PRONOMES INDEFINIDOS

   Na coluna da semana passada, falamos sobre pronomes possessivos. Hoje, vamos abordar outro tipo de pronome: os indefinidos, que são utilizados para nos referirmos a alguma coisa de modo vago ou impreciso, ou seja, sem especificar. 

   Por exemplo: ao dizer que “há ALGUMAS pessoas na sala”, estamos passando uma informação (há gente na sala), mas não especificamos quantas pessoas são nem quais são essas pessoas. Mesmo se afirmamos que “não há NINGUÉM”, ainda assim não estaremos dando a informação de quem deveria (ou poderia) estar ali. 

   Existem pronomes indefinidos invariáveis, que não mudam nunca, como ALGUÉM, NINGUÉM, TUDO, NADA, CADA, etc. Outros apresentam variação de número, ou seja, têm uma forma de plural, como QUALQUER (QUAISQUER). Há ainda aqueles que têm flexão de gênero e número, isto é, têm feminino e plural: ALGUM, NENHUM, TODO, OUTRO, MUITO, POUCO, CERTO, etc.

   Existem também as locuções pronominais indefinidas, conjunto de palavras que funcionam como pronome indefinido: CADA QUAL, QUALQUER UM, SEJA QUEM FOR, etc. 

   De um modo geral, os indefinidos são palavras bastante comuns em nossa língua, sendo que a maioria das pessoas não têm dificuldade em sua utilização. Ainda assim, há alguns detalhes que vale a pena revisar:

   Os pronomes ALGUM, ALGUNS, ALGUMA, ALGUMAS, quando são colocados antes do substantivo, têm valor afirmativo (“ALGUM colega vai me ajudar”). Se aparecerem depois do substantivo, têm valor negativo (“colega ALGUM vai me ajudar”). Nesse último caso, é um sinônimo de NENHUM. 

   CERTO, CERTA, CERTOS e CERTAS também apresentam variação de acordo com a posição. Se estiverem antes do substantivo, são indefinidos, com o sentido de ALGUM (“CERTAS notícias me fazem bem”). Caso venham depois do substantivo, são adjetivos, significando CORRETO (“as notícias CERTAS me fazem bem”). 

   QUALQUER costuma adquirir um valor negativo, depreciativo, quando vem depois do substantivo. Veja a diferença entre “QUALQUER JORNALISTA” e um jornalista QUALQUER”.

   Os indefinidos TODO, TODA, TODOS e TODAS apresentam três possibilidades diferentes de uso. No plural indica a totalidade de algo, 100%, geralmente acompanhado de artigo (“TODOS os alunos compareceram”). Já no singular e sem artigo, significa o mesmo que QUALQUER (“TODA hora alguém me pede um favor”). Caso seja usado no singular e com artigo, tem o sentido de INTEIRO. “trabalhei nisso o dia TODO”). 

   A palavra BASTANTE quando é pronome indefinido, modificando um substantivo, apresenta flexão de número, ou seja, tem plural. “li BASTANTES livros durante as férias). Se estiver relacionada a um verbo, adjetivo ou advérbio, tem a função de ADVÉRBIO e, nesse caso, é invariável (“Ela trabalha bastante). 

   É uma peculiaridade de nossa língua o uso da “dupla negativa”, ou seja, a utilização de pronomes indefinidos negativos em frases negativas. Por exemplo: (“Eu não vi NINGUÉM” ou “Ela não fez NADA”. Longe de  ser um problema, isso é uma característica do português e só serve para enfatizar a ideia de negação.

   Restou ainda alguma dúvida sobre os indefinidos? Mande um e-mail para nossa coluna.  

Até próxima terça!  * Encaminhe as suas dúvidas e sugestões para bemdito14@gmail.com

(FLAVIANO LOPES – PROFESSOR DE PORTUGUÊS e ESPANHOL,  página 5, caderno FOLHA 2, terça-feira, 18 de outubro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).