Na década de 1960, morávamos no sítio onde tudo era muito difícil, não
tínhamos o conforto que temos hoje em dia. Não tinha eletricidade, água
encanada entre outras coisas. Andávamos de alpargatas roda, nossos calções eram
de saco alvejado, muitas vezes com a inscrição “Café do Brasil”. O mesmo para
as roupas de cama. E os colchões eram de palha de milho. O chuveiro era uma
lata de 20 litros que tinha uma torneira com um chuveirinho. Na hora do banho
era um sacrifício, pois tinha que esquentar a água, soltar a corda que era
presa em uma carretilha e encher o tal do “chuveiro”. O banho tinha que ser
rápido, pois caso contrário acabava a água quando estávamos ensaboados. A luz
era lamparina a querosene, que meu pai comprava no final do mês em latas de 18
litros. Para sair à noite, só com lamparina ou farolete, mas tinha que ter
muito cuidado, pois as pilhas da época duravam pouco.
Certa ocasião meu primo Haroldo, da cidade, veio passar uns dias em casa. Tinha nossa idade, 14 anos. Seu pai trabalhava no banco e tinha muito conforto em sua casa. Tinha cabelos compridos roupas boas, usava botinha, tinha um anel que dizia ser “brucutu” e estudava em escola particular. Nós o chamávamos de “playboy”. E ele cantava músicas em linguagem que dizia ser da “Norte América “.
No primeiro dia de banho, apesar de ser orientado, ficou sem água no meio do banho. Meu pai deu mais água e o orientou como deveria proceder. Ah barulho no banheiro e ele gritando, abrimos a porta e ele pelado, o chuveiro todo quebrado no chão e o sangue descendo da sua cabeça. Que sufoco. Minha mãe logo preparou panos com fumo e colocou no ferimento.
Em uma noite, fomos passear na casa de um vizinho. Tinha que atravessar o pasto e lá foi o Haroldo com o farolete. Não é que o descuidado atolou o pé numa poça de estrume fresco de vaca. Chorava como criança.
Outra noite, com a lamparina, foi à “casinha” fazer necessidade. Tropeçou em um barranco e destruiu a lamparina que incendiou parte das flores de minha mãe.
O jeito foi levá-lo para a cidade e despachar o infeliz para sua casa. Nunca mais o Haroldo voltou para nos visitar. Até hoje não sei por quê? ( Texto escrito por SIDNEY GIROTTO, leitor da FOLHA , página 2, espaço DEDO DE PROSA, caderno FOLHA RURAL, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, sábado, 9 de maio de 2015).
Certa ocasião meu primo Haroldo, da cidade, veio passar uns dias em casa. Tinha nossa idade, 14 anos. Seu pai trabalhava no banco e tinha muito conforto em sua casa. Tinha cabelos compridos roupas boas, usava botinha, tinha um anel que dizia ser “brucutu” e estudava em escola particular. Nós o chamávamos de “playboy”. E ele cantava músicas em linguagem que dizia ser da “Norte América “.
No primeiro dia de banho, apesar de ser orientado, ficou sem água no meio do banho. Meu pai deu mais água e o orientou como deveria proceder. Ah barulho no banheiro e ele gritando, abrimos a porta e ele pelado, o chuveiro todo quebrado no chão e o sangue descendo da sua cabeça. Que sufoco. Minha mãe logo preparou panos com fumo e colocou no ferimento.
Em uma noite, fomos passear na casa de um vizinho. Tinha que atravessar o pasto e lá foi o Haroldo com o farolete. Não é que o descuidado atolou o pé numa poça de estrume fresco de vaca. Chorava como criança.
Outra noite, com a lamparina, foi à “casinha” fazer necessidade. Tropeçou em um barranco e destruiu a lamparina que incendiou parte das flores de minha mãe.
O jeito foi levá-lo para a cidade e despachar o infeliz para sua casa. Nunca mais o Haroldo voltou para nos visitar. Até hoje não sei por quê? ( Texto escrito por SIDNEY GIROTTO, leitor da FOLHA , página 2, espaço DEDO DE PROSA, caderno FOLHA RURAL, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, sábado, 9 de maio de 2015).
Nenhum comentário:
Postar um comentário