O Bairro Aparecidinha, ma década de 1960, era coberta de lavoura de café com muitas propriedades pequenas. Ficava a mais de 20 quilômetros da cidade. Tinha a capela com o salão de festas e ao lado o campo de futebol que divertia os moradores da redondeza aos domingos. E na festa da Padroeira fervilhava de gente, tinha leilão de prendas, churrasco.
Mas a terra na localidade era arenito, fraca e as geadas que castigavam a região acabaram com as lavouras cafeeiras. No decorrer dos anos, as famílias foram deixando o local, vendendo suas propriedades e migrando para outros locais, como Rondônia, Mato Grosso e também para as periferias das grandes cidades.
O conhecido Zé Limão, nordestino de Pernambuco e que tinha esse apelido por ser uma pessoa com críticas ácidas, sem muitos amigos, bravo e sempre com a cara fechada, chegou na época áurea do café, sozinho, sem família. Com as economias da época comprou um pequeno lote de três alqueires.
Com o passar do tempo, os fazendeiros foram comprando os pequenos lotes e introduzindo a pecuária, transformando a região em grandes fazendas de gado. Mas o “Zé Limão” jamais quis saber de vender sua “terrinha”. Passava a vida numa situação difícil no seu ranchinho, plantando uns pés de milho, mandioca e fazendo alguns servicinhos nas redondezas para as demais despesas. O vizinho, Beto Gaúcho, um fazendeiro que sempre ajudava o Zé dando alguns sacos de adubo, sementes e, certo dia, apareceu no rancho do Pernambuco.
Zé Limão foi logo perguntando a que devia visita. Beto Gaúcho foi logo dizendo: “Olha Seu Zé, o senhor está cercado pelas fazendas, inclusive a minha. Não produz nada, então vou fazer uma proposta ao senhor. Tenho um terreno na cidade, posso construir uma boa casa de material para o senhor, mobiliar e ainda te dar bom dinheiro Tudo por sua terra. Não precisa dar resposta agora, pensa e se achar por bem, me procura.
Após passar várias noites se remoendo, o nordestino foi à fazenda falar com o Beto Gaúcho. Aceitava, mas antes queria ir à sua terá natal, pois desde que saiu de lá, há mais de 40 anos, jamais voltara. Quem sabe ainda tinha parentes por lá. O fazendeiro providenciou as passagens e deu-lhe o dinheiro para a viagem. “Volto logo, seu Beto”, saindo feliz da vida.
Passaram-se anos, e jamais se soube do paradeiro do Zé Limão.
Beto Gaúcho com o tempo cercou o pequeno sítio e fez um reflorestamento no local. Colocou uma placa com os dizeres: “”Mata Zé Limão”. E também plantou dois pés de limão rosa junto à placa que produzia muitos frutos, mas muito azedo, que deixava as pessoas com a cara do antigo dono. (FONTE: Crônica escrita por SIDNEY GIROTTO, leitor da FOLHA, caderno FOLHA RURAl, página 2, coluna DEDO DE PROSA, 11 e 12 de agosto de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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