terça-feira, 26 de julho de 2016

O POTENCIAL DO ABACAI



   O Projeto coordenado pela Secretaria de Agricultura visa melhorar o cultivo da fruta em áreas onde o zoneamento agrícola, o solo arenoso e o calor permitem POTENCIAL DO ABACAXI 

   Quem resiste quando o feirante chega com aquele pedaço de abacaxi doce para provar? Quase uma unanimidade, esta fruta tropical está presente em mais de 200 municípios do Paraná, mas a falta de organização dos produtores e algumas dificuldades no manejo fez com que a produção estagnasse há mais de uma década. Agora, um projeto coordenado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) – encabeçada pela Emater e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) – promete alavancar a cultura, principalmente no Nordeste do Estado. 
   Hoje, a produção paranaense é concentrada na região de Paranavaí (60%) e Umuarama (13%), além de alguns focos em Maringá (8%) e Jacarezinho (6%).
   A principal variedade plantada é o Havaí, correspondendo em quase toda totalidade. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, a fruta ocupou 428 hectares no Estado no ano passado, com um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 13,6 milhões e pouco mais de 400 produtores. Entretanto, o que se vê é uma produção irregular e sem escala, o que faz com que os compradores busquem produtos de outras regiões do País, como de Minas Gerais e Paraíba. 
   O pesquisador do Iapar Pedro Antônio Auler, é o gerente do Projeto de Apoio aos Polos de Citrus, Abacaxi e Maracujá do Nordeste do Paraná, e conta quais estratégias serão utilizadas para melhorar a condição da cultura nas regiões mais quentes do Estado, onde o zoneamento agrícola, o solo arenoso e o calor permitem o cultivo. “ Nós temos o maior polo do Estado em Santa Isabel do Ivaí e a cultura não avança, A nossa preocupação não está em gargalos tecnológicos, mas sim na falta de organização da produção e problemas na comercialização. É isso que precisamos enfrentar para dar um fôlego na cultura no Estado”. 
   Hoje, Auler explica, os produtores de abacaxi trabalham de forma individual, o que não viabiliza uma assistência técnica, comercialização constante, compra de insumos, e muito menos padrão de qualidade escalonamento de produção. “ Vamos definir inclusive uma época de trabalho mais interessante para o produtor”.
   Para que o cenário se transforme, o Iapar também promoverá um levantamento econômico detalhado em propriedades de referência, com acompanhamento forte, por exemplo, de custos de produção, tecnologias utilizadas, qualidade do produto, entre outros fatores para que outros produtores tenham métodos de base, gerando a melhoria do sistema do abacaxi com um todo. 
   O pesquisador da Área de Socioeconomia (ASE) do Iapar, Dimas Soares Junior, comenta que o grupo de trabalho irá fazer a viagem da região daqui aproximadamente um mês para escolher as propriedades de referência no polo de Santa Isabel do Ivaí e Santa Mônica. “ Já estamos também levantando dados básicos, como área média de cada produtor, número de pés de fruta, produtividade e assim selecionaremos agricultores representativos para o acompanhamento técnico e econômico completo. Posteriormente, vamos disseminar as informações para toda a região”. 
   No que diz respeito ao trabalho junto da cadeia produtiva, de comercialização, Dimas explica que está previsto para o final deste ano e início de 2017 visitas aos polos de produção de Corumbataí do Sul, que tem um case de sucesso com a cadeia de maracujá e também num polo de produção de abacaxi em Minas Gerais. 
   “ Desta forma, teremos condições de fomentar um grupo que irá assumir a condição de liderança no que se trata de organização da cadeia”, complementa o pesquisador. 
   Assim, num futuro próximo, será possível a organização de associações e cooperativas, já que é certo que a fruticultura paranaense funciona de forma mais eficiente nesse sistema. Para finalizar, vale dizer que o mercado de abacaxi é promissor com a fruta in natura, mas o projeto também prevê um estudo para avaliar as possibilidades de processamento. 

   TRABALHO EM CONJUNTO É FUNDAMENTAL PARA MUDAR CENÁRIO
   O extensionista da Ematerm em Santa Isabel do Ivaí, Ricardo Domingues,também está ligado ao projeto da Seab e fala sobre o potencial do abacaxi para os produtores. Segundo ele, a produção atual do Estado abastece apenas 5% da demanda das centrais de Abastecimento (Ceasa) que trazem o restante do volume de estados como São Paulo e Minas Gerais e Paraíba.
   Na concepção de Domingues, existem alguns entraves que não ajudam a cultura s deslanchar em solo paranaense, como o custo alto de implantação devido às mudas e a falta de mão de obra, já que mais de 50% da atividade é manual. “ Outro gargalo é a necessidade de tecnologia de ponta para a produzir frutos de qualidade, com insumos modernos, adubação pesada e controle severo de pragas e doenças”. 
   Apesar de alguns entraves, o extensionista não tem dúvidas de que a cultura pode ser explorada pela agricultura familiar, com financiamentos a juros baixos. Entretanto, para que de fato o retorno seja interessante, os produtores precisam se organizar. “ Como os produtores da região não trabalham unidos, tem muita gente ‘picareteando’ o preço. É aí que o projeto precisa atuar. 
   A opinião é compartilhada pelo produtor Edmilson Marcoff, também de Santa Isabel do Ivaí. Na sua área de 12 alqueires, quatro deles são dedicados ao abacaxi. Há oito anos, ele iniciou com apenas um alqueire, mas o bom retorno fez com que continuasse a apostar na atividade safra a safra. Para cada alqueire, são 70 mil pés, totalizando 280 mil pés no total. 
   Nas contas do fruticultor, o custo por alqueire gira em torno de R$ 45 mil. Se cada abacaxi atingir 1,4 quilo, serão 98 toneladas por alqueire, podendo atingir um faturamento bruto de R$ 127,4 mil ( R$ 1,30 o aquilo). “ O retorno é interessante, mas é claro que na safra o preço acaba caindo. A grande dificuldade é que, como não estamos organizados, cada um tem de se virar para vender, acontece uma briga de mercado e os preços despencam. A fruta vai madurando, o produtor se apavora e vai diminuindo o preço dia a dia. Se todos tivessem trabalhando juntos, não precisaria disso, afinal, a demanda existe e é grande”. 
   A união dos fruticultores, na opinião de Marcoff, ajudaria inclusive no momento de comercializar na Ceasa, que criaria um vínculo interessante com os produtores, se a área, de fato, fosse grande. “ A cadeia precisa ser organizada e com a produção escalonada o ano todo. Assim, não seria necessário os atacadistas buscarem em outros estados. Já tivemos a primeira reunião no início de julho e a maioria acha que essa união dos produtores será muito válido para a cadeia”.
   Outro ponto, sem dúvida, que dificulta a vida do fruticultor é a falta de mão de obra. “ Existem alguns traços culturais que poucos produtores fazem, como colocar jornal para cobrir o fruto e a capina correta da lavoura. Para esse tipo de atividade, é preciso de trabalhadores especializados”, lamenta Marcoff. (V.L). 

   MULCHING AJUDA NA RETOMADA DA ATIVIDA EM BARRA DO JACARÉ


   Na cidade de Barra do Jacaré, no Norte Pioneiro do Estado, um projeto desenvolvido pela Emater deve ajudar o abacaxi a ganhar uma nova chance entre os produtores da região. A técnica se chama mulching com fertirrigação, que nada mais é que uma espécie de plástico preto que cobre a terra preparada para receber as mudas das frutas, diminuindo a incidência de ervas daninhas e melhorando a qualidade final do produto. 
   A história do abacaxi em Barra do Jacaré começou em 2010, quando a atividade ganhou força numa aposta em conjunto, atingindo 22 produtores e uma área que totalizava 122 mil plantas. Entretanto, ao longo dos anos eles desanimaram, principalmente pela dificuldade do manejo tradicional. Assim, com a tecnologia do mulching em três propriedades de referência a ideia é que a cultura volte a ser disseminada. No final do ano, os produtores vão colher os primeiros abacaxis e, até o momento, a expectativa é de frutos com peso acima da média, entre 1,8 e 2,5 quilos.
   O extensionista da Emater de Barra do Jacaré e Cambará, Antônio Carlos Rossin, trouxe a tecnologia para a região e está animado com os primeiros resultados. Ele explica que o plástico no canteiro segura a umidade e abafa o desenvolvimento das ervas daninhas. “ Antes, eles precisavam trabalhar para combater as ervas daninhas apenas na enxada e era um trabalho bem complicado e desanimador. O herbicida recomendado só pode ser utilizado 30 dias depois do plantio que dificultava o controle das pragas “. 
   O plantio aconteceu em outubro do ano passado e a colheita acontece entre novembro e dezembro “ Além da redução considerável da mão de obra, já dá papa perceber que as plantas estão com um bom porte e o peso do fruto deve ficar acima da média “. 
   O casal de produtores João Batista e Dima Oliveira Bortolini apostaram na cultura, primeiramente com o manejo tradicional, e agora com o mulching. Antes da tecnologia chegar, eles possuíam 11 mil pés de abacaxi na propriedade. “ Nessa época, a lavoura não era irrigada e tivemos problemas com seca, depois geada e também ervas daninhas. Realizamos muitos descartes, pois as frutas ficaram miúdas “relata Dima. Nos cálculos da produtora, os onze mil pés deram um lucro de R$ 10 mil, o que consideram pouco por toda a mão de obra dedicada pela família. “ Eu cheguei a vender três abacaxis por R$ 10 “, relembra.
   A ideia inicial era desistir, até que o extensionista Rossini apresentou o mulching para a família, o que fez com que eles apostassem em pelomenos três mil pés com a tecnologia. “ Agora, estamos animados com os frutos que estão por vir. Nossa expectativa é vender cada abacaxi pelo valor de R$ 5 o que nos dará um faturamento de R$ 15 mil. Um ganho bem interessante, já que o espaço de terra é pequeno. Para o ano que vem, queremos pelo menos dobrar a área. Vamos aguardar para ver os resultados finais desta primeira experiência. (V.L.) (VICTOR LOPES – Reportagem Local, páginas 4, 5 e 6 , FOLHA RURAL do dia 23 de julho de 2016, sábado, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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