segunda-feira, 10 de agosto de 2015

UM PRÊMIO Á DEDICAÇÃO


    


    Referência mundial nas pesquisas de fixação biológicas do nitrogênio, a agrônoma Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, é uma das indicadas ao Prêmio Claudia.

    ‘ Só de ter sido indicada já é uma super honra”, avisa a agrônoma, pesquisadora e professora Mariangela Hungria, uma das concorrentes ao Prêmio Claudia. Promovido pela revista Claudia, da Editora Abril, Mariangela entrou para o grupo de ‘mulheres que fazem a diferença’, slogan do prêmio, que este ano celebra 20 anos. “Todos os anos as instituições indicam candidatas e, das cerca de 100, três são selecionadas”, explica Mariangela, pesquisadora da Embrapa Soja e radicada em Londrina desde julho de 1991.
   Membro da Associação Brasileira de Ciências (ABC) desde 2009, a pesquisadora recebeu em 2010 a Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República. “A gente vai colhendo o que fez”, diz Mariangela, com 35 anos dedicados às pesquisas nas ciências agrárias. Mas a história começou bem antes, ainda na infância com as aventuras científicas promovidas pela avó materna Edina.
   “Minha avó foi a grande inspiração da minha vida, era uma avó mágica, fazia muitas experiências. Ela era professora de ciências e quando eu tinha oito anos ela me deu de presente o livro O Mundo dos Micróbios, que contava a história de microbiologistas como Pasteur. Lembro bem, era janeiro, nas férias e ela teve que brigar comigo para eu dormir, só queria ler.  Naquele  dia eu disse para ela que também queria ser microbiologista”,  lembra.
   Nascida em São Paulo, Maiangela viveu em Itapetinga até os 10 anos quando voltou para a capital. “Não tínhamos condições, mas fui estudar em um dos melhores colégios de São Paulo, o Rio Branco, onde tinha bolsa. Com minhas notas boas conseguia renovar a bolsa todos os anos”, conta a pesquisadora, que causou comoção entre os professores e a direção da escola quando anunciou que iria cursar Agronomia e não Medicina, como todos esperavam. “ Fizeram até reunião.  Diziam  que eu ia acabar com minha vida,  trabalhar com mato”,  lembra sorrindo.
   De volta ao interior paulista, Mariangela foi estudar na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba. “E lá eu me apaixonei e engravidei  no início do segundo ano do curso”, conta. “Tinha tudo para dar errado, mas mais uma vez tive o suporte dos  meus avós”, relata a pesquisadora, que aponta para a foto do casal na parede. “Ali eles estavam comemorando 74 anos de casados”, conta.
   Da história de amor de Mariangela nasceu a primogênita Carol, jornalista de moda,logo seguida de Marcela, “minha filha especial, grande tesouro da minha vida”, avisa. O então marido paranaense despertou na pesquisadora uma outra paixão, no caso pelo Paraná, estado que ela escolheu morar quase 25 anos atrás.
   “Sempre amei trabalhar, fazer pesquisa. Mesmo com as dificuldades de dinheiro, dos cuidados com a saúde da minha segunda filha, terminei  superbem  faculdade e lá mesmo fiz o mestrado”, explica. “No meu primeiro ano de doutorado no Rio  de Janeiro, me ofereceram o emprego na Embrapa que foi meu  primeiro e único emprego.  E  sempre no campo dos micro-organismos aplicados à agricultura”.
   O tema que tornou Mariangela referência internacional é a fixação biológica do nitrogênio (FBN), da qual é a maior especialista brasileira. “São algumas bactérias que representam  uma verdadeira fábrica de fertilizantes nitrogenados”, ensina. “No caso da soja, que é nosso carro-chave, a economia que se faz com o uso dessas bactérias que a gente seleciona e aplica é estimada em 15 bilhões de dólares por ano”, explica Mariangela. Além do Brasil, a pesquisadora  também aplica suas pesquisas na África, com o projeto N2 África, da Fundação Bill e Melinda Gates. “É um projeto que tenho muito orgulho, lá a gente trabalha com os países mais pobres desde 2010”, conta. Mas as relações internacionais tiveram início bem antes. “Eu precisava me autoafirmar no exterior. Havia muito preconceito na minha área, com quem não tivesse feito algo fora. Ouvia ‘ah, você é tão inteligente pena que só estudou no Brasil’.  Daí falei não, tenho que ir para fora. Naquela época eu já estava separada, então fui para os Estados Unidos com as duas filhas.  E  com duas malas apenas porque se acontecesse delas correrem pelo aeroporto eu largava as malas e ia atrás”, conta.
   “Foi uma experiência muito boa, tanto que era para eu ter ficado oito meses e acabei ficando três anos e meio. Me desliguei da Embrapa e fui contratada pela Universidade de lá. Passei por Nova York, pela Cornell e pela Califórnia. Aprendi muito e minhas filhas também.  A  gente se uniu muito como família”, lembra. “Foi bom eu ter ido para os Estados Unidos para perceber que não tinha que ter vergonha de até então só ter estudado no Brasil”, explica.
   Depois dos três anos e meio, chegou a hora de retornar. “A Embrapa começou a me pressionar para voltar e eu também queria estar perto dos meus avós. Que estavam muito velhinhos. Mas não queria voltar para o Rio de janeiro. Estudei para onde queria ir. Já tinha o amor pelo Paraná,  estado agrícola, vim para Londrina e foi quando comecei a trabalhar com a soja.  Minha  ex-chefe disse que tudo já tinha sido feito coma soja e quando eu cheguei vi qu tinha tudo para fazer com a soja”.
   Em homenagem ao Paraná, no ano passado, Mariangela inscreveu uma nova bactéria e deu o nome de Rhizobium paranaense. “Agora procuro uma londrinense”, avisa , Além das pesquisas, ela também se reveza nas salas de aulas e nas orientações de futuros mestres e doutores. “São quase 200 no geral, sendo que 60 são orientandos de mestrado e doutorado. Mas não é só ciência.  Acabo  ficando mais perto deles, por exemplo, do que minha filha que mora em São Paulo, e eles, que muitas vezes são de fora, das próprias famílias”, explica.  A relação é tão generosa que Mariangela se orgulha de ter “quatro netinhos do coração”, filhos de ex-alunos. “Os prêmio são importantes, mas meu maior fruto é ver bem essas pessoas que consegui treinar”, conta.
   O resultado do Prêmio Claudia será divulgado em Outubro e até lá a votação acontece on-line  pelo site www.premioclaudia.com.br  ( FONTE: FOLHA GENTE, página 1, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, domingo, 0 de agosto de 2015).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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