quarta-feira, 27 de julho de 2016

APLICATIVO AVALIA ACESSIBILIDADE

Kleber Arantes: poucas iniciativas e muitas dificuldades
   A ferramenta dá uma nota de 0 a 5; em Londrina há uma lista de locais à espera de análise 

   No Brasil há 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, 20,5 milhões de idosos, 18,7 milhões de obesos e, todos os anos, 800 mil mulheres engravidam. Mesmo com uma população de 85,6 milhões de pessoas com mobilidade reduzida, encontrar locais que investem em adequações para facilitar a acessibilidade desse público não é tarefa fácil. Grande parte dos empresários e comerciantes ainda acredita que investir em acessibilidade é construir rampas de acesso, mas se esquece de remover outras barreiras , como melhorar as calçadas e adaptar banheiros, além de investir em sinalização que auxilie a locomoção e garanta a autonomia de quem perdeu definitiva ou temporariamente a mobilidade.
   Lançado no final do ano passado, o projeto Biomob tem a finalidade de melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência orientando esse público sobre os locais preparados para recebê-los. O projeto inclui um site e um aplicativo que mapeia e avalia bares, restaurantes, lojas, shoppings, academias, salões de beleza, teatros, museus, hotéis, parques, praças e prestadores de serviços em todo o País. 
   A ferramenta dá uma nota de 0 a 5 para cada local avaliado, observando-se a acessibilidade física e atitudinal. A avaliação é feita por arquitetos, pessoas com deficiência e ativistas com base nas leis vigentes e na Norma NBR 9050 da ABNT, que estabelece regras de acessibilidade para edificações. As avaliações vão para um banco de dados e podem ser acessadas por meio do site ( www.biomob.com.br ) ou aplicativo para celular. O aplicativo detecta a localização do usuário e sugere lugares em um raio de um quilômetro que atendem às suas necessidades. A ferramenta também permite a busca por nome ou tipo de estabelecimento em cada cidade. 
   O projeto permite ainda que os usuários compartilhem suas avaliações e pode ser utilizado por empresários que buscam orientações sobre formas de melhorar a acessibilidade no seu estabelecimento comercial. 
   “ Falta de acessibilidade significa reclusão, confinamento. E isso acontece todos os dias ”, salientou um dos criadores do Biomob, Rodrigo Credidio. “ O projeto nasceu com o propósito da dar direito de ir e vir e dar impacto positivo no estado psicológico e biológico da pessoa com mobilidade reduzida. Uma boa cidade é uma cidade para todos.”
   Até agora, são 1,3 mil locais avaliados, mas a meta é chegar a 10 mil nos próximos meses. Para isso, o projeto organiza mutirões para mapear lugares acessíveis e valorizar as boas iniciativas. No próximo dia 28, será realizado um mutirão em São Paulo. 
   A intenção de Credidio é que em uma segunda etapa do projeto a avaliações possam gerar relatórios que serão um canal de cobrança do poder público para que sejam adotadas medidas para garantir a acessibilidade. 
   O Biomob tem o apoio do analgésico Advil, que lançou em 2015 a campanha #Nada Atrapalha Meu Caminho, com o objetivo de incentivar o movimento pela mobilidade. “ Nem a dor nem a dificuldade de mobilidade pode impedir as pessoas de desenvolverem suas atividades”, disse o gerente de Produtos da Pfizer, Elio Dilburt. O anúncio oficial da parceria foi feito na semana passada, Em São Paulo. 

LONDRINA

Em Londrina há uma lista de locais à espera de avaliação. O único avaliado até agora é o McDonald’s da Avenida Higienópolis, que ganhou nota 5, considerada excelente. Além de rampas de acesso no estacionamento e nas calçadas laterais e vagas reservadas a deficientes, o local tem piso tátil, elevador, dois banheiros adaptados, um no piso inferior e outro no superior, e um caixa adaptado para cadeirantes. “ Os deficientes vêm, mas também temos clientes com o pé machucado, gestantes e pais com carrinhos de bebês e o elevador ajuda. Também tem um casal de anões que vem toda semana e usam o elevador para acessar o piso superior, onde está o maior número de mesas ”, relatou o gerente de Negócios da loja, Juliano Fernando Oliveira. 

   DESMISTIFICAÇÃO 

   Arquiteto especialista em acessibilidade e desenho universal, Mario Cezar da Silveira defende a desmistificação da acessibilidade e ressalta que as peculiaridades pessoais de cada cidadão não podem ser vistas como deficiências, mas como característica da diversidade. “ O Brasil criou leis desde 1988 tentando fazer justiça, mas as leis não provocam mudanças, elas são apenas norteadoras. A lei só funciona quando há mudança nos paradigmas internos”, avaliou. 
   Silveira lembrou que hoje, no Brasil, mais de 30 mil pessoas têm mais de 100 anos de idade e quase 3 milhões já passaram dos 80 anos. “ Poucos a gente vê caminhando pela cidade. Você envelhece e perde a possibilidade de andar pela cidade se tiver perdas funcionais. Até uma certa idade nós ganhamos e depois somos seres de perdas. Temos que cobrar medidas do poder público para melhorar a acessibilidade. O conceito pleno de acessibilidade é enxergar as pessoas em todas as suas possibilidades. * A repórter viajou a São Paulo a convite da Pfizer.

   CIRCULAR É ENFRENTAR BARREIRAS

   Há nove anos, o então modelo e ex-BBB Fernando Fernandes perdeu o movimento das pernas após sofrer um acidente de carro. Desde então, ele afirma lutar para mudar os paradigmas que cercam a deficiência física. “ Dizer que cadeira de rodas representa incapacidade é preconceito e, para provar isso, comecei a fazer tudo que fazia antes do acidente, como saltar de paraquedas, motocross e tive também um quadro em um programa de televisão mostrando os esportes adaptados. Foi quando dei um choque visual na sociedade “, contou. “ Deficiência é uma coisa, incapacidade é outra “, disse ele, que participou do lançamento oficial da parceria entre o Biomob e o laboratório Pfizer, em São Paulo. 
   Hoje, Fernandes é paratleta de canoagem, mas revela o desconforto com o termo usado para definir sua profissão. “Não tem pararquiteto, não tem paraengenheiro, por que chamar o atleta com deficiência de paratleta “
   Também foi um acidente de carro que deixou o servidor público aposentado Kleber Arantes paraplégico, quase 26 anos atrás. Em mais de duas décadas e meia, no entanto, ele viu poucas iniciativas em Londrina para garantir a acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Quando fazia parte do Centro de Vidas Independente, há alguns anos, Arantes avaliou a acessibilidade do Calçadão em toda a sua extensão e o resultado foi desanimador. “ Apenas 20% estavam adaptados.” 
   Para quem tem problemas de mobilidade, contou o ex-servidor público, circular pela cidade é se deparar a todo instante com barreiras. “ Tem meio-fio que não dá para subir para quem está sozinho, ruas com inclinação que dificulta a circulação, calçadas quebradas, buracos e lombadas. E em muito banheiros públicos o acesso é impossível. Ou não dá para entrar ou você entra mas não consegue fechar a porta. Já tive que pedir para amigos ficarem do lado de fora cuidando enquanto usava o banheiro com a porta aberta “, disse. 
   E a lista de dificuldade é bem extensa. Kleber Arantes lembra dos apartamentos novos, nos quais as portas dos banheiros são estreitas demais, impossibilitando a passagem de cadeira de rodas, e recentemente deixou de fazer natação porque a única academia de Londrina totalmente adaptada para receber deficientes físicos encerrou as atividades. Ele também lembra do Teatro Zaqueu de Melo, onde a dificuldade começa logo na entrada, com acesso apenas por escadas. “ Tudo tem sido feito pensando em uma sociedade perfeita, mas isso é uma grande hipocrisia “, criticou.
   “ Garantir a acessibilidade de quem tem problemas de mobilidade é uma questão de boa vontade, de planejamento e organização. A acessibilidade tem mais a ver com isso “, resumiu Fernando Fernandes. (S.S) (SIMONI SARIS, Reportagem Local, caderno FOLHA CIDADES, página 3, terça-feira, 26 de julho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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