sábado, 5 de novembro de 2016

O CASAMENTO DO PRIMO SÉRGIO


   Morávamos na Àgua São João, no distrito das Três Placas, onde tinham muitos pequenos sítios, em média de 6 alqueires cada. Nosso vizinho era o tio Alberto Mendes, casado com a irmã de meu pai. O tio tinha vários filhos como meu pai. Certo ano o nosso primo Sérgio, na época com 18 anos e que namorava a Maria, também nossa vizinha, resolveu casar-se. O casamento foi marcado para setembro, após o término da colheita de café. 
   Na semana que antecedia o “casório”, reuniam-se os vizinhos para os preparativos. Na segunda-feira, os homens começaram a “erguer” a barraca de encerado no “terreirão”, que era calçado de tijolos, onde secava o café. A armação da barraca era de bambu. Fizeram as mesas e os bancos de tábuas. 
   Naquela época, os convidados presenteavam com frangos, leitoas, cabritos, ovos para a maionese, ou seja, tudo para a “janta” do casamento. Tio Alberto reservou a melhor novilha para o churrasco. Uma vala foi cavada junto à barraca para o churrasco que era comandado pelo seu Gustavo , um descendente de alemão, de olhos azuis e que era o “churrasqueiro oficial” das festas na localidade. As mulheres foram lidar com os assados, e fazer os doces de mamão e abóboras em pedaços, no cal. 
   Foi providenciado uma grande caixa de água que era para colocar as bebidas para ficar fria, pois naquela época não tinha energia. A barraca era iluminada por lampiões a gás. 
   O tio Adelino e a tia Rina, meus pais, foram chamados para serem padrinhos e com o Jeep, foram encarregados de levar a noiva na igreja. Os demais convidados foram no caminhão GMC do tio Aberto que era “guiado” pelo primo mais velho Valdemar. Muitos outros foram com as caminhonetes. 
   Após a cerimônia, na saída da igreja houve a tradicional “chuva de arroz” e a volta para a “festança”. Na entrada do carreador que levava às casas, a “comitiva” parou e rojões explodiam no ar, iluminando o começo da noite e assustando os pássaros nos cafezais. 
   Os que ficaram, já tinham organizado a “janta”, com a salada de tomate e cebola, os assados, o “arroz temperado” e as bebidas na mesa. Era só alegria. A cerveja, na temperatura ambiente, era a felicidade dos homens, enquanto as mulheres e as crianças se deliciavam com as “sodinhas”. Os espetos de bambu com as carnes eram trazidos à mesa. Após o jantar foram servidas as sobremesas, os doces de mamãe e abóboras. 
   Tudo servido, foram rapidamente retiradas as mesas para o baile. O sanfoneiro era o seu Romério um capixaba, bom de acordeon, acompanhado no pandeiro pela dona Zefina, uma alagoana que também cantava. 
   Raiado o dia, foi servido o café com pão, bolachas feitas com sal amoníaco, feitas pela Célia, uma doceira afamada na região. 
   Iniciou-se assim a nova vida dos primos Sérgio e Maria que ainda hoje permanecem felizes como no inesquecível dia do casamento. (SIDNEY GIROTTO, leitor da FOLHA, página 2, coluna DEDO DE PROSA, caderno FOLHA RURAL, 5 e 6 de novembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA)

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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