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| Raíssa Santana: " Serei a miss com um jeito natural. Uma mulher com valores, postura e muita atitude" |
Miss Paraná Raíssa Santana, que conquistou o título de Miss Brasil, é um exemplo de superação que vai muito além da beleza
Um dos principais assuntos do fim de semana, além das eleições municipais, foi a vitória da Miss Paraná Raíssa Santana no concurso Miss Brasil. Aos 21 anos, ela chegou ao título máximo na noite de sábado e, embora tenha nascido na Bahia, sua vitória foi muito festejada no estado em que vive, afinal ela representou o Paraná conquistando o título do maior concurso de beleza do país.
Filha mais velha de uma família de cinco irmãos, Raíssa é o orgulho da mãe Rosineide Oliveira Santana, principal testemunha de que a filha é “um exemplo de luta”. Ao longo da vida, Raíssa não passou incólume pelos preconceitos. Enfrentou muita discriminação pela cor da pele e nos noticiários figura ainda como uma das poucas negras ao alcançar o título máximo no concurso de beleza nacional. Na verdade, a cor da pelo não deveria ser característica citada num país onde muitas mulheres são negras ou mulatas, afinal, se refere à “branca que venceu o Miss Brasil". Mas tendo em vista que o último concurso nacional a ser conquistado por uma negra aconteceu há exatamente três décadas - em 1986, quando Deise Nunes foi eleita – o fato chamou de novo a atenção mostrando que o preconceito ainda não recrudesceu, ao contrário. Seja como for, como a própria Raíssa afirmou , ela “quebrou um jejum de 30 anos,”
ATITUDE
O fato é que ela deslumbrou o público e os jurados no desfile com seu sorriso largo, o rosto perfeito, o porte majestoso que chama atenção independentemente do concurso de miss. À Band emissora que é uma das organizadoras do certame, ela resumiu o que a levou ao título ao declarar: “ Não serei um personagem miss, serei a miss com um jeito natural. Uma mulher com valores, postura e muita atitude”. E sua definição corresponde exatamente à sua imagem.
Modelo e estudante de marketing, Raíssa tem tudo para representar lindamente o Brasil no concurso Miss Universo, na verdade fazia tempo que uma Miss Brasil não figurava como unanimidade depois de eleita. Nos últimos anos sempre houve um senão ou uma dúvida rondando a escolha das candidatas. Isso sem contar os “barracos” paralelos como aquele protagonizado pela vice-campeã do concurso miss Amazonas em 2015. Sheislane Hayalla, que arrancou a coroa da cabeça da vencedora Carolina Toledo. O caso que começou nas passarelas – provocado por um miss à beira de um ataque de nervos – acabou na justiça com muito arranca-rabos entre as duas candidatas.
Agora, Raíss Santana, a nova Miss Brasil, parte para as Filipinas para disputar o Miss Universo em Manila, em 2017. Também vai conhecer a sede da Be Emotion – patrocinadora do evento – na Itália e terá um contrato publicitário de R$ 100 mil com a Polishop. Uma conquista merecida para quem começou a disputar concursos de beleza aos 17 anos, quando foi eleita Miss Teen em Umuarama. De lá pra cá, precisou de muita garra para suplantar a discriminação não só pela cor da pele mas também porque diziam que ela não poderia disputar concursos já que “morava na favela”, segundo depoimento de sua mãe à imprensa.
Acima de todos os preconceitos, ela deverá continuar abrindo portas com a majestade conquistada não só nos concursos de beleza , mas na própria vida, tendo a resistência como marca principal de sua trajetória de miss negra e mulher. ( CÉLIA MUSILLI – Reportagem Local, página 5, caderno FOLHA 2, terça-feira, 4 de outubro de 2016,
publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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