Conversando com um amigo por estes dias surgiu o assunto: “Você se lembra daqueles chuveiros de balde? E isso me fez pensar o quanto a gente evoluiu no século passado.
No sítio chuveiro de balde era luxo porque ainda havia o banho de bacia, ou de canequinha também. Quando era muito frio o banho não era de corpo inteiro. O banho diário é um costume que adquirimos com os índios brasileiros.
O banho com chuveiro já havia na Grécia e depois na Roma antiga. E como não tinha eletricidade, onde não havia termas esquentava-se a água com fogo a lenha. Havia os banhos públicos que naquela época eram parte de uma atividade social como ir à praia ou ao clube dos dias de hoje. No Egito antigo o banho era um costume até das pessoas mais pobres. Tudo isso documentado em objetos da época.
Na idade média é que o banho teve uma mudança de hábito e deixou de ser atividade social e se tornou mais reservada. O chuveiro ou ducha feito em objetos com furinhos lembrando um chuveiro é mesmo antigo. No Japão antecedia o banho de imersão.
No século 20, foi inventado o chuveiro elétrico mas a partir da década de 1940 é que se tornou mais seguro e livre de choques e formigamentos ao se tocar no registro de água. Com a popularização do plástico na década de 1960 o chuveiro elétrico foi se tornando mais comum nas residências urbanas. Mas na década de 1970 veio para ficar.
No sítio porém, foi mais demorado porque a eletricidade demorou mais pra chegar lá e o famoso banho de balde com aqueles furinhos ou imitando uma ducha foram utilizados por muito tempo ainda. A água era esquentada no fogão a lenha e depois levada para o banheiro que era um quarto de banho com um ralo. O balde cheio era erguido com uma corda e ficava suspenso, alguns tinham um pequeno registro que dispensava a água aos poucos. Eram outros tempos.
Às vezes reclamamos de tantas coisas e antigamente tudo era tão trabalhoso para os habitantes do campo. Hoje é só abrir a torneira e usamos a água com tanta facilidade e nem percebemos o quanto ela é difícil. Tomamos banhos de meia hora ou mais. Naquela época o chuveiro era o tempo de um balde. Alguns não tinham registro, era só um balde de lata furado mesmo. Acabou a água, acabava o banho. Então, quanto tinha o registro, o negócio era ligar a água um pouco, ensaboar-se, esfregar-se, lembrando que serviço na roça sujava bastante -, e depois enxaguar-se. Ainda existe o balde de lata por aí, nas localidades mais afastadas.
O saneamento básico é um dos desafios que existem nas cidades, Imaginemos como faziam na cidade de Corinto, na Grécia, na época de Paulo apóstolo, com uma população de aproximadamente trezentos mil habitantes ou como faziam os hebreus atravessando o deserto depois do êxodo. E na China então, como faz hoje com 1 bilhão e trezentas mil pessoas? Precisamos de muita água. O chuveiro de balde ficou mesmo como peça de museu e nos traz muita reflexão sobre o passado, assim como sobre o futuro que não apenas nos espera mas também o que faremos para chegar a ele. (FONTE: Crônica escrita por DAILTON MARTINS, leitor da FOLHA, caderno FOLHA RURAL, página 2, coluna DEDO DE PROSA, 10 e 11 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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