segunda-feira, 19 de outubro de 2015

GUERRA E PAZ

 



   NUMA PALESTRA que fiz recentemente na série “como Viver Juntos”, promovida pelo Fronteiras do Pensamento, defendi a tese de que o ser humano prefere a paz à guerra, muito embora a história esteja marcada por inumeráveis conflitos, que datam desde as nossas origens até os tempos atuais.
   De fato, nos dias de hoje são tantos os conflitos que a minha tese, que pareceria óbvia, se torna quase inaceitável. Mão obstante,  insisto que o homem prefere a paz à guerra.
   Como se explicaria, então, que os conflitos armados sejam um fator constante, envolvendo os mais diferentes povos e países?
   A resposta, que pode parecer simplista, é que nem sempre fazemos o que consideramos certo e o que desejamos. Se isso vale para cada um de nós, individualmente, imaginem quando se trata de questões que envolvem interesses econômicos e políticos nacionais e internacionais.
   Refletindo sobre o tema que me foi proposto, logo me veio à mente os indígenas que habitavam o território nacional, antes que aqui chegassem os colonizadores. Viviam guerreando.
   É que, sendo nômades, alimentavam-se das frutas e dos animais que caçavam na floresta. Quando esses recursos se esgotavam na zona em que viviam, deslocavam-se para outra, já ocupada por diferente tribo, do que resultavam verdadeiras guerras de extermínio.
   Mas, com a chegada dos colonizadores e, particularmente, com jesuítas que os catequizaram, os índios se tornaram sedentários, e aqueles conflitos terminaram.
   Tal fato me leva a pensar na medida em que os homens conquistam condições estáveis de vida, o motivo de muitos conflitos desaparece, embora, claro, possam surgir outros, conforme se sabe.
   Se recordamos a história das nações, ao longo dos séculos, constatamos que o desenvolvimento econômico e social pesados os prós e os contras, em contribuído para maior acordo entre as nações.
   Certamente, os países têm seus interesses, que se expressam também no intercâmbio comercial, o qual melhor se mantém e desenvolve com o entendimento e não com os conflitos.
   É verdade também que esses mesmos interesses pode conduzir ao desentendimento, particularmente quando as disputas no plano econômico se tornam inevitáveis. Nesses casos, muitas vezes contribuem para o acirramento das contradições fatores ideológicos que tornam o entendimento inviável.
   Em alguns momentos da história – mesmo em épocas mais próximas de nós – vimos surgir conflitos deliberadamente suscitados por líderes políticos, e não por interesse real da nação.
   Ninguém desconhece que, em diversos momentos, fatores religiosos também conduziram a guerras, de que são exemplo as Cruzadas, na Idade Média.
   Hoje assistimos ao fanatismo do Estado Islâmico, cujo sectarismo ultrapassa qualquer explicação razoável. Por pura intolerância, tem assassinado milhares de pessoas e destruído relíquias artísticas, patrimônios da humanidade, simplesmente para afirmar seu fanatismo.
   Um dos casos mais lamentáveis de conflito irrazoável é  o que se mantém entre palestinos e israelenses desde a década de 1940, quando a ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou a criação dos dois estados, o israelense e o palestino.
   Os palestinos não aceitaram a decisão e, com isso, iniciou-se um conflito que dura até hoje de que tem resultado a morte de milhares de pessoas.
   Duvido, sinceramente, que as mães palestinas e as mães israelenses queiram que seus filhos vão à guerra morrer. Que, na verdade, deseja as guerras são alguns poucos, seja por razões religiosas, ideológicas ou econômicas.
   E não são eles que vão para as linhas de frente pôr em jogo suas vidas. Por isso, insisto em dizer que as pessoas preferem a paz à guerra. É certo que, às vezes, se deixam levar por líderes belicistas mas,  no final, quase sempre se arrependem de o terem feito.
   Na palestra, mencionei um fato a que já me referi em outras ocasiões. Fui, certa vez, entrevistado por um jornalista israelense que perguntou o que eu achava do conflito entre Israel e os palestinos.
   Respondi-lhe: “Acho eu que devem sentar à mesa e fazer as pazes. Chega de ter razão enquanto milhares de pessoas perdem a vida.”
   Chega de ter razão. O que importa é ser feliz. ( FERREIRA GULLAR, Folha Ilustrada C8, domingo, 11 de outubro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE S. PAULO). 

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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