segunda-feira, 4 de maio de 2015

DA COLMEIA PARA O BOLSO




Preços  atrativos  e  exportação aquecida  faz da apicultura uma atividade importante para os produtores paranaense.
   O físico alemão Alberto Einsten disse certa vez; “Se as abelhas desaparecessem da face da terra, a espécie humana  teria somente mais 4 nos de vida. Sem abelhas não há polinização, ou seja, sem plantas, sem animais, sem homens”. Se as monstruosas áreas destinada à commodities e utilização de agrotóxicos diminuem o número de abelhas no ambiente rural, por outro lado há apicultores e meliponicultores (Cultivo de abelhas sem ferrão) que continuam apostando na produção do mel em diversas áreas do Paraná e do País.
   No último ano, o preço do quilo de mil cresceu em torno de 33% um salto de R$ 6 para R$ 8 o quilo no atacado. No varejo, o quilo pode ser comercializado até R$ 20. Já as exportações aumentaram 50% no Paraná entre 2013 a 2014, com preços recordes em dólar. O Brasil possui em torno de 350 mil apicultores, com uma produção que gira  em torno de  37 mil toneladas.  O Paraná perdeu espaço para o Nordeste, mas com a seca que atingiu a região nos últimos anos, pode ganhar novo fôlego  A produção estadual gira em torno de seis mil toneladas com grande produtividade concentrada na cidade de Ortigueira, mas existem apicultores em todo o  território  paranaense. Produtores e especialistas do setor concordam que o Estado tem um grande potencial para desenvolver uma produção de mel consistente.
   O engenheiro agrônomo Ramón Ponce Martin, que ministra aulas de apicultura e meliponicultura  no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), comenta que a procura é grande para ambas as atividades. Ele relata que um apicultor com 100 colmeias, produzindo  40 kg de mel/ano por caixa, hoje consegue fazer uma renda de 3,3 mil, se realizar um bom manejo. “No caso da meliponicultura,  cuja produção é menor mas o produto mais caro, é possível uma renda de R$ 330/ano por colméia.  Hoje, quem leva as atividades a sério, como negócio e não por hobby, atinge resultados financeiros bem interessantes.”.
   Um dos grandes entraves para a evolução da produção é que a cadeia não é organizada. A Associação Brasileira dos Estados das Abelhas (A.B.E.L.H.A) iniciou um trabalho recente com o intuito de reunir, produzir e divulgar informações, com base científica e colaboração de uma rede de parceiros, que visam a prevenção das abelhas e outros polinizadores no Brasil. Integrante do conselho científico da associação, o engenheiro agrônomo Décio Luiz Gazzoni, relata que a produção de mel ainda é muito artesanal, vista como uma atividade secundária pelos produtores rurais.  “Primeiramente,  é preciso analisar se há uma demanda nacional e mundial antes de  fomentar o incremento de produção. Depois, criar uma sinergia, formas harmônicas de trabalhar com a produção de milhares de hectares de milho e soja junto a um ambiente propício para as abelhas”, explica Gazzoni.
   O médico veterinário de Departamento   de Economia Rural (Deral), Roberto de Andrade Silva, responsável pelos  levantamentos dos números do Estado, comenta que o Paraná faz ainda uma apicultura na maior parte das vezes  extrativa, ao invés de racional, com manejo. “Temos território, clima favorável, mata  nativa...tudo para a apicultura crescer. Além disso, a miscigenação das abelhas européias e africanas as tornaram mais resistente a doenças, assim não utilizamos antibióticos. O q         eu  falta é a profissionalização e manejo adequados”, lamenta.
                                                     
                 ‘’
                                                             O mel brasileiro ganha pontos no mercado
                                                        por ser isentos de resíduos, poluição e agrotóxicos  e
                                                        pelas abelhas resistentes que não recebem antibióticos



EXPORTAÇÕES FORTALECIDAS NO ESTADO E NO PAÍS  

   Dados da Associação Brasileira dos Exportadores do mel (Abemel) mostra que o produto nacional ganhou um espaço surpreendente nos últimos anos em outros países. Em 2014, foram exportados 25,3 mil toneladas de mel, alta de 48,1 % frente aos 16,1 mil toneladas do ano anterior. No que diz respeito ao montante comercializado,  a alta foi de US$ 54,1 milhões para US$ 98,5 milhões (+82%), fechando com o quilo sendo comercializado a ótimos US$ 3,89. Em 2015, o preço médio pago até agora é de US$ 3,95. O principal comprador do mel brasileiro são os Estados Unidos, adquirindo 75% do volume.
   No Paraná, também houve uma evolução significativa das exportações. No ano passado, foram três mil toneladas vendidas, alta de 50% frente as duas mil toneladas de 2013. Em valores, o saldo foi de US$ 6,8 milhões para US$ 11,7 milhões, alta de 72% e preço  pago por quilo de US$ 3,81.
   De acordo com a secretaria da Abemel, Joelma Lambertucci , a exportação ganhou um fôlego diferenciado há aproximadamente dez anos, quando a Europa realizou um embargo ao mel chinês, que estava apresentando muitos problemas de qualidade. “Tive os oportunidade de mostrar nosso produto. Antes, o mel  brasileiro  era considerado caro, mas não se comparava a qualidade dele frente ao chinês. Hoje, os importadores reconhecem nosso mel, que é isento de resíduos, produzidos em áreas livres de poluição, agrotóxicos, e a partir de abelhas resistentes, que não recebem antibióticos”. Atualmente, muitos países continuam comprando o mel chinês,  e fazem o “blend” com o mel brasileiro, uma espécie de mistura para melhorar a qualidade do produto final, sem investir tanto.
   Para 2015, a expectativa é que a produção de mel nos Estados Unidos e na Ucrânia sejam melhores, o que pode inibir um pouco as exportações brasileiras. “Nos próximos meses, pode haver uma redução dos números.  Com os preços elevados, muitas empresas nacionais começam a reduzir a quantidade de mel , substituindo por outros produtos. Mesmo assim, acreditamos ser possível fechar com o mesmo volume do ano passado, mas nossa meta é um incremento de 15%, diz a secretaria executiva da Abemel.  
   Uma preocupação para o futuro das exportações é o plantio de eucalipto transgênico, já que o mel exportado deixaria de ser considerado orgânico. Cerca de 80% do produto vendido para os Estados Unidos e Europa é orgânico, um grande diferencial do mel brasileiro. Neste mês, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança  (CNTNBio)  aprovou a  liberação do eucalipto geneticamente modificado da FuturaGene, empresa  de biotecnologia, tornando o Brasil o primeiro país do mundo a aprovar o plantio de  eucalipto transgênico para fins comerciais. “Pela legislação dos orgânicos. O mel só se enquadra dessa forma se estiver numa  área que não haja nenhuma cultura geneticamente modificada.  O eucalipto é uma planta melífera, fonte de alimento para as abelhas, e muito importante para o setor apícola. Para a Europa, o aumento da incidência do pólen geneticamente modificado nas amostras brasileiras faz com que haja grande  possibilidade de perder os esse mercado.  A  médio e longo prazos,  há grande preocupação se não houver alterações da legislação neste sentido”, conclui Joelma Lambertucci. ( V.L)


   ENTRE O MEL E A MARCENARIA DE COMEIAS; UM EMPREENDEDOR RURAL            

      No campo – como acontece na cidade – o empreendedorismo surge dos detalhes e das boas idéias. O produtor rural Robson Cândido de Souza, de Congonhas, distrito de Cornélio Procópio, é exemplo claro disso. Em 1986, ele trabalhava no sítio quando percebeu que uma caixa de papelão, cheia de mudas, alojou um enxame de abelhas. Os insetos “sem lar” incomodaram Robson. “Com dó, ele substituiu a caixa de papelão por uma caixa rústica artesanal. Um ano depois, a colméia improvisada produziu oito quilos de mel. Surgia um apicultor por natureza na região  Norte do Estado. “Quando vi aquela primeira produção, pensei comigo:  Estou perdendo tempo.  Já que  as abelhas vão trabalhar para mim agora”, brinca ele.
   Com o tempo, Robson pegou a expertise do negócio com outros apicultores da região e em cursos especializados. Hoje, ele trabalha com aproximadamente 200 colmeias em sua área de sete hectares e,  no último ano, produziu cinco toneladas de mel. O apicultor comercializou toda a produção, vendendo 50% no tacado a R$ 8 o quilo, e a outra metade no varejo, a R$ 18 o quilo. O custo da produção gira em torno de R$m 4,50 a R$ 5 o quilo. E o apicultor tem até marca própria com inspeção municipal, a Potência Mel.
   Desde o início Souza produziu suas próprias caixas colméias. Com o tempo e muito estudo, ele criou o padrão exigido pelo mercado e hoje comercializa inclusive as caixas para todo o Paraná e até outros estados. Como além de apicultor Robson também é marceneiro deixa  produção de móveis para focar nas colméias. Em um ano, ele vende em torno de 400 caixas de abelhas a R$ 150 cada, gerando em torno de R$ 60 mil de renda extra. “Minas colméia são bem acabadas, dentro do padrão, respeitando o espaço das abelhas.  Utilizo inclusive um paquímetro para trabalhar. Tenho dois funcionários: um me auxilia na produção do mel e outro na produção das  caixas.  Já minha esposa e filho ajudam no envase dos produtos para o  varejo”, explica ele.’
   Com a alta demanda e os bons preços, o apicultor não tem dúvida: quer aumentar a produção para o próximo ano  em pelo menos quarenta colméias. Com cada uma produzindo em média  30 quilos de mel, o incremento pode chegar a 1,2 tonelada. Ele adquiriu um barracão para poder trabalhar com mais tranqüilidade. Nos planos estão ainda plantar eucaliptos e loureiros para melhorar  produção no inverno, já que ambas as espécies têm flores que atraem as  abelhas”. “Também quero plantar Santa Bárbara, que dá uma madeira interessante para produzir colméias. Estou preocupado que pode faltar mel no futuro para atender o mercado e por isso tenho que já no aumento da produção”,  complementa ele.
   Além da apicultura, Robson trabalha também com meliponicultura. Ele multiplica o enxame da espécie Uruçu e comercializa para outros apicultores ao preço de Cr$ 350 a R$ 400 o enxame. “Também gosto de trabalhar realizando o melhoramento genético das minhas abelhas”,  revela. (V,L)

PRODUÇÃO DE ORTIGUEIRA PODE CRESCER
   Apesar das variações climáticas que atrapalharam a produção de mel no ano passado, as técnicas de manejo e tecnologias realizadas em Ortigueira  continua colocando o município  no topo da lista de produção no Estado. Com aproximadamente 300 apicultores, a média produtiva da safra 2013/14 fechou em 500 toneladas. Este ano, a expectativa é atingir entre 600 a 700 toneladas, um aumento de até 40% e se tornar novamente a principal cidade produtora do País.
   O engenheiro agrônomo do Instituto Emater que trabalha com os apicultores da região, Henry Rosa , explica que mesmo com a instabilidade climática, as colméias produziram na media e até acima delas em alguns casos. “Quem se dedicou um pouquinho mais em relação ao manejo, se surpreendeu com os resultados deste ano. Fecharemos a safra no dia 30 de junho, mas os resultados da produção da safra 2014/15 saem apenas no ano que vem”, explica Rosa.
   Entre as preocupações dos produtores em relação ao manejo, o agrônomo da Emater relata que eles estão mudado em algumas atitudes que fazem toda a diferença no resultados finais. Os principais são a troca de rainha das colméias e a suplementação  alimentar das abelhas no inverno. “A partir do terceiro ano, a rainha começa a ficar mais fraca e acontece uma redução natural de produção. Se o produtor conseguir fazer essa  troca de  rainha anualmente, seria o ideal. Já no caso da alimentação durante o inverno , é importante pois quando há o retorno da florada, já está sobrando mel na colméia. Batemos nessas duas  teclas pois fazem toda a diferença “, salienta.
   Existe ainda uma expectativa que o mel de Ortigueira seja o  primeiro do País com denominação de origem protegida, o que pode aumentar seu valor agregado . Henry comenta ainda que o município ainda  tem  capacidade até para triplicar a produção. !”Se  houvesse um trabalho de remanejo do posicionamento de apiários de acordo com o pasto agrícola da região, a produtividade poderia aumentar consideravelmente”, conclui ele. ( V.L). VICTOR LOPES, Reportagem Local  extraída das páginas 4, 5, 6 e 7 do caderno FOLHA RURAL, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA,  sábado, 2 de maio de 2015)

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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