Depois que a Câmara dos Deputados aprovou a abertura do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), o relatório foi entregue ontem à presidência do Senado. De acordo com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), a comissão especial que vai avaliar a matéria só será instalada na próxima semana. Se aprovada a sua adminissibilidade, a presidente terá que deixar o comando do País por 180 dias e, nesse caso, o vice Michel Temer assume.
As articulações já começaram. Por enquanto, segundo placar do jornal O Estado de S. Paulo, 46 senadores se declararam a favor do impeachment enquanto 20 se dizem contrários. São necessários 41 votos para a abertura. Mas, até a semana que vem, muita coisa pode mudar. O saldão de cargos no governo continua, basta saber qual será o efeito sobre os senadores. Por isso, é preciso reiterar que foi dado apenas “o primeiro passo” para a saída de Dilma da Presidência.
Além das chamadas “pedaladas fiscais”, a presidente está sendo julgada pelo todo – por todas as políticas desastrosas executadas até agora. A grave crise econômica, somada ao aumento da inflação, tem provocado efeitos perversos na vida da população, e ainda é preciso incluir no pacote a Operação Lava Jato, que desbaratou um esquema bilionário de desvio de recursos públicos da Petrobras. Depoimentos de réus que firmaram acordo delação premiada apontam para o benefício da campanha à reeleição de Dilma.
E, mesmo assim, ela consegue se dizer “indignada” e “injustiçada”. Em pronunciamento aos jornalistas, a presidente disse que está apenas “no início da luta” e não no fim do seu mandato e que estão “torturando” seus sonhos e direitos. Se ela garante que não deixará o cargo, é de esperar no mínimo agilidade do Senado para discussão da matéria. O País não pode continuar paralisado à espera de uma definição. As reformas, tão necessárias para a retomada do crescimento, precisam ser implementadas com urgência e Dilma não foi capaz de fazê-lo. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, terça-feira, 19 de abril de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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