sábado, 10 de junho de 2017

UM BANHO DE ALEGRIA


   O momento do banho está entre os que mais gosto na rotina do dia a dia. Independentemente da estação. Aliás, no inverno acho ainda mais gostoso – apesar de contrariar as orientações dos dermatologistas – com água bem quentinha. Simplesmente relaxante! A evolução da tecnologia das duchas elétricas (a conta da energia) fica ainda mais feliz que a gente), aquecedores a gás, solar garante água na temperatura ideal de cada pessoa. 
   Dia desses, estava comentando com minha filha sobre os banhos em meus tempos de criança. Como já citei em outras prosas, morava em cidade do interior do Estado, onde a chamada água encanada demorou um pouco para chegar. Por isso, nossos chuveiros eram de balde. “... Chuveiro de balde, mãe?”, perguntou-me num tom de espanto e deboche. Expliquei que era realmente um tipo de balde, com capacidade média de 20 a 30 litros de água, feito em metal –, e que tinha uma ducha na parte de baixo, com uma peça com a qual abríamos e fechávamos a saída da água. 
   No teto do banheiro era fixada uma espécie de carretilha, por onde corria a corda que, presa à alça do balde, permitia subir e abaixar o “chuveiro” cheio de água bem temperada para o banho. Tudo tinha um ritual. Por volta das 17horas minha mãe punha a água para aquecer em um fogareiro feito de tijolos e abastecido a lenha, instalado no quintal. A vasilha, um grande caldeirão de alumínio, era todo preto por fora, devido a fuligem das chamas. 
   Naquele momento sempre eu e dois dos meus irmãos com idades próximas acompanhávamos o processo, sentados na calçada da varanda, pois na maioria das vezes tornava-se a hora da contação de histórias. Nossa mãe lembrava fatos de sua infância ou mesmo de causos que lhe foram contados por sua mãe, ou por sua avó, no sertão da Bahia, onde nasceu. 
   Quando a água estava aquecida, com a ajuda de um caneco, minha mãe colocava a porção quente em outro balde, misturava com água fria, retirada do poço por meio de uma bomba elétrica, e enchia o “chuveiro”. O procedimento era feito para cada um que fosse tomar banho, com o intervalo que levava para reaquecer a água que era reabastecida no caldeirão a cada retirada. O banho seguia num estilo liga/desliga do chuveiro: ligava para nos molhar, e depois para enxaguar. Saíamos bem limpinhos e com um gasto bem menor de água. 
   -“Credo, mãe! Que graça tinha um banho desses?”, perguntou minha filha com uma expressão enojada no rosto. Hoje, no conforto de nossa casa, ela leva mais de 30 minutos no chuveiro, gastando algumas centenas de litros de água. “Era muito gostoso e divertido”, respondo-lhe. “Na medida de nossa realidade, e também do conforto, que nos era permitido naquela época. E o banho se encerrava quando caía a última gosta de água de nosso chuveiro de balde.” 
   Se levarmos em conta os conceitos de uso racional de água dos tempos atuais, os banhos que tomávamos, no início da década de 1970, talvez sejam os mais apropriados, os mais ecologicamente corretos. Ressuscitemos o chuveiro de balde! - PeloamordeDeus, mãe! Nãããooo!” (Crônica de CÉLIA GUERRA, leitora da FOLHA, página 2, coluna DEDO DE PROSA, caderno FOLHA RURAL, sábado e domingo, 10 e 11 de junho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).      

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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