sábado, 5 de setembro de 2015

COMO VEJO A CIDADE

   


   Passando pelo Calçadão de Londrina, numa manhã dessas, me  lembrei do  quão provinciana uma cidade pode ser.  Encontrei  pelo caminho os senhores aposentados que tomam sol nos bancos de alvenaria em frente às lojas, enquanto papeiam sobre os mais diversos temas, desde a rodada do campeonato de futebol até a política, a economia do País e o valor da conta do supermercado, "um absurdo”.
   Me deparei com a correria dos trabalhadores que precisam cruzar o centro da cidade para chegar ao terminal urbano e com as donas de casa que deixam o bairro para aproveitar as liquidações das grandes redes varejistas da rua Sergipe.
   O retratista e seu cavalinho de brinquedo continuam estacionados na esquina da rua Rio de Janeiro, no final da Praça Marechal Floriano Peixoto – mais conhecida como Praça da Bandeira -, à espera de alguém que precise de uma foto 3x4 em tempos digitais.
   Ao atravessar a praça, fiz o sinal da cruz em frente à Catedral, notando o grafite em uma das paredes laterais. Sinal dos tempos, refleti. Segui  rumo ao jornal , que fica ao lado do bosque que separa minhas vidas profissional e pessoal, pensando em como as cidades levam a cara de seus moradores.
   Quando me mudei para Londrina vinda de São Paulo, costumava ouvir música sertaneja através da janela e ia para o trabalho a pé, sorriso no rosto, me sentindo livre na cidade pequena, bem diferente da metrópole a que estava acostumada. Ainda hoje, ao atravessar o bosque, sinto como se conhecesse todo mundo que cruza meu caminho, uma sensação que tenho só quando visito a pequena cidade de nome diminutivo onde meu pai cresceu.
   Depois de alguns anos por aqui, conheci boa parte de Londrina e constatei que ela sabe ser grande quando quer, oferecendo todo tipo de conforto que a capital paulista me dava.. Também sabe ser pequena, especialmente quando as distâncias são irrisórias, facilitando a rotina. Nessas horas agradeço por ter escolhido viver na pequena Londres.
   Caminhando, refleti sobre a pequenez e a grandeza das cidades que me construíram. Me lembrei do bairro onde cresci, que se desenvolveu comigo e hoje  transborda uma violência que não perde em nada nos morros cariocas, mas que ontem me permiti ir a pé da minha casa à igreja, para o catecismo, e depois à casa da minha vó, que me levava à feira para comprar pastel todo sábado. 
 Me lembrei da sensação de liberdade ao cruzar a minúscula Pedrinhas Paulista de bicicleta nas férias com a irmã e as primas, sem medo de nada, visitando as tias que sempre tinham uma guloseima  para nos presentear. Hoje, a cidade – que ainda não tem semáforos - também exibe traços de violência que ontem só eram vividos nas capitais. As portas já não ficam mais abertas à noite e os carros são guardados na garagem.
   Aprendi a entender que as cidades mudam de acordo com a transformação de seus habitantes, ora mais calmos, quando a vida é gentil, ora agitados, quando as dificuldades são muitas. Também aprendi que podem ser grandes ou pequenas, dependendo de como as sentimos. Dá para ser feliz na periferia da metrópole, ao redor do bosque,  com tudo perto, ou na cidade que tem apenas duas avenidas principais e pouco menos de 3 mil habitantes. (MARIANA GUERIN, jornalista da FOLHA, página 2, FOLHA RURAL, espaço DEDO DE PROSA, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, sábado, 5 de setembro de 2015).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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