Uma bebida de pH ácido composto por 2 a 6% de extrata residual, 2 a 6% de etanol, 0,35 a 0,50% de de dióxido de carbono e 90 a 95% de água. Elaborada por intermédio da fermentação de materiais com amidos, cereais maltados, lúpulos e outros temperos. Essa é a descrição da cerveja, terceira bebida mais popular do mundo, atrás apenas da água e do chá. Os participantes da 21ª Semana da Química da Universidade Estadual de Londrina (UEL), realizada no início de dezembro, puderam ter uma noção do processo de fabricação da bebida na Oficina de Cervejaria Artesanal, que ensinou técnicas para produção do líquido. O tema foi abordado pelo bioquímico do Senai de Curitiba, Henrique Stefani, membro da Associação dos Cervejeiros Artesanais Paranaenses (AcervA-PR).
Stefani abordou aspectos práticos da manufatura dessa bebida fermentada, cuja produção artesanal tem se difundido cada vez mais entre os brasileiros. Ele destaca que o principal erro que as pessoas que começam a produzir a cerveja artesanal cometem é a falta de estudo. “Fazer cerveja não é simples. É simples apenas para quem tem uma leitura na área, pois são diversos processos e passos envolvidos. Se não tiver conhecimento, vai errar em alguma etapa”, advertiu.
Segundo o bioquímico, hoje há muita informação sobre o assunto disponível na internet. “A pessoa não precisa adquirir livros caros e chiques para aprender a fazer cerveja. Com pesquisa no Google e no Youtube é possível aprender. Também existem fóruns de discussão de como fazer cerveja”, orientou.
Stefani destacou qe as cervejas industriais e mais comerciais são bastante dependentes da química. “São usados aditivos para estabilizar e melhorar o processo e isso também está sendo introduzido na cerveja artesanal por causa da otimização do custo, já que os insumos, importados, estão caros. Cabe ao cervejeiro artesanal essa conscientização para melhorar esse aproveitamento”, explicou.
Participante do evento, aluno André Pereira, do quarto ano de Química, ressaltou que atividades do tipo têm o objetivo de demonstrar várias áreas em que o profissional da área pode atuar. “ É uma área que vem crescendo muito no Brasil, apesar de ser dominada por grandes marcas. A cerveja é muito popular no Brasil e a produção artesanal é um dos mercados em que o químico pode exercer a sua profissão”, destacou.
O professor de físico- química Lúcio César de Almeida ponta que há alguns anos o mercado de cervejas artesanais correspondia de 0,2% a aa 0,5% do total. “De cinco anos para cá isso mudou. Hoje as cervejas artesanais respondem por 5% do mercado nacional. Há um movimento de expansão que começou no sul do Brasil e agora está expandindo inclusive em Londrina e no interior de São Paulo”,
Almeida explicou que as cervejarias comerciais produzem em grande escala e utilizam cereais como o milho e o arroz para maximizar os lucros e produzem cervejas mais leves, de baixa fermentação, conhecidas como lager. “Já as cervejarias artesanais conseguem fazer uma grande variedade de cervejas mais encorpadas e que podem ser harmonizadas com diferentes tipos de alimentos”, diz.
Stefani aconselhou quem quer entrar na área a manter a mente aberta. “O produtor de cerveja deve experimentar novos tipos de bebida. Não é só a leitura que garante uma boa cerveja. Para fabricar, a pessoa deve saber beber, apreciar e também não deve se tornar ”beer” chato, ficar falando o tempo todo de cerveja. Cerveja foi feita para beber”, decretou. ( VITOR OGAWA – Reportagem Local, página 2, FOLHA CIDADES, terça-feira, 8 de dezembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA)
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