Tendo o maior do rio mundo em extensão e em volume de água doce, não se entende como os governos, ao longo da história, nunca levaram adiante a ideia de utilizar o líquido desse vasto manancial e canalizá-lo para o Nordeste seco e inclusive para outros Estados. (O projeto de Israel, agora oferecido ao Brasil, de dessalinizar água do mar e irrigar o árido nordestino, seria uma solução se não tivéssemos o Amazonas e outros três grandes rios, mas a dessanalização é poluente e os ambientalistas são contra.
Alguém precisa levar ao Bolsonaro a sugestão de usarmos nossas águas, já doces, e resolvermos de vez o problema da escassez de água. E temos tanta, pela prodigalidade do grande rio, que poderíamos abastecer, onde necessário, vasta região do Brasil, inclusive o Sudeste. Ocorre que os governantes, sobretudo da região Nordeste, nunca desejar melhorar a vida de sua gente, para assim mantê-la atrelada e dependente.
A bacia do Amazonas tem 90% de água doce do País, e este volume é despejado gratuitamente no mar, na proporção de 200 mil litros cúbicos por segundo, aumentando para 600 mil na época das cheias. Para abastecer o Nordeste, via aquedutos, a água viajaria 2 mil quilômetros, e 4 mil até são Paulo. Poderíamos, inclusive, vender água para outros países.
O Brasil já construiu um gaseoduto até a Bolívia e oleodutos entre os Estados, e por que não fazer isso com a água? Os generais do staff do presidente eleito já sugeriram uma solução imediata para levar água aos nordestinos. Uma medida paliativa, emergencial, mas ao menos a população e os animais não morreriam de sede. “Que braseiro, que fornalha, nem um pé de plantação: por falta d’água morreu meu gado, morreu de sede meu alazão” – foi o canto triste de Luiz Gonzaga, que ainda ecoa como uma advertência e um doloroso lamento.
A Providência Divina, que foi tão pródiga para com o Brasil ao conceder-lhe recursos naturais, como o maior rio do planeta, a maior extensão florestal e toda sua biodiversidade, prodigiosas terras agricultáveis que produzem o ano todo e com o potencial para abastecer de alimentos o mundo inteiro, vai nos cobrar porque deixamos morrer de sede e de fome tantos coirmãos nordestinos do sertão e tantos outros pobres da periferia das cidades, incluindo-se os animais, os quais nos incubem preservar; deixamos que se ressecasse a terra, que as sementes não conseguem germinar, condenando as plantações a desparecerem de nossas vistas; e que os grandes mananciais de água – Amazonas, Tocantins, São Francisco e Paraná – ficassem ali, silentes e pouco aproveitados.
Os rios não existem apenas para os peixes – embora também estes sofram com a poluição das águas – mas igualmente para servir ao homem e às plantações. Vamos suscitar os governantes prestes a assumir o comando da Nação a que despertem para a realidade das populações carentes de água, e voltem sem demora seu olhar para o rio Amazonas. (FONTE: Crônica escrita por WALMOR MACCARINI, jornalista, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, sexta-feira, 9 de novembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). * Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opinião@folhadelondrrina.combr ).
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