sábado, 18 de julho de 2015

VIAGEM DE APRENDIZADOS



   Famílias que passaram um período fora do Brasil contam suas experiências.
   Fazer as malas e desembarcar num  país novo dá sempre um frio na barriga. Imagine então quando essa decisão envolve um longo período fora e uma família toda. O casal Frederico Fernandes e Márcia Sel já passou por essa situação duas vezes. Na primeira, há sete anos, os dois embarcaram rumo ao Canadá para passar um ano na companhia do filho Gregório , na época com 2 anos e sete meses de idade. A viagem tinha como objetivo os estudos de Frederico, professor de literatura que foi fazer pós-doutorado no país, e envolveu muita expectativa  por parte do casal antes de tomar a decisão. “Foi muito difícil. Estávamos muito temerosos. Nosso maior receio era de não conseguirmos nos adaptar e de sermos  estrangeiro num outro país. Nunca havíamos tido a experiência de  passar tanto tempo fora, conta Frederico.
   Segundo ele, isso fez com que os dois tivessem muito cuidado coma preparação da viagem, que, por fim, correu de forma tranquila. Durante o período em que estiveram no exterior, Márcia engravidou e deu à luz Francisco, o caçula da família. “A gravidez não foi planejada, mas veio no momento certo. Sou psicóloga e tive que me afastar do trabalho durante a viagem, então pude aproveitar esse momento para me dedicar à família.  Além disso, com o Francisco veio a possibilidade de ser mãe em uma outra cultura”, conta Márcia.
   Tal experiência também rendeu a ela uma segunda profissão. “No Canadá eu tive um parto humanizado e a oportunidade de conhecer o trabalho de doula. Acabei participando de um grupo e fiz o curso para trabalhar como doula.  Ou seja,  além da experiência particular, tive também a oportunidade de adquirir uma nova profissão”, destaca.
   De volta ao Brasil, a família passou cinco anos em Londrina antes de voltar a colocar o pé na estrada. Dessa vez, o destino era Bolonha, na Itália, de onde voltaram há três meses.  Segundo  o casal, dessa vez a tomada de decisão foi mais fácil graças à viagem anterior. “O fato de ser um país bem diverso e com uma língua diversa, essa experiência exigiu de nós um período maior de adaptação. Mas sempre digo que a adaptação para algo melhor é sempre mais fácil do que o inverso. Além disso, nossa situação era totalmente diferente da  de quem vai como imigrante, por exemplo, sem data para voltar.  Nós  tínhamos uma data de volta, um porto-seguro”, reflete Márcia.
   Se Márcia e Frederico demoraram um pouco mais para se acostumar à nova realidade,  Gregório e Francisco deram um show de adaptação. Em pouco tempo, os dois já estavam falando italiano e dando, inclusive, dicas para os pais. “Quando eu ia escrever um bilhete para a mãe dos colegas deles e tinha alguma dúvida sempre pedia ajuda para o Gregório”, entrega Márcia. Além disso,  experiência como psicóloga foi um pouco diferente, já que ela conseguiu trabalhar de maneira remota no país. “Quando fomos para o Canadá a internet não era como é hoje.  Na  Itália já consegui continuar trabalhando via Skype, então a rotina era diferente”, conta ela.
   Para o casal, as viagens trouxeram inúmeros pontos positivos e aprendizados que ficarão marcados para sempre.”Esse intercâmbio faz a gente crescer muito. Com certeza gostaríamos de ir para algum lugar de novo no futuro. Diz Frederico. (BRUNA QUINTNILHA – REPORTAGEM LOCAL – FOTO GUSTAVO CARNEIRO.  Veja mais fotos 
www.folhaweb.com

   NOVAS PERSPECIVAS

   De acordo com o casal Márcia Sel e Frederico Fernandes, a ideia de passar um período fora do País, estudando sempre existiu. “Sempre tivemos, mesmo antes dos meninos nascerem, esse projeto de estudar fora por um tempo, mas sempre com a perspectiva da família estar junto, por isso, quando fomos já tínhamos como objetivo ter uma experiência, um crescimento em família!, conta a psicóloga.
   Segundo eles, a experiência de passar um longo período longe do Brasil fez com que eles passassem a enxergar sua realidade de maneira diferente. “Além disso, voltamos sempre com mais vontade de interagir, de fazer mais pelo nosso país”, observa Frederico.
   A mudança de perspectiva e de valores também é  inevitável, conforme os dois. “O despego que essa experiência traz é algo que considero um dos maiores ganhos. Quando você está fora você vive com o que é necessário  apenas e vê que pode viver bem assim. Quando saímos daqui,  por exemplo,  tínhamos dois carros e agora não fazemos questão de ter nenhum”, exemplifica Márcia. “Vemos que a cultura do ter acaba se tornando um fardo ao invés de trazer conforto. Ter  a liberdade de colocar suas coisas na mala e viajar é ótimo”, complementa Frederico.
   Para o professor, o mais importante nestes casos não é para onde se vai, mas simplesmente passar pela experiência e deixar e se deixar surpreender por ela.  “Nós poderíamos ter ido para qualquer outro país. O essencial não é para onde você vaie onde você está, mas onde ir.  O movimento de ir é que traz algo especial para você”. (B.Q.)

ÉPOCA DE AMADURECIMENTO  


   Segundo a família Tauil da Costa Branco a viagem para a França trouxe grandes aprendizados para todos, porém, quem mais colheu furtos da experiência foi a filha mais nova, Renata. Conforme Helenita, a caçula da família, na época com 14 anos, amadureceu muito com a experiência. “A  mudança mais gritante foi a  da Renata. Aqui em Londrina ela  não fazia quase nada sozinha, porque tínhamos receios de que acontecesse alguma coisa, e lá ela pôde se virar “.
   Como a família demorou um período para conseguir um apartamento, Renata acabou sendo matriculada em uma escola distante de casa. “Ela precisava pegar o metrô, mudar de linha, não era muito fácil. Levava uns 45 minutos para chegar na escola, mas ela aprendeu a se virar”,, comenta Helenita. Na escola francesa, Renata ingressou em uma turma de francês para imigrantes, mas em pouco tempo já estava  frequentando as aulas regulares  com os franceses. “Os próprios professores se surpreenderam, ela conseguiu se adaptar muito rápido”, conta Carlos José.
   Para Renata, a experiência trouxe mais independência. “Ter que se virar muito sozinha fez com que eu deixasse de ser tão grudada com a minha mãe. Além disso, eu tinha muita vergonha de tudo e fui perdendo isso. (B.Q.)

JUNTOS EM PARIS  
       

   A jornalista Helenita Tauil  e o engenheiro Carlos José Costa Branco também sempre tiveram o desejo de passar um período morando fora do País. A oportunidade surgiu em 2007 , quando o casal embarcou junto com as duas filhas, Nathália e Renata, na época com 19 e 14 anos, respectivamente, para uma temporada  de um ano em Paris, na França. “Na época em que fomos s minha filha mais velha ia prestar vestibular par Medicina e eu pensei que tinha que aproveitar o momento, pois depois ela entraria na faculdade e iria ficar mais difícil para irmos”, lembra Helenita.
   Segundo ela, o plano inicial era  ir para a Itália, mas o destino da aventura acabou mudando quatro meses antes da viagem. “Uma miga nos convenceu a irmos para a França. Com essa mudança acabamos correndo bastante com as coisas e acabamos indo sem um lugar certo para ficar a princípio”, diz a jornalista. Com isso, a família precisou passar os  20 primeiros dias em Paris em um hotel, já que não houve tempo para conseguir um apartamento.
   Para Nathália e Renata, hoje com 27 e 22 anos, respectivamente, a princípio a ideia da viagem foi um susto. “Eu tinha acabado de terminar o colégio e estava  fazendo cursinho. No começo eu não queria ir, era algo totalmente fora de contexto para mim “, comenta  Nathália que se preparava para o vestibular na época. “Lembro que levei uma mala cheia de livros para estudar,  mas não li quase nenhum”, relembra aos risos”.
   Conforme a família, a fase de adaptação foi a mais difícil.  A etapa, que normalmente já e um grande desafio , se tornou ainda mais complicada  para a família devido a um fator inesperado. “Poucos dias depois de termos chegado, o Carlos José pegou uma pneumonia.   Ninguém  falava a língua direito e foi um período bem complicado para nós, de muita apreensão e preocupação”, conta Helenita. “No começo ficamos muito assustadas, naquela época a gente não tinha tanta facilidade para se comunicar com o pessoal daqui. Teve a mudança de lugar pouco antes de irmos e assim que chegamos meu pai ficou doente.  O  começo chocou um pouco, mas depois nos identificamos muito com a França”, acrescenta Renata.
   Apesar do começo desafiador, assim que Carlos José se recuperou a família começou a se acostumar com a nova rotina e e curtir a viagem. Segundo o engenheiro, aprender a lidar com costumes e valores diferentes foi um dos maiores benefícios da experiência. “Você passa a ver as culturas e as pessoas de um outro jeito. Essa viagem serviu para nós aprendermos a observar primeiro antes de julgar ou agir. “Todo mundo amadureceu muito tanto na parte de ter mais liberdade quanto na de lidar com as diferenças”, reflete ele.
   Com uma rotina completamente  diferente da do Brasil, a família pôde ainda repensar algumas questões. “A gente aprendeu a valorizar outras coisas. Percebemos principalmente que não precisamos de muitas coisas para a gente carregar, que podemos ter uma vida mais leve”, diz Helenita. (B. Q.- Foto: Marcos Zanutto, páginas 14,15,16 e 17, COMPORTAMENTO – FOLHA DA SEXTA, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, 17 de julho de 2015).   

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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