quarta-feira, 7 de setembro de 2016

AROMAS E SABORES QUE QUEBRAM BARREIRAS CULTURAIS

Grupo de angolanos reuniu-se em um restaurante de Londrina  para apresentar pratos como calulu de peixe e muteta
   Preparar pratos típicos são uma forma de matar as saudades do país e funcionam como meio de integração com a cultura local
A gastronomia foi o foco principal, mas também teve espaço para a música e um desfile de trajes típicos
   Deixar o país de origem para viver em terras estrangeiras pode ser uma experiência enriquecedora, mas às vezes é difícil lidar com a saudade e a sensação de distanciamento das raízes. A identidade de um povo está na sua cultura, da qual fazem parte a língua, o modo de vestir, os costumes, as tradições e também a gastronomia. Manter o contato com os cheiros e sabores dos pratos típicos são uma forma de resgatar as memórias deixadas para trás e manter a ligação com as origens. Os alimentos também funcionam como meio de integração com a cultura local. 
   O angolano Flávio Anastácio João está no Brasil há seis anos, cinco deles sem retornar ao país natal. Ele saiu de Luanda para cursar uma faculdade, formou-se em Ciências Contábeis, mas terminados os estudos, acabou ficando no País. Casado há um ano e meio com uma brasileira, Flávio ensinou a mulher a cozinhar os pratos típicos de sua terra e vê na culinária uma forma de não perder o contato com a Angola. “Não posso ficar mais de duas semanas sem comer a comida do meu país. É através da comida que mato a saudade da Angola”, diz ele, que também faz questão de preservar seu sotaque, “uma questão de identidade cultural”. 
   O prato preferido de Flávio é o funge de bombó com muamba de galinha e feijão de óleo de palma, uma espécie de pirão feito de mandioca acompanhado de carne de galinha com amendoim torrado e feijão preparado com azeite de dendê. “Quero voltar para Angola no ano que vem e levar minha esposa para conhecer meu país”, planeja. 
   Flávio faz parte de um grupo de cerca de 40 angolanos que vive em Londrina e que mesmo tão longe de casa preserva as suas origens. Eles vieram ao Brasil para estudar e trabalhar e, entre a rotina diária, acham tempo para se encontrar e relembrar seus costumes. “Temos um núcleo de estudantes, organizamos vários tipos de atividades para nos entrosarmos”, conta Jilson Alter Daniel, estudante de Teologia e de Publicidade e Propaganda que vive no Brasil há quase quatro anos. 
   No mês passado, o grupo reuniu-se em um restaurante self service no centro de Londrina para apresentar aos brasileiros a sua cultura. A gastronomia foi o foco principal, mas também teve espaço para a música e um desfile de trajes típicos. “A ideia foi trazer a cultura angolana para Londrina. As pessoas têm curiosidade e queremos expandir a cultura africana, especialmente a angolana, para abrir mais a mente do povo brasileiro, que muitas vezes não consegue diferenciar o país do continente. Para muitos brasileiros, a África é uma coisa só”, afirmou Jilson, que comandou a cozinha do restaurante. “Não queremos ser mais um. Queremos deixar nossa marca pela positividade”, acrescentou Flávio. “Eles são nossos clientes e pediram para liberar o espaço para que eles cozinhassem. Os funcionários ficaram como auxiliares”, disse a dona do restaurante, Rosana Ponce Storti. No cardápio do dia o arroz e o feijão foram mantidos, assim como o bufê de saladas, mas lá estavam também pratos incomuns aos brasileiros, como o alulu de peixe, muteta e até uma feijoada angolana. “Achei diferente porque eles usam salsicha na feijoada”, comentou Rosana.
   Os angolanos planejam fazer um novo evento destinado à divulgação da cultura deles aos londrinenses em novembro, com mais atividades e público maior. 

   HAITIANOS



   Em Cascavel (Oeste), os haitianos também encontraram na gastronomia uma forma de manter a ligação com o país natal e promover a integração entre as culturas d Haiti e do Brasil. Após o terremoto que afetou o Haiti, em janeiro de 2010, muito imigrantes vieram para o Brasil em busca de novas oportunidades e, em Cascavel, a comunidade hoje concentra mais de quatro mil pessoas. 
   Pelo menos duas vezes por mês, os haitianos que vivem em Cascavel fazem uma festa “para não abandonar a cultura e a comida de lá”, explica Jean Raymond Dere, que abriu na cidade uma escola de idiomas, onde ensina francês e inglês. 
   Pela gastronomia, Jean acredita que vem transpondo barreiras culturais. “É muita diferença entre as culturas. Não só na gastronomia, mas também na forma de pensar.” 
   Nas festas, Jean ajuda a preparar algumas das delícias haitianas que aprendeu com a mãe, que ainda vive no país caribenho. Uma das bebidas que faz bastante sucesso, segundo ele, é o suco de macarrão. A massa é cozida até quase derreter e depois é batida no liquidificador com banana e canela. “As pessoas gostam muito. Os ingredientes que utilizamos são os mesmos do meu país, o que muda é a forma de preparo”, comparou. “Os pratos fazem sucesso e por meio da culinária abrimos uma brecha para apresentar os outros itens da cultura do Haiti aos brasileiros. (SIMONI SARIS – Reportagem Local, caderno FOLHA CIDADES, terça feira, 6 de setembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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