segunda-feira, 19 de outubro de 2015

ELIFAS ANDREATO, O TRAÇO DA MÚSICA

       


   Ilustrador de álbuns memoráveis da música brasileira, o artista plástico nascido em Rolândia está comemorando 50 anos de  carreira

   A vida, que parecia oferecer um futuro incerto e difícil , reservou boas surpresas a Elifas Andreato. Paranaense de Rolândia, nascido em 1946, já muito cedo teve de trabalhar. Aos poucos, entretanto, foi sendo conduzidos por caminhos que o levaram até grandes nomes da música popular brasileira, entre eles Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Elis Regina. Este ano, Andreato celebra 50 anos de arte – uma exposição no Rio de Janeiro mostra o seu trabalho -, reconhecido e premiado (em 2011 recebeu o Prêmio Vladimir Herzog). Inquieto, está em plena atividade, tocando em frente muitos projetos.
   “Saí do Paraná e, chegando em São Paulo com 14 anos, tive o primeiro emprego com carteira assinada. Eu era torneiro mecânico”, lembra Elifas, que começou na fábrica da Fiat Lux. Filho mais velho de seis irmãos, sofreu revezes da vida.  “Meu pai adoeceu e foi para São Paulo com a família. Eu fiquei em Rolândia um pouco mais, com meu irmão Eurípides. Aí viemos para São Paulo e a vida foi um pouco pior”. Morando num cortiço, arranjou o primeiro emprego ao mesmo tempo em que nutria interesse pelo desenho.
   Era no banheiro da Fiat Lux que Elifas desenhava suas charges para o jornalzinho dos operários.  “Eu desenhava no banheiro escondido.  Aí fizeram um novo refeitório e transformaram em um baile para fazer uma caixinha para os operários.” O pequeno desenhista foi convidado para decorar o salão, pintando a parede com tinta a óleo. Mas o garoto foi dispensado porque havia pintado um painel importante e que agradou à diretoria. “Ele me demitiram porque ficaram surpreendidos que o cenário  tinha  sido feito por um garoto. E me deram um dinheiro para eu estudar arte.”
   Entretanto, o dinheiro foi usado pela família, que ainda passava necessidades. Mas, como tinha experiência no ramo da cenografia, estava ficando conhecido na região. Daí então trabalhou em alguns estúdios de publicidade. E no fim da década de 1960 foi chamado para trabalhar na  Editora Abril.  “Entrei como estagiário em 1967”. Ali sentiu o choque da alfabetização tardia.  “Eu tinha me alfabetizado tarde,  em cursos para adultos. E fui trabalhar com grandes jornalistas. Aí começou meu aprendizado sobre o país, sobre a cultura.”
   Elifas atuou na revista Quatro Rodas e na revista Placar, até que no início da década de 1970 lhe caiu o projeto da música popular brasileira. “Fiz desenhos até hoje muito bonitos,  na época inovadores. Era uma oportunidade muito interessante para conhecer novos artistas, foi quando iniciei a capa dos discos.”

   ESTREIA

   A estreia foi com Paulinho da Viola. “Foi o primeiro que conheci.  Fiz a capa do Dança da solidão, em 1972. “Depois veio  a famosa capa do disco Nervos de Aço, de 1973, em que revela as lágrimas do artista. “Sempre foi minha intenção traduzir em imagens um conteúdo grande,  porque antes do disco você vê a capa. E aquilo precisa traduzir o disco.”
   Ainda em 1972, Elifas conheceu e produziu uma capa para Martinho da Vila, no disco Batuque na cozinha. No currículo, acumula capas de disco de Elis Regina, Tom Zé (com quem tem trabalhos até hoje) , Adoniran Barbosa e Vinícius de Moraes, entre tantos outros.  “Muito c eu sabia que ia embalar obras maiores das que eu poderia fazer. Eu fui adotado como desenhista desta geração.”

ARTISTA TAMBÉM PRODUZIU CENÁRIOS, EXPOSIÇÕES, LIVROS, JORNAIS E REVISTAS


   Não foram apenas os discos que renderam reconhecimento. Elifas Andreato desenhou coleções de livros, fez cenários para shows e peças de teatro. Até contra a ditadura ele trabalhou. Foi quando fundou o jornal Opinião, ao mesmo tempo em que trabalhava na Editora Abril . “Com 25 anos eu era editor cultural,  mas eles ( Abril ) acharam que eu não podia acumular a direção de um jornal contra o regime ( militar ).”
   Como o artista, já havia realizado um sonho – comprar uma casa para a mãe -, deixou a ,nossa liberdade de expressão.” E tudo isso Elifas fez sem estudo, aprendendo com a vida e com as amizades. “É claro que senti a falta do estudo.  Fui fazendo por minha conta porque tinha interesse pelo conhecimento. Grandes cabeças do conhecimento estiveram na minha vida. Sempre estive junto de grandes artistas, atores, pensadores, comunicadores.”
   Hoje Elifas continua na área do desenho, mas também da animação e da música. Tem musical infantil com Tom Zé, disco produzido por Zeca Baleiro, além de letras e músicas compostas. Tudo com temática infantil. Um pouco dessa trajetória de cinco décadas está em exposição no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro. Elifas Andreato, 50 anos fica em cartaz até 29 de janeiro, seguindo depois para o Museu dos Correios, em Brasília, e para o Centro Cultural Correios, São Paulo. (F.L.) ( FÁBIO
   LUPORINI fabiol@jornaldelondria.com.br  página 19, cultura, VISUAIS, quarta-feira, 14 de outubro de 2015, publicação do JORNAL DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente!

Comente!

.

.

.

.

Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
--------
Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

Postagens populares