domingo, 19 de fevereiro de 2017

MODA DO BEM

Letícia Sales, de 29 anos. "Desejamos que as pewsoas queiram ajudar os outros, por isso nossos produtos são bonito , de qualidade e não muito caros"

   Jovem londrinense funda empresa de acessórios na Índia e reverte parte das vendas para crianças soropositivas

   Aos 29 anos, Letícia Sales realizou parte de seus sonhos. Em sociedade com o jovem indiano Peeyush Rastogi criou o Happee, marca que comercializa bolsas, lenços e sapatilhas. Além de promover treinamento e incentivar o trabalho de artesãos indianos, dois dólares de cada peça vendida são doadas a uma ONG indiana que cuida de crianças soropositivas. 
   Nascida e criada em Londrina, Letícia foi para São Paulo para estudar Moda e lá permaneceu trabalhando por sete anos. Entretanto, desejava algo mais. Além de ter a própria empresa, a jovem estava desanimada. “É difícil trabalhar com moda, é uma área em que a gente investe dinheiro e esforço e não remunera muito bem, isso na cadeia como um todo. Tanto que há diversas marcas com problemas relacionados a trabalho escravo. E isso não é só no Brasil, é no mundo todo”, explica. 
   Em 2013 Letícia descobriu o Aiesec, uma organização sem fins lucrativos que facilita as experiências de liderança e intercâmbio em outros países. “Eles ajudam pessoas como eu a fazer uma experiência de trabalho remunerado ou voluntário em algum outro país que eles tenham vagas. Resolvi tentar, nem precisava ser em moda, mas quando entrei vi que tinha muitas vagas nessa área, porque muitas empresas brasileiras fabricam roupas em empresas do exterior. Elas querem brasileiros com experiência em moda para fazer contato com essas empresas. Eu achei dois intercâmbios ao mesmo tempo, era um trabalho voluntário de seis meses na Itália e outro na Índia, de oito meses. Me inscrevi para os dois, acabei selecionada para ambos e em duas semanas eu tinha largado o meu emprego em São Paulo e estava em um avião para a Itália, e depois fui para a Índia. 

   IMIGRANTES ILEGAIS

   Apesar de considerar a experiência na Itália muito boa, ela conta que ficou chocada ao descobrir que muitas das peças vendidas por grandes marcas e tidas como feitas no país por artesãos italianos, na verdade eram feitas por imigrantes ilegais chineses, vivendo em condições subumanas. “Tem uns galpões divididos em e nesses cubículos moram famílias chinesas. Cada cubicolozinho é uma fabriquinha e o pessoal das marcas vai lá pedir para eles fazerem as produções. Cheguei na Índia mais descrente ainda”, conta Letícia.
No país ela foi trabalhar em uma empresa em Jaipur que faz roupas para marcas de grande volume no Brasil. O trabalho de Letícia era fazer contato com essas lojas para apresentar as coleções. Segundo ela, quem costura são os homens, já que as mulheres têm por tradição ficar em casa cuidando da família. Eles recebem cerca de R$ 300, por uma grande produção. Mas o que mais a chocou foi a condição de vida das mulheres. 

   MUITA POBREZA

   “São muitas coisas que te marcam desde o começo. Eu já achava que trabalhava em uma indústria muito desigual, mas fui para um país em que qualquer lugar tudo é muito desigual, tem muita pobreza. Um dia minha empresa fez um evento, promoveu um desfile e convidaram mulheres importantes na sociedade de Jaipur e cada um fez um discurso, e todas falavam sobre salvar as meninas. A Índia tem um cultura, especialmente entre os mais pobres, de matar as meninas logo que nascem. Eles preferem meninos, porque a filha gera muita despesa, quando casa vira parte da família do marido, além de que a família tem que pagar o casamento da filha e o dote. O ultrassom é proibido para identificar o sexo porque o aborto é legalizado lá. Quando nasce uma menina ela é abandonada ou morta”, relata. 
   Foi durante o trabalho que ela conheceu seu sócio, que trabalhava na Aiesec de Jaipur. Segundo ela, Rastogi tinha várias ideias semelhantes às dela. Depois de várias pesquisas ela descobriu uma empresa norte-americana que vendia sapatos e revertia parte do valor para crianças argentinas. Letícia já admirava algumas peças produzidas por artesãos indianos e, após ler um livro sobre a experiência desenvolvida pelo empresário norte-americano, decidiu que era isso que queria fazer. 

   SAPATILHAS

   “Vi que era assim que conseguiria mesclar moda com remuneração mais justa. Eu tinha que vier ao Brasil para renovar meu visto e aproveitei para trazer sapatos, bolsas, lenços, sapatilhas, para ver o que as pessoas iam aceitar melhor. E começaram a aceita muito bem as sapatilhas. Depois registramos a empresa e começamos a estruturar , buscar fornecedores e também ONGs em Jaipur para nos associar. Encontramos uma que dá moradia, educação, tratamento médico e alimentação para quase 50 crianças soropositivas para HIV. Muitas vêm de vilas rurais muito pobres, com a saúde bem debilitada.”
   Operando com vendas online desde julho de 2015, a Happee comercializa peças feitas por artesãos com técnicas diversas. Grande parte da venda é para brasileiros, mas já venderam também para consumidores do Reino Unido, França, Estados Unidos e Austrália. “Queremos fazer um produto durável, pois queremos reduzir o consumo desnecessário. Além disso, queremos que as pessoas queiram ajudar os outros, por isso nossos produtos são bonitos, de qualidade e não muito caros para que queiram comprar”, finaliza. (ÉRIKA GONÇALVES – REPORTAGEM LOCAL, caderno FOLHA GENTE, 18 E 19 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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