terça-feira, 25 de abril de 2017

UM POLVO COM MUITO AMOR


   Projeto em Londrina ajuda bebês prematuros a se sentirem protegidos na companhia de bonecos de crochê 
   Frágeis e delicados, bebês prematuras necessitam de cuidados intensivos para que o desenvolvimento que não se completou na barriga da mãe possa prosseguir sem sequelas à formação física e neurológica da criança. Para isso, o período da incubadora é fundamental, pois garante as condições ideais de temperatura e oxigenação. Surgido há quatro anos na Dinamarca, O Projeto Octo ajuda os recém-nascidos internados nas UTIs neonatais a se sentirem protegidos e seguros na companhia de polvos feitos em crochê. Em 2017, a iniciativa começou a espalhar seus tentáculos por várias cidades do Brasil e, em Londrina, o projeto “Um Polvo de Amor” beneficia bebês internados na UTI neonatal do Hospital Evangélico desde o início de abril. 
   A responsável pela disseminação da ideia em Londrina é Fernanda Rodrigues, que descobriu o projeto dinamarquês quando pesquisava na internet sobre a técnica japonesa amigurumi, utilizada na confecção de pequenos bonecos em tricô ou crochê. “Vi o vídeo de uma matéria feita no Hospital Universitário de Ponta Grossa (Campos Gerais), me encantei pelo projeto e comecei a fazer o polvo. Minha intenção era começar pelos hospitais públicos, mas acabei conseguindo no Hospital Evangélico. A enfermeira-chefe já tinha visto o projeto e no dia 3 de abril entreguei os sete primeiros polvinhos que fiz para os bebês na incubadora”, contou Fernanda. 
   Ainda não há comprovação científica dos benefícios que o boneco proporciona aos recém-nascidos, mas médicos e enfermeiros já observaram que os polvinhos ajudam no processo cognitivo, acalmam, ajudam a normalizar a respiração e os batimentos cardíacos, além de evitar os bebês arranquem fios de monitores e tubos de alimentação. A explicação é que os tentáculos de crochê se assemelham ao formato e textura do cordão umbilical, devolvendo aos bebês a sensação que tinham no útero materno.
   Segundo o diretor técnico do Hospital Evangélico, Ivan Pozzi, o intuito é oferecer qualidade no atendimento aos pequenos pacientes. “A ideia do polvo é de acolhimento. Com aquele contato com a criança, ele transmite uma sensação de segurança e de limitação de espaço, até de maneira diferente dos ‘ninhos’ que fazemos e que tentam representar os limites do útero”, destacou. 
   Crianças prematuras, abaixo de 37 semanas, e que estejam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), são as contempladas pelo projeto, independente do grau de prematuridade. Os polvos são escolhidos para cada uma a partir do tamanho do próprio bebê, buscando ser o mais compatível possível. Já os tentáculos não podem ultrapassar 22 centímetros esticados. 
   Os bonecos nascem de um simples novelo de linha e são confeccionados pelas mãos habilidosas de voluntários, sendo distribuídos entre os bebês nas incubadoras posteriormente. Antes, porém, eles passam por um processo rigoroso de esterilização. Após irem para as incubadoras, eles são lavados, no mínimo uma vez por semana. “Esse polvo é individualizado para cada criança, em um processo que oferece uma grande esterilização, e vai ser deste bebê até ele sair do hospital, quando poderá levar para casa”, explicou Pozzi. 

   SEM SUBSTITUIÇÃO 
   Com uma média de 50 bebês por mês passando pelas unidades neonatais, já existe uma demanda por mais polvos. “Começamos por esta faixa porque os polvos são feitos de forma voluntária e nossa demanda é grande. Pensamos nos prematuros também para ver como seria a receptividade da equipe e dos bebês, mas queremos estender para as crianças maiores”, contou a enfermeira chefe da UTI e UCT neonatal e pediatria, Ariane Thaise Alves Monteiro. 
   Uma das responsáveis por levar o projeto ao Evangélico, Ariane comemora os resultados. “Houve uma mudança instantânea no comportamento dos bebês. Eles já se envolvem e isso estabiliza a frequência respiratória e cardíaca. Com os que estão na UTI já foi observado que saem mais rápido do respirador e do tubo e conseguem alta com maior agilidade”, pontuou. “Mas isso não substitui a presença dos pais e o aleitamento materno. Isto é para somar no cuidados”, alertou a enfermeira. 
   Além do “Um Polvo de Amor”, outros projetos são devolvidos ao hospital com a finalidade de incentivar uma recuperação mais humanizadas dos prematuros. Entre eles estão a redeteraía e a hidroterapia. 

   SEGURANÇA E APOIO ÀS FAMÍLIAS
   Ter um filho prematuro é um susto para a mãe e para toda a família. Porém, bastam alguns pequenos contatos para ver que o bebê, frágil à primeira vista, também demonstra a força de quem luta pela vida e o quanto isto serve de combustível para os familiares. “Estar no hospital está sendo uma terapia para mim. É onde estou aprendendo tudo”, resumiu Débora Rogério de Souza Alves, mãe de Heloísa Vitória de Souza Zeponi, que nasceu no Hospital Evangélico no dia 21 de março, aos de sete meses e meio, com 41 centímetros e 1,5 quilo. 
   Débora teve uma gravidez de risco e só descobriu que o parto seria realizado antes do previsto quando tomava medicamentos de rotina no hospital. O nome da filha, que estava definido antes do nascimento, já era um presságio das vitórias que ela iria conquistar ainda recém-nascida. 
   Passando quase 12 horas ao lado da filha, ela ressaltou o quanto está sendo importante a presença do polvo junto de Heloísa. “Na hora que ela recebeu o polvo eu percebi a calma dela. Esses dias ela ficou sem, porque foi retirado para lavar, e ficou super agitada. É muito bom saber que existem projetos para ajudar, porque após o nascimento é tudo novo e queremos o melhor para os nossos filhos”.
  De licença-maternidade do trabalho, Débora precisa dividir o tempo entre a visita no hospital, afazeres da casa e compromissos particulares. Porém, segundo ela, sempre que deixa o hospital sai tranquila. “Saio do hospital sabendo que está tudo certo, que tem o polvinho para acalmá-la. A competência das enfermeiras, que fazem tudo com amor, também me deixa mais tranquila”, relatou. 
   Há cerca de três semanas na Unidade de Cuidados Intensivos (ICI), Heloísa poderá ir para o quarto daqui a alguns dias, deixando a mãe ainda mais ansiosa. “A ansiedade está muito grande e que não vejo a hora de poder vê-la em casa junto comigo.(PM). 

   VOLUNTÁRIAS PODEM AJUDAR NA CONFECÇÃO 
Parte dos bonecos é produzida em um ateliê em Londrin

   Para ajudar na divulgação do Projeto e conseguir atrair mais voluntários, Fernanda Rodrigues (responsável pela disseminação da ideia em Londrina), criou a página Um Polvo de Amor – Londrina no Facebook. Na página, além de informações sobre o projeto, há orientações para quem quer participar, como a receita do boneco de crochê, pontos de entrega de doações de novelos e bonecos, especificação do material que deve ser usado na confecção dos polvos e orientação de higiene, já que os bonecos serão utilizados dentro de um ambiente estéril.
   “É uma sensação única, uma gratidão muito grande que não tem dinheiro no mundo que pague. Me encontrei nesse projeto para ajudar alguém tão indefeso”, disse Fernanda; 
   Parte dos bonecos é produzido no ateliê e loja de materiais para artesanato Arte e Cor. “A gente tem bastante gente aqui que gosta de ajudar e é solidário. Fico feliz de ajudar e é muito gratificante o resultado desse projeto”, comentou Iria Nonaka, proprietária da loja, que também funciona como ponto de entrega e doações.
   “A gente pede para vir ajudar quem já tem noção de crochê, mas se não tiver noção, mas tiver muita vontade, a gente ensina, disse Sueli Beggiato, que é pedagoga, artista plástica e artesã e também é responsável por orientar os voluntários na execução dos polvos. 
   Crocheteira desde criança a artesã Maria do Carmo Rosa é uma das voluntárias no projeto e diz que se sente realizada. “Além de gostar de fazer crochê, a gente faz uma boa ação. Deve ser muito emocionante ver os bebês com os polvos que a gente faz”, afirmou. “É um projeto abençoado. A pessoa que criou isso foi iluminada, é uma coisa de Deus”, comentou Iran Menegasse, que estava concentrada na confecção de seu primeiro polvo. “É o primeiro de muitos”, garante. (S.S.).
   HU É PIONEIRO EM AÇÕES HUMANIZADAS
Projetos trazem benefícios e fazem com que os bebês tenham um maior desenvolvimento
   Pioneiro em ações humanizadas voltadas aos prematuros em Londrina, o Hospital Universitário (HU) desenvolve atualmente oito projetos – método canguru, hidroterapia, ofurô, musicoterapia, redeterapia, cuidado centrado na família, terapia ocupacional e o horário do soninho. Todos possuem o objetivo de estimular a recuperação dos bebês e a boa estadia deles enquanto estão no ambiente hospitalar, acalmando-os. 
   “Todos esses projetos trabalham benefícios e fazem com que os bebês tenham um maior desenvolvimento e crescimento. Quando usamos estas estratégias neuropsíquicas percebemos, com notoriedade, que a criança fica muito mais equilibradas nas reações corporais e também nas psíquicas”, ressaltou a enfermeira-chefe e coordenadora da UTI e UCI neonatal do HU, Valéria Costa Evangélica da Silva. 
   Todos os prematuros, cerca de 20 atualmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e no Centro de Terapia Intensiva (CTI), participam dos projetos desenvolvidos no hospital em alguma etapa desde o nascimento. As ações também são usadas para ajudar na aproximação dos pais com os bebês, sendo uma forma de terapia para os familiares, que se integram na evolução dos filhos. “O método canguru, por exemplo, que faz com que a mãe, o pai e até mesmo o irmão tenham um grande contato pele a pele com o bebê, tem feito com que casos de infecções diminuíssem”, contou. “Já a musicoterapia acalma até os funcionários”, completou. 
   Há 25 anos trabalhando no setor neonatal do hospital, Valéria relembra o progresso no tratamento de crianças prematuras, muito graças aos projetos. “Hoje a criança sai com uma maior qualidade de vida do que antigamente. Com a junção da tecnologia com as ações humanizadas que desenvolvemos, a evolução das crianças é maior, por mais prematuras que elas nasçam.”
   Em fase de estudos, o Polvinho também está na pauta da HU para ser implementado, precisando passar antes pelos testes de higienização e aprovação da diretoria. Enquanto isso, as mãe, que participam da terapia ocupacional uma vez por semana já estão produzindo os bonecos, como uma forma de aproximar família e bebê. (P.M.) (SIMONI SARIS e PEDRO MARCONI, caderno FOLHA CIDADES, terça-feira, 25 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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