sábado, 2 de julho de 2016

À LUZ DAS LAMPARINAS


   Enquanto o mundo discute a eficiência energética, a evolução das lâmpadas coloca novos produtos no mercado, colocando os modelos incandescentes definitivamente na sepultura, minha lembrança vai lá para a década de 1070, quando ainda menina me divertia no sítio, nas casas de meus avós e tios, à luz das lamparinas. Dia desses, inclusive, numa das muitas quedas de energia elétrica em minha casa, comentei com meus filhos que teria de incorporar a peça aos nossos objetos de uso doméstico. 
   “Lamparina, o que é isso mãe?”, perguntou minha filha caçula, que no auge dos seus 12 anos nunca ouviu falar da “eficiente” ferramenta de iluminação. Expliquei seu uso e que de tão comum nas residências sem o benefício da eletricidade era produto de destaque nas prateleiras de qualquer lojinha ou armazém, e até mesmo confeccionada pelos próprios moradores, com alumínio de panelas velhas, latas vazias de óleo, extrato de tomate, ou o que mais encontrassem. Seu formato era o de uma base, como o de uma lata de milho verde, onde se colocava o líquido inflamável que alimentava a chama, com uma superfície afunilada por onde saía o pavio condutor dessa chama. Uma pequena alça era fixada na lateral para facilitar o manuseio ou o transporte. O querosene, inflamável mais usado, fazia parte da lista de compras na vendinha do seu Léo, com tanta prioridade como o sal e o açúcar. 
   Depois de minhas explicações e dos espantos e comentários de quem vive no mundo das tecnologias, e que não consegue imaginar como as pessoas “sobreviviam” com tão pouca luminosidade, me perdi por alguns minutos no passado – não muito distante, mas que rendeu momentos de muita diversão. 
   Entre as muitas lembranças estão as do meu avô, sentado em seu banquinho, ao lado do fogão a lenha, com alguns chumaços de algodão recém-colhido, retirando as sementes, modelando o cordão para seu estoque de pavios. Pois, além dos que iam imediatamente para o uso, ele guardava alguns de reserva para possíveis emergências. Pedaços de tecidos de cobertores velhos também eram usados para o mesmo fim. 
   Algumas casas mais “equipadas” até possuíam outras fontes de iluminação um pouco mais fortes, como o lampião a gás, ou a s lâmpadas ligadas a baterias automotivas. Mas eram as lamparinas as mais usadas, por poderem ser levadas na mão para qualquer canto da casa. 
   E eram elas que após o jantar garantiam a luz para os momentos de diversão entre eu e meus primos no quintal da casa, com o maravilhoso reforço da lua e das estrelas. Esconde-esconde, balança-caixão, pega-pega, passanel estavam entre as brincadeiras mais comuns. A claridade emitida? Ah, sim! Era tão eficiente quanto a da atual iluminação urbana... ao menos para nós que não dispúnhamos de nada mais eficiente e que, naquele momento, não fazia diferença, não nos tirava a alegria e a animação da noite. (CÉLIA GUERRA, jornalista nesta FOLHA, página 2, espaço DEDO DE PROSA, FOLHA RURAL, sábado, 2 de julho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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