quarta-feira, 7 de junho de 2017

A EDUCAÇÃO SEXUAL DEVE IR À ESCOLA



   Por conta do tabu, as várias facetas da temática não são trabalhadas com crianças e adolescentes

   Em pleno século 21, o tema sexualidade e suas ramificações ainda causam muitas divergências de opiniões na sociedade. No âmbito escolar não é diferente. E neste caso, o mais agravante talvez seja o fato de a educação sexual estar longe de ser trabalhada em sua totalidade. Enquanto outros assuntos são tratados de maneira sistemática, esta restringe-se, na maioria das vezes, à anatomia e reprodução humana. Entre disputas nas bancadas políticas, a temática de forma ampla não é formalizada como parte integrante do currículo obrigatório. Ou seja, depende do Projeto Político Pedagógico de cada escola, mas que é norteado pelo que prevê o Plano Nacional de Educação, bem como o Plano Municipal de Educação, que em sua maioria, retiraram as palavras “gênero” , “sexualidade”, “orientação sexual” e “diversidade sexual” dos documentos. 
   Diante disso, crianças e adolescentes se veem perdidos em questões inerentes à vida social humana. Dentre as várias manifestações, a orientação sexual e a identidade de gênero sequer não são mencionadas. Professora da UEM (Universidade Estadual de Maringá), Eliane Maio, psicóloga, Mestre em Psicologia Pós-Doutora e Doutora em Educação Escolar, diz que trabalhar a Educação Sexual na escola em todas suas vertentes se faz primordial, “pois querendo-se ou não, elas se encontram nas escolas, pois este espaço é repleto de diversidades”. Ao se organizar projetos, currículo, atividades adequadas, científicas sobre sexualidade (e temas correlatos), proporcionaria aos alunos a questão do conhecimento que visa ao discernimento, ao respeito consigo e com as outras pessoas, à não violência sexual, a evitar a gravidez na adolescência e às DST.
   E, ao contrário do que líderes de entidades, sobretudo religiosas e políticos conservadores argumentam, Eliane defende que conversar, explicar, dialogar sobre estes temas, não implicam em mudar a orientação sexual de ninguém . “Falar, estudar, dialogar sobre este tema, pode ajudar a prevenir. Com isso, evita-se, sim, a violência sexual, por exemplo, em que os discentes podem dialogar com segurança sobre temas relacionados à sexualidade e podem prevenir. A criança ou adolescente ao compreender sente-se mais seguro para se defender”, diz, acrescentando a importância dessa mudança, principalmente quando deparados com dados que apontam para aumento das denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes, gravidez na adolescência e aumento dos crimes de homo/lesbo/transfobia com requintes de crueldade. 
   Se as dúvidas de pais e educadores são parte inerente ao processo, a professora orienta que a temática deve fazer parte do currículo escolar, assim como quaisquer outros componentes escolares. “Devem-se estudar quais temas podem ser inseridos em cada ano escolar e estudando-se muito, qual seria a forma mais adequada de introduzi-los com os discentes proporcionando diálogos e discernimentos sobre: amor, afeto, respeito, escolha, prevenção, cuidados , liberdade, apoio, autonomia, conhecimentos científicos etc., libertos de quaisquer preconceitos, mitos ou interditos. Temos muito a fazer ainda por um processo de educação sexual escolar que vise ao empoderamento, discernimento e à autonomia. E a escola tem condições de realizar isto.”
   Portanto, relega-los ou ignorá-los, definitivamente, não é o caminho. “A escola está repleta de “sexualidade”. Há diversos gêneros, diversas identidades de gênero e orientações sexuais implícitas e explícitas no espaço escolar, como em qualquer outros espaços. Não falar ou estudar sobre elas não farão com que deixem de existir. Pelo contrário, Por se deixar de estudar sobre estes temas, pode-se levar a que se tenham relações sexuais sem escolhas, gravidez precoce, violências sexuais, contrair DST etc., sem o devido cuidado e autonomia que uma educação sexual emancipatória pode promover.”

   O JOGO DAS DIFERENÇAS

   Sexualidade, educação sexual, orientação sexual e identidade de gênero. Os significados dessas palavras são múltiplos, pois variam de acordo com cada época, cultura etc. Mas para fins didáticos pode explicar que:

   SEXUALIDADE: é parte integrante da personalidade de cada ser humano. Seu desenvolvimento depende da satisfação de necessidades básicas tais como desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, ternura e amor etc. 

   EDUCAÇÃO SEXUAL: a educação sexual pode ser formal ou informal. Formar é algo planejado, organizado, como por exemplo, nas escolas, e informal, pode ser na família, na mídia, na igreja, no convívio em sociedade.

ORIENTAÇÃO SEXUAL: são nossas escolhas, nossos desejos sexuais. Exprime quais as condições de uma pessoa para sentir atração sexual por alguém. Têm-se várias orientações sexuais, porém as mais conhecidas são heterossexual, homossexual (lésbicas e gays), bissexual e assexual. 

   IDENTIDADE DE GÊNERO: as identidades de gênero são históricas e culturalmente específicas. São respostas políticas a determinadas conjunturas e compõem uma estratégia de diferenças. As identidades são a forma como eu me vejo, como eu me apresento. Como gênero é uma categoria de análise social, cultural, econômica, política e histórica, e e a maneira como a sociedade nos define, geralmente em termos binários: masculino e feminino, mas ele vai além disso. Fonte: Eliane Maio, Prof. Da UEM, psicóloga, Mestre em Psicologia Pós-Doutora e Doutora em Educação Escolar.
Folha Arte

   ‘SEXO BIOLÓGICO E PAPEL SOCIAL SÃO COISAS DIFERENTES’

   Com o objetivo de informar, discutir e construir, a Escola Apoena em seu Espaço de Formação, trouxe a Londrina a psicóloga Roseli Sayão para a palestra “A sexualidade, a autonomia e a ética”, afim de estabelecer uma parceria educacional em benefício das crianças e adolescentes, entre escolas e família. Autora dos livros “Sexo: Prazer em Conhecê-lo” e “Sexo é sexo”, “Educação sem Blá blá Blá”, a psicóloga presta consultoria em empresas e escolas, dissertando sobre cidadania e sobre educação de crianças e adolescentes. O Espaço de Formação é um local e cuidados na formação da equipe pedagógica, reuniões dedicadas às famílias e encontros sobre temas emergentes com convidados especialistas abertos à comunidade em geral. 
Para Roseli Sayão, as escolas devem tratar a sexualidade como coisa natural, respondendo às questões de maneira tranquila e sem alarde
   Segundo Roseli, as normas estão restringindo a educação sexual como orientação sexual e informações sobre a vida sexual genital. “Educação sexual é dar todo o contexto de princípios de valores sociais em que sua sexualidade pode ser exercida e que você tenha a consciência disso. A sexualidade é todo esse aparato social, biológico e cultural que me permite exercê-la entender como direito e defendê-la.” Nesse sentido, para ela, nenhum assunto pode ser proibido como tem acontecido. “Há questões polêmicas ainda, como identidade de gênero, em que não existe ainda uma conclusão, apenas hipóteses. Mas não podemos ignorar. Eu prefiro entender que, na escola, os alunos precisar aprender, antes de tudo, a ser cidadãos, ter valores e ética na sexualidade, viver para o outro e com o outro sem preconceito. Sexo biológico e papel social são coisas diferentes.”
   Portanto, é preciso que as escolas, de acordo com ela, passem a tratar a sexualidade como algo natural, respondendo às questões, dúvidas e comportamentos que as crianças possuem de maneira tranquila e sem alarde. “Já no caso do adolescente, o papel da escola é dar mais que informações, pois existe um contexto sociocultural para entender essas informações. Por exemplo: Se um aluno pergunta o que é aborto, é preciso dizer que o aborto é a interrupção de uma gravidez, podendo ser provocado ou espontâneo. Mas não só isso. O educador deve contextualizar essa definição dizendo que no Brasil é proibido por lei, mas há países em que é permitido em todos os casos. E por aí vai. E não moralizar o aborto. Mas a escola não sabe fazer isso. (M.T.) (MARIAN TRIGUEIROS, Reportagem Local, FOLHA CIDADANIA, terça-feira, 5 de junho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). 

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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