terça-feira, 19 de abril de 2016

O PORTUGÊS NO IMPEACHMENT


   No último domingo, o Brasil inteiro acompanhou, durante todo o dia, a votação do processo de impeachment na câmara dos deputados. Durante a longa sessão de votação, cada um dos 511 deputados presentes deveria apenas dizer seu voto no microfone, mas a grande maioria deles resolveu também fazer um pequeno “discurso”, justificando ou dedicando seu voto. E foi justamente essa fala dos deputados que rendeu um grande número de comentários e piadinhas nas redes sociais, já no domingo à noite. 
   Enquanto muitos comentários falavam sobre algumas dedicatórias “exóticas”, uma boa parte tratava de outro aspecto: o (mau) português de muitos deputados. Podemos dizer, nesse caso, que o desconhecimento das regras da língua é algo extremamente democrático, já que os erros foram cometidos por excelências de todos os partidos e estados, independente do voto propriamente dito. 
   Alguém poderia argumentar que os nobres deputados não têm a obrigação de dominar o uso da língua portuguesa, já que não são professores ou estudantes do assunto. Eu, pessoalmente, discordo. Acredito que o conhecimento das regras é essencial em qualquer profissão, mas em especial no caso deles, que têm, entre suas atribuições, criar leis usando, justamente, a língua portuguesa. Se o texto de uma lei ou emenda constitucional apresentar problemas de coerência ou alguma ambiguidade, por exemplo, sua aplicação fica automaticamente comprometida. 
   Entre as “pérolas” proferidas pelos nossos representantes, a maior vítima foi a concordância, tanto verbal quanto nominal. Só para recordar: a concordância é um princípio da língua segundo o qual as palavras de uma frase devem “concordar” umas com as outras, ou seja, se uma está no plural, a outra também deve estar, por exemplo.
   No caso da concordância verbal, a regra é que o verbo deve concordar em pessoa e número com o sujeito a que se refere. Quando um deputado diz que “os eleitores quer...”, está justamente infringindo essa regra, já que o verbo querer, para concordar com o sujeito “eleitores” deveria estar no plural (“os eleitores querem).
   Já a concordância nominal trata das palavras que acompanham um substantivo e que devem acompanhá-lo em gênero (masculino ou feminino) e número (singular e plural). Novamente, o maior problema foram “os plural” . Falas como “os meus eleitor” ou “os brasileiro” foram dolorosamente repetidas, várias vezes.
   Em menor número, problemas de conjugação verbal, regência e outras áreas foram ouvidos e claramente percebidos pela grande maioria das pessoas. Já que são erros geralmente gritantes. Dificilmente um aluno do ensino fundamental cometeria tais “deslizes”.
   Se o bom (ou o mau ) português deve ser um critério na hora de você decidir o seu voto nas próximas eleições, é um critério pessoal, mas é bom lembrar que os políticos estão lá nos representando, então não custa questionar se você quer ser representado por “essas pessoa que não fala direito”. Em tempo: sem citar nomes, mas foi possível presenciar também algumas dessas “pérolas” entre nossos representantes do Paraná. 
   E, para finalizar, a palavra inglesa “impeachment” é frequentemente traduzida ao português como “impedimento”, mas seu significado primeiro é “acusar, criticar, questionar, etc). Isso não impede que, na legislação brasileira, ela adquira um outro sentido. ( FLAVIANO LOPES – PROFESSOR DE PORTUGUÊS E ESPANHOL . Encaminhe as suas dúvidas e sugestões para bemdito14@gmail.com página 5, caderno FOLHA 2, terça-feira, 19 de abril de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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