quarta-feira, 1 de julho de 2015

‘DEIXA EU FAZER’


   Crianças podem e devem ser incentivadas a desenvolver tarefas sozinhas, mas qual o limite? Veja a opinião de especialistas.
     

  Qual a mãe nunca passou pela experiência de ter que negociar com o filho a roupa a ser usada na hora do passeio?  Ou viu o pequeno fazer a maior bagunça na tentativa de comer sozinho, mesmo sem muita coordenação motora ainda? Cada vez mais espertas e autônomas, ainda pequenas  as crianças estão sendo capazes de colocar sua vontade de fazer escolhas.
   Entretanto, em quais atividades nossos filhos estão aptos s fazer escolhas e em quais ainda precisamos decidir por elas?  Com que idade eles podem começar a agir segundo sua vontade? Segundo a psicóloga e psicopedagoga do Instituto Innove, Carina Costelini Isper , já a partir de um ano de idade os pequenos estão preparados para ajudar em determinadas tarefas, segundo seu desenvolvimento motor e a maior ou menor complexidade (veja quadro)
   Ela ressalta também que a autonomia é um comportamento aprendido e, portanto, deve ser ensinado desde cedo pelos pais, de forma gradativa: “Fazer tudo pela criança e, de repente, exigir que ela seja autônoma, pode criar uma situação extremamente frustrante e estressante para pais e filhos. Se você quer ensinar seu filho a escolher as próprias roupas, comece dando duas opções e vá aumentando, até que ele consiga fazer a escolha sem ajuda. Quando mostrar as opções, procure descrever e direcionar: ‘hoje está frio e estou separando duas blusas de manga longa para que você possa escolher qual usar”, recomenda.
   Para Cíntia  Barbizan, psicóloga especialista em neuropsicologia  do Instituto Innove, a criança que aprende a realizar as atividades que são importantes para sua rotina torna-se mais autoconfiante e capaz de resolver as situações, desenvolve sentimentos  de independência, segurança e confiança, tornando-se menos ansiosa e insegura diante de situações que exijam escolhas, pois aprendeu que é capaz de fazê-las.
   Algumas decisões, entretanto,  ainda são de competência dos pais. “Algumas escolhas, quando não acarretam conseqüências sérias, a criança pode e deve fazer, porém, as mais importantes devem ser feitas pelos pais, já que os critérios envolvidos na decisão fogem do que uma criança pode av aliar. A escolha da escola é um exemplo disso, pondera Carina.
   Para Cintia, os pais precisam dosar a autonomia de acordo com a o filho realizar certas tarefas e sempre supervisionar o que eles fazem . “Uma criança de cinco anos, por exemplo, consegue trocar-se sozinha, mas pode acontecer de colocar a blusa ao contrário, não lavrar as orelhas no banho, não escovar corretamente os dentes. Por isso, a importância de os pais estarem  presentes  para fazer a supervisão de como o filho realiza essas atividades, valorizando o comportamento autônomo, mas orientando a forma correta de ser feito.  Ao deixar que a criança faça faça sempre sozinha, os pais podem escorregar na falta de cuidado com os filhos”, alerta. ( ÉRIKA GONÇALVES – REPORTAGEM LOCAL – FOTOS: REI SANTOS  e Shutterstock (

O QUE SEU FILHO PODE
                  

1 a 2 anos

   Apesar de muita pequena,  a criança já pode ter algumas tarefas que visam o desenvolvimento da autonomia. Nessa idade, a criança pode guardar seus  brinquedos, ajudar a tirar a própria roupa, levar e buscar determinados  que não sejam perigosos, como um copo de plástico, um par de sapatos ou uma fruta, por exemplo.

3 a 4 anos

   Nessa faixa etária, a criança pode começar a ter tarefas um  pouco mais direcionadas, como por exemplo,colocar a roupa no cesto de roupas, regar plantas, ajudar a pôr a mesa – objetos como guardanapo, colheres, enfim, nada perigoso. Também espera-se que consiga comer sozinha , escovar os dentes e calçar seus sapatos.

5 a 6 anos

   Nessa idade, a contribuição da criança nas tarefas de casa pode ser mais significativa. Já é possível que arrume sua cama, ainda que precise de ajuda; pode ajudar a colocar e a tirar a mesa; limpar pequenos móveis, algumas crianças já amarram seus cadarços e tomam  banho sozinhas, precisando de pouca ajuda dos pais. ( FONTE: CARINA COSTELINI ISPER , psicóloga e psicopedagoga do Instituo Innove.

               NO FUTURO ISSO FARÁ DIFERENÇA

        
   Na casa da jornalista Juliana Oliveira Leite, os filhos Otto, de 3 anos, e Yuri, de 8 meses, são incentivados desde cedo a ter autonomia. Ela conta que a atitude foi surgindo aos poucos, com o crescimento do primogênito. “O Otto é uma criança bem participativa. Tem opinião forte e sempre é um dos primeiros a fazer as suas escolhas. Acho que esse processo parte muito do nosso entendimento sobre a curiosidade do bebê ou criança e, permitir, é claro, desde que supervisionado, que passe a explorar suas atividades”, explica.
   Livros e brinquedos sempre ficaram em locais de fácil acesso e o menino também foi incentivado a aprender a comer sozinho. A mãe conta que procura não dizer que o filho não conseguirá fazer algo e sempre o incentiva a tentar, cuidando para não gerar frustrações.
   Ela diz também que procura intervir somente quando é necessário. “O Otto sempre gostou de escolher a roupa. Já tivemos situações que ele saiu de casa com peças que não combinavam. Com o tempo fui percebendo a necessidade de fazer uma seleção e depois ele definir o que quer usar. Mas tem dia que não adianta e não funciona! Dar autonomia é também entender que aquela pessoinha tem vontades e desejos. Por exemplo, quando demos uma galocha do Homem Aranha era pura emoção. Ele dormiu com a bota nova e quis ir para a escola todos os dias com ela, mesmo em dias quentes. Claro que não foi assim sempre, era uma necessidade. Teve dia de negociação, teve dia que não”, conta.
   Para ajudar em algumas atividades os pais deixaram à disposição do menino um banquinho multiuso. Com ele Otto consegue alcançar a pia para escovar os dentes ou lavar as mãos, pegar um brinquedo da estante ou ajudar em outras tarefas.
   Com o caçula, Juliana conta que tem procurado repetir um pouco daquilo que foi feito com o mais velho, sempre dando muito carinho e estando presente. Por ser um bebê, Yuri ainda demanda bastante atenção dos pais, mas já faz pequenas e importantes escolhas. Ele se alimenta pelo método BLW, em que o bebê escolhe o que quer e o quanto vai comer, sob supervisão dos pais.
   Sinto o Otto, que já é maiorzinho, uma criança bem confiante. Percebemos certa liderança no comportamento dele e até mesmo um prazer maior em fazer as coisas. Acho que muita gente confunde isso com desleixo ou até mesmo com a história que o filho vai virar um tirano dentro de casa. Muito pelo contrário, o que se basca é o crescimento na perspectiva da própria vivência da criança. Não é fácil e com certeza bastante desafiador, mas tenho convicção que no futuro isso fará diferença, principalmente quando falamos em adultos quw sabem o que querem. (E.G.)

                        EDUCAÇAO ‘NATURAL E TRANQUILA'
   

A empresária, Andressa Yuri Kussano Rezende e o engenheiro civil Bruno Rezende são pais das gêmeas Alice e Elena, de 2 anos e 3 meses. Depois de uma gravidez com algumas complicações, as meninas nasceram prematuras e precisaram ficar um mês na UTI neonatal, mas nem por isso são superprotegidas.
   “Tentamos não tratá-las como ‘prematuras’. Ouvimos muitas coisas sobre o que poderia acontecer por terem nascido antes do tempo, que não andariam ou falariam no tempo das outras crianças, mas as criamos de forma natural e tranquila e elas tiveram um desenvolvimento normal”, afirma.
   Desde pequenas as meninas foram estimuladas a se alimentar sozinhas e a executar pequenas tarefas como calçar os sapatos e guardá-los no local adequado após o uso, além de outras atividades adequadas à idade.
   Elas comem e deixo um paninho ao lado delas, para que possam se limpar. Também peço para guardarem os brinquedos nos locais corretos. Ele são separados por tipo e elas sabem a ‘casinha’  de cada um. Explico a importância de manter tudo limpo e organizado. Isso leva tempo e exige repetição , mas justamente por serem duas dão um  pouco mais de trabalho e procuro deixar que façam sozinhas aquilo que puderem”, explica.
   A autonomia, no entanto, tem limites. Principalmente devido á  idade das crianças, aalgumas escolhas passam pela triagem prévia da mãe. “A Elena gosta muito da cor azul e prefere roupas e sapatos dessa cor, então na hora da compra deixamos que ela escolha. Mas se ela quiser sair de camiseta em um dia de frio iremos explicar que não é possível. No supercado elas escolhem alguns produtos e depois conversamos se podem levar. Também não permitimos que elas façam coisas que ofereçam grandes riscos, mas um simples tombo não é problema”.
   Até nas brigas entre as irmãs e mãe conta que procura intervir em último caso e nas tarefas que elas têm dificuldade de realizar.  Andressa diz que as incentiva. “Tento ensiná-las a serem capazes. Percebo que o desenvolvimento delas é diferente de outras crianças e a escola já as elogiou. Acho que as mães de superprotegem acabam deixando as crianças mais  medrosas. Por outro lado acredito que criança muito solta não é saudável, elas precisam aprender sobre as conseqüências. Acredito que  educando-as assim  serão adultos mais autoconfiantes””. ( E.G.). (FONTE: Páginas 14 e 15 da FOLHA DA SEXTA, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, 26 de junho de 2015).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente!

Comente!

.

.

.

.

Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
--------
Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

Postagens populares