca, espalho pequenas histórias vividas, pequenas histórias contadas, como quem joga confete imaginário no salão. (Crônica da jornalista e escritora CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com páginas 2 e 3 do caderno FOLHA 2, coluna CÉLIA MUSILLI,  25 e 26 de fevereiro de 2017,  publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sábado, 25 de fevereiro de 2017

ASSOCIAÇÃO LONDRINENSE OFERECE AULAS DE CARATÊ PARA IDOSOS


Exercícios ajudam a encontrar o ponto de equilíbrio e fortalecem os músculos

   Inscrições estão abertas, curso é gratuito e realizado três vezes por semana
 

   Sempre é tempo de aprender. Convencido dessa máxima, o aposentado Wilson Batini, de 74 anos, viu nas aulas de caratê para idosos oferecidas pela Associação Londrinense de Karatê a oportunidade para aprender e praticar um novo esporte e ainda se fortalecer para lidar com os sintomas da Doença de Parkinson que há três anos, ele tinha acabado de descobrir. “Eu ia ao médico, à fisioterapia, mas faltava alguma coisa. Quando descobri as aulas para idosos, comecei a praticar e me fez um bem incrível”, relata. 
   Battini é um dos 15 alunos da classe de idosos do “sensei” Luiz de Oliveira, professor de caratê da associação. A boa notícia é que as inscrições estão abertas para completar a turma. As aulas são realizadas às segundas, quartas e sextas-feiras, das 9 às 10 horas, na sede da associação(Rua Argentina, 685, em frente à Unidade Básica de Saúde da Vila Brasil. Interessados devem apenas comparecer ao local na hora da aula e começar a lutar. “Não é preciso ter quimono”, avisa Silveira, lembrando que as vagas estão abertas para pessoas de qualquer idade, mas a prática respeita o ritmo dos mais velhos. “As turmas só de jovens são mais dinâmicas”, compara. 
   Não é preciso ter boas condições financeiras para praticar o caratê. “Cada um contribui como pode e oferecemos gratuidade para quem não possa pagar. Alguns alunos pagam até mais que o necessário, pois passaram a economizar dinheiro com médicos e remédios”, brinca o professor. Os alunos também não precisam estar em excelente forma física. “Para começar a praticar caratê, só é preciso conseguir andar”, avisa. 
   As aulas de caratê para essa faixa etária são focadas principalmente no equilíbrio. Isso porque as quedas ocasionadas por dificuldade de se equilibrar são responsáveis por grande parte dos acidentes envolvendo idosos. “Os exercícios ajudam a encontrar o ponto de equilíbrio e fortalecem os músculos”, esclarece Oliveira. Além da saúde, a arte marcial também fortalece a autoestima. “Percebo que a maioria dos alunos ganha confiança para realizar atividades do dia a dia”, diz. Outro benefício são os ganhos em concentração.            Quando fazem um movimento, precisam se concentrar para finalizar. É a chamada meditação em movimento, que é ótima para os mais velhos”, acrescenta.
   O carateca Wilson Battini confirma as afirmações do “sensei”. “Aposentado não gosta de ficar parado. Aqui no caraté a gente pratica o esporte e ainda tem benefícios pelo convívio com as pessoas. Os idosos precisam ser incentivados a praticar esportes”, defende. 

   MULHERES 

   Na experiente turma do professor Silveira, a maioria dos alunos são mulheres. “Elas acabam participando mais porque não tem medo de errar”, avalia ele. Uma das veteranas é a dona de casa Irene Fukuda, 71, que começou a praticar o esporte há 11 anos e, desde então, só contabiliza benefícios. “Meu marido é acamado e não tenho muito tempo, mas venho no caratê porque é muito bom para a saúde”, diz ela, que descobriu as aulas no alongamento praticado na igreja do bairro. “Vim fazer uma aula e nunca mais parei.”
   Graduada na fixa roxa, ela conta que os exercícios melhoram o equilíbrio e a disposição, mas elogia também a convivência com os colegas e com professor. “As mensagens passadas nas aulas são muito boas. É como se fosse uma segunda família”, conta;
 (CAROLINA AVANSINI – REPORTAGEM LOCAL, caderno FOLHA CIDADES, página 3.quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

UM DIA NO SÍTIO


   Morávamos em Sertaneja e nosso sítio ficava a três quilômetros, na estrada que vai para Rancho Alegre, próximo ao rio Congonhas. Minha avó Maria e meus tios moravam lá. 
   Ela cultivava flores em volta da casa em canteiros desorganizados, mas olhando no conjunto até que formavam um bonito colorido. Criava galinhas e engordava porcos. 
   De vez em quando, mamãe falava para o meu pai:
   Zé, temos que matar porco, acabou a gordura e a carne.
   Para nós, crianças, aquele dia no sítio seria uma diversão. Acordávamos bem cedinho e papai nos levava. 
   Meus tios escolhiam o porco, matavam, enquanto as mulheres punham água para ferver no fogão a lenha ou num improvisado feito de tijolos, no terreiro. Colocavam uma mesa embaixo das árvores , perto do córrego e, com a mamãe, começavam o trabalho que durava o dia inteiro. 
   Pelavam o porco, abriam, tiravam tudo de dentro, deixavam tudo limpinho, cortavam os pernis, cozinhavam a carne, fritavam o toucinho num tacho grande. 
   Moíam uma carne, temperavam para fazer linguiça e, do sangue, faziam o chouriço. Tudo pronto, as carnes, a gordura, os pedaços de lombo, alguns recheados, eram guardados em latas de vinte litros e duravam alguns meses. 
   Brincávamos no terreirão, subíamos nas árvores, não entrávamos no rio porque não havia um adulto para nos acompanhar, mas vez ou outra, havia serviço para nós, crianças. 
   Voltávamos à noite para casa, cansados; porém, despreocupados porque tínhamos por algum tempo. “mistura” em nossa alimentação. 
   E assim foi parte de minha infância e de meus irmãos, gostosa, saudável, inesquecível, bem divertida. (IDIMÉIA DE CASTRO, leitora da FOLHA, página 2, caderno FOLHA RURAL, coluna DEDO DE PROSA, 25 e 26 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

NATAÇÃO PARA ALUNOS ESPECIAIS


Projeto mantém três turmas e podem participar alunos de 2 a 16 anos; todas as aulas são gratuitas

   Crianças e adolescentes com deficiência aprendem fundamentos básicos da natação na UEL; projeto precisa de voluntários 

   Por enfrentarem dificuldades maiores de autoestima e um grau mais elevado de dependência para realizarem suas atividades diárias, pessoas com deficiências físicas e mentais acabam tendo poucos momentos de interação e socialização. O projeto de extensão da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Natação para Todos foi criado com o objetivo de ensinar os princípios da natação a crianças e adolescentes, mas principalmente garantir a elas um momento lúdico e possibilitar maior liberdade no meio líquido. 
   A iniciativa é do Departamento de Ciências do Esporte e foi idealizado pela professora do curso de Educação Física da UEL Márcia Greguol, que coordenou projeto semelhante oferecido por uma organização não governamental em São Paulo. “Em 2007 me mudei para Londrina e trouxe o projeto para cá”, contou. Hoje, são atendidos gratuitamente 47 alunos em três turmas e mais de dez nomes estão em uma lista de espera por novas vagas, mas o desafio de Márcia é angariar voluntários para a atividade. 
   “O que torna esse projeto tão lindo é a doação e o comprometimento dos voluntários. A minha admiração pela Márcia é pela doação, pela entrega. Para muitas crianças que vêm até aqui, esta é a única oportunidade que têm de entrar em uma piscina”, aponta a advogada Cláudia Yoshida, mãe de Tiemi, de 11 anos, que frequenta o projeto desde os 5 anos de idade. A menina tem leucomalácia periventricular, um tipo de lesão cerebral, e com a Natação para Todos, conta Cláudia, melhorou o desenvolvimento cognitivo e apresentou evoluções também na parte motora. “A Tiemi tornou-se uma criança mais feliz. Quando está na piscina, não para de sorrir. Isso não tem preço”, diz a mãe. 
                                 
"A Tiemi tornou-se uma criança mais feliz; quando está na piscina, não para de sorrir. Isso não tem preço", disse a mãe Cláudia Yoshida
   Thierry, de 9 anos, ingressou cedo no projeto, aos 3 anos de idade. Ele tem paralisia cerebral e, como não anda, a tendência é que as pernas atrofiem. Com o projeto, a motricidade de Thierry melhorou, assim como a coordenação motora e a autoestima, avalia a mãe, a dona de casa Susana Paula dos Santos. “Ele faz equoterapia, fisioterapia e participa do projeto de natação e só vejo melhoras no desenvolvimento . E ele adora, ainda mais com esse calor”, comentou a mãe. 
   A aposentada Marilena Silva Rossi participa do projeto desde o início. Em 2017, irá completar 9 anos de voluntariado. “Eu estava aposentada, sem nada para fazer, e a Márcia precisa de gente para ajudar. Comecei com um pouco de medo porque nunca tinha tido contato com criança especial, mas depois eu vi que é uma delícia. A gente aprende demais. São crianças bem-humoradas que só fazem coisas boas para a gente. Lidar com criança é bom, mas com criança especial é ainda melhor. Eles precisam da gente, mas a gente muito mais deles. Gostei tanto que trouxe meu companheiro para ser voluntário”, contou ela, que participa acompanhando as crianças dentro da água. 
   Segundo Márcia, os voluntários podem desempenhar diversas atividades, como acompanhar as crianças dentro e fora da água, doar materiais como fraldas para piscina e auxiliar a professora do Departamento de Artes da UEL que oferece aulas de arteterapia às mães enquanto as crianças estão em aula. Não é necessária nenhuma formação na área. É preciso apenas gostar de trabalhar com crianças. 

   LAUDO MÉDICO 

   O projeto mantém três turmas. Às terças-feiras as aulas acontecem das 9 às 10 horas e das 13 às 14 horas e, às quintas-feiras, das 13 às 14 horas. Parceira de Márcia no projeto, Larissa Bobroff Daros mantém uma quarta turma destinada a crianças e adolescentes que já passaram pelo projeto, onde aprenderam os fundamentos básicos da natação, e agora treinam para ser paratletas. As aulas dessa turma acontece às quintas-feiras, das 14 às 15 horas. 
  Do projeto Natação para todos podem participar alunos de 2 a 16 anos de idade, com deficiência intelectual, motora, visual ou auditiva. É necessário ter um laudo médico que ateste o problema da criança e antes de iniciar no projeto, elas devem passar por avaliação. Por isso, Márcia aconselha aos interessados irem pessoalmente até o Centro de Educação Física e Esportes da UEL nos horários de aula. Mais informações podem ser obtidas na página Natação para Todos UEL. No Facebook. "PARA AJUDAR NÃO É NECESSÁRIO TER FORMAÇÃO NA ÁREA; APENAS GOSTAR DE TRABALHAR COM CRIANAÇAS"  (SIMONI SARIS – REPORTAGEM LOCAL, caderno FOLHA CIDADES, quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

CIELO VOLTA EM MAIO E APOSTA EM PROVA QUE NÃO ESTÁ NA OLIMPÍADA


o nadador Cesar Cielo antes de competição durante Troféu Maria Lenk, em abril de 2016

    NATAÇÃO - Após um ano recluso, campeão olímpico disputará 50 m borboleta no Maria Lenk

   Enquanto preparava sua volta às piscinas, Cesar Cielo não escapou da crise e teve de lidar com a perda de patrocinadores e apoiadores. 
Em abril do ano passado, quando competiu pela última vez, no Troféu Maria Lenk, o nadador tinha sete marcas patrocinadoras, contra quatro atuais.
   Segundo seu site oficial, Cielo já teve apoio de grandes companhias como Adidas, Embratel, Furnas, Gatorade, Jeep e Correios – além da Unicred e do governo federal, por meio da Bolsa Pódio.
   Atualmente, a situação mudou. Segundo consta em sua página oficial, Adidas, Embratel, Furnas e Jeep deixaram de apoiar o nadador. 
A marca dos Correios ainda aparece na relação de patrocinadores, porém a estatal, em crise econômica, havia estabelecido que não faria aportes a atletas individuais como antes. A partir deste ano seu investimento no esporte se dará somente por meio de confederações. 
   Atualmente, Cielo conta com apoio financeiro do Esporte Clube Pinheiros, seu novo clube, da Gatorade e das empresas Dux e Careclub. 
   Após a conquista do ouro olímpico nos Jogos de Pequim, 2008, Cielo se tornou um dos atletas mais bem pagos do Brasil. Antes de vestir Adidas, por exemplo, teve fornecimento de equipamentos esportivos provido pela Arena, uma das gigantes do mercado de esportes aquáticos. 
   Além disso, também já foi patrocinado pela montadora de carros de luxo Audi e pelo energético TNT. (PRC). (PAULO ROBERTO CONDE – DE SÃO PAULO, caderno FOLHA ESPORTE, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE S.PAULO).

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

CARNE NA LATA: CONFIT À BRASILEIRA




   Técnica antiga de cozinhar carne e armazenar na própria gordura é utilizada na culinária goumert

   Quando nem se pensava em refrigeração e congelamento para conservar comida por mais tempo, técnicas foram desenvolvidas ou descobertas para manter a integridade dos mais variados alimentos, seja por necessidade ou até mesmo sobrevivência humana. Dentre eles, a cura (com açúcar ou sal) e a defumação são os métodos mais conhecidos por preservar, principalmente, as carnes. Nesses processos, cria-se uma barreira que dificulta a decomposição da proteína e proliferação de bactérias, fazendo que ela possa ser consumida por um período longo sem riscos de contaminação. 
   Mas existe uma técnica bem antiga, até hoje utilizada, que é o processo de confit (palavra que vem do verbo francês ‘confire” e significa conservar). Nada mais que a carne cozida na própria gordura e, depois, armazenada nesta gordura. Resumidamente, neste processo, a carne é cozida ou frita lentamente em sua própria gordura de forma que se retire a umidade excessiva. Quando a carne apurar é resfriada em recipiente com toda a gordura de maneira que fique totalmente submersa. Ao esfriar, a banha talha, e forma uma camada protetora, impedindo o contato com o ar e garantindo a conservação. 
   No Brasil, o confit é popularmente conhecido por “carne na lata”, muito comum na época em que não havia geladeira em casa, principalmente em cidades do interior do país. Essa forma de conservar veio para cá com os portugueses que chegaram ao país em navios carregando quilos e mais quilos de carne armazenadas dessa forma. Mas qual a diferença entre um e outro? O confit ou carne na lata são, basicamente, o mesmo processo de cocção. Mas esse nome ficou conhecido no país porque a carne, geralmente de porco, era comumente armazenada em grandes latas. 
   Depois de mergulhada na gordura talhada, uma espécie de uma pasta, é só pegar os pedaços, esquentar e comer. Quanto mais tempo submersa, mais sabor e maciez ela adquire, já que a gordura aumenta essas propriedades. Essa técnica pode ser utilizada com qualquer tipo de carne e qualquer tipo de gordura, até mesmo vegetal, com exceção da hidrogenada que não é recomendável. Muito comum na França com a carne de pato, a técnica do confit pode ser utilizada para qualquer tipo de conserva, incluindo frutas que ficam submersas em açúcar, mel, e legumes, no azeite. 

   GOURMET

   A técnica do confit, ao mesmo tempo em que não tem mais sua função original, ganhou um status gourmet. Ou seja, não existe mais o propósito de conserva, apesar ainda dele ainda ser válido, mas o fato de ficar armazenada por bastante tempo na gordura confere às carnes um sabor a mais que transforma receitas em iguarias. Hoje, pelas mãos de chefs, a técnica ganha releituras contemporâneas apoiadas, inclusive, em cortes mais modernos. O tomate confit também  tem feito muito sucesso nos restaurantes.
                         
Diego Trindade, chef de cozinha: "A carne na lata pode ser acompanhada de molho (vinagrete, agridoce ou tropical), além de farofa de mandioca na manteiga"
   O chef do Boussolé Gastrobar, Diego Trindade, diz que no estabelecimento há dois tipos de pratos disponíveis que são feitos com a técnica: a carne de porco na lata e o confit de cordeiro. “As técnicas são muito parecidas, porém, cada carne tem sua particularidade. Aqui usamos a gordura proveniente da banha de porco derretida. “Quanto à gordura, inclusive, pouco se fala sobre a característica da banha de porco: por ser disposta em uma camada, é mais fácil de ser separada da carne. O mesmo não acontece no boi, que tem a gordura entremeada. Já o pato é o preferido das aves por possuir bastante gordura. 
   No caso da carne na lata, a carne de porco é colocada na gordura ainda fria, de modo que ao esquentar, comece a cozinhar. “Ali fica por até seis horas. Quando a água toda evaporar e começar a fritar, é hora de desligar.” Tudo é despejado em pequenos baldes e colocado imediatamente na geladeira por exigências sanitárias. “Mas quem fizer em casa pode, perfeitamente, deixar fora de refrigeração atentando ao fato de tampar para não entrar insetos”, acrescenta. O chefe deixa a carne submersa por, no mínimo, 30 dias, a fim de maturar e adquirir mais sabor antes de ser servida. Para ser consumida, ele retira um pedaço com um pouco de gordura talhada e só aquece. “O prato leva a carne acompanhada de molho (vinagrete, agridoce ou tropical), de farofa de mandioca na manteiga. Essa carne também fica muito bem com polenta ou salada de repolho.”
   Já o confit de cordeiro é mergulhado na gordura fria e levado ao forno em fogo baixo. Lá também fica cozinhando por várias horas antes de começar a fritar. Este é o momento de desligar. “A carne é retirada e servida em seguida, mas pode ficar submersa na gordura e retirada apenas no momento do consumo.” No restaurante a carne é servida com cuscuz marroquino e molho de iogurte. O chef diz que também combina com pão RECEITA DE CARNE NA LATAsírio e coalhada seca. Ambas as carnes ficam maturando um dia em tempero a base de ervas e sal antes de serem cozidas na gordura. 
                  
O confit de cordeiro pode ser servido com cuscuz marroquino e molho de iogurte

   RECEITA DE CARNE NA LATA

   INGREDIENTES
   7 kg de carne suína (pernil). Lombo, costelinha) 
   4 kg de toucinho sem pele
   4 colheres (de sopa) de sal
   2 colheres (de sopa) de temperos a sua escolha (alho, pimenta)


   MODO DE PREPARO 
   Corte a carne em cubos de mais ou menos 5 centímetros. Tempere a carne com duas colheres (de sopa) de sal e os temperos a sua escolha. Deixe a carne temperada descansando por, no mínimo, 2 horas. Pique o toucinho e coloque em uma panela grande (ou tacho). Certifique-se que o volume de toucinho não passe da metade da panela, pois depois com a fervura e a carne dentro, pode transbordar. Na receita tradicional usa-se um tacho de ferro, sem risco de faltar espaço. Coloque 2 colheres (de sopa) de sal no toucinho e misture devagar. Coloque em fogo médio, até derreter bem e ficar dourado. Separe o torresmo formado. Coloque a carne temperada na panela do toucinho derretido e frite bem. Virando de vez em quando, até ficar bem dourada. Deixe a mistura esfriar na panela. Cuidado para não esfriar demais, porque a gordura vai começar a solidificar. Retire a carne com uma escumadeira e distribua num pote ou em vários, de acordo com sua preferência. Passe a gordura em uma peneira para tirar os pedacinhos que ficam da fritura. Derrame a gordura em cima da carne no pote (ou potes) até cobrir bem a carne. Se ficar um pedacinho da carne sem cobrir com a banha, vai estragar. Deixe esfriar muito bem, pra não condensar e criar umidade dentro, o que também estragará o alimento. Só então tampe. (FONTE: Site www.tudogostoso.com.br, página 3, SABORES, sabores@folhadelondrina.com.br caderno FOLHA 2, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). 

BRASIL, PRIMEIRO LUGAR EM DEPRESSÃO



   O País do Carnaval é o mais depressivo da América Latina. Às vésperas da Festa de Momo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou pesquisa apontando que o Brasil tem a maior taxa de depressão entre os latinos e a média por aqui supera os índices mundiais. Os dados foram publicados nessa quinta-feira (23) . Conforme o estudo, a depressão vem aumentando em todo o mundo e 4,4% da população do planeta sofre com o problema. São 322 milhões de indivíduos, 18% a mais do que 10 anos atrás. Quanto ao Brasil, a OMS calcula que 5,8% da população nacional seja afetada pela depressão. Está à frente de Cuba, com 5,5%; Paraguai com 5,2%; Chile e Uruguai com 5%. Considerando as Américas, o Brasil perde apenas para os Estados Unidos, que registraram taxa de 5,9% da população com o transtorno (17,4 milhões de casos). Outros países que registraram altos índices são Ucrânia, Austrália e Estônia, respectivamente, 6,3%, 5,9% e 5,9%. Entre as nações com as menores taxas estão Ilhas Salomão (2,9%) e Guatemala (3.7%) As mulheres continuam sendo as mais atingidas pela doença. No caso global, 5,1% das mulheres têm depressão. Entre os homens, a taxa é de 3,6%. Ainda conforme a OMS, a depressão é a doença que mais contribui com a incapacidade em todo o planeta e é considerada a principal causa de mortes por suicídio, com cerca de 800 mil casos por ano. O brasileiro tem a fama de ser um povo bastante alegre e, talvez, por causa dessa imagem muita gente não dá a devida importância ao problema. A depressão precisa ser encarada como uma doença grave. Não é preguiça, não é tristeza momentânea e muito menos irresponsabilidade. Muitas vezes é negligenciada e, por isso, já está sendo considerada como o “mal do século 21!. (OPINIÃO, página 2, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

QUEIJADINHA E QUINDIM

   Reza a lenda que os escravos remodelaram um doce tradicional português, substituindo o queijo pelo coco como principal ingrediente. 
Mas o elemento deposto não sumiu da receita e a delícia ficou conhecida como queijadinha. Já o quindim, também nascido português, aparentemente levava amêndoas. Só que, ao desembarcar no Brasil, a fórmula foi adaptada, e o coco (de novo ele!) passou a reinar. Além da origem, os dois doces têm em comum a conquista do paladar brasileiro – tanto é que estão em qualquer padaria. 
Segundo a nutricionista Lara Natacci da Dietnet, em São Paulo, ambos são fontes de proteínas e, por isso, contribuíram com a sociedade. Nesse sentido, a queijadinha é a aposta mais acertada. O quindim, por sua vez, pode se gabar de ter menos sódio, mineral que eleva a pressão. Mas a verdade é que dá para saborear os dois sem culpa. “Só há problema se o consumo foi frequente e excessivo”, alerta Lara. Caso queira fazer as receitas em casa, melhor. Aí dá para usar adoçante, e leite de coco com menos gordura no quindim e, na queijadinha trocar o parmesão pela ricota. 
                   
 (FONTE: Revista SAÚDE É VITAL, página 7, COMPARE – por THAÍS MANARINI, editora Globo SP, fevereiro de 2017).  

AMIZADE

 
   A Agenda latino-americana assinada o dia 14 de fevereiro como o “Dia da Amizade”. Sabe-se, no entanto, que, no Brasil, existem várias datas para celebrar a amizade, entre elas 18 de abril, 20 de julho e 30 de julho.
   Provocado pela Agenda que uso, achei que nossa reflexão nesta semana, podia ser a respeito desta que é uma das experiências mais necessárias e significativas no relacionamento entre as pessoas – a amizade. 
   De fato, como lembra o papa Francisco: “Não se pode viver sem amigos, eles são importantes”. Neste sentido, o papa não diz nada de novo. A Palavra de Deus é muito clara. Afirma-se com todas as letras que um “amigo fiel é poderosa proteção, quem o encontrou, encontrou um tesouro. Ao amigo fiel não há nada que se compare, pois nada equivale ao bem que ele é. Amigo fiel é bálsamo de vida” (Eclo 6, 14-16).
   Uma verdadeira amizade nasce com o tempo e com muita paciência. Vai acontecendo, sem programação e sem prazo. No dizer do papa Francisco, “as verdadeiras amizades não se explicitam, dão-se e vão se cultivando, a tal ponto que a outra pessoa já entrou em minha vida como preocupação, como desejo, como sã curiosidade de saber como vai, como vai sua família, seus filhos”. 
   O verdadeiro amigo não guarda segredos, partilha com o amigo suas alegrias, certezas, inseguranças e dores. Amizade de verdade é capaz de doar a própria vida pelo amigo (Jo 15, 13-15). Será isso possível? Jesus é nosso exemplo maior. Entregou sua vida, até a última gota de sangue. Depois de Jesus, muitos de seus seguidores assumiram a mesma atitude. São Maximiliano Kolbe é um dos mais conhecidos. Morreu no campo de concentração nazista de Auschwitz no lugar de outro prisioneiro, seu amigo. Há outros exemplos menos conhecidos, mas com igual intensidade. É o caso do menino vietnamita cuja história passo a narrar.
   Os americanos estavam em guerra com o Vietnã. Um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio. Os missionários e duas crianças morreram. As outras ficaram gravemente feridas. Entre elas, uma menina de oito anos. Com a ajuda do rádio, um médico e uma enfermeira da marinhados EUA ficaram sabendo e acorreram ao local. Deviam agir rapidamente. Os traumatismos e a perda de sangue punha a criança em grave risco de vida. Era urgente fazer uma transfusão sanguínea. Após últimos testes, perceberam que eles mesmos não podiam doar o sangue, não era compatível com o dela. Com gestos e o pouco da língua local que conseguiam falar, explicaram às crianças a necessidade de alguém doar o próprio sangue para salvar a coleguinha. Depois de um rápido silêncio, um braço magrinho e tímido apresentou-se. Era o menino Heng. Verificado que tinha o mesmo tipo de sangue, foi preparado às pressas ao lado da menina agonizante. Ele se manteve quietinho, com os olhos fixos no teto. Passado um pouco de tempo, soltou um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O medico perguntou se estava doendo? Ele disse que não. Mas, não demorou muito e soltou alguns soluços contendo as lágrimas. O médico preocupado, perguntou novamente se doía. Novamente ele negou. Em seguida, os soluços deram lugar a um choro silencioso. Neste momento uma enfermeira vietnamita chegou de outra aldeia. O médico pediu para que ela verificasse o que estava acontecendo com Heng. A enfermeira conversou com o menino, explicando algumas coisas. O rosto dele foi se aliviando. Minutos depois estava novamente tranquilo. A enfermeira explicou então aos americanos que o menino achava que ia morrer. “Ele não entendeu o que vocês disseram Pensou que devia doar todo o seu sangue para a menina não morrer”, O médico, com a ajuda da enfermeira, perguntou: Se se era assim por que então você se ofereceu para doar seu sangue?”. O menino simplesmente respondeu: “Ela é minha amiga. (manoeljesus.ucpel.tche.br/amizade.htm). (FONTE: Crônica escrita por DOM MANOEL JOÃO FRANCISCO, administrador apostólico da Arquidiocese de Londrina e bispo da Diocese de Cornélio Procópio, página 2, espaço coluna ESPAÇO ABERTO. *Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opinião@folhadelondrina.com.br 18 e 19 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).   

O MOMENTO DE REVISAR O FORO PRIVILEGIADO


   A questão do foro privilegiado voltou ao debate esta semana com uma série de acontecimentos e até mesmo declarações – no mínimo deselegantes – que acenderam a polêmica. Na quarta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, enviou ao plenário um projeto para discutir a redução do alcance do foro privilegiado. A proposta em debate no Supremo é que o direito só valha para denúncias de crimes praticados durante o exercício do mandato. Investigado na Operação Lava Jato, o líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), fez uma forte defesa do foro privilegiado em discurso no Senado e depois, em entrevista à imprensa, foi mais direto e grosseiro: “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada”. O senador do PMDB defende que a redução deve abranger integrantes do Judiciário e do Ministério Público. Quando comparou a situação a uma suruba, Jucá verbalizou o que muita gente pensa, mas não diz. Em sua essência, a medida tem relevância ao criar um procedimento jurídico especial em virtude do cargo ocupado pelo agente público. A prerrogativa não nasceu para defender o indivíduo. Mas o problema é que no Brasil e medida virou sinônimo de impunidade. Mesmo que Jucá tenha pedido desculpas pela declaração, a comparação foi feita. É como dizer que a bagunça está generalizada. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se posicionou quanto aos últimos acontecimentos e divulgou nota defendendo restringir o tratamento especial a um número menor de agentes públicos. Além de combater a impunidade, seria uma forma de desafogar o STF, que tem hoje a tarefa de julgar ações penais que envolvam, por exemplo, senadores e deputados federais. É certo que a medida precisa ser revista porque hoje ela funciona como uma proteção para a corrupção. E cada nova delação premiada da Lava Jato – só para citar um exemplo – faz aumentar o número de agentes públicos com chance de serem processados criminalmente. (OPINIÃO, página 2, quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O AUMENTO DA VENDA DE ARMAS



   Os atentados terroristas a Paris em 2015 tiveram uma consequência econômica importante para a França. Segundo o Comitê de Turismo da Île-de-France, região onde fica a capital francesa, cerca de 1,5 milhão de turistas deixaram de ir à cidade luz em 2016. Os ataques assustaram principalmente os turistas estrangeiros. Segundo o comitê, no ano passado os hotéis registram queda total de 9% em suas reservas de visitantes em relação a 2015. Os turistas chineses provocaram o maior impacto, pois quase 270 mil deixaram de visitar Paris – uma diminuição de 21,5%. Mas no setor hoteleiro, o prejuízo maior veio da terra do sol nascente: os japoneses fizeram 225 mil reservas a menos em 2016, o que corresponde a uma queda de 41,2%. Russos, italianos, espanhóis e britânicos, que costumavam visitar com frequência a capital francesa, também escolheram outros destinos para viajar. Com isso, os famosos monumentos e centros culturais de Paris foram menos visitados, como o famoso Arco do Triunfo e os museus do Louvre, além do Castelo de Versalhes. Em comparação com 2016, o setor amargou perda total de 1,2 bilhão de euros. O mundo ficou chocado com os atentados promovidos por extremistas islâmicos no Franca, com explosões, atropelamentos, fuzilamentos em massa e uso de reféns. O relatório do comitê de turismo foi anunciado um dia depois que o Instituto Internacional de Pesquisa pela Paz de Esctocolmo (Sipri, na sigla em inglês) divulgou um estudo sobre a venda de armas. O fluxo de armamento em direção à Ásia, à Oceania e ao Oriente Médio aumentou nos últimos cinco anos, sendo que os maiores exportadores de armas , segundo o Instituto, são Estados Unidos, Rússia, China, França e Alemanha. Mesmo considerando que o armamento segue para os governos aumentarem sua capacidade militar, o dado é preocupante. Nessas regiões que registraram aumento na importação estão países que tanto sofrem com guerras e conflitos. (OPINIÃO, página 2, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

DE MENINO A MENINA

A flautista Uiara Pimenta, 31, com o filho Oliver, 7


   Flautista conta a história do filho que nasceu Olívia e hoje se chama Oliver; luto e briga com a família e a escola vieram antes da aceitação


   RESUMO - A flautista Uiara Pimenta, 31, teve de enfrentar parte da sua família e a direção do colégio onde estuda seu filho Oliver. Ele nasceu Olívia em 2009, e desde os quatro anos afirma ser menino, o que levou a mãe a cogitar que fosse um caso de transexualidade. Aos sete anos, a criança é acompanhada no Instituto de Psiquiatria doo HC da USP, onde está prestes a fazer um tratamento para retardar a chegada da puberdade. 

(...) Depoimento a  CHICO FELITTI- COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

   Em 2009 eu fiquei grávida. Eu outubro, tive uma menina, para quem demos o nome de Olívia, em homenagem à avó paterna dela, que tinha morrido de câncer. 
   A Olívia sempre foi uma criança bondosa, sensível, mas nunca teve jeitinho de princesa. Tenho outra menina, de três anos e 11 meses, que sempre foi muito princesinha. Mas eu mesma nunca fui muito menininha, usava calça de skatista, camiseta folgada, então achava o Oliver uma menina normal. 
   As brincadeiras eram sempre de dinossauro, carrinho, jogos eletrônicos, Pokémon, Aí chegou uma época, quando ele tinha quatro anos e meio, que comecei a sentir uma coisa diferente. Ele se sentava na cama e dizia: “Olha só, mamãe, eu sou menino, sou um herói”, E eu dizia: “O que é isso, menina? De onde você tirou isso?”
   O pai dele sempre foi muito fechado, filho de policial. Eu percebi que isso estava fazendo mal para o Oliver. Quando ele tinha cinco anos, gravei um vídeo em que eu perguntava para ele: “O que você é?”, e ele respondia, “Eu sou menino”. Levei ele para cortar cabelo bem curto. 
   Comecei a comprar camisetas de dinossauros, mas ele continuava usando a parte de baixo do departamento feminino. Até que um dia, meses depois, eu comprei um sapato masculino para ele usar numa festa na casa da família do pai. Me chamaram de louca, quiseram me bater. Me acusaram de querer ter um casal e por isso estava influenciando a criança. Jamais! “Eu amo menina, queria ser mãe de menina desde o primeiro momento que olhei para a Olívia. Jurei que nunca mais iria na casa da família do pai dele, por mais que a gente seja ainda muito amigos, mesmo separados. 
  Com cinco anos, prometei para ele que nunca mais ele teria que suar roupa de menina. Ainda assim o estojo dele era rosa, os lápis eram rosa. Ele mastiga o lápis até que saísse a tinta rosa. Postei no Facebook um vídeo de ele ganhando as primeiras roupas de menino, e ficando emocionado. Meu pai falou: “Você tem que tirar isso agora ou vai ser presa! Isso é um absurdo!”
   No começo, eu fingi que aceitei numa boa. Fingi porque é muito difícil. Eu não queria que ele visse que eu estava triste. Tinha medo de fechá-lo para o mundo. Ele me implorou, me pediu, vi que não tinha mais saída. Eu entrei em luto em 2015, quando percebi que estava perdendo minha menininha. Mas, ao mesmo tempo, eu tinha que salvar o meu menino que estava surgindo. Eu sempre pensava que se ele sofresse muito bullying, poderia ficar traumatizado. 
   Trocamos o estojo por um do Homem-Aranha, mas não bastou. Ele estudo numa escola muito tradicional, onde eu também estudei, patrocinada por um banco. Chegou um momento em que ele falava abertamente: “Sou menino”, mas as professoras não levavam a sério. Não podia usar o banheiro de menino. Ele começou a ficar rebelde. Cortou o cabelo na frente da classe, jogou guache. 
   Eu nem sabia o que era transgênero. Sabia de lésbia, gay e era isso. Descobri na internet que havia um centro de transgênero no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
   Em dezembro de 2014, liguei lá e consegui uma consulta para três meses depois. O Oliver foi e, na frente de 20 pessoas, fez a triagem. Eu tive de explicar, porque ele ficou tímido. Ele continuou vendo a psicóloga do núcleo, uma vez a cada 20 dias. Fez no finalzinho do ano exames para ver se a puberdade está chegando, porque vamos bloquear a puberdade para evitar os primeiros sinais de desenvolvimento feminino, a menstruação, os peitinhos. 
   Depois, a partir dos 14 anos, se ele quiser, pode-se começar a usar hormônios masculinos. Percebo que há essa cultura no Brasil de que é a mãe que cuida do que a criança vai sentir. Não respeitam a vontade da criança. 
   Teve um episódio que me ajudou a lidar com isso. Em 2013, quando a irmã do Oliver tinha dois meses de vida, ela pegou H1N1, gripe suína. Ela ficou dois meses na UTI, quase perdi minha menina. Quando ela não morreu, eu fiz um combinado com Deus e com Santa Cecília: se ela vivesse , eu a batizaria de Cecília e aceitaria que meus filhos não são só meus, são do mundo. 
   Isso me ajudou a superar a questão do Oliver. Hoje eu vejo: o que é ser transgênero perto de uma menina que quase perdeu a vida?
   A gente morava com minha mãe até setembro de 2016. O Oliver ia para a escola sozinho. Os amiguinhos do prédio eram extremamente preconceituosos. Quando viram a mudança dele, diziam “Cala a boca, você é menina!”. Ele não queria mais descer para brincar. Os próprios porteiros se recusavam a chama-lo de Oliver. 
   Mudamos de casa, e eu nunca vi tanta criança dentro de casa. No final de 2016, a coordenadora permitiu que ele usasse o banheiro masculino. São pequenas vitórias. Ele está muito feliz. (FONTE: Caderno COTIDIANO, página B8, MINHA HISTÓRIA, UIARA PIMENTA, 31, FOLHA CIÊNCIA + SAÚDE, domingo, 19 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE S.PAULO).

Comente!

Comente!

.

.

.

.

Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
--------
Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

Postagens populares