sexta-feira, 13 de maio de 2016

APRENDENDO A CONVIVER COM ALZHEIMER

  Secho Akatsu: "Aos poucos fui entendendo que era possível levar uma vida praticamente normal"

   Projeto memória e Comunicação, da rede municipal, tem objetivo de ajudar doentes e familiares

   O Mal de Alzheimer chegou sem ser convidado e deu um susto no engenheiro agrônomo e aposentado Secho Akatsu. Aos 78 anos e ativo, ele não conhecia a doença e sofreu bastante até entende que seria necessário mudar um pouco sua rotina. “Foi um choque grande, pois a gente nunca espera. Mas aos poucos fui entendendo que era possível levar uma vida praticamente normal”, conta. Assim também foi com a esposa, a dona Satoko. Afinal, como eles vivem sozinhos, teria ela uma responsabilidade ainda maior nos cuidados com o marido “Nós sofremos muito sem saber, mas agora já temos uma noção de como lidar”, conta. 
   A participação no projeto “memória e Comunicação” foi essencial. Foi lá que eles aprenderam a lidar melhor com os obstáculos que a doença impõe ao dia a dia. O programa da rede municipal, que existe desde 2013, foi criado com o objetivo de ajudar doentes e familiares a entenderem a doença, que se caracteriza pela perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. 
   A ideia é estimular a memória dos portadores do Alzheimer com atividades lúdicas e comunicativas, além de fortalecer a comunicação com os chamados cuidadores, pessoas que acompanham os pacientes nas reuniões. “O que a gente faz é trazer todo um lado de alegria, de habilidades, resgatar coisas que eles sempre gostaram de fazer, A gente brinca, canta, e ninguém se preocupa se está afinado ou não. E o retorno que temos dos familiares é que melhora muito a relação dentro de casa”, observa a coordenadora do projeto, a assistente social e gerontóloga Liz Clara Campos. 
   E basta acompanhar um único encontro para ver que a estimulação funciona mesmo. Secho puxou a fila do karaokê e não decepcionou. Os outros colegas do grupo também entraram na brincadeira e ninguém ficou parado. “No dia a dia, ele pode trabalhar isso também através de atividades que lhe deem prazer, como atividade física, leitura, música também ajuda muito”, acrescenta Liz Clara. “Até um tempo atrás não se dava muita atenção ao paciente no sentido de estimular a memória, era quase que um caso vencido. E se vai retirando muitas atividades do doente, o que não é o caminho”, reforça a gerontóloga.
   O próprio Secho diz que o projeto lhe ajudou a conhecer a doença. “Para mim, tem sido muito bom. Estou descobrindo formas de saber qual fase da doença estou vivendo, e tentando entender e retardar o avanço. E é isso que eu quero. Até onde puder, quero manter meu arquivo pessoal, que é o meu cérebro”. Destaca o engenheiro agrônomo aposentado. 
   O também aposentado Kosabro, de 78 anos, é o da esposa Teruko, de 76. Ela descobriu a doença há cinco anos e desde então eles buscam formas de tentar impedir o avanço do Alzheimer. “O projeto tem sido muito importante para nós dois. É preciso aprender como lidar, procurar entender como a doença funciona, e a forma de tratar, além de envolver a família”, indica.
   Kosabro aponta que a participação nas atividades lhe deixou mais preparado para uma nova forma de convívio com a esposa, com quem está casado há 47 anos. “ Só de não piorar já é um grande avanço e o projeto tem fortalecido bastante nesse sentido”, elogia.

   CONFRATERNIZAÇÃO 

  Kosabro Anegawa é cuidador da esposa . "O projeto tem sido muito importante para nós dois"
   “Pacientes e familiares ficam bastante confusos acerca da doença e alguns tendem a superproteger o paciente. Através desse programa, a gente percebe que o paciente demonstra suas potencialidades e o familiar vê que ele pode fazer muita coisa dentro de casa”, explica a médica geriatra da rede municipal, Lindsey Nakakogue.
   O programa tem ao todo dez sessões . O encontro final é uma confraternização, na qual pacientes, cuidadores, filhos e outros parentes também podem participar. Acontece a apresentação de todos os trabalhos produzidos pelos idosos, algo que serve de estímulo para continuarem as atividades em casa. 
   Para integrar o programa, o paciente precisa antes ser avaliado por um médico da Unidade Básica de Saúde (UBS). Constatada a doença, ele será encaminhado à Policlínica, onde passará por novos exames para detalhar o estágio da doença, o que possibilitará à coordenação do programa saber em qual grupo encaixá-lo. 

   ‘CADA UM VAI APRESENTAR SINTOMAS DIFERENTES

   Um dos primeiros sintomas do Alzheimer é a falta de memória recente. Mas segundo a geriatra Lindsey Nakakogue, pacientes podem reagir de maneira diferente à doença. “Não existe uma fórmula única. Cada um vai apresentar sintomas diferentes. Tem pacientes que ficam apáticos, outros negam a doença, também tem quem fica agitado. Importante é respeitar as individualidades de cada pessoa”, indica. 
   A médica conta que a prevalência da doença aumenta na mesma proporção da expectativa de vida. Ela aparece geralmente após os 50 anos de idade. Calcula-se que o Brasil tem hoje mais de 15 milhões de pessoas acima dos 50 anos com Alzheimer. “A gente percebe que pacientes com baixa escolaridade, os sintomas são maiores. Às vezes o diagnóstico já vem num estágio moderado, enquanto que aqueles com escolaridade mais alta, temos até dificuldades em fazer o diagnóstico, pois eles vão muito bem nos testes. Só através de atividades mais complexas é que conseguimos definir o que é Alzheimer”. Explica a especialista.
   A melhor forma de prevenir a doença, segundo a médica, é manter o cérebro ativo e saudável. “Tudo que previne doenças cardiovasculares vai prevenir o Alzheimer também. Evitar obesidade, o sedentarismo, controlar o colesterol e a pressão arterial, também a ansiedade e a depressão , o diabetes e não fumar. E a atividade física, já está mais que comprovado que ela ajuda a melhorar o metabolismo dos neurônios e, consequentemente, melhora a memória”. Lista Lindsey. (R,S.) ( RAFAEL SOUZA – Reportagem Local, página 3, caderno FOLHA CIDADES, quarta-feira, 11 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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