sexta-feira, 29 de abril de 2016

QUANDO FALTA AR

  "Sempre fui muito ativa e me vi limitada. Passei a caminhar tendo que fazer várias pausas para respirar", diz a secretária executiva Mariana Oliveira, de 30 anos. 

   O sintoma comum entre várias doenças é um dos sinais de hipertensão pulmonar; desconhecimento atrasa diagnóstico e início do tratamento adequado

   Após um ano de peregrinação em consultórios médicos, a secretária executiva recebeu o diagnóstico preciso: Hipertensão pulmonar tromboebólica crônica. O nome impactante da doença foi revelado após um sintoma simples e muito comum entre diversas doenças respiratórias: a falta de ar. Mariana Oliveira estava em casa quando estranhou a dificuldade em encher os pulmões de oxigênio. “Até então, nunca tinha tido problema de saúde. Um mês antes, eu tinha passado por uma bateria de exames de rotina. As pontas dos meus dedos chegaram a ficar arroxeadas”, lembra a jovem de 30 anos. 
   Há dois anos, quando sofreu a primeira embolia pulmonar (um bloqueio na passagem de sangue por uma das artérias dos pulmões), Mariana deu início a um tratamento contínuo. Mas, somente após uma nova embolia em dezembro de 2014, o diagnóstico de hipertensão pulmonar veio à tona. “Sempre fui muito ativa e me vi limitada. Passei a caminhar tendo que fazer várias pausas para respirar. Pentear os cabelos e fazer outras atividades que antes faziam parte da minha rotina já estava bem mais difícil”, relata. 
   A Associação Europeia de Hipertensão Pulmonar Europe) estima que 25 milhões de pessoas no mundo possuam a doença. De acordo com a Associação Brasileira de Amigos e Familiares de Portadores de Hipertensão Arterial Pulmonar (abraf), aproximadamente, 2.500 pacientes estão em tratamento no Brasil. Outros 10 mil seguem sem o diagnóstico preciso. “Há pessoas que estão morrendo por tratar a doença como asma ou bronquite, por exemplo”, alerta a presidente da Abraf Paula Menezes.
   A hipertensão pulmonar (HP) ocorre quando há um estreitamento dos vasos sanguíneos que levam o sangue do coração até o pulmão. O coração passa a trabalhar de forma mais intensa. Em razão disso, o órgão aumenta de tamanho o que pode geral insuficiência cardíaca e respiratória, arritmias e até sangramento nos pulmões. A doença é rara, pode levar à morte e atinge pessoas de todas as idades, principalmente, entre os 40 e 50 anos. Entre os sintomas estão falta de ar, fadiga, desmaio, dor no peito e inchaço nos tornozelos.
   A Organização Mundial da Saúde estabeleceu uma classificação de cinco tipos de hipertensão pulmonar. Mariana possui uma das mais incomuns: a hipertensão pulmonar tromboembólica crônica causada pela presença de coágulos nas artérias do pulmão. Segundo o pneumologista do do Grupo de Circulação Pulmonar do Incor – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Caio Júlio César Fernandes, mais de 1.300 pacientes com hipertensão pulmonar estão em tratamento no Incor. Desse total, cerca de 20% dos casos são relacionados ao tipo de HP tromboembólica crônica.

   TEMPO DE VIDA

   Conforme Fernandes, a demora no diagnóstico ou o tratamento inadequado podem comprometer o tempo de vida dos pacientes. O ideal é que haja o encaminhamento para centros de referência voltados para esse tipo específico da doença. No entanto, o pneumologista afirma que há apenas dois locais adequados no Brasil: O Incor e o Hospital São Paulo, ligado a Escola Paulista de Medicina. “Eles são considerados centros de referência por realizarem mais de 20 cirurgias por ano com taxa de mortalidade dos pacientes abaixo de 10%. Geralmente, a mortalidade cirúrgica nesses centros de referência está entre 2 a 4%”, explica. A Abraf recomenda 24 centros de tratamento em 13 Estados onde há profissionais especializados. O Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, faz parte dessa lista. 
   Para o pneumologista, as falhas no diagnóstico ocorrem, muitas vezes, em razão do desconhecimento de médicos e pacientes sobre a doença e os cinco subtipos. Já que exames disponíveis por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) podem apontar indícios de HP. No entanto, em muitos casos, os procedimentos nem chegam a ser solicitados pelos profissionais da saúde. Entre os exames estão ecocardiograma, eletrocardiograma, teste ergométrico, cintilografia e arteriografia pulmonar. 
   As causas da hipertensão pulmonar ainda estão sendo pesquisadas, mas o histórico familiar, o uso de drogas, doenças cardíacas congênitas, doenças reumáticas autoimunes, anemia falciforme, infecções por HIV, doenças do tecido conjuntivo e até esquistossomose podem ocasionar a HP. Sem o tratamento adequado o paciente pode morrer em até três anos. 
   Um ano após o diagnóstico preciso, Mariana, ainda em recuperação, já voltou a trabalhar, mas enfrenta dificuldades para caminhar. “No primeiro dia do novo emprego tive que subir dois lances de escada. Pensei que não fosse conseguir”, conta. O tratamento com anticoagulantes e uma combinação de medicamentos ameniza os efeitos da doença.

   ASSOCIAÇÃO 

   Com sede em São Paulo, a Abraf foi criada em 2006, e hoje conta com cerca de 1.500 associados. Há dez grupos de apoio em todo o País, um deles em Curitiba. O site da associação e www.respirareviver.org.br (VIVIANI COSTA – Reportagem Local , * A jornalista viajou a convite da Bayer.

   O DIAGNÓSTICO É SEMPRE SOMBRIO

   Segundo a Associação Brasileira de Amigos e Familiares de Portadores de Hipertensão Pulmonar (Abraf), 76% dos brasileiros desconhecem a hipertensão pulmonar tromboebólica crônica (HP-TEC). Ao todo, 2.100 pessoas responderam as perguntas feitas em sete capitais (Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife). A pesquisa foi feita em parceria com o Grupo Bayer. Em Curitiba, o índice de desconhecimento chegou a 80%.
   Os pesquisadores da empresa alemã desenvolveram um medicamento para o tratamento de pacientes diagnosticados com HPTEC. A coordenadora do Serviço de Hipertensão Pulmonar da Irmandade Santa Casa de Porto Alegre, Gisela Marina Meyer, ressalta que há 20 anos, apenas o transplante de pulmão era considerado uma solução para esses pacientes. “A doença tem alta mortalidade e a maioria das pessoas morria na fila de espera”, lembra.
   Segundo ela, a cirurgia não é possível em 40% dos casos. “O diagnóstico é sempre sombrio para o paciente e afeta a família também com a mudança na rotina”, ressalta. O medicamento denominado Adempas (riociguate) é indicado para quem não pode passar pela cirurgia ou quando a doença persiste mesmo após o procedimento. Durante a pesquisa desenvolvida deste 2004, voluntários apresentaram melhoras na qualidade de vida após 16 semanas de uso contínuo do medicamento. 
   O Adempas já está disponível em 42 países. No Brasil, ele foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pode ser adquirido por meio de distribuidoras. A intenção da empresa é incluir o produto na lista de itens fornecidos gratuitamente pelo SUS. Durante o tratamento, o paciente precisa ingerir um comprimido a cada 8 horas. No entanto, o produto custa R$ 13 mil com quantidade suficiente para um mês de tratamento. (VC). 

   SAIBA MAIS 

(VIVIANI COSTA- Reportagem Local, caderno FOLHA SAÚDE, segunda-feira, 18 de abril de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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