ABAIXE O SOM

   A combinação com som alto + fones de ouvido pode ser desastrosa para os ouvidos. Zumbido é um dos primeiros sinais de alerta.

   Usar fones de ouvido sempre pareceu comum entre os jovens, porém, com os smartphones , que permitem não só ouvir músicas como assistir a filmes, o uso desse acessório parece ter se tornado muito mais comum, por pessoas de qualquer idade. O problema é quando se exagera no volume, o que pode acarretar diversos problemas de saúde. 

   Segundo a otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, doutora e livre-docente da Universidade de São Paulo, além de haver crescido o número de pacientes com problemas auditivos por causa dos fones de ouvido, diminuiu a idade das pessoas que procuram ajuda, ou seja, mais jovens estão se queixando. 

   “Apesar de ser uma invenção maravilhosa, o uso do fone de ouvido de maneira abusiva certamente pode prejudicar a saúde, em especial a dos ouvidos, porém não exclusivamente deles. O dano costuma ser decorrente de excesso de volume e/ ou excesso de tempo e/ vulnerabilidade individual de cada pessoa ou todos os fatores juntos”, destaca. 

   No caso dos danos aos ouvidos, a médica destaca a perda de audição com a lesão mais conhecida e temida. “Ela demora para acontecer e as pessoas dificilmente acreditam que vai acontecer com elas. Por isso, não costuma ser respeitada (a perda) a ponto de fazer os usuários mudarem de comportamento. Outro problema é o zumbido, um barulho no ouvido – chiado ou apito – que pode ser melhor percebido em momentos de silêncio, como antes de dormir. É um sintoma de lesão inicial, portanto aparece mais precocemente do que a perda auditiva. Em geral, o zumbido é um sinal de alerta que a lesão já começou, mas que ainda pode ser revertida se novos cuidados forem tomados. Portanto, esse é o momento ideal de procurar ajuda médica, antes de perceber alguma perda auditiva”, reforça. 

   Outro problema causado pelo uso de fones de ouvido com volume alto é hipersensibilidade auditiva ou intolerância a sons. De acordo com a médica Tanit, neste caso as pessoas começam progressivamente a se irritar com sons do dia a dia que antes não incomodavam, como vozes, TV, música, eletrodomésticos, etc. “Também pode aparecer antes da perda auditiva, com ou sem zumbido, mas é o sintoma menos comum de todos”, diz ela. 

   O som alto também pode influenciar negativamente em outros pontos, como no sono, causando insônia inicial ou medial, que é a dificuldade para começar a dormir ou para manter o sono. Outros sinais são diminuição da concentração, agitação e, em casos raros, o aumento da pressão arterial. A médica alerta que todos esses efeitos colaterais dos fones de ouvido também valem para os sons altos vindos do ambiente, como baladas, shows e festas.

   Outro alerta da especialista é de que o dano, além de acumulativo, em geral é percebido inicialmente apenas em exames específicos, como a audiometria, por isso a importância em buscar ajuda profissional. Ao parar de ouvir som alto, a pessoa estaciona o problema no nível que está. Apesar de não recuperar a audição, o dano também não progride. ( ÉRICA GONÇALVES – Reportagem Local. 

FONES, USE COM MODERAÇÃO 

Segundo a otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, há quatro tipos principais de fones de ouvido. “ Qualquer tipo pode prejudicar a saúde auditiva se for usado em abuso (de volume ou de tempo), principalmente nas pessoas mais vulneráveis. Ou seja, um determinado tipo de fone não necessariamente isenta do risco de problemas. O grande diferencial para a saúde é o fone que tem abafador de ruído externo, ele anula parte dos sons do ambiente e permite que o volume dos fones não seja tão alto nem lesivo para os ouvidos”, explica. 

   Porém, para todos os tipos de fones, os conselhos são os mesmos: procure produtos de qualidade (com abafador de ruído); modere o volume, evitando ultrapassar a metade da potência de cada aparelho; modere no tempo de uso, evitando ultrapassar mais de duas horas seguidas; faça intervalos regularmente. (E.G.) 

   ‘OUVIR MÚSICA ALTA É VÍCIO’

   Sabe aquelas pessoas que ouvem músicas tão alto no fone de ouvido que quem está ao lado acaba ouvindo também? O estudante de engenharia Gustavo Ceolin Toledo confessa que é uma delas. 

Ele conta que tem o hábito de usar os fones de ouvido há bastante tempo, seja para se exercitar no Lago Igapó, na academia, andar pela cidade e até dentro de casa, onde recorre ao acessório para não incomodar os pais. 

   “Uso diariamente, umas duas horas por dia. Prefiro esse fone pequeno, porque incomoda menos. Ainda não sinto diferença na audição, o único problema é que às vezes começo a gritar com as pessoas sem perceber, até alguém pedir para falar mais baixo. Outras vezes acho que o som da televisão está um pouco baixo e as outras pessoas pedem para abaixar”, diz. 

   Ele conta que algumas vezes fica com zumbido no ouvido depois de tirar os fones, mas ainda não procurou um médico. “Não me preocupo, mas sei que o som alto pode acarretar alguns problemas. Quando percebo que está incomodando os outros procuro abaixar. Acho que é um vício ouvir música alta. Até lembrei que a minha mãe fala tanto sobre isso e eu não me importava!”, reconhece. (E.G.) Foto. Rei Santos

   10 DICAS PARA TRATAR E PREVENIR O ZUMBIDO:

   1- Em festas, shows e bares ruidosos; use protetores de ouvido e faça intervalos periódicos (10m a cada 1 hora). Não ache “norma” sair da balada com zumbido.

  2- Música com fones de ouvido: evite passar da metade da potência do aparelho e 2 h de uso contínuo.

   3- Alimente-se bem, 4 a 6 vezes ao dia, pouca quantidade, evitando abuso de cafeína, doces, álcool e nicotina.

   4- Hidrate-se bem: beba mais água e água de coco para seus rins eliminarem melhor as toxinas.

   5- Exercite-se 5 vezes por semana: combata o sedentarismo, um grande inimigo. Seu metabolismo vai melhorar.

   6- Alivie seu estresse com atividades relaxantes eficazes: yoga, meditação, tai-chi-chuan, chi-cong etc.

   7- Troque momentos de silêncio por estimulação dos ouvidos com baixo volume de sons suaves.

   8- Reduza o celular direto no ouvido: use mais mensagens de texto, viva-voz ou fone. 

   9- Evite automedicação: há anti-inflamatórios e antibióticos que podem causar zumbido. 

10- Incorpore mais momentos de prazer na sua vida, lazer e relacionamentos saudáveis. Momentos de felicidade ajudam a restaurar nossos órgãos, inclusive os ouvidos. FONTE: médca TANIT GANZ SANCHEZ. (FOLHA DA SEXTA, páginas 13,14.15 e 16. ÉRIKA GONÇALVES – Reportagem Local, sexta-feira, 13 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).