terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O PIOR DA VIDA E DO TRABALHO


   Quando o Vampeta jogou no Flamengo, o time passava por uma crise financeira. Certo dia, o jogador declarou à imprensa algo que fez muita gente rir:
   - “Eles fingem que me pagam e eu finjo que jogo”.
   A frase aparentemente é simples e sem propósito. Mas, tudo nesta vida tem essência. Por isso, seu sentido mais interior é sério e demais grave.
   Pense, por exemplo, em quantas pessoas são obrigadas a tolerar torturas emocionais impostas por um patrão tresloucado e estão impossibilitadas de deixar o emprego, já que nem sempre isto é apenas uma questão de escolha. E sabe o que elas farão numa circunstância como esta? Elas fingem. 
   Nas relações interpessoais, como a que existe entre chefe e funcionário, a verdade e a franqueza são os atributo mais importantes. Isto faz o ambiente tornar-se favorável à confiança mútua e afasta a humilhação. Fica mais fácil comprometer-se com o trabalho e com o padrão de desempenho esperado. Com clareza na relação, todos ganham. 
   Se isto ocorre em algum nível ou circunstância da sua vida, saia do fingimento. Assuma vez por todas a verdade e a transparência na sua conduta, pois, se assim não for, quando menos esperar, você será prisioneiro de situações que não lhe permitirão sequer agir em favor de si mesmo. (Crônica escrita por ABRAHAM SHAPIRO, consultor e coach de líderes em Londrina, coluna ABRAHAM SHAPIRO, caderno FOLHA EMPREGOS & CONCURSOS, segunda-feira, 30 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

PASSANDO O BRASIL A LIMPO


   Duas notícias chamaram a atenção de todo o País nessa segunda-feira (30). A homologação das delações premiadas dos 77 executivos e ex-funcionários da Odebrecht pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e a prisão do ex-bilionário Eike Batista, 60 anos, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. 
   A decisão da presidente do STF acaba com os boatos sobre a suposta lentidão na tramitação da Lava Jato provocados após a morte do ministro Teori Zavascki, no último dia 19. Carmém Lúcia mostra que o STF dará o tratamento necessário que o caso exige, pois a Operação Lava Jato apura o maior escândalo de corrupção jamais visto no País. E pelo que se antevê, qualquer que seja o sucessor de Teori na relatoria da Lava Jata no STF, ele terá um comportamento condizente com que espera a sociedade brasileira de um membro da mais alta corte de Justiça do País. Embora continue o sigilo do processo e o conteúdo dos depoimentos ainda não seja público, as delações-bombas são temidas por centenas de políticos – inclusive no governo Michel Temer – que são citados nos depoimentos de antigos e atuais executivos da Odebrecht. 
   Quanto a Eike Batista, a sua prisão volta a mostrar que o Brasil parece viver sob nova égide na qual políticos e empresários corruptos que, costumava esnobar de “seus feitos”, não escapam mais impunes da Justiça. Depois de ser considerado em 2012 o homem mais rico do Brasil e o sétimo do mundo pela revista Forbes, com uma fortuna de 30 bilhões de dólares. Eike poderá revelar um pouco mais do mundo obscuro que envolve as licitações e os governos. E, já consciente de sua importância, ainda em Nova York elogiou a força-tarefa da Lava Jato afirmando que ela “está passando o Brasil a limpo”. E a nova estampa do ex-multimilionário no presídio Bangu 9, de cabelo raspado e roupa de presidiário, dá esperança de que finalmente o artigo 5º da Constituição Federal seja realidade de fato e a que lei não puna apenas os mais fracos social e economicamente. (OPINIÃO, página 2, terça-feira, 31 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A ARTE EM XEQUE NAS RUAS

Carão, do coletivo CapStyle Crew, está terminando um novo grafite na Avenida Celso Garcia Cid, em Londrina: "O objetivo maior é levar a arte adiante para que todos possam ver e, também, se enxergar nela"


   Grafites de São Paulo foram apagados pelo novo prefeito ressuscitando a antiga polêmica sobre o valor da arte urbana e os limites da pichação

   Uma das primeiras ações do novo prefeito, João Doria, em seu mandato na cidade de São Paulo, na primeira quinzena de janeiro deste ano, chamou a atenção e levantou uma discussão no Brasil inteiro sobre a arte de rua. Grande parte dos grafites (ou graffitis) da Avenida 23 de Maio, no centro da cidade, foram apagados com uma tinta cinza, como medida do projeto “Cidade Linda”. Em declaração, o prefeito disse que os grafites seriam mantidos apenas em espaços definidos e “adequados” pela Secretaria Municipal de Cultura e que os demais, “envelhecidos” ou “mutilados por pichadores”, seriam pintados. A decisão, segundo ele, visa dificultar uma conexão com os pichadores que, em sua visão, não são artistas, mas agressores. O documentário “Cidade Cinza”, lançado em 2013, retrata outra ocorrência no mesmo local, em 2008. 
   Apesar de Londrina ter uma quantidade bem menor de grafites espalhados pela cidade, em dezembro de 2014 ocorreu uma situação semelhante. O artista londrinense Tadeu Roberto de Lima Jr., mais conhecido como Carão, teve um grafite de sua autoria apagado do muro do Bosque Central pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) pouquíssimo tempo depois de ser produzido. A imagem trazia uma mulher negra com olhar triste e olho roxo e, ao lado, a mensagem: “Não à violência contra a mulher”. Essa ação ocorreu nove meses depois do mesmo artista ter tido uma outra obram a imagem do piloto Ayrton Senna, classificada como propaganda de um estacionamento particular, dentro da lei 10.966/2010, popularmente chamada de “Cidade Limpa”, sob pena de multa diária o proprietário caso não apagasse. 
À época, a CMTU informou que a pintura dos muros fazia parte do processo de revitalização e padronização do bosque e de outros espaços públicos. Já com relação à imagem de Ayrton Senna, a alegação foi contestada e, como estava em propriedade privada, não foi apagada. Os ocorridos, no entanto, motivaram a inclusão do grafite na lei municipal 12.230/2014, que regulamenta a apresentação de artistas de rua em logradouros públicos, prevendo também o grafite como atividade cultural. Neste caso específico, regras foram estabelecidas tais como: solicitação junto ao órgão com descrição de local, dias e motivos para grafitar em edificações públicas, e que a arte não contenha elementos promocionais ou publicitários alusivos a comércios circundados. Já a píchação continua sendo considerada crime.

   VISÃO DO ARTISTA

   Grafiteiro, há 17 anos, Carão é figura conhecida na cidade com vários trabalhos espalhados pelas regiões. Junto com os artistas Napa e Huggo Rocha, cada um com seu estilo de traço, fundou o coletivo CapStyleCrew, uma espécie de assinatura para promover Londrina e a Zona Norte, onde cresceram. “Eu gosto de grafitar com autorização, seja em local público ou privado. Se o dono não deixar, não faço. Mas acontece de não conseguir identificar o proprietário e o local estar abandonado, fechado ou degradado. Não tenho patrocínio ou retorno financeiro. Então, nesses casos, o objetivo maior é levar a arte adiante para que todos possam ver e, também, se enxergar nela. Como toda arte de rua, o grafite está exposto à ação do tempo e a intervenção de terceiros é inevitável. Por isso, não tenho esse tipo de apego se a obra já cumpriu seu propósito”, diz ele, que aborda a temática racial, sobretudo a cultura negra, na maioria de seus trabalhos que já chegaram a países como França e Venezuela. 
   Com relação à pichação, o artista acredita seja mais polêmico por sua característica transgressora na medida em que, geralmente, é feito em locais não autorizados. “O grafite, hoje, é mais aceito porque tem cores, dá outro aspecto para os locais. No caso da pichação e suas modalidades, muitos consideram vandalismo. Mas não deixa de ser uma forma de expressão: um “soco” na cara da sociedade que tem a mente fechada para outras formas de arte. Essa questão, porém, é muito particular. Para mim, é muito mais agressivo, por exemplo, um outdoor gigante ou uma placa luminosa enorme de uma lanchonete que uma pichação. E há pessoas que não se incomodam com isso e ainda acham arte. O meu trabalho, inclusive, dependendo do ponto de vista, pode ser considerado vandalismo para quem não gosta, como já aconteceu.”
Napa : "Como o garfite acontece em locais autorizados , o preconceito é menor", mas a pichação também é uma forma de expressão" 

   CONCEITO QUE DESAFIA LIMITES 

   Ainda que exista muito preconceito, a arte urbana no Brasil, ou simplesmente de rua, se consolidou como manifestação artística, apesar de ser uma forma não institucionalizada em museus e galerias. Esta abrange diversas frentes que vão muito além do grafite, são diferentes técnicas e modalidades que interagem com a cidade como stencil, lambe-lambe, instalações, tag, adesivo, bomb, grapisco e, também, a pichação. Algumas, contudo, são bem mais aceitas que outras que ainda são consideradas marginais ou vandalismo. Especificamente sobre o fenômeno do grafite, nasceu nos anos 70, nos 80 consolidou-se embebido da cultura hip hop e depois mesclou-se com o mundo da arte por meio de Basquiat, Haring e Warhol, chegando ao século 21 com uma linguagem nova criada por artistas como Banksy, Blu, JR e os brasileiros OsGêmeros, Nunca, Speto e Nina Pandolfo e o mais recente Eduardo Kobra. 
   Espontânea, desordenada e de certa forma efêmera, a arte urbana desafia conceito. A artista plástica e docente aposentada do Departamento de Artes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Iara Strobel, atenta que é difícil categorizar ou classificar este tipo de arte, pois trata-se de um universo grande e indomável. “Tudo muda conforme onde, quando e porque foi feito, pois essas variações se alteram conforme o período, as convenções sociais e padronagem estética de uma época. Escritas hieroglíficas egípcias, hoje, são parte da história, tal como as paredes da cidade petrificada de Pompeia. O fato de pessoalmente não gostar de um resultado não pode valer como critério, tampouco questões partidárias.”
   Diante disso, a avaliação individual de cada manifestação seria o ideal, porém, não baseada em subjetividades: “Uma intervenção em determinado espaço e comunidade pode carregar muito significado, inclusive afetivo. Em outro local, uma agressão, algo desagradável. Por isso é complicado estabelecer um limite até onde é arte ou determinar por um decreto com critérios comuns apenas de um grupo. Considero importante ponderar questões como se a intervenção coloca em risco a segurança pública ou o custo de tornar isso reversível. Mas manifestações em espaços tombados ou históricos, para mim, é crime. O Conselho Municipal de Cultura da cidade poderia aconselhar sobre essas decisões”, sintetiza. (M.T;)

   DA PICHAÇÃO À GALERIA
Festa para os olhos: em Londrina, há grandes coletivos em espaços como o Anfiteatro do Zerão, e trabalhos individuais como "O Poderoso Chefão", de Hugo Rocha, que surpreende os transeuntes da Rua Pio XII com a Hugo Cabral

   Com o tema DesconstruAção e foco na diversidade da arte, o grafiteiro Eduardo Diniz, conhecido como Napa, se prepara para iniciar uma exposição a partir do dia 1º de fevereiro no Centro Cultural Boulevard Londrina Shopping. Serão 15 telas feitas com aplicações de vários estilos e técnicas do grafite. “A essência do grafite é estar nas ruas interagindo com o ambiente e as pessoas. Nas telas, tento mostrar um pouco desse universo, despertar outro olhar das perspectivas conservadoras e críticas para essa arte que ainda hoje vive uma guerra”, diz. Além de grafiteiro, Napa atua como arte-educador , artista plástico e tatuador. Vivências que considero fundamentais para a composição de sua arte, criativa e inovadora. Assim como vários artistas, começou pichando muros, o que, ainda hoje, considera arte. “A diferença para o grafite é que ele, geralmente, acontece em locais autorizados. Então o preconceito é menor, porém existe. Mas a pichação também é uma forma de expressão, mais resistente, que tem sua beleza e estética. Se for feita em lugar autorizado, não é crime. Mas o estigma de vandalismo persiste”. (M.T.). 

   SERVIÇO

Exposição DesconstruAção 
Quando: até 31 de março 
Onde; Centro Cultural do Boulevard Londrina Shopping ( horário de funcionamento do shopping).
Quanto: Gratuito. (MARIAN TRIGUEIROS – REPORTAGEM LOCAL, página 4, caderno FOLHA 2, 28 e 29 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

FELIZ IDADE?


   São cada vez mais frequentes os anúncios relativos à terceira idade evocando o bem-estar dos idosos e colocando-os como potenciais consumidores já que uma parcela está aposentada podendo contar com algum ganho. Mas no Brasil, entre a ilusão de qualidade de vida e a realidade, existe um vácuo que impede as pessoas que já se aposentaram com salários muitas vezes irrisórios de aproveitarem aquilo que eufemisticamente também é chamado de terceira idade. 
   É certo que há uma indústria do consumo a serviço de quem tem mais de 60 anos, já criou os filhos e conta com uma aposentadoria depois de décadas de serviço. Há agências de viagens dedicadas à terceira idade, serviços de nutrição, clínicas geriátricas e uma poderosa indústria farmacêutica que pode tornar a vida dos idosos bem mais feliz. No entanto, a realidade brasileira está a anos-luz de todo este potencial de investimento na vida e a situação fica ainda mais delicada para aquela camada de população chamada “idoso velho” que se refere a quem tem mais de 78 anos. Saúde é necessidade básica dos idosos porque são mais sujeitos à doenças e a alta no preço dos remédios quase sempre vem cercada de insatisfação por parte da turma que não se sente exatamente contemplada com benefícios que poderiam aliviar suas dores, tornar seu cotidiano mais produtivo ou mesmo aumentar sua expectativa de vida. 
   No último dia 25, a FOLHA publicou matéria sobre o preço dos medicamentos e planos de saúde, com informações nada otimistas para qualquer família e, sobretudo, para quem tem mãe, pai ou avós que necessitam de medicamentos e cuidados constantes. Pelos índices para inflação da FGV/Ibre, os custos com medicamentos e com planos de saúde para os idosos sofreram um grande revés em 2016. A inflação desses itens, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor da Terceira idade (IPC-3i), foi a maior da série histórica calculada desde 2004. Os medicamentos ficaram 11,33% mais caros no ano passado e os planos de saúde tiveram um acréscimo ainda maior: 13,2%. 
   Os idosos entrevistados afirmam que medicamentos e planos de saúde são as maiores despesas de seu orçamento, ao mesmo tempo em que são indispensáveis. Resta contar com a distribuição de medicamentos gratuitos da rede pública ou apelar para as farmácias populares onde também há remédios grátis ou com até 90% de desconto. O problema se agrava em fases críticas quando nem sempre há remédios disponíveis para todos. Se no país a expectativa de vida da população aumentou 41,7 anos em um século, segundo dados do IBGE, subindo para 75,5 anos em 2015, resta torcer para que a inflação não consuma com preocupação o que seria motivo de felicidade. (OPINIÃO, página 2, segunda-feira. 30 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

domingo, 29 de janeiro de 2017

50 TONS DE CINZA

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   Ao apagar grafites, cobrindo-os com tinta monocromática, prefeito de São Paulo erra o alvo da popularidade

   Em 2018, o prefeito João Doria e parte da população de São Paulo possivelmente irão correndo ver a obra do grafiteiro nova-iorquino Jean-Michel Basquiat no Masp dizendo ”Oh! Ah!”. Até a mostra, já divulgada pela mídia, muitas camadas de tinta cinzenta encobrirão os grafites da capital paulistana, numa ação que o novo prefeito chama de “Cidade Linda”. Na verdade, trata-se do velho dilema entre a arte de rua e a arte de museus e galerias que se torna domesticada – ou civilizada – tão logo seu autor se torne famoso.
   Basquiat é um dos grandes nomes das artes plásticas contemporâneas, mas sua origem é o grafite, linguagem que levou para telas em trabalhos instigantes e coloridos. Parte de sua história pode ser a mesma de um artista pouco conhecido, um anônimo que não alcançou a condição de artista de galeria, cujas obras valem milhões de dólares depois que o sujeito morre ou passa a vida tentando emplacar sua arte. 
   O fato é que Doria errou o alvo, para embelezar a cidade é quase certo que teria cem por cento de aprovação se desentupissem os bueiros ou apresentasse um plano para evitar as enchentes. Mas o prefeito visou logo o grafite, aproveitando a onda de raiva que cerca as pichações que não têm nada a ver com o grafite, embora ambas sejam linguagem de rua, transformando os muros em mídia. 
   O grafite em São Paulo é uma das marcas registradas da cidade desde o fim dos anos 70, quando apareceram os primeiros artistas que se multiplicaram nas décadas seguintes. Para uma cidade poluída e cinzenta, a alegria das cores sempre foi um ponto de atração, mais que isso, um alívio para quem vive com muros, paredões, túneis, passarelas, muito asfalto e concreto, construções que acabam dando às cidades um aspecto prisional invocando a necessidade de segurança, mas sufocando o sentido de liberdade ao mesmo tempo.
   O grafite contemporâneo é arte que nasceu da cultura alternativa em grandes centros urbanos. O artista britânico Banksy foi um dos pioneiros na cidade de Bristol, considerada um polo de cultura independente não só nas artes visuais. Muitos afirmam que seu nome real é Robbin Gunningham e ele passou a usar o pseudônimo Banksy justamente para escapar das perseguições. Assim como em São Paulo, esta semana, funcionários da prefeitura de Bristol cobriram com uma grossa camada de tinta preta os grafites de Banksy nos anos 80. A ideia era lidar com as pichações , mas acabaram atacando o grafite até que veio a retração do prefeito que reconheceu o valor deste tipo de arte. 
   Algo parecido aconteceu com João Doria que já promete um grande “festival de grafite” na capital paulistana depois de ser amplamente criticado por apagar os muros da Avenida 23 de Maio – considerada a maior galeria de grafites da América Latina. 
   Em Londrina, em 2014, atitude parecida foi tomada pelas autoridades, mas o grafite, que existe aqui desde os anos 90, sobreviveu ao embate e hoje temos na cidade muros que mostram a importância da resistência que não passa apenas por leis, mas por vontade. Uma parte desta história e de seus artistas estão na edição de hoje. Na matéria da página 4 procuramos conceituar grafite e pichação em seus pontos de encontro e divergência, sempre lembrando que o que torna a arte de rua um manifesto é o fato de tornar visíveis os anseios políticos, culturais e estéticos dos “invisíveis” separados por grandes fossos sociais. Fora a pichação de espaços históricos, monumentos e outros atos que danificam ou se sobrepõem à obra de outros criadores, toda arte e manifestação de rua são bem-vindas. E se sua condição é efêmera, seu tempo de existência e remoção devem partir da decisão do artista em comum acordo com os administradores e não da autoridade que usa a tinta para encobrir o que, no fundo, não compreende e segrega. O Basquiat incesado no Masp e nos museus do mundo nunca aprovaria a censura aos muros. (Crônica escrita por CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com jornalista e escritora, página 2 e 3, coluna CÉLIA MUSILLI, caderno FOLHA 2, 28 e 29 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).    

A FORMATURA


   Chegou o grande dia! Os quase 40 alunos se prepararam. Na cidade era dia de festa. 
   Vestidinho novo, um tecido de shantung pérola com saia franzida, golinhas em tom rosê, deixando cair um um cachinho de fitas da mesma cor, um lenço amarrado atrás. Era lindo! Usava um saiote engomado para armar o vestido, sapatos e meias novos. Era a primeira da turma, isto é, a mais adiantada, com a melhor nota! Um costume da época era o aluno ou aluna de melhor desempenho recebesse um presente do prefeito! Estava na maior expectativa!
   À noite fomos para a cerimônia, importantíssima, que acontecia no Salão Paroquial. Estava lindo, com cadeiras para acomodar a plateia, o palco arrumado, decorado com bandeiras, toalhas brancas, livros, o globo terrestre, flores e uma grande bandeja com nossos diplomas. 
   A secretária da escola fez a abertura e foi chamando os ilustres convidados, para compor a mesa, dando início à importante cerimônia: professores, diretores, inspetor Regional de Ensino, autoridades eclesiais. Para encaminhar o prefeito até a mesa, juntamente com outra colega, fui a escolhida. E lá fomos nós, tímidas, mas, ao mesmo tempo, orgulhosas...
   Após alguns discursos iniciou-se a entrega dos diplomas. A cada nome, um pulo na cadeira, achando que era o nosso. Mas não foi em ordem alfabética, para nos deixar mais nervosos ainda. Que emoção era subir àquele palco, os poucos passos pareciam uma eternidade, com tamanha plateia assistindo e aplaudindo!
   Todos receberam seus diplomas e o meu... nada! Achei que se esqueceram de fazer! E eu fiquei mais nervosa ainda!
   Foi então que o diretor se levantou e disse alguma coisa mais ou menos assim, “que os primeiros serão os últimos”, e tecendo muitos elogios, chamou meu nome. Quase morri, meu coração queria sair pela boca, levante depressa e subi no palco correndo. Ainda assim, consegui lembrar o presente do prefeito. Após calorosa salva de palmas e parabéns de todos da mesa, o diretor continuou me elogiando, que eu teria um grande futuro por ser tão estudiosa. E completou: como prêmio por seus esforços vai receber uma bolsa de estudos para estudar no Ginásio! Que decepção! E o presente do Prefeito? 
   Em seguida fomos convidados a cantar um hino de despedida e, muito bem ensaiados pela rigorosa e competente professora Judith Pequeno Maciel, começamos a cantar: “Adeus, ó Grupo Escolar, vais ficar, vamos partir...”
   Por último, o discurso de despedida, proferido por mim, como reconhecimento por ter conquistado as melhores notas da sala. 
   Pequena e magrinha, a menor da turma, voltei correndo ao palco com um papel na mão, sob os aplausos dos pais, professores e colegas e comecei a falar sem microfone e muito emocionada, após cumprimentar os professores, autoridades, família. “Esse é o primeiro passo, queridos colegas, que damos em nossas vidas...”
   Ao terminar, mais palmas ainda, diplomas na mão, incomodados com as roupas novas, sorriso no rosto e alegria no coração, continuamos a cantar: “Caros professores, queridos colegas meus, chorando eu direi adeus”!
   Até parecia um bando de jovens concluindo, brilhantemente, uma faculdade, pela importância da solenidade, mas era com muita honra o privilégio de ter concluído o quarto ano primário no Grupo Escolar Nossa Senhora das Graças (ESTELA MARIA FREDERICO FERREIRA, página 2, coluna DEDO DE PROSA, caderno FOLHA RURAL, 28 e 29 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

SABORES - SOPAS FRIAS PARA DIAS QUENTES

Nutritivos, os caldos são muito saborosas e podem ser servidos como shots de entrada, para beber, no lugar da salada

   Saborosas e nutritivas, as sopas frias servidas como entrada dão um toque sofisticado às refeições
   Com o calorão que tem feito nos últimos dias, nada melhor que uma refeição leve e refrescante. Por isso, muitas pessoas optam por saladas e sucos. Mas já pensou em tomar um caldo ou sopa gelada? Isso mesmo. Caldos salgados em temperaturas baixas, que não precisa soprar para degustar. No Brasil, apesar de algumas partes das regiões Norte e Nordeste terem o hábito de consumir caldinhos quentes, como mocotó, feijão, caranguejo, sururu, tucupi, o consumo ainda é muito tímido. Saiba que, em países da Europa, o consumo de sopas e calados – tanto frios quanto quentes – são comuns durante todas as épocas do ano. Altamente nutritivas, por conter uma diversidade de ingredientes, essas receitas também são muito saborosas e, dependendo da apresentação, podem ser sofisticadas e até servidas como shots de entrada, para beber, no lugar da salada.
   Apesar de ter a mesma consistência das sopas e caldos salgados quentes, a maneira de preparo é diferente. Portanto, não são meras versões ou releituras de receias quentes ou pratos que esfriaram Os ingredientes, geralmente, são crus, batidos no liquidificador mas podem misturar cozidos e refogados. As receitas levam desde legumes e frutas e ingredientes para engrossar o creme ou dar crocância. Dentre as sopas frias mais conhecidas no mundo, está o gaspacho, receita à base de hortaliças, com destaque para o tomate, o pepino e o pimentão, muito popular na Espanha. Preparada da trituração de todos os ingredientes o resultado final é um prato cremoso rosado. Já a famosa sopa francesa, vichyssoise, leva batatas e alho-poró, e o borscht, da Rússia, é feito com beterrabas. 
    Mas existem inúmeras outras possibilidades de combinação e receitas fáceis e práticas para serem feitas até mesmo em casa. Segundo o chef Kássio Bergamin, da Academia de Artes Gastronômicas Internacionais (Aagi), as receitas contemporâneas de sopas frias levam frutas e legumes em sua composição, mas nada impede de acrescentar proteínas animais, desde que analisada a forma de cocção do insumo. “As proteínas de animais precisam de um preparo prévio, bem como os tubérculos em geral, como batata e mandioca, que também precisam de cocção. É preciso ficar atento aos queijos e cremes de leite que, por possuírem muita gordura, não são aconselhados em temperaturas frias, pois esta gordura fica muito evidente na boca, o que não é agradável ao paladar. Já a utilização de frutas com ervas confere uma refrescância”, aconselha. 
   O fato de serem pratos leves e de fácil digestão – o que não significa poucas calorias – a facilidade de preparo e baixo custo, para o chef, são algumas das vantagens em se preparar sopas e caldos em geral. Essas características, no entanto, podem ser responsáveis por um preconceito no Brasil, de que sopa fria seria para doente ou não teria requinte. “Mas em algumas capitais já percebemos um movimento de restaurantes que oferecem sopas e caldos de entrada com técnicas mais aprimoradas.” As diferenças entre os pratos, de acordo com Bergamin, é basicamente a consistência da receita. “No topo da classificação estão as sopas, que se dividem entre caldos ralos e espessos. Os ralos têm uma quantidade maior de líquido com pedaços grandes dos ingredientes. As espessas, por sua vez, são subdividas entre os cremes e purês, que são mais trituras e encorpados.”
  EM FORMA
                                                     
O gaspacho está entre as receitas frias mais apreciadas, à base de hortaliças, com destaque para o tomate
                                         
   Diante da correria do dia a dia, há quem opte pelas comidas congeladas saudáveis. Pensando nesse nicho e quem está interessado em manter a forma física, a Dona Marmita, especializada em refeições já congeladas, oferece um cardápio com seis sopas que podem ficar até 60 dias no congelador. Segundo a proprietária Polyana Souza os pratos pesam 400 ml, não ultrapassam a média de 200 calorias e contam com ingredientes desintoxicantes, como o gengibre, nabo, alho-poró e salsão que ajudam a eliminar toxinas. “São fit porque possuem baixo teor de gordura, de sódio e mesmo as que têm carboidratos, são com ingredientes de baixo índice glicêmico, ideal para quem deseja emagrecer. Podem ser consumidas quentes ou frias.” Todas as refeições congeladas são livres de glutem e lactose. Para este verão, estão disponíveis combos para aquisição a um valor promocional com descontos progressivos. 

   SOPA CREME DE MELÃO
                             
Sopa Crme de Melão: para servir gelada
   Ingredientes

   1 melão, ½ limão, 10 folhas de hortelã, 0,5 ml de água, 50 ml fr iogurte natural, 0,100 ml de creme de leite, 50 ml de vinho do Porto, Noz moscada a gosto, Pimenta do reino a gosto, 50 gramas de presunto Parma. 

   Modo de preparo

   Coloque o melão em cubos em limão e água até cobri-lo, por 15 minutos. Cozinhe em fogo brando, juntamente com água e o vinho, por 10 min. Bata no liquidificador juntamente com hortelã e o iogurte. Resfrie. Misture o creme de leite e tempere com sal, pimenta do reino e noz moscada. Sirva gelada, decorada com pimenta rosa, creme de leite batido chantilly, hortelã e crispy de Parma. 

    CRISPY DE PARMA

     Modo de preparo

   Assar o presento Parma já fatiado por aproximadamente 10 minutos a 180ºC. Deixar esfriar para ficar crocante. (MARIAN TRIGUEIROS – REPORTAGEM LOCAL, página 2, SABORES sabores@folhadelondrina.com.br, caderno FOLHA 2, sexta-feira, 27 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

sábado, 28 de janeiro de 2017

PRIMEIRO MÊS

 
   Na próxima terça-feira (31), Marcelo Belinati (PP) completará um mês como prefeito de Londrina. O pepista aproveita a marca dos primeiros 30 dias de gestão para anunciar , na segunda-feira (30), com mais detalhes quais serão as tão propaladas medidas de contingenciamento prometidas desde que assumiu o cargo do antecessor Alexandre Kireeff (PSD). A FOLHA antecipou, com base no decreto publicado nesta semana no jornal Oficial do Município, que ao menos R$ 30,7 milhões do orçamento, em recursos livres da Administração Direta e Indireta, serão retidos por tempo indeterminado. A medida não afeta por enquanto as secretarias municipais de Educação, de Saúde e de Administração Social, mas representa corte de 40% do custeio da administração e de 100% dos investimentos. O prefeito justifica o aperto no cinto à previsão de déficit de R$ 120 milhões no orçamento deste ano, projetada em razão do crescimento maior das despesas em relação às receitas, e alega que a Prefeitura de Londrina enfrenta “a pior crise financeira de sua história”. Como parte de seu compromisso em promover a economia da máquina municipal, Marcelo Belinati reduziu o número de secretarias. O Secretária Fazenda acumula as pastas de Planejamento e Tecnologia, enquanto o chefe de Obras também responde por Agricultura e Abastecimento, e o diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento ( Codel) é o mesmo do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano ((Ippul). Além disso, as secretarias do Idoso e da Mulher foram transformadas em diretorias subordinadas à Assistência Social. 
   Ao mesmo tempo em que vende o caos a cada ato público de sua gestão, apontando problemas financeiros e administrativos que teria herdado da gestão Kireeff, o prefeito adota um discurso otimista, a ponto de prometer ser o melhor gestor da história da cidade. 
   No balanço do primeiro mês de gestão, ficam como ponto positivo o estreitamento nas relações com os governos estadual e federal, que é de onde devem vir os recursos em falta por aqui, e a formalização do convênio com o Cismepar para a contratação de mais médicos para a rede municipal de saúde. 
   A questionar, o proselitismo político não visto nos últimos quatro anos. Em uma só manobra, o prefeito nomeou o quarto vereador mais votado como presidente da Fundação de Esportes e o primeiro suplente na chefia da Acesf, garantindo assim o retorno à Câmara de um ex-vereador de seu partido. 
   Dada a conjuntura econômica nada favorável no município e no País, Belinati terá o duplo desafio de adequar o orçamento às demandas da cidade e fazê-la retomar o crescimento, especialmente na área industrial. Faltam 47 meses. (OPINIÃO, página 2, 28 de 29 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).  

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

CENTRO LOGÍSTICO DE CAMBÉ GAMHA HABILITAÇÃO DE EXPORTAÇÃO PARA UE

A indústria de Cambé  tem 34 mil metros quadrados e atende produtores de Londrina, Maringá e o sudoeste do Mato Grosso do Sul

   Credenciamento do Mapa garante redução de até 15% nos custos de exportação para a Europa das agroindústrias que utilizarem os serviços da Brado
   A unidade de Cambé da Brado Logística conseguiu habilitação para exportar para o exigente mercado europeu. O credenciamento do terminal intermodal e armazém frigorificado foi confirmado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) este mês. A empresa já tinha habilitação para vender para outros mercados.
   De acordo com o secretario executivo do Conselho de Infraestrutura da Federação da Indústria do Paraná (Fiep) , João Arthur Mohr, com a habilitação da Brado as agroindústrias que exportam para a União Europeia e escolherem utilizar os serviços da Brado podem reduzir o custo logístico total entre 10 e 15%. “As indústrias de pequeno e médio porte não precisam mais construir grandes frigoríficos para estocar o produto. Elas também reduzem o custo com transporte”, explicou Mohr, A Brado utiliza a ferrovia para levar os contêineres até o Porto de Paranaguá. 
   A unidade de Cambé tem 34 mil metros quadrados, espaço para 1,3 mil TEUS (ou contêineres de 20 pés), depot (espaço em depósito) para 500 contêineres vazios, além de 11 mil posições para paletes. Conta com 14 docas e 160 tomadas para contêineres reefer (refrigerados). A empresa atende produtores de Londrina, Maringá e o sudoeste do Mato Grosso do Sul.

   TRÂMITE

   O trâmite do novo processo levou cerca de um ano. A habilitação exige rigoroso controle sobre a origem, armazenagem, destinação e qualidade dos produtos. A utilização do meio ferroviária da uma vantagem para a Brado em relação aos concorrentes. Em Apucarana, existe outro armazém frigorificado, mas o transporte é via rodovia. “O trem é mais barato”, ressaltou Mohr. 
   Segundo o diretor da Fiep, o Paraná necessita de mais armazéns frigorificados, principalmente na região Oeste. Com novos armazéns habilitados e instalados ao lado de uma linha férrea, as indústrias poderiam economizar na perna rodoviária. “Cascavel tem grandes frigoríficos. A Cotriguaçu e a Unifrango procuram centros logísticos para reduzem custos”, disse. 
   Mohr afirmou ainda que a Brado vem aumentando a participação do Brasil no transporte de contêineres por trem. “O Paraná tem a vantagem de ter o único porto da região Sul com acesso por trilho para contêineres e grãos.”

   COMERCIO EXTERIOR

   As exportações de Londrina apresentaram queda de 22,36% no comparativo de 2016 com o ano anterior. Apesar do percentual negativo, o setor de carnes e miúdos teve uma alta considerável. Em 2015, foram comercializados para o exterior US$ 94.403. O valor saltou para US$ 3.842.502 no ano passado, segundo dados da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). 
Arábia Saudita, Emirados Árabes, Japão e China são os principais mercados consumidores. O mercado asiático consome 50% da carne Brasileira, que responde por 35% do comércio mundial de frango. O Paraná é responsável pela produção de 25% da carne produzida no País. 
   O mercado europeu não é tão expressivo em volume de exportação, mas vender para eles significa ter uma patamar de excelência alto, por isso a importância da unidade de Cambé da Brado conquistar a habilitação para a União Europeia. A FOLHA entrou em contato com a empresa, mas não obteve retorno do pedido de entrevista. (ALINE MACHADO PAROLLI – Reportagem Local, caderno FOLHA ECONOMIA & NEGÓCIOS, sexta-feira, 27 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

COTAS NA UEL


   Pioneira no sistema, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) avalia neste mês de janeiro as cotas e o desempenho dos alunos beneficiados. Além do acesso ao ensino superior, a permanência dos cotistas é um dos principais temas debatidos pela comunidade universitária, conforme traz a edição de hoje desta FOLHA. Os debates serão importantes para a votação sobre o formato e continuidade do sistema, que deve ser realizada pelo Conselho Universitário (CU) em data a ser definida. A UEL implantou o sistema em 2004 e convalidou em 2011, quando aprovou a reserva de 40% das vagas oferecidas em concursos vestibulares para candidatos de escolas públicas e, deste total, 50% para candidatos que se autodeclararem negros.
   A política de cotas é defendida como uma medida para diminuir as diferenças socioeconômicas históricas entre alunos de escolas particulares e públicas, dando oportunidade aos estudantes menos favorecidos obterem uma formação profissional qualificada, que possa contribuir com uma sociedade mais igualitária. No entanto, o acesso é apenas o primeiro passo. O maior desafio é a continuidade dos cotistas na universidade até a conclusão da graduação. Sem atingir a etapa final perde-se o objetivo da inclusão nos bancos das universidades e, principalmente, no mercado de trabalho com a qualificação necessária para atender as exigências atuais, tanto econômicas quanto sociais. 
   De acordo com o levantamento feito pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da UEL, a permanência dos cotistas é maior do que dos candidatos aprovados pelo sistema universal. Dos alunos que ingressaram em 2015 pelo sistema universal, 90,1% permaneciam matriculados no ano passado. Pelo sistema de cotas para escola pública, o índice era de 91,3% e entre os negros, 92,5%. Quando analisados os mesmos percentuais entre 2014 e 2016, os índices são de 80%, 84% e 85%, respectivamente. No último ano, entre estudantes ativos, a UEL tinha 8.318 alunos que ingressaram pelo sistema universal, 3.060 como acesso pelas cotas para escola pública e 820 pelas cotas para negros. Os indígenas somavam 33 alunos. 
   Para manter os cotistas, a UEL já possui algumas políticas de inclusão como Casa do Estudante, bolsas de iniciação científica e de iniciação à docência e apoio pedagógico para alunos que enfrentam dificuldades. Mas a universidade ainda discute outras medidas para suprir as necessidades econômicas, pedagógicas e psicossociais. (OPINIÃO, página 2, sexta-feira, 27 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

CRIE UM FÃ DE FRUTAS


   Assinado por uma das mais renomadas nutricionistas do país, novo livro convida meninos e meninas a fazerem um alegre passeio no pomar. E assim, de forma lúdica, eles exploram o saudável universo das frutas (por THIAGO CASTRO, design- EDUARDO PIGNATA, fotos ANDREW RICH, ISTOCK

   Você sabe como nasce uma jabuticaba? E a melancia, cresce em árvore ou no chão? Se essas questões às vezes dão um nó na cabeça dos adultos, imagine na das crianças. Para ajudar a desvendar tais mistérios e, de quebra, instigar o interesse dos pequenos por esses alimentos, a nutricionista Sonia Tucunduva Philippi, professora titular da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, acaba de lançar Frutas: Onde Elas Nascem?. A história, escrita diretamente para a garotada, segue dois irmãos e sua avó em um divertido passeio pelo pomar. “Existe muito pouco na literatura infanto-juvenil sobre nutrição”. Observa Sonia. “Com a chegada da Isadora, minha neta, o projeto foi tomando forma. Resolvi começar pelas frutas, devido ao apelo lúdico, colorido e gostoso”, conta. 
   Colocar uma obra como essa na cabeceira da cama das crianças faz todo o sentido. Segundo dados do IBGE, um terço da molecada de 5 a 9 anos está acima do peso. E a criação de hábitos saudáveis se inicia logo cedo – com as frutas ocupando papel nobre à mesa. “Qualquer variedade pode ser apresentada para o bebê a partir dos 6 meses”, informa a nutricionista Mariana Del Bosco, de São Paulo. A especialista explica que o ideal é evitar os sucos, que acabam perdendo fibras e vitaminas. O legal mesmo é amassar, dar na colher ou então deixar o filho manipular os pedaços (sempre com a supervisão de um adulto). Assim, ele entra em contato direto com o alimento. “A infância é uma fase cheia de particularidades, na qual estamos formando experiências e o paladar. São fatores que vão modular nossos hábitos ao longo de toda a vida”, ressalta Mariana. 

   CAMPEÃS DE AUDIÊNCIA 

   Dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos revelam que a maçã é a fruta preferida por lá. Já no Brasil, um trabalho da Universidade Federal de São Paulo em parceira com outras instituições indica que a banana tem espaço cativo nos lanches intermediários de crianças entre 4 e 6 anos – não à toa ela aparece no pomar do livro. A popularidade tem a ver com o fácil acesso, à praticidade e o gostinho que agrada diversos paladares. 
   Mas nada disso justifica que o furto do bananeiro seja a única opção no cardápio. O recomendado é variar, até porque as inúmeras cores detectadas nesse reino sinalizam a oferta de diferentes nutrientes. “Assim, não há necessidade de usar suplementos vitamínicos”, frisa Virgínia Weffort, presidente do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ofertar mexerica, uva e companhia ainda evita que as crianças se entupam de tranqueiras. Nesse aspecto, não dá para esquecer das verduras e dos legumes, elementos que devem protagonizar a próxima obra da professora Sonia. Ora, uma dieta balanceada depende de vários itens. Mas conseguir que a crianças experimente (e novas) frutas já é um belo pontapé inicial. (FONTE: Revista SAÚDE É VITAL,página 33 e 33, editora Abril (SP), janeiro 2017).

AUMENTE SUAS CHANCES DE RECOLOCAÇÃO NO MERCADO


   O ano de 2016 foi difícil e muitos perdem o emprego. Em 2017, a busca por recolocação deve ser bastante competitiva. E ainda há muitas incertezas. Então, como aumentar suas chances?
   Há dois perfis profissionais. Primeiro, os mais jovens e inexperientes, que não conseguem comprovar por meio do currículo suas aptidões e potencial para realizar as funções almejadas. Nesses casos, é interessante concentrar-se no currículo, destacar as atividades realizadas na instituição de ensino. Com um bom currículo, é hora de distribuí-lo adequadamente. Pesquise na internet empresas da área de interesse e encontre o ícone “Trabalhe conosco” ou similar. Ali é possível verificar a existência de vagas em aberto e enviar currículos. Não esqueça das agências de empregos, elas também têm vagas disponíveis. 
   Já para o profissional maduro, o que vale são as experiências acumuladas. Então é preciso demonstrar o que foi capaz de fazer, sua bagagem profissional e as habilidades que possui. Principalmente, o que pode fazer daqui para frente. Demonstrar conhecimentos e que aceita novos projetos também é importante. Ou seja, a organização precisa perceber com clareza como o candidato poderá colaborar no alcance dos objetivos propostos. 
   Para os dois perfis, vale um raciocínio um tanto óbvio, mas que, muitas vezes, é deixado de lado: o profissional precisa produzir mais do que o valor que recebe. Ele precisa trazer lucro para a empresa. Demonstrar como fará isso é um fator decisivo na hora da contratação. 
   A procura pelo novo emprego deve ser levada muito a sério. Sugiro fazer uma relação das empresas que podem ser contatadas. Onde estão as vagas na sua área de atuação? Quem está contratando? Quais empresas demonstram um crescimento no mercado? Antes de procurar essas organizações, pense se existe alguém do seu network que possa ajudar nesse contato. Peça ajuda. 
   Utilize as redes sociais com inteligência. O primeiro passo é ter perfis coerentes em todas as suas redes sociais. Eles devem mostrar a mesma pessoa, com as mesmas opiniões e valores. Pense: “como quero ser percebido pelos outros?” Especialmente no Linkedin, aproveite para dizer que está em busca de novas oportunidades e em que área. Afinal, as pessoas precisam saber disso. Utilizar uma boa foto de perfil, de acordo com o “dress code” de sua profissão também é um fator positivo. Pesquisas demonstram que pefis com fotos são mais considerados. 
   Participe ainda, de grupos de interesse profissional, tanto no Facebook como no Linkedin. Existem os mais variados, com pessoas que sempre têm algo em comum e costumam trocar indicações para vagas. Também vale pesquisar as vagas abertas que são postas nas redes e enviar sua apresentação.
Aliás, aqui cabe uma orientação: cuide do que publica nas sua rede social. Ela provavelmente vai ser fonte de pesquisa para um futuro empregador. Outros conselhos que cabem especialmente para os jovens – nada de fazer apologia ao álcool ou às drogas, evite comentários preconceituosos ou fotos em situações que possam comprometer sua imagem profissional.
   O próximo passo, naturalmente, é a entrevista de emprego. É essencial preparar-se para ela, não apenas na aparência, mas também pesquisando sobre a empresa. Pense em boas respostas para as questões e elaborem perguntas que demonstrem interesse em saber mais sobre a organização e a função a ser desempenhada. Cuide para que sua imagem seja compatível com o emprego que deseja. Demonstre confiança. Seu novo emprego virá em breve. (BERNT ENTSCHEV, Conselheiro da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHKParaná) e é consultor em Recursos Humanos em Curitiba, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quinta-feira, 26 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).    

DENGUE CONTIMUA COMO UMA AMEAÇA À VIDA


   A avaliação dos índices de infestação do mosquito Aedes aegypti, o Liraa, é uma ação preventiva realizada pela pelos órgãos de Saúde a cada mês. Assim ocorre com o trabalho de conscientização das pessoas que são alertadas para o cuidado na prevenção ou na destruição dos criadouros – que também é muito intenso por parte desses órgãos e consome boa soma de dinheiro. A informação não é nenhuma novidade, mas o que preocupa é que, apesar dessa mobilização, a presença do mosquito transmissor da dengue é sempre crescente, variando apenas a localização, o bairro, a cidade, o período do ano.
   O levantamento trazido hoje por esta FOLHA coloca Londrina, e algumas cidades da região, mais uma vez em situação de alerta, muito próxima de uma epidemia da doença. Outro dado importante é que a maior parte dos criadouros identificados nesta pesquisa estava nos quintais das casas (73%). O que indica que não estamos fazendo o nosso dever, não estamos cuidando da nossa família. Não adianta jogar a culpa no vizinho, a prevenção, a eliminação do mosquito só ocorrerá se todos, independentemente de raça, cor, escolaridade, situação econômica, fizerem a sua parte. Também não é responsabilidade exclusiva dos governos que, neste caso, têm comprido o seu papel. 
   O mosquito não sai escolhendo a quem irá picar e, consequentemente, quem poderá contaminar com a doença. Onde está ele ataca. Onde permitem põe seus ovos e aumenta assustadoramente a sua presença em nosso meio. Outro agravante é que o Aedes tem se tornado ainda mais perigoso, pois não carrega somente os vetores da dengue. Traz com ele outras doenças mais sérias e mortais, como zica vírus, febre chikungunya, e agora a febre amarela, que já fez dezenas de vitimas em Minas Gerais. Vale lembrar que diante da proximidade e da mobilidade de pessoas entre os dois Estados, chegada no Paraná desse vírus poderá ocorrer brevemente. Toda casa e todo quintal sem o devido cuidado são potenciais criadouros do Aedes. (OPINIÃO, página 2, quinta-feira, 26 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

SAÚDE MENTAL


   A Organização Mundial de Saúde define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Por si só, essa definição põe por terra algumas arcaicas discussões sobre a pertinência – ou seria impertinência para uns tantos? – de se falar, tratar, cuidar, praticar, promover a saúde mental. É fato, pois, inquestionável, indispensável, inarredável que não existe saúde geral, se a saúde social, mental e física não estiver em equilíbrio. É nesse trinômio – físico, mental e social – a relevância da saúde mental parece evidente , pois quando não se é capaz de sentir plenamente e de pensar claramente, não se consegue decidir com propriedade acerca de si, dos outros e das circusntãncias que nos inscrevem e circunscrevem . O que, por consequência, nos impede de agir com responsabilidade plena em relação à saúde em geral, mais, em relação à vida. Nesse sentido, promover a saúde mental é responsabilidade de cada um e de todos nós. Essa é uma questão de saúde pública, é um valor coletivo e, como tal, impõe necessariamente o acolhimento indiscriminado, a informação correta, a promoção constante, a prevenção ampla, o tratamento adequado, a reabilitação segura. O caminho da reclusão, da alienação, da exclusão, da discriminação daqueles considerados doentes mentais é, seguramente, o caminho de uma sociedade injusta, desequilibrada, desonesta e incivilizada. Por fim, cabe, ao menos uma reflexão: na nossa sociedade em que a drogadição ilícita é largamente consentida e a lícita cada vez mais incentivada, há que se perguntar quem são, de fato, os doentes mentais? Esta reflexão e o desafio que ela impõe já começam a ser bravamente enfrentados pela campanha Janeiro Branco, que merece não só nossa acolhida, mas, sobretudo, nossa irrestrita adesão na medida em que trata das necessidades de saúde mental de todos nós. (ROVENA PARANHOS, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase) em Petrópolis (RJ), página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quarta-feira, 25 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

CASAMENTO E ILUSÕES


   Com a notícia da separação de William Bonner e Fátima Bernardes e de Brade Pitt e Angelina Jolie a internet veio abaixo com incontáveis comentários. Chegou a ser o assunto mais comentado nas redes sociais. Afinal, por que essas separações mobilizam tanta gente se há inúmeros outros casais, ao nosso lado, que estão se separando sem gerar tanto curiosidade e agitação? O que será que o fim desses relacionamentos causa? Penso que nesses casais celebridades acabamos depositando muitas ilusões e fantasias e, e quando um fim desses casamentos terminam, é justamente nossas ilusões que sofrem um golpe. Abrir mão de uma fantasia é sempre doloroso. O problema está quando não encaramos o casamento sob uma ótica real, mas obrigamos que ele seja algo perfeito e digno de qualquer conto de fada. Se alguém não vive esse casamento idealizado (ninguém vive), tende a fantasiar sobre o casamento dessas celebridades que parecem ser perfeitos. Quando estes terminam nossas ilusões ficam feridas e tememos nunca vivenciarmos a perfeição que insistimos em acreditar. É mais do que natural casamentos terminarem. Frequentemente o que uniu um casal perde sentido ao longo da vida porque as pessoas mudam e as expectativas de cada um se transformam. Ninguém precisa e deveria permanecer casado se não há sentido nessa relação. Não há como forçar a barra, sendo o custo uma vida infeliz. E viver infeliz não é um preço válido a pagar. Muitos são os que se mantém casados mesmo quando um já está odiando o outro. Esperam que vai melhorar no futuro e com isso vão se destruindo e geralmente levam os filhos junto nesse abismo. Os filhos necessitam de pais que estejam bem e não necessariamente que estejam casados. Exigimos que os casamentos sejam perfeitos e que as pessoas mudem. Todavia, aceitar que a separação pode em determinados casos ser um bom negócio é importante. Entretanto, é difícil se separar porque toda separação implica em realizar um trabalho de luto. Isso demanda maturidade para que a elaboração do fim de um relacionamento seja digna e não caia em mais feridas e falta de respeito. Quando aceitamos abrir mão das ilusões podemos tolerar que a perfeição não existe e aí sim viver de verdade um casamento possível. (OPINIÃO, ( SYLVIO DO AMARAL SCHREINER , psicoterapeuta em Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO,  quarta-feira, 25 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA)

MORO E A VAGA NO STF


   Levantamento do Ministério Público Federal no Paraná mostra que o Superior Tribunal Federal (STF) confirmou 81% das decisões proferidas pelo juiz titular da 13ª Vara Federal em Curitiba, Sérgio Moro, que foram questionadas pelos réus da Lava Jato. A estatística confirma o grau de seriedade e apego à lei com que o magistrado paranaense vem conduzindo os processos contra políticos, agentes públicos e empresários acusados de participar do mega-esquema de corrupção de desvio de recursos por meio de contratos fraudulentos celebrados, principalmente, com a Petrobras. O dado corrobora a campanha da bancada do Paraná na Câmara dos Deputados para que Moro seja indicado para substituir o ministro Teori Zavascki, morto após a queda de um avião em Paraty (RJ) no último dia 19, na vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). Quem coordena o movimento é o deputado Toninho Wandscheer (Pros) que buscará o apoio dos outro 29 parlamentares do Estado na próxima semana, em Brasília, quando a Câmara retoma os trabalhos. O deputado não vê prejuízo com a saída de Moro dos processos da Lava Jato, já que o magistrado estará impedido legalmente de julgar a mesma causa no Supremo como estabelece o Código de Processo Penal em seu artigo 252. Também nas redes sociais milhares de internautas defendem o nome do juiz nascido em Maringá para a vaga no STF. Em que pese o movimento, questiona-se se esse seria o momento propício para Sérgio Moro sair da linha de frente das investigações do maior esquema de corrupção jamais visto no Brasil. Especialmente, porque até aqui suas decisões estão amparadas pelas demais instâncias da Justiça. Preocupada com a escolha do sucessor de Teori, a Associação dos Juízes Federais do Brasil decidiu consultar seus associados e formar uma lista tríplice de magistrados federais para o cargo do STF. Os três mais votados seriam indicados ao presidente Michel Temer, que já afirmou que só definirá o substituto de Teori após a redistribuição da relatoria da Lava Jato no STF pela presidente do órgão, ministra Cármen Lúcia. Enquanto isso, a presidente do STF conversa com os ministros da Corte para definir a quem entregar a relatoria que estava sob a chefia de Teori. Se decidir distribuir entre os integrantes da 2ª Turma, da qual fazia parte Teori, ela terá como opção os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Melo. (OPINIÃO, página 2, quarta-feira, 25 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

AGROINEGÓCIOS - ENERGIA LIMPA


   Paraná recebe primeiro trator do mundo movido a biometano

   Santa Helena – No Paraná que lidera a produção avícola e está na segunda colocação de suínos, um olhar mais minucioso aponta para um potencial de 8,7 bilhões de metros cúbicos de biogás por ano, boa parte oriunda dos dejetos desses animais. Só o esterco de aves, porcos e bois tem capacidade de responder por 20% do volume de gás no Estado, uma alternativa importante que transforma passivos ambientais em ativos energéticos. 
   Apesar do cenário promissor do biogás – que gera energia térmica, elétrica e veicular (biometano) -, a utilização paranaense ainda não chega a 5%, sendo localizada principalmente na região Oeste, entre algumas propriedades e cooperativas com biodigestores. Atentas a esse futuro, empresas ligadas à tecnologias de maquinário agrícolas começam a trabalhar com equipamentos focados nesta energia limpa. 
   Saindo na frente dos concorrentes, a New Holland é a primeira empresa mundial a apresentar protótipos de tratores movidos a biometano. O projeto iniciado em 2013 na Inglaterra dá um passo importante e o Paraná faz parte desta história. Pela primeira vez, uma propriedade na América do Sul, mais precisamente em Santa Helena – próxima a Foz do Iguaçu – recebe um trator movido por este combustível. São apenas quatro unidades no mundo realizando testes há cerca de dois anos, e hoje estão localizados no Paraná, Canadá, Austrália e rodando pela Europa, Aliás, uma segunda geração desses protótipos já está no velho continente com um motor bem mais potente e existe uma expectativa de que chegue ao mercado entre 2019 e 2020. 
  
 INVESTIMENTO
   
O modelo T6, de 140 cavalos de potência, chegou à propriedade da família Haacke em dezembro e, após a Show Rural Coopavel, feira que ocorre de 6 a 10 de fevereiro em Cascavel, deve seguir para Castro. De acordo com o gerente de marketing da empresa. Nilson Righi, até agora já foram investidos US$ 15 milhões no desenvolvimento do trator. ”Anteriormente, já tínhamos realizado todo um trabalho por um tratar movido a hidrogênio, mas como as baterias de lítio não baratearam ao longo dos anos, o projeto acabou engavetado. Agora, nossa expectativa finalmente é chegar a um produto comercial”.
   Esperança de implementação para garantir o desenvolvimento da tecnologia no País. Os tratores New Holland já são produzidos em Curitiba, sendo que a planta fabril tem capacidade de produzir de 170 tratores e 40 colheitadeiras por dia, mas hoje, claro, não está neste patamar devido ao cenário econômico. “Para nacionalizarmos a tecnologia e ter volume, estamos muito confiantes que a matriz energética (do biogás)se desenvolva nos próximos anos”. 
   Nos testes realizados na Itália, a economia de combustível chegou a 40% comparado ao trator a diesel. O protótipo alocado em terras paranaenses tem capacidade de armazenar 300 litros de metano comprimido distribuídos por nove cilindros e autonomia de 5 horas de trabalho, considerada pequena para uma lida intensa no campo “O nosso desafio ainda é a capacidade de autonomia versus o tamanho do implemento, quando se acopla uma plantadeira pesada como é geralmente o trabalho no Brasil. Aqui na propriedades dos Haacke, o trabalho com trator foi leve”, finaliza Righi. (O jornalista viajou a convite da New Holland). 

   ECONOMIA DE R$ 90 MIL EM QUATRO ANOS 

   A Itaipu Binacional possui 249 veículos, sendo que 59 são abastecidos por biometano e até o final desse semestre mais 14 unidades devem ser incorporados nesta frota. Além disso, mais 55 carros são movidos por energia elétrica. Boa parte deles é abastecida através do gás gerado na propriedade da família Haacke, em Santa Helena, desde o ano passado. O biometano é produzido na área e levado até Itaipu em cilindros. Não por acaso, foi lá que a New Holland resolveu levar pela primeira vez sua tecnologia do trator movido pelo combustível limpo. 
   A granja Haacke trabalha com 220 mil aves de postura, sendo que os dejetos de 80 mil desses animais abastecem o biodigestor para a produção de energia elétrica e biometano. Além disso, são mais 550 cabeças de gado abatidas por ano e 10 alqueires de lavoura para alimentar os bovinos.
   O trabalho com biodigestor começou em 2011, quando foi implementado um aviário automático e a família sentiu dificuldade para o tratamento dos dejetos de acordo com as normas ambientais. André Haacke explica que o biodigestor acabou sendo a solução para o problema. “Além disso, a energia que a Copel nos oferece aqui não é das melhores. Agora também fornecemos energia para eles através do Sistema de Compensação de Energia Elétrica, em que colocamos o excedente de energia produzida na rede e trocamos por crédito”. 
   O investimento em toda a estrutura para a viabilidade desse trabalho foi de R$ 700 mil e a economia de energia nos últimos quatro gira em torno de R$ 90 mil. O custo de produção de 1 kWh é de R$0,11 a R$0,15, enquanto hoje a Copel comercializa a R$ 0,34. “A produção de biogás em nossa propriedade fica em torno de 1.500 metros cúbicos por dia. O nosso desafio inicial era a dificuldade de aumentar a produção devido aos dejetos, mas agora estamos entendendo melhor este outro lado do trabalho”. Além do tratar para testes básicos na propriedade, a família abastece seu veículo particular com biometano produzido na propriedade. (V.L). 

   MATRIZ ENERGÉTICA PODE TRANSFORMAR  ECONOMIA  DA REGIÃO
Apesar do cenário promissor do biogás, a utilização paranaense ainda não chega a 5%

   O Centro Internacional de Energias Renováveis- Biogás (CIBiogás) é uma instituição científica, tecnológica e de inovação constituída como associação sem fins lucrativos criada a partir de um projeto da Itaipu Binacional. Aliás, o Centro fica instalado dentro do Parque Tecnológico da hidrelétrica, em Foz do Iguaçu.
   O diretor presidente do CIBiogás, Rodrigo Régis de Almeida Galvão, explica que para bater as metas estipuladas na 21ª Conferência das Partes (COP-21), realizada na França em 2015, é necessário um incremento do biogás. “Com o aumento de produção no agronegócio, é preciso tratar dos dejetos. A capacidade produtiva de biogás no Paraná seria capaz de abastecer 4,8 mil casas durante um ano. É um matriz energética que pode transformar a economia energética de toda a região”, explica Galvão, referindo-se, primeiramente ao Oeste do Estado. 
   O representante do Centro aproveita para falar dos desafios para o desenvolvimento do setor. O primeiro deles, segundo Rodrigo, está nos entraves tributários, ainda muito parecidos com o gás fóssil. Segundo ele, o Paraná tem um projeto para tirar o ICMS da geração distribuída, o que pode fomentar os trabalhos no futuro. “Ainda há uma falta de estrutura da Copel para que tudo seja implementada com mais velocidade. É preciso criar incentivos, vencer desafios tecnológicos e colocar de pé modelos de negócios viáveis para produtores”, complementa. (V.L). (FONTE: VICTOR LOPES – REPORTAGEM LOCAL, página 4, caderno FOLHA ECONOMIA & NEGÓCIOS, Agronegócios, Energia Limpa, terça-feira.24 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

QUINUA, CUSCUZ E ARROZ INTEGRAL

   O trio acima trava uma disputa acirrada: ser estrela de uma refeição principal, junto com uma salada e uma carne. E, segundo a nutricionista Letícia Mendes, da Estima Nutrição, na capital paulista, todos fariam bonito no prato – apesar do que sugere o placar à direita. “Os três são boas fontes de carboidratos”, afirma. E esse é um nutriente bem-vindo nas refeições principais, como o almoço e o jantar. Mas é claro que o arroz, o cuscuz e a quinua têm suas peculiaridades. “A quinua, por exemplo, é considerada uma das melhores fontes de proteína do reino vegetal”, conta Letícia. O arroz integral pode até não batê-la no quesito fibras, mas representa uma ótima alternativa para tirar proveito dessa substância – que, como você sabe, regula o intestino e dá saciedade. Fora que ele é a dupla perfeita do nosso feijão. De acordo com Letícia, o cuscuz é outro que atua contra a prisão de ventre – e fica especialmente gostoso com peixes e saladas. A dica, mais uma vez, é variar.
FONTE:
Revista Saúde Total - Janeiro 2017, página 8, COMPARE - Por THAIS MANARINI,  editora Abril (SP).

UM DEBATE APROPRIADO


   Ainda se discute se medida provisória é o caminho racional para reformar o ensino médio. De fato, é discutível a eficácia do sistema empregado, embora se saiba que a discussão estava na inércia e, de vez em quando sacudida, com o impacto da resposta do Enem e que sempre confirmavam o diagnóstico indispensável de mudanças radicais. Agora, isso ficou comprovado com os dados do Censo Escolar de 2015, tabulados pelo Todos Pela Educação, confirmando que há falta de formação específica e que 46,3% lecionam disciplinas nas quais não têm a formação específica. 
   Por aí se vê que andou mal a proposta do governo, na mexida dos currículos, em vetar o ensino das Artes e de Educação Física, e isso em cima da realização no Brasil dos Jogos Olímpicos. O diagnóstico desse último censo revela as maiores lacunas na formação do nosso magistério ao mostrar que apenas 12% em Sociologia, 23% em Filosofia, 26% em Artes, 27% em Física e 44% em Química são formados na área em que atuam. Diante dessa realidade, resta ao Ministério da Educação sugerir com um remendo essa deficiência estrutural a adoção de cursos de complementação pedagógica. 
   O pior é que no caso paranaense dá para perceber que nosso magistério, por via sindical, jamais incluiu nas suas reflexões e assembleias questões ligadas a carência de raiz tão profundas, mas simplesmente a batalha salarial. Hoje o Paraná é uma das unidades que mais paga seus professores, mas isso não é simétrico com as posições que ocupamos em termos de eficiência no ranking nacional. De José Richa, que inaugurou o primeiro governo de oposição, que tinha um corpo de doutrina nas suas diretrizes, inclusive com forte destaque nessa área educacional, a Beto Richa o que se constata é uma degradação desse valores pela forma como o governo permitiu tal tipo de distorção, inimaginável naquele tempo quando operava no interior do governo um sistema de patrulhas pela boa causa assumida. 
   Dada a relevância da educação, o exercício aí da cobrança era uma consequência normal do engajamento nas diretrizes que foram discutidas ao longo de inúmeras assembleias em que havia comedimento entre o fator técnico e político para não distorcer as decisões. Não dá para imaginar, depois dos fatos estratificados, uma reversão e é visível que ela só pode vir do governo que isolou os professores numa visão pragmática e reivindicatória sem injetar nesse contexto a boa doutrina do mérito e da busca de aperfeiçoamento. (OPINIÃO, página 2, terça-feira, 24 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A VIDA DENTTRO DE UMA CASA-CONTÊINER

 
Patrícia Melo, 33, em sua casa-contêiner. em Mogi das Cruzes (SP)
   Caixotes usados par transporte de carga são reformados e viram alternativa de moradia flexível e ecologicamente correta
   Morar em um contêiner pode parecer sinônimo de viver confinado em um lugar quente e barulhento. Mas, com poucas intervenções, esses caixotes de metal se transformam em uma alternativa de moradia confortável, flexível e mais baratas do que as casas de alvenaria tradicionais. 
   Existem dois tipos de contêineres mais comuns para habitação: de seis e de 12 metros de comprimento. O primeiro tem cerca de 15 metros quadrados, o segundo, 30m2. Todos são feitos de aço. 
   “Morar em um contêiner é uma atitude importante em termos de sustentabilidade. Combina com a tendência de as pessoas viverem em espaços cada vez menores e mais simples”, afirma Eduardo Nardelli, professor de arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 
   Mas, para cumprir a meta “verde”, a peça não pode ser nova, segundo Sasquia Obata, professora de arquitetura da Faap. “O aço é um recurso não renovável e consome muita energia para ser produzido. Se deixar de ser um objeto de reuso, vai gerar muito impacto na natureza”.
   O preço é outro atrativo: um contêiner custa entre R$ 3.000 e R$ 12 mil, dependendo do modelo – os refrigerados, usados para transportar alimentos, têm isolamento térmico e são mais caros. 
   O custo mais baixo foi um dos motivos que levaram a designer Patrícia Melo, 33, e seu marido, Vinícius Iagui , 33, moradores de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), a optar por esse tipo de moradia, em 2010. 
   “Comprar um apartamento era inviável para a gente. Descobrimos essa opção em uma revista de decoração e vimos que era a chance de criar um imóvel do jeito que queríamos”, conta Melo. 
   O casal comprou dois contêiners, um de seis e outro de 12 metros de comprimento. Pagaram em cada um, respectivamente, R$ 4.500 e R$ 6.500. No total, contando com a reforma do espaço, gastaram cerca de R$ 45 mil. 
   Para a designer, a decisão valeu a pena: “É pequeno e fácil de manter organizado. Tivemos que aprender a viver só com o necessário”.
   A flexibilidade da construção, com módulos que podem ser justapostos e empilhados, também é um dos pontos positivos. Segundo Nardelli, podem ser empilhadas no máximo quatro peças – mais que isso, é preciso fazer um reforço estrutural de concreto.

   INTERVENÇÕES
   Não basta comprar um contêiner e simplesmente colocá-lo em um terreno. “O caixote pesa cerca de duas toneladas, tem que ter uma base estável para não afundar. É preciso fazer uma fundação rasa com laje de concreto”, diz o arquiteto Daniel Kalil. 
   Depois da instalação, é hora de fazer as intervenções. A principal é colocar revestimentos termo-acústicos. O arquiteto recomenda que sejam usados materiais isolantes como lã de rocha. 
   É preciso, contudo, prestar atenção quanto a escolha dos pisos, explica Danilo Corbas, do escritório de arquitetura Container Box. “Eles devem ser maleáveis para suportar a movimentação natural da estrutura metálica, que se expande e contrai. “. 
   O arquiteto recomenda evitar pisos e revestimentos cimentícios, que podem rachar. Porcelanato e cerâmica, diz, estão liberadas. 
Ele mesmo vive em uma casa feita com quatro contêiners de 30m2 cada um, em Carapicuíba (Grande São Paulo). Cada módulo custou R$6.000. Contudo, com a reforma, o gasto foi de R$ 125 mil. 
   “Morava em um apartamento e não sinto muita diferença entre os dois. Minha qualidade de vida aumentou muito”, afirma. 
   A instalação de portas e janelas, com a ajuda de molduras, e a justaposição de módulos exigem que pedaços do contêiner sejam cortados. É fundamental reforçar a estrutura depois disso para que ela não ceda, diz Corbas. 
Instalações elétricas e hidráulicas ficam aparentes, geralmente nas laterais, o que facilita a manutenção e vistoria do sistema, de acordo com Obata. 
   Existem lojas especializadas na venda de contêiner. Na hora da compra, é fundamental saber a procedência da peça, se foi higienizada corretamente e conferir seu estado de conservação. 
   “Os quatro cantos e as vigas não podem estar amassados. Se estiverem, é um sinal de que a peça sofreu danos”, explica Lula Gouveis, arquiteto do SuperLimão , especialista em casa-contêiner. 

CAIXA FORTE
Saiba mais sobre as casas contêiners
O arquiteto Danilo Corbas, 48, construiu uma casa com quatro contêineres de 30m2 na cidade de Carapicuíba (SP). (FONTE: página D3, Sobre Rodas, caderno sobre TUDO, domingo, 15 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE SÃO PAULO. 


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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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