quarta-feira, 23 de novembro de 2016

ESPAÇO PEQUENO, RECEITA GRANDE

Para Paulo Hidalgo, basta o agricultor começar a se profissionalizar para perceber que os orgânicos são rentáveis

   Emater estima renda de R$ 3,5 mil a R$ 20 mil em área 
de 0,5 hectares com agricultura orgânica
   A olericultura orgânica pode render fr R$ 3,5 mil a R$ 20 mil em uma propriedade de 0,5 hectare, com trabalho feito por um casal, no Paraná. Mais do que uma estimativa, os números apontam a experiência do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) na zona rural de Cornélio Procópio, no Norte Pioneiro. 
   Durante o 1º Dia de Campo Orgânico, organizado pelo Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios (Neat) da Universidade Estadual do Norte Pioneiro (Uenp) em Bandeirantes, nos dias 11 e 12, o Emater apresentou balanços de produção que comprovam a rentabilidade dos alimentos orgânicos. A margem bruta chegou a R$ 17,9 mil para uma produção de tomate em 500 metros quadrados (m²), com certificação, em Uraí, mas varia para cada cultura.
   O coordenador do Neat, Rogério Macedo, afirma que as principais dificuldades são de adaptação inicial à produção orgânica. “Na transição, o agricultor sente um pouco a necessidade de investimento, de ver a produção reduzir porque é preciso investir na base, no solo, nas barreiras vegetais para proteger de deriva de veneno dos vizinhos, na qualidade da água, mas isso é passageiro”, diz. “A partir do momento em que a estrutura está montada para a população orgânica, o custo não é maior do que na convencional e a produtividade pode ser até superior”, completa. 
   Conforme o balanço de propriedade de Uraí, foram necessários R$ 11 mil para formatação de um ambiente protegido e mais R$ 25,5 mil em investimentos gerais. A produção foi em 500 m² para tomate, em 650m² para abobrinha italiana e 650² para abobrinha bárbara. O custo de produção nas três culturas foi de R$ 12,6 mil, com R$ 37,1 mil de receita bruta e R$ 27,5 mil de margem bruta. 
   O diretor técnico do Emater, Paulo César Hidalgo, afirmou que a entidade, em junto ao Neat, já faz um trabalho que é referência. “Temos um grupo com 45 produtores que coloca os produtos na ponta comercial com facilidade”, cita. 
   A engenheira agrônoma Ernestina Izumi Muraoka, a Tina, do Emater de Cornélio Procópio, é uma das principais técnicas em orgânicos da região e afirma que o maior custo para a produção agroecológica é com mão de obra, e não com insumos, como na convencional. Mesmo assim, ressalta que o instituto busca orientar os agricultores de forma que um casal tenha, no mínimo, R$ 3,5 mil de renda. “A olericultura orgânica praticada nos moldes que preconizamos na Emater tem de dar uma renda que faça com que se sobreviva dessa atividade numa área média de 0,5m².

   COMERCIALIZAÇÃO

   Ela lembra que a rentabilidade é superior e resulta em menos problemas fitossanitário do que na cultura convencional. No caso de Uraí, o Emater buscou orientar a comercialização e um grupo de 45 produtores fornece produtos, sem dificuldades, para uma rede de supermercados em Curitiba. “Se tiver mix de produtos e volume não vai encontrar dificuldade no fornecimento, mas de fornecedores, porque a demanda é sempre maior”, conta Tina. 
   No exemplo de Uraí, o grupo é informal, cada produtor tem a nota fiscal e apenas faz um mutirão para reunir todos os produtos em um mesmo local, para favorecer a logística de transporte. 
   “Começamos com quatro, foi entrando mais gente e hoje estão em 45, sempre respeitando a aptidão de cada um na produção e nas culturas em que se saem melhor”, diz Tina. 
Para Hidalgo, basta começar a se profissionalizar para perceber que os orgânicos são rentáveis. “A oportunidade está na propriedade do agricultor e R$ 2 mil, R$ 3 mil por mês com hortaliças não é um fantasma, não."
   BALANÇO

   RESULTADO EXIGE MANEJO E INSUMOS APROPRIADOS. 
O mercado oferece muitas alternativas de insumos que fortalecem a planta e reduzem a incidência de pragas, com custo muito barato

   Abrir mão do uso de agrotóxicos gera um receio inicial nos agricultores , mas os técnicos que prestam assessoria no campo afirma que a cultura orgânica tem evolução constante, muito pela nutrição, manejo e sustentabilidade do solo. “Para crescer, o grande gargalo da agricultura orgânica é a segurança que o produtor tem de ter para mudar o sistema de produção, que é dada pela viabilidade técnica levada pelos agentes de extensão rural”, diz o coordenador do Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios (Neat) da Universidade Estadual do Norte Pioneiro (Uenp). 
   Ele diz que é importante ampliar o número de técnicos capacitados, tanto no Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) como no Neat, para fortalecer o acesso aos produtores a informações. “Hoje existem outros insumos disponíveis e diminuiu a penosidade do trabalho em relação à agricultura orgânica, porque a tecnologia chegou e cumpre com o papel de mais eficiência no uso da mão de obra.”
   São 12 empresas privadas registradas pelo governo brasileiro que produzem e comercializam insumos biológicos para manejo de pragas, de solo e de doenças. Técnico agrícola biodinâmico da empresa londrinense Bioconsult, José Roberto Bergamo conta que são muitas alternativas no mercado que fortalecem a planta e reduzem a incidência de pragas. “E diminui bastante o custo, porque o agroquímico é para resolver o problema na hora que ocorre, apagar o fogo. O nosso é uma evolução, preventivo, por isso tem custo mais barato.” (F.G.) 

   BANCO DE SEMENTES, AUTONOMIA AO AGRICULTOR

   O campus de Ivaiporã do Instituto Federal do Paraná (IFPR) conta com um banco de sementes crioulas, que promove troca ou empréstimo de amostras para garantir o acesso do agricultor a um insumo nacional e livre de patentes. O Projeto Sementes Crioulas Locais e Tradicionais - Contribuindo com a Soberania do Agricultor, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mantém exemplares de mais de 200 espécies de plantas. 
   Destas, são 72 variedades de feijão e mais de 80 de milho, conta o técnico em agroecologia, João Batista de Sousa Júnior, do IFPR. “Fazemos atividades de resgate., conservação e multiplicação de sementes crioulas. São sementes produzidas e melhoradas pelos próprios agricultores e também pelas comunidades”, conta. As variedades que se diferenciam das comerciais porque são mais rústicas, têm mais potencial de resistência climática e os próprios produtores são os donos. A semente é um bem da humanidade e ele tem autonomia para produzir, vender e não é refém das empresas de sementes”, completa o técnico. 
Para ter acesso ao projeto, basta entrar em contato por meio do Facebook, no perfil Sementes do Vale. (F.G.)

   PELA SAÚDE DA FAMÍLIA

   O produtor Enéias Proença afirma que o principal motivo para ter começado a produzir orgânicos foi a preocupação com a saúde da própria família. “Em primeiro lugar, quis produzir um alimento que poderia recomendar para qualquer um, para uma grávida ou uma criança. Em segundo, foi a saúde, porque não quero ficar mexendo com muito agrotóxico e, em terceiro, o custo, porque usa menos produtos”, diz. 
   Proença faz parte do assentamento Paulo Freire, em São Jerônimo da Serra, com 5 hectares para a produção de hortaliças. No entanto, a produção ainda não é certificada, e ele buscava mais informações sobre a produção no 1º Dia de Campo Orgânico , organizado pelo Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios (Neat) da Universidade Estadual do Norte Pioneiro (Uenp) em Bandeirantes, nos dias 11 e 12. “Com a tecnologia, quero fazer um alimento mais limpo , racionalizar o uso de insumos ter um produto rastreado”, diz o produtor, que divide o trabalho com duas pessoas e dois colaboradores. 
   A preocupação com a saúde também motivou a migração para a produção orgânica de Aparecido de Almeida, o Zico. Proprietário do sítio Santo Antônio, também de São Jerônimo, ele conta que teve uma pequena intoxicação por agrotóxicos, precisou de atendimento médico e resolveu mudar. Em quatro, ele diz que é possível cuidar da produção olerícola em um quarto de hectare. “Estamos trabalhando também com café e em janeiro queremos entrar com adubação de cama de frango para esquecer o químico também”, diz. 
   Zico lembra ainda da importância de programas públicos de compra de orgânicos, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que são federais e compram produtos da agricultura familiar com adicional de 30% para orgânicos. “Temos diversificação e não deixa de ser uma renda a mais para o produtor. (F.G.) ( FÁBIO GALIOTTO, páginas 6 e 7, caderno FOLHA RURAL 19 e 20 de novembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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