sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

POR LAÇOS CADA VEZ MAIS ESTREITOS ( RELAÇÃO BILATERAL)

Programa de Convite a Descendentes tem o objetivo de estreitar o relacionamento entre as comunidades nikkeis
PEDRO MORAES - REPORTAGEM LOCAL publicada na página 2, Folha Geral, terça-feira, 22 de janeiro de 2019 pelo jornal FOLHA DE LONDRINA 
   A chegada ao Porto de Santos em 1908 foi o início de uma saga de trabalho, dificuldade, preconceito e superação. Depois d 52 dias, cruzando 12 mil milhas pelo mar, os primeiros 781 japoneses desembarcaram do navio Kasato Maru em solo brasileiro. Em fuga do desemprego e das adversidades causadas pelas transformações promovidas pelo governo o imperador Meiji, os imigrantes buscavam uma nova oportunidade com abundantes terras férteis, lucro fácil e melhores condições de vida. Em Londrina, os primeiros nikkeis começaram a chegar em 1930, quatro anos antes da fundação da cidade. Foram eles que começaram a entrar na mata, desbravar a terra, derrubar florestas e fazer as plantações de café. 
   Mais de um século se passaram, muitas adversidades e enormes diferenças culturais foram vencidas e os brasileiros descendentes de japoneses formam hoje a maior comunidade nipônica do mundo, com cerca de 1,5 milhão de pessoas. “O Japão tem muito orgulho e respeito pela comunidade formada no Brasil. É um patrimônio imaterial do país e esses descendentes ajudaram a construir uma imagem muito positiva dos japoneses, não só aqui, como no mundo”, afirma a vice-cônsul do Consulado Geral do Japão, em Curitiba, Akiko Kikuchi. 
   A importância da comunidade vem sendo colocada em prova. A mostra disso é o conjunto de ações que o governo japonês vem pondo em prática para manter os laços entre a cultura do país e os descendentes no Brasil atados. A política vem sendo ditada pelo Ministério de Relações Exteriores do Japão, que tem programas para levar brasileiros com ascendência nipônica para conhecer a Terra do Sol Nascente, onde vivenciam uma série de experiências e participam de encontros durante uma semana. A ideia é que a experiência seja multiplicada na volta para casa, na própria comunidade. Participaram da última edição do Programa de Convite a Descendentes de Japoneses das Américas Central e do Sul de Viagem ao Japão, realizada em setembro de 2018, 15 pessoas do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Venezuela, Bolívia e México. Daqui do País, foram oito participantes, de São Paulo, Brasília, Amazonas, Paraná e Pará. A seleção é realizada por meio dos consulados e embaixadas do Japão nos países das Américas Central e do Sul. “Queremos fortalecer os laços entre as comunidades e, além das viagens, o consulado busca participar de festas e eventos culturais que ajudam a divulgar os valores e tradições”, explica Kikuchi. 
   O trabalho promovido pelo governo japonês e o reforço do país para estreitar o relacionamento entre as comunidades nikkeis foi tema de uma mesa-redonda. Intitulado “Por um Caminho mais Curto entre o Brasil e o Japão”, o evento foi organizado no dia 11 de dezembro do ano passado, em uma parceria entre o grupo Integranikkey e a jornalista da FOLHA Mie Francine Chiba. A conversa promoveu uma rica troca de experiências entre integrantes da comunidade japonesa da região, tendo como objetivo reaproximar especialmente os jovens, de terceira e quarta gerações de descentes, que estão distanciados dos valores nikkeis. Entre os reunidos estavam nomes como Atsushi Yoshii, presidente do Conselho Administrativo do Grupo A. Yoshii, e Eduardo Suzuki, próximo presidente executivo da Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná. “O evento foi uma maneira de despertar a comunidade para esse cenário e buscar sugestões, tanto dos mais velhos quanto do mais jovens, do que podemos fazer para fortalecer os laços da comunidade nipo-brasileira com o Japão”, conta Chiba, que participou da viagem do Programa do Consulado Japonês em Curitiba.
   A vivência em solo japonês promovida pelo governo do país provocou o encontro de integrantes de comunidades nikkeis de várias partes das Américas, que acabaram por identificar que comungavam dos mesmo valores. Uma das apresentações promovidas no Japão explicava detalhes sobre o Bushido – um código de conduta e modo de vida para os samurais – composto por sete virtudes: integridade, respeito, coragem, honra, honestidade, dever e compaixão. Aqueles valores tão fundamentais para os guerreiros do período feudal marcam a sociedade japonesa ainda hoje. No Brasil, para os que cresceram sob a educação de ascendência nipônica, os princípios também estão arraigados. “O mais impressionante é que pessoas de origens tão diferentes identificaram que essas virtudes fazem parte dos ensinamentos que receberam, São valores tão intimamente ligados aos japoneses que passam de geração em geração de forma muito natural”, conta Laís Higashi, presidente da ONG Litro de Luz Brasil, que também participou da mesa redonda. 
   Parte fundamental do trabalho para fortalecer os laços entre o Japão e a comunidade no Brasil é a promoção da cultura por meio das artes e das associações Os principais pontos de interesse são os grupos musicais, de dança e esportivos.
Grupo Sansey reúne descendentes há 30 anos em torno da prática do canto, dança do yosakoi e dos tambores conhecidos como taiko.
Em Londrina, o grupo Sansey reúne descendentes há 30 anos em torno da prática do canto, dança do yosakoi soran e dos tambores conhecidos como taiko. Criado com 20 jovens, hoje o número de participantes chega 120 e já inclui a segunda geração dos que começaram com a professora de canto e diretora do grupo, Mity Shiroma. Os trabalhos começaram quando iniciou o movimento dos dekasseguis. “Muitas pessoas foram trabalhar no Japão e os seus filhos ficaram. Resolvi começar esse trabalho para desenvolver a cultura, no sentido de divulgar e preservar os ensinamentos dos nossos antepassados”, explica Shiroma. A preocupação da professora é manter o interesse nos temas que estão em voga hoje e não apenas os traços mais longínquos. “Temos que tratar do que se vive hoje no Japão. A música pop, os animais, a febre dos cosplay”, detalha. 
   Outro ponto sensível sobre a proximidade cultural entre a comunidade nipo-brasileira com o Japão é o distanciamento cultural dos descendentes adultos, imersos nos problemas do cotidiano e do mercado de trabalho. O grupo Integranikkey atua exatamente para auxiliar neste sentido. A instituição foi criada para orientar especialmente a segunda e terceira gerações que foram trabalhar no Japão e voltaram com recursos para investir. A ideia é a ampliar o ambiente de negócios e ajudar os profissionais. “O comportamento dos nikkeis muitas vezes é mais retraído. Por muitos anos, nossos avós e pais sofreram preconceito e bullying, identificamos que havia muita dificuldade de comunicação e agimos muito nesse ponto, assim como lutamos para garantir o legado de nossos antepassados, que precisa ainda perdurar por muitas e muitas gerações”, conclui o empresário Luciano Matsumoto, do comitê gestor do Integranikkey. 

NÚMERO DE VISTOS CRESCEM 77% EM QUATRO ANOS 
    Os laços entre os descendentes e o Japão também se mantém bem atados no que diz respeito ao mercado de trabalho. Entre idas e vindas dekasseguis para as fábricas nipônicas, a atual direção é para o Oriente. O mau momento da economia brasileira é o principal atrativo. Uma nova política do governo japonês, no entanto, amplia as oportunidades. Desde Julho de 2018, o país liberou o Programa de Aumento de Recepção de Yonseis (quarta geração). Segundo o Consulado Geral de Curitiba, “o objetivo deste programa é transformar o descendente de japonês da quarta geração em uma ponte entre o Japão e a comunidade Nikkei de seu país, por meio do aprofundamento do conhecimento e interesse no Japão, através da participação em atividades de aprendizado da cultura japonesa”. 
   Para quem está acostumado a enviar mão de obra para o Japão, o movimento agora é diferente. Se antes as pessoas que aceitavam o desafio iam sozinhas, ou em casal, agora, muitas vão com toda a família. “O Japão também começa a se preparar para abrir seu mercado de forma mais ampla, para receber profissionais que estejam em falta, mas sem restringir nacionalidade”, explica Elizabeth Sayuri Kwano, gerente da unidade de Londrina da agência de empregos Itiban. Outra oferta da profissional é que as oportunidades para descendentes de quarta geração dependem do domínio da língua japonesa. “Eles pedem que os candidatos tenham nível quatro e o conhecimento tem que ser comprovado. A visão é atrair jovens bem qualificados”, detalha.
   Segundo dados oficiais, computados pelo governo japonês, a emissão ee vistos de curta permanência para turismo e negócio, assim com os específicos para trabalho, aumentou nos últimos anos. Em 2013, os vistos totalizaram 28.697. Já em 2017, o número chegou a 50.885, um aumento de 77,3% ao longo dos quatro anos. O principal número de vagas e na indústria automobilística, de produtos eletrônicos e alimentícios. Há ainda o registro do aumento de demanda de profissionais da área de saúde, especialmente de cuidadores. (P.M.) FONTE: PEDRO MORAES – Reportagem Local, Folha Geral, terça-feira, 22 de janeiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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Comentários

Wanda Cobo

"Maravilha meu amigo, continue nos deliciando com suas ideias." W.D Londrina-Pr


Adilson Silva

Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr

Marcos Vitor Piter

Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.

João Costa

Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
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Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...



MARINA SIMÕES

Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.



JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........

ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.

WANDA COBO

WANDA COBO

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