segunda-feira, 30 de setembro de 2019

UM DIAMANTE BRUTO


   Texto publicado pela jornal FOLHA DE LONDRINA do dia 30 de setembro de 2019, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, Folha Empregos e Concursos 
   Eu conheço um gerente que sabe tudo sobre a área técnica que ele gerencia. Mas não tem habilidade nenhuma com pessoas – nem com seus subordinados e nem com os colegas. Por enquanto, ele se sai bem com seus superiores porque é um bajulador.
   Em geral, ele leva tudo para o lado pessoal e, de sobra, joga suas culpas e mazelas sobre as costas dos outros, o tempo todo. 
   Vi seu currículo. Então entendi porque passou por tantas empresas em pouco tempo. Observei que ele é sempre contratado por suas competências técnicas, mas demitido pelas péssimas competências pessoais ou de relacionamento. 
   Seus atributos de liderança estão “abaixo de zero”.
   Na sua opinião, isto é ser gerente? Na minha, absolutamente não. Porém, não se trata de caso perdido. 
   Há possibilidades ótimas de reversão deste quadro. Tudo depende de uma boa e adequada dose de capacitação gerencial. 
   Há conhecimentos importantes e definitivos especialmente sobre gestão de pessoas que advêm da Psicologia Organizacional e podem auxiliar gestores empedernidos a converter sua inépcia em habilidades úteis e práticas para seu próprio desempenho e para sua empesa. 
   Eu estou ministrando aulas on-line gratuitas, todas as terças-feiras, sobre temas importantes da gestão, com enfoque bastante amplo sobre pessoas na empresa. 
   Se você estiver interessado em participar, basta fazer o download do aplicativo Telegram no seu celular ou computador, acesse http:// www.shapiro.com.br/base e depois de participar do nosso grupo aguardar o link para assistir às aulas. 
   Pela minha experiência de vinte e cinco anos na orientação de líderes de todas as idades, você é um diamante bruto, você tem valor. Contudo, o seu valor atual pode ser multiplicado quanto mais e melhor lapidado você for. O que é esta lapidação? É o investimento em mais uma capacitação. É o conhecimento que você poderá adquirir e seu emprego na prática do dia a dia. Só assim se consegue valor profissional de fato. (FONTE: Texto de ABRAHAM SHAPIRO, Folha Empregos & Concursos, segunda-feira, 30 de setembro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, coluna ABRAHAM SHAPIRO).

O TRÂNSITO E O INFERNO



   Texto publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA do dia 30 de setembro de 2019, coluna MUNDO VIVO, página 8, Folha Saúde 
   Moro em Londrina e venho notando que ultimamente o trânsito está cada vez mais caótico por aqui. Na região central, onde moro e trabalho, o número de acidentes aumentou muito. Não estou me baseando em nenhuma pesquisa, mas apenas nos acidentes que tenho visto. Além dos desastre, observo também o quanto os motoristas estão correndo em demasia pelas ruas, os pedestres estão cada vez mais tendo menos espaço; motos e bicicletas invadem as calçadas colocando idosos, crianças e todo o mundo em perigo. Isso me faz refletir sobre como estamos vivendo, pois o trânsito é reflexo do nosso mundo interno. 
   Sartre, filósofo existencialista francês, uma vez disse a famosa frase “O inferno são os outros”, e ela resume bem o que vem acontecendo mundo afora na sociedade e no trânsito, em especial. Quando estamos no trânsito nos deparamos com a existência do outro, independente de nós, o “não-eu”, e jogamos no outro tudo aquilo que nos irrita e aborrece. Aquele que é o não-eu (o outro) passa a ser considerado inimigo. Depositamos nossas angústias e frustrações nele. Assim, parece que o outro só existe para nos atrapalhar. Ficamos ofendidos em perceber que não existe só “o eu” no mundo, mas toda uma infinidade de outras pessoas que também têm necessidades e urgências que não as nossas. Quando nos deparamos com o outro precisamos da tolerância, que é artigo raro. 
   As pessoas se portam no trânsito como se só existissem elas, como se tudo elas pudessem fazer. Não há a menor tolerância para com a existência do outro. Quando o outro surge na frente desperta a violência. As justificativas é que estão com pressa ou que não podem perder tempo, mas, na verdade, isto mostra o quanto está difícil um tolerar o outro. Não é à toa que na internet há tantos comentários ofensivos sobre quem pensa diferente ou vê as coisas sobre um ponto de vista considerado errado. Tudo que é o não-eu é suportado. Mas atacado com violência extrema, porque sempre nos lembra que existe o outro, o diferente. 
   Todos acidentes e atropelamentos no trânsito refletem o quanto estamos nos trombando no contato com o outro no dia a dia. Nos trabalhos, nas famílias, nas escolas e faculdades, nos hospitais, está cada vez mais atípico encontrar diálogos e espaços para se compreender o que não se entende. Estão um atropelando o outro, criando toda uma gama de insatisfação em ter que lidar com a existência do outro. No espectro das ideologias política nem se fala. O que prevalece são as trombadas feias, com acidentados para tudo quanto é lado. 
   Viver com o outro, com o não-eu, é difícil mesmo e exige que cresçamos, que possamos aceitar que o outro existe e abandonarmos a tendência de jogar no externo tudo aquilo que nos irrita. Em outras palavras, precisamos aprender a nos responsabilizar pela própria vida, por tudo aquilo que nos incomoda sem botar a culpa no outro lá fora. Se isso pode ser aprendido, o trânsito pode ser apenas o trânsito e não mais palco para a encenação do quanto fazemos do outro e da vida um inferno. (FONTE: Texto escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINER, psicanalista em Londrina- mundovivo@folhadelondrina.com.br página 8, coluna MUNDO VIVO, segunda-feira, 30 de setembro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

A VIDA COMO UMA OBRA DE ARTE



Transcrição de um texto publicado pelo jornal FOLHA DE LONDRINA, escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINNER, página 6, coluna Mundo Vivo 

Há paeeoas que transformam a sol numa simples mancha amarela. Mas há, também, aquelas fazem de um simples mancha amarela, o próprio Sol. (Pablo Picasso) 
   Picasso, com a frase acima, falava da arte, mas esta mesma citação também pode existir se houver criação. O verdadeiro artista está sempre inventando e reinventado e jamais se acomoda, pois squalquer comodismo mata a arte. Faz parte do trabalho artístico inovar e quebrar velhos conceitos e paradigmas para ajudar a nascer algo novo. A verdadeira arte não precisa razão para existir, ela simplesmente é e abre uma nova janela onde o humano pode se ver esse reconhecer. 
   Ao olharmos para a biografia e obras de Picasso podemos vislumbrar a visão de um gênio. Foi genial porque resolveu romper com tudo que lhe havia sido ensinado e usou seu conhecimento, suas experiências e talento para criar o inusitado. Sei envolvimento com a arte era tão intenso que o permitiu seguir adiante mesmo quando os comentários e críticas sobre o que fazia lhe eram desfavoráveis. O que lhe importava era fazer da própria mancha o próprio sol e não o contrário. Ele, propriamente, não temeu se comprometer com a própria vida e isso pode ser visto através da riqueza de seus trabalhos, que não deixam dúvidas de sua capacidade criativa. 
   Um artista que não cria está doente está á bloqueado. Já uma pessoa que não vive todas as suas potencialidades também está adoecida e bloqueada. A vida, nesses casos, vira uma mancha, sem maiores significados e sentidos. Não há brilho, mas apenas uma sobrevivência tediosa. Ficam como zumbis: andam, comem, mas não conseguem extrair prazer e realização do que fazem. 
   Quantas perdas não existiriam se artistas mundo afora não se permitissem expressar-se com todas as suas emoções e sentimentos? Quantos quadros não seriam pintados, quantas músicas não seriam compostas, quantos livros jamais seriam escritos? Seria uma perda imensa. Imagine agora quantas perdas não existem neste mundo quando as pessoas não se permitem viver verdadeiramente. Não sabemos que estamos perdendo e muitas pessoas sobrevivem sem nunca sonhar que poderiam viver de uma outra maneira. 
   Nem todos somos artistas inovadores e capazes de criar belas obras artísticas. No entanto, somos artistas de nós mesmos. Podemos e devemos criar e recriar nossas vidas quantas vezes forem necessárias para que possamos fazer delas nossas obras-primas. Quebrar velhos hábitos que nunca nos levarão a nada novo e só nos conduzirão ao mesmo caminho com os mesmos resultados e sofrimentos. É importante não se acomodar e usar das experiências de vida como matéria-prima para modelamos a obra que criaremos. Comprometimento consigo mesmo é vital para ser um verdadeiro artista de sua vida. Quando a vida não vai bem, quando ela está pesada e sem sentido é preciso criar um significado novo. Não deixar que a vida se transforme apenas numa mancha é um trabalho artístico o qual todos nós chamados a realizar constantemente.(FONTE: Texto escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINNER, psicanalista em Londrina, mundovivo@jornaldelondrina.com.br página 6- Folha Saúde, coluna MUNDO VIVO, segunda-feira. 15 de setembro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA)

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

SETEMBRO AMARELO: suicídio e saúde mental



Texto escrito por Sylvio do Amaral Schreiner, psicanalista em Londrina, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, segunda-feira, 09 de setembro de 2019

   Suicídio é sempre um tabu. Muitos não falam so bre ele como se assim pudessem afastar um mal que tira muitas vidas ao redor do mundo. Tabu significa algo que seja imoral, proibido, interditado e que deve ser afastado do pensamento. No entanto, transformar em tabu algo que acontece todos os dias só piora a situação. Deveríamos falar mais sobre suicídio, refletir mais sobre ele.
   Compreender o que não entendemos é sempre um bom caminho a tomar, pois assim afastamos o perigo do preconceito e das respostas prontas. O Brasil está entre os dez países em que há mais suicídio. Nos achamos um dos países mais alegres do mundo, mas com este dado vemos muitas coisas para as quais estamos fechando os olhos e, com isso, evitando encarar. 
   O suicídio deve ser pensado por toda a sociedade, em todas as camadas sociais e escolaridades. O Setembro Amarelo é uma campanha brasileira para a prevenção do suicídio e devemos usar este mês para abrir mais esse assunto tão doloroso. 
   Já é do conhecimento geral que o suicida não quer, na verdade, se matar, mas quer matar a dor que carrega dentro de si. Não vendo outras alternativas de lidar com a dor que sente, termina por atentar contra si próprio num desesperado ato. Este ato de auto violência atordoa a todos nós. Ficamos estarrecidos quando ouvimos que alguém tirou a própria vida. Os mais próximos ficam ainda mais machucados. Nos sentimos impotentes, mas talvez algo possa ser feito para que possamos diminuir esse mal tão silenciado entre as pessoas. 
   A saúde mental ainda é algo que não recebe toda consideração que merece. Sabemos fazer exercícios físicos, cuidar do corpo, entramos em dieta, podemos ganhar fama e dinheiro, mas tudo isso não faz com que alguém saiba lidar com a própria saúde mental. Uma pessoa pode estar organicamente saudável, economicamente segura, carreira estabilizada, família e amigos e mesmo assim pode estar sofrendo internamente. Pode estar carregando uma imensa dor e não sabe lidar com o que sente. 
   Infelizmente, a dor mental é desconsiderada e vista como frescura, coisa de gente que não tem nada o que fazer. Enquanto ess a mentalidade prevalecer vamos nos enfiando num buraco tenebroso. Precisamos, urgentemente nos conscientizar de que saúde mental é uma das coisas mais sérias do mundo. 
   Atentados agressivos, homens matando mulheres, violência nas ruas, corrupção, são mostras do quanto falta saúde mental nesse mundo. Pensar sobre ela é pensar como viver melhor. Viver um estado de saúde mental não implica que não haverá problemas e dificuldades. Eles existirão sempre, mas implica em lidar com as adversidades de uma forma mais eficiente, sem precisar adoecer ou até pgar com a própria vida. 
   Precisamos promover mais discussões e conhecimento sobre a saúde mental, seja na imprensa, nas escolas, nas empresas, nas famílias, etc. Precisamos começar a mudar como nos relacionamos conosco e com o mundo. Precisamos aprender a nos tratar adequadamente a fim de virarmos humanos. Um dos maiores atos de ebeldia que podemos exercer é nos manter sãos neste mundo contaminado pela insanidade. (FONTE: Texto escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINER, psicanalista em Londrina, FOLHA SAÚDE, coluna MUNDO VIVO, segunda-feira, 9 de setembro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

MÉDICOS PRESCREVEM LIVROS, VÍDEOS E EXERCÍCIOS PARA TRATAR DOENÇAS

A chamada prescrição social se baseia no fato de que muitos pacientes têm fragilidades que afetam a saúde mas não respondem às abordagens clássicas. 

Publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, dia 26 de agosto de 2019, FOLHA SAÚDE 

   SÃO PAULO – Médicos brasileiros estão adotando intervenções tradicionais que associam a prática clínica tradicional com indicações de livros, atividades físicas e lúdicas para aliviar quadros de tristeza, ansiedade, insônia e até demência. Conhecida internacionalmente como “prescrição social”, a prática já vem sendo adotada em serviços de saúde na Inglaterra, Austrália e Escandinávia No Brasil, há iniciativas isoladas de profissionais. 
   A prescrição social se baseia no fato de que muitos pacientes têm fragilidades e condições que afetam a saúde mas não respondem às abordagens médicas clássicas, como a prescrição de remédios. Nestes caos, estudos têm demonstrado que o encaminhamento a grupos comunitários, por exemplo, podem promover melhoras no bem estar físico e mental, reduzir isolamento social e uso dos serviços de saúde. 
   Nas redes de atenção primária do sistema de saúde inglês (NHS), a prescrição social já faz parte de um programa público que permite atender 1 milhão de pessoas até 2023. No início deste ano, a médica de família Júlia Rocha, de Belo Horizonte (MG), prescreveu como tratamento complementar a um paciente deprimido a leitura de obras de escritores como Djamila Ribeiro , autora de “O Que É Lugar de Fala” e “Quem Tem Medo do Feminismo Negro”, e vídeos dos youtubers negros Spartakus Santiago e AD Junior.
   O paciente, um jovem negro, evangélico e gay, carregava muita culpa ligada à sexualidade. Mesmo usando antidepressivos e com apoio psiquiátrico e psicológico, tinha tentado suicídio dois meses antes por “não conseguir corrigir sua sexualidade”. Com a prescrição inusitada na folha do receituário , a médica diz que a intenção era propor ao jovem um novo olhar sobre a sexualidade e a negritude. 
   No encontro seguinte, ela conta que o paciente já tinha repassado a “receita “ a amigos e que estava namorando. Segundo ela, as prescrições sociais são únicas e muito específicas. Como trabalha no SUS, com ma população muito pobre, pessoas analfabetas e sem acesso à internet, muitas vezes as encaminha a grupos na comunidade. Em um deles, aprendem crochê e artes em tecidos. “Idosas e idosos entristecidos, sozinhos, melhoram muito”. 

         FEIRA E TAICHI 

   O geriata, José Carlos Velho, adota a prescrição social até em casos leves, de demência em que os medicamentos são escassos e os resultados bem modestos. Para estimular pacientes com dificuldades cognitivas, ele recomenda fazer compras em feiras livres. “A pessoa precisa planejar a compra, caminhar, escolher produtos, pagar. Isso levas às inserções sociais. A feira é um lugar de estímulos visuais sonoros, gustativos e olfativos”. A prescrição, no entanto, nõ serve para todos. “Pessoas que nunca fizeram feira ou que podem ficar mais inquietas com multidão e agitação provavelmente não vão se adaptar.”
   Adepto do tai chi chuam, o geriata também recomenda a prática aos pacientes, embora reconheça que a aderência não seja grande. “A aderência talvez seja um dos grandes problemas dessas abordagens, pois elas só fazem sentido e trazem benefícios a longo prazo e com persistência. 
   O dramaturgo Sérgio Roveri, 58, foi um dos pacientes que aderiu a prática desde outubro do ano passado. Diz eu conseguiu reduzir a ansiedade, dormir melhor e manter o corpo alongado. “ O tai chi trabalha a postura, o equilíbrio e a respiração. E tem os simbolismos. As posturas de desvio de golpe, por exemplo, nos ensinam a desviar dos problemas, não deixar que as coisas nos atinjam.” 

          'UMA PROVOCAÇÃO MAIS SUAVE’ 

   Para o Rodrigo Lima, um dos diretores da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, a prescrição social demanda bom vínculo com o paciente, e abertura para sugestões que fogem à prática clínica tradicional. “Costumo indicar livros para pacientes com depressão e ansiedade, que são condições para as quais os medicamentos só aliviam os sintomas. O que resolve o problema é a pessoa trabalhar questões internamente. Quando conheço livros que podem trazer uma reflexão para o paciente, por que não indicar? Recentemente ele prescreveu “O Demônio do Meio Dia “, de Andrew Solomon, e “Sidarta” de Hermann Hesse, para uma paciente com depressão. 
   Para a psiquiatra e médica de família Michelle Barbosa, as indicações de livro podem funcionar quando o paciente tem bagagem cultural que permita fazer reflexões necessárias para a sua própria história. Em situações de luto, ela já indicou “Sermões de Quarta-Feira de Cinzas” do padre Antonio Vieira (1608-1697. São três sermões lindos que tratam da importância da morte na vida humana.”
   Para adolescentes ela recomenda “A Sutil Arte de Ligar o Fda-Se. Uma estratégia inusitada para uma vida melhor” (Mark Manson). 
   Eles dão elemento para trabalhar o que é dor, sofrimento, o que é fato e o que é manejo pessoal. Os pacientes marcam os trechos do livro que mais os incomodam e a gente discute na consulta seguinte. É uma provocção mais suave”. 
   “A Arte da Guerra” (Sun Tzu) é sugestão para lidar com problemas do dia a dia de forma mais prática. “É um bom recurso psicoterapêutico para as consultas de curta duração que eu faço no SUS”. Explica a médica. 

          É PRECISO AVALIAR A REAL EFICÁCIA 

   Uma revisão recente publicada no BMJ (British Medical Journal) diz que a evidência atual ainda é insuficiência para convencer uma orientação definitiva sobre quais intervenções ligadas a prescrição social realmente funcionam e como isso ocorre. Segundo os autores, muitas das avaliações sobre a prática são de pequena escala e faltam medidas padronizadas de resultados para que seja possível avaliar a real eficácia. 
   Para atuar nas lacunas da evidência, eles sugerem que os programas tenham claros os impactos pretendidos e os mecanismos que serão usados para alcança-los. O NHS inglês, por exemplo, está medindo os resultados nas pessoas (ela se tornou mais capaz de gerenciar seus próprios cuidados?) e no sistema de saúde (como mudança no número de consultas médicas ou de idas a hospitais). 
   Na opinião do médico Gustavo Gusso, professor de clínica médica da USP, no Brasil, essa função de prescrição social ficou meio perdida entre os integrantes das equipes de saúde da família e comunidade. “No SUS, em áreas mais bem estruturadas, as equipes têm assistente social, psicólogo, mas não fica muito claro de quem é esse papel (de prescritor social). Muitos médicos têm a expectativa de que seja da assistente social, mas ele próprio poderia fazer isso, “
   Para Gusso, o que precisa é um treino maior, com protocolos bem definidos e medição de resultados como qualquer outra prescrição médica. “Nas equipes de saúde da USP, temos muito claro quais os equipamentos sociais próximos que podem colaborar, como igrejas que oferecem atividades físicas e lúdicas. Mas não está organizado, protocolado. E não é tão claro que a prescrição social possa ser uma atribuição do profissional médico também.”. (CC). (FONTE: CLAUDIA COLUCCI – Reportagem Social, FOLHA SAÚDE, segunda-feira, 26 de agosto de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

A FARSA DO PENSAMENTO POSITIVO


   O pensamento positivo é supervalorizado e causa uma tremenda confusão. São muitos os que apregoam que ele seja a panaceia universal para resolver todos os problemas da vida e que para tê-lo é só uma questão de cultivá-lo. Foram, então, criadas várias técnicas parg gerar pensamentos positivos e mudar a vida da água para o vinho. Só que isso não funciona e só serve ara enganar e explorar. Botar um bolo sorriso na cara é fácil, mas o que há por detrás do sorriso? Mudar de vida não é simplesmente saber fazer a cara certa, é muito mais profundo do que isso. A mudança, pelo menor a verdadeira, é sempre de dentro para fora e não de fora para dentro. Mudar os músculos faciais é algo externo. Encher de pensamentos positivos é pegar algo de fora e forçar e forçar dentro. Isso não é mudar. 
   Enquanto não for mexido no que existe de mais intenso dentro de cada um nada acontecerá. Como me relaciono com a vida? O resultado dessa relação me faz bem, me proporciona crescimento? Ou me faz mal e desperta minhas defesas me impedindo de viver? Numa terapia nada é forçado para que o paciente pense assim ou assado, mas há a possibilidade de se avaliar a forma como a vida vem sendo vivida e com isso percebe-se que muitas coisas podem ser de outro jeito, muito melhor. 
   Psicoterapia não é lugar para pensamentos positivos, porém é um espaço para o autoconhecimento. Afinal, o que nos dirige, como Freud tão bem descreveu, é o nosso inconsciente. De nada adianta portar palavras lindas e positiva se o interior estiver escuro e nem se acreditar no que fala. No fim quem vai moldar nossas atitudes e relacionamentos com a vida é o inconsciente. Para Freud o objetivo da psicanálise é tornar o inconsciente consciente. Assim, conhecendo-se mais, há transformações verdadeiras. Esse saber não é só da psicanálise, mas existe há milênios. 
   No oráculo de Delfos, na antiga Grécia, supunha-se existir gravadas em suas pedras a frase “Conhece-te a si mesmo”; no budismo, a prática da meditação visa o encontro de alguém consigo próprio. O pensamento positivo, por sua vez, é inócuo. Não digo com isso que uma pessoa deve se entregar às lamentações da vida, mas não é com pensamentos positivos que alguém muda. Como já diz o ditado: “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”, ou seja, de nada adianta uma superfície de pensamentos positivos por dentro se há um filme de terror sendo exibido cotidianamente.
   Não se trata, então, de substituir um pensamento pelo outro. Não é uma troca, mas uma mudança em como se vive, em como se vê a vida, em dado momento, de forma realista. O que precisamos é ser realista em como viver a vida. (FONTE: Texto escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINER, psicanalista em Londrina, mundovivo@folhadelondrina.com.br Folha Saúde, coluna Mundo Vivo, segunda-feira, 2 de setembro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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